sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Opções para maior produtividade de aprendizagem



APRENDIZAGEM

Opções para maior produtividade de aprendizagem. Incorpore novas opções e melhore seu rendimento
Em outra matéria, sugerimos opções para enriquecer o aprendizado, ações colaterais ao processo. Nesta, as sugestões são para melhorar o processo em si e seus resultados.

1) Estruture

O conhecimento muitas vezes é apresentado em formato discursivo ou prosa. Embora apropriado sob alguns aspectos, esse formato não é o ideal para se aprender, principalmente porque é seqüencial, enquanto que as idéias nele representadas podem ter e quase sempre têm outra estrutura, como por exemplo em árvore. Além disso, textos discursivos contém muitas palavras com função apenas sintática e isentas de significado, como artigos e preposições.

A alternativa é estruturar a representação do conhecimento, elaborando esquemas, tabelas e diagramas do conteúdo, usando palavras-chave e possivelmente ilustrações. Ao estruturar conhecimento, você o transforma em blocos ou segmentos, o que lhe permite estruturar também seu planejamento de estudo, uma aplicação do princípio dividir-para-conquistar: "Aquela parte eu já sei, agora vou estudar agora aquela outra".

Certamente você já assistiu a aulas com apresentações em Power Point. E certamente já viu slides de dois tipos: um cheio de texto, com muitas frases por vezes longas, e outro estruturado em tópicos representados com palavras-chave. As diferenças na facilidade de acompanhar o que o apresentador fala e para compreender e reter o conteúdo derivam diretamente do grau de estruturação desse conteúdo. Como uma outra referência de comparação entre conteúdo discursivo e estruturado, experimente descrever uma planilha, mesmo uma pequena.

Uma opção de ferramenta de estruturação de boa aplicabilidade são os mapas mentais, diagramas hierárquicos, sintetizados e possivelmente ilustrados de um tema. Elaborá-los é uma ótima estratégia de estudo e revisões feitas com mapas mentais serão muito ágeis. Veja Recurso de inteligência: Mapas Mentais. O MS-Office tem uma ferramenta de elaboração de diagramas que também pode ser interessante.
Veja também o artigo sobre idéias organizadoras em www.mapasmentais.com.br/mapeadores/ideias_organizadoras.asp.

2) Gere perguntas

Qual é o seu nome? Quantos anos você tem? O que comeu no café da manhã? Qual foi uma de suas experiências mais prazerosas? Perguntas tem um poder provocador muito forte, elas induzem o ouvinte ou leitor à busca por uma resposta, muitas vezes automaticamente: o perguntado não tem opções, tipo "Eu sei a resposta mas não vou buscá-la agora".

Uma boa opção portanto é gerar perguntas abrangentes do conteúdo. Conceber as perguntas é estudar, respondê-las é estudar, e as perguntas podem ser usadas depois para verificação de aprendizagem. Se em grupo, um conteúdo pode ser dividido entre os componentes e uns estudam usando as perguntas dos outros.

Sobre perguntas, veja Objetivos e Decisão: Direcionando-se com perguntas.

3) Estude iterativamente

Iterar é passar várias vezes pelos mesmos pontos ou etapas, sucessivamente melhorando e evoluindo. Isso significa, para estudo, repassar, ter contato com o mesmo conteúdo várias vezes. Cada passagem vai fixar um pouco mais seu aprendizado, além de novas possibilidades de compreensão poderem surgir, ou seja, aprofundamento. Maior aprofundamento, maior estabilidade do aprendizado. Uma outra vantagem de iterar é que você não tem a expectativa de aprender tudo em uma mesma sessão, o que atenua ou elimina eventuais ansiedades, o que por sua vez lhe permite ficar mais tranquilo e presente, o que também contribui para melhor rendimeno..

Cada iteração pode ter um objetivo. Por exemplo, a primeira é superficial, só para ver o que há por lá. A segunda pode ser para buscar a estrutura do conteúdo. A terceira pode ser para gerar perguntas fundamentais, a próxima para perguntas sobre detalhes. Você pode incluir também iterações apenas para revisão. Se tiver os conhecimentos estruturados, como sugerido acima, a produtividade de revisão será bastante alta.

4) Fale sobre

Falar sobre algo, na superfície, parece uma coisa simples, mas não o é absolutamente. Para dizer coisas sobre um assunto, você precisa primeiro recuperar suas lembranças e conhecimentos relacionados. Depois precisa filtrar o que sabe e selecionar sobre o que vai falar especificamente, usando critérios de importância. No caso de conhecimentos que não estejam em um formato linguístico, você precisa ainda gerar descrições sobre o que selecionou. Conforme as pessoas ou público a quem se dirige, ainda precisa adaptar sua linguagem, usando termos que eles conheçam. Você também tem que estruturar o que vai dizer, normalmente a comunicação tem introdução, desenvolvimento e conclusão. Sua fala poderá ter ainda outras restrições, como um limite de tempo.

Assim, falar sobre algo requer vários tipos de habilidades cognitivas e motoras, o que torna a ação de explicar ou falar sobre algo uma poderosa opção . Quem não tem pelo menos uma experiência de explicar algo e, sem que a outra pessoa responda, ter a sensação de que estava entendendo melhor o tema?

E já que o interlocutor nem precisa falar nada, embora possa contribuir, ele pode ser você mesmo, um espelho ou... seu bicho de estimação. A idéia para esta matéria veio nesse contexto; o autor estudando uma disciplina chamada Cibernética, olhou para o cachorro e começou a ensinar Cibernética para ele. Bem, isso pode ser também divertido...

Uma variante poderosa é discutir o conteúdo. Vi uma pesquisa uma vez sobre um curso on-line; os alunos foram perguntados sobre qual recurso tinha proporcionado maior aprendizado. Os dois recursos mais votados foram exatamente o bate-papo e o fórum. Discutir também pode contribuir para enriquecer, aprofundar e corrigir seus conhecimentos.



5) Use o conteúdo sem consulta

Uma característica do aprendizado é que tendemos a fazer algo da forma como o aprendemos. Se você aprende a tocar um instrumento como o violão olhando para o braço dele, não só tenderá a olhar novamente ao tocar uma música como talvez até precise disso. Se tiver a oportunidade de assistir alguém cantando com um aparelho de videokê, veja como muitas continuam olhando para a letra de música mesmo quando já a conhecem de trás para a frente.

Assim, se você responder a exercícios e resolver problemas olhando para uma fonte de conhecimento, vai se acostumar e fazer isso, só que tipicamente não terá a fonte ao fazer uma prova.

Faça uma distinção bem clara: agora estou estudando, agora vou aplicar o que estudei em algo. E ao aplicar um conteúdo, jamais o faça olhando para textos ou figuras. Se o fizer, a ação de olhar o texto estará se incorporando às suas habilidades cognitivas. Olhe quantas vezes for preciso para relembrar, mas não olhe ao USAR a informação. Com a prática isso vai ficando gradativamente mais fácil e sua memória vai inclusive melhorar.

6) Teste

Quantas cozinheiras você conhece que servem um prato de fogão sem prová-lo antes? E quantos erros você já viu em livros, propagandas e e-mails porque alguém não deu um último olhar? Na verdade, as pessoas e empresas que fazem bons produtos não o fazem porque são perfeitos, mas sim porque tem etapas de revisão, de controle de qualidade.

Isso vale para o aprendizado: a segurança de que você aprendeu um determinado conteúdo virá do fato de esse conteúdo ter passado por algum tipo de teste, avaliação ou verificação. Note a diferença: não é você se sentir seguro, mas sim você se sentir seguro com relação a um conteúdo. Sentir algum grau de insegurança relativa a um conteúdo também pode ser útil: a insegurança significa e indica que ou o conteúdo não foi testado ou você precisa se dedicar mais. Sobre isto, veja o modelo 3 em Inteligência Emocional: Modelos de intervenção emocional

Se elaborar perguntas, pode usá-las para testes. Usar o conteúdo para alguma finalidade ou falar sobre ele, como sugerido acima, também são formas de teste.

7) Capacite-se

De vez em quando, procure opções para sua capacitação para aprendizagem, e inclua em seu repertório algo novo. Por exemplo, você tem várias opções nesta matéria; pode incorporar uma por mês, digamos; e em seis ou sete meses terá multiplicado seu potencial de aprendizagem.

Bem, se você está convicto de que está pronto, é perfeito ou sabe tudo sobre aprender a aprender, o que você tem mesmo é um bloqueio para sua própria evolução!

8) Estabeleça múltiplas linhas de ação


Para sermos realistas, há um certo grau de incerteza, mesmo que pequeno, quando a alcançar qualquer objetivo. O fato de haver incerteza determina que há uma probabilidade maior ou menor de atingir o objetivo. Em outras palavras, existe o risco de não atingi-lo por alguma razão, nem sempre sob controle. Aceitar e considerar isso é um importante fator de maturidade pessoal e de qualidade de decisões.

Isso se aplica à aprendizagem e ao objetivo ou aos objetivos que a aprendizagem pretende atingir. Uma forma de lidar com esse risco é estabelecer múltiplas linhas de ação, cada um levando ao objetivo: ler, gerar perguntas, fazer exercícios, resumir, revisar, estruturar, verificar, aplicar, discutir, incubar, descansar. A combinação de linhas de ação - formando uma estratégia - aumenta a probabilidade de que um conteúdo esteja estável e acessível quando você precisar. E, convenhamos: 90% de acessibilidade em termos de conhecimentos é considerado excelente em praticamente qualquer situação, exceto se você exigir de si um impraticável perfeccionismo absoluto.

Estratégias para enriquecer o aprendizado

Virgílio Vasconcelos Vilela

Fonte: http://www.possibilidades.com.br/aprendizagem/opcoes_produtividade.asp

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