segunda-feira, 12 de maio de 2014

Métodos de ensino-



Métodos de ensino-

Contrastando com a educação tradicional, as novas tendências pedagógicas visam proporcionar espaços mais descontraídos, opondo-se como investigação livre, à educação ensinada. Os novos métodos de ensino visam à auto-educação e a aprendizagem surge de um processo ativo.

Método de ensino vs teoria pedagógica

Método de ensino é a maneira pela qual o professor organiza as atividades de ensino para atingir os objetivos de ensino / aprendizagem, compreendendo as estratégias, ações e procedimentos adotados que estão vinculados a reflexão, compreensão e transformação da realidade.
Teorias pedagógicas são construções determinadas pelas circunstâncias históricas, que relacionam-se aos ideais defendidos pelos teóricos em função dos problemas vividos em cada etapa de desenvolvimento da sociedade. Por uma questão didática fazem-se classificações, porém se misturam e transformam-se ao longo da história. São produtos dos seres humanos e estes, ao serem sempre dinâmicos, devido a interações com as condições e circunstâncias cotidianas, também históricas, têm suas lógicas (culturalmente internalizadas) enredadas com lógicas da sobrevivência.

Principais métodos de ensino

Pedagogia Tradicional

Sua origem data do século XVIII, nas escolas públicas francesas, a partir do Iluminismo. O objetivo principal era universalizar o acesso do indivíduo ao conhecimento. Possui um modelo firmado e certa resistência em aceitar inovações, e por isso foi considerada ultrapassada nas décadas de 60 e 70.
A formação de um aluno crítico e criativo depende justamente da bagagem de informação adquirida e do domínio dos conhecimentos consolidados. Não há lugar para o aluno atuar, agir ou reagir de forma individual. Não existem atividades práticas que permitem aos alunos participar. Geralmente, as aulas são expositivas, com muita teoria e exercícios sistematizados para a memorização.
O professor é o guia do processo educativo e exerce uma espécie de “poder”. Tem como função transmitir conhecimento e informações, mantendo certa distância dos alunos. As avaliações são periódicas, por meio de provas, e medem a quantidade de informação que o aluno conseguiu absorver.
As escolas que adotam o método de ensino tradicional preparam seus alunos para o vestibular desde o início do currículo escolar e enfatizam que não há como formar um aluno questionador sem uma base sólida, rígida e normativa de informação.
Destaca-se nesta metodologia a importância que o conhecimento continua tendo na vida atual como meio de transformação do homem. No entanto, cabem algumas considerações feitas por estudiosos da área:
  • Não existem verdades absolutas e todo o conhecimento do passado deve ser contextualizado na realidade atual, pois este será sempre dinâmico e provisório (ARAGÃO, 1993);
  • Memorização e repetição não devem ser entendidos como sinônimo de aprendizagem, visto que memorizar conceitos ou fórmulas não é aprender. Aprender passa pela memória, mas não se reduz à memória. Memorizar não provoca relações entre os diversos conhecimentos em processo e os já estruturados.
  • É necessário reformular a visão enciclopedista. Aprender não é acumular conhecimentos, apesar de passar pelas informações, não se resume a elas. Somente transmitir conhecimentos não garante a aprendizagem. Aprendizagem pressupõe análise, comparação, associação com o já conhecido, predisposição à negociação e a interação com o novo. Deve-se mudar a metodologia favorecendo a interação dos alunos com os conhecimentos acerca da temática em questão, articulando os diversos conhecimentos, aplicando o Princípio da Transdisciplinaridade, conforme Nicolescu, 1999.
  • Há a crença na neutralidade do professor e do conhecimento, no entanto a construção do conhecimento é subjetiva, pois a pessoa que recebe tal conhecimento o transforma e o adequa à sua estrutura mental. O ser humano é uma articulação da razão com a emoção (Damásio, 1996).

Pedagogia Progressista

Entre as tendências que compõem esta pedagogia, destacam-se a Pedagogia Libertadora de Paulo Freire e a Pedagogia Crítico-Social dos Conteúdos. Esta última conta com um grande número de seguidores e, atualmente, as orientações dessa pedagogia têm-se revelado muito uteis na produção de pesquisas na área educacional. Pretende, em última instância, a transformação social. Pontuamos a seguir algumas de suas características:
  • Reivindica ensino público, gratuito, democrático e de qualidade, assim como um relacionamento democrático entre alunos e professor sem abrir mão da diretividade.
  • Não descuida da relação da Educação com o social, com o político e com a filosofia. A prática pedagógica deve estar, sempre que possível, inserida na prática social.
  • Também não descuida da relação Objetivos Educacionais, Conteúdos e Métodos, incentivando a análise crítica da estrutura social e sua ideologia dominante. Essa pedagogia sempre denunciou a consciência ingênua que dá lugar à “dicotomia” teoria e prática. Ainda hoje, mesmo nas universidades, os professores acreditam que adotar meios didáticos que dinamizam as aulas é fazer mudança de paradigma. Esses professores estao apenas mudando os metodos.
  • Vê os alunos como agentes de transformação da sociedade e privilegia meios didáticos que mais favorecem sua participação ativa, tendo em vista uma sociedade igualitária e democrática.
  • Pretende proporcionar aos alunos domínio de conteúdos científicos e de métodos científicos de raciocinar, a fim de alcançar a consciência crítica da realidade social na qual estão inseridos.
Na perspectiva dessa Pedagogia, as pesquisas proporcionam uma multiplicidade de temas: “Ideologia, poder, alienação, conscientização, reprodução, contestação, classes sociais, emancipação, resistência, relação teoria-prática, educação como prática social, o educador como agente de transformação, articulação do processo educativo com a realidade” (CANDAU, 2000). As produções científicas sob essa orientação parecem oferecer muitos elementos para articulação e sistematização de um quadro referencial, segundo os princípios do Pensamento Complexo, compartilhando com ela a utopia de uma sociedade justa onde caibam as diferenças individuais, culturais e religiosas.

Pedagogia Renovada

O movimento chamado Escola Nova, como é conhecido no Brasil, teve início na década de 1920, inspirado em 'John Dewey'.
Na época, o mundo vivia um momento de crescimento industrial e de expansão urbana e, nesse contexto, um grupo de intelectuais brasileiros sentiu necessidade de preparar o país para acompanhar esse desenvolvimento. A educação era por eles percebida como o elemento-chave para promover a remodelação requerida. Inspirados nas idéias político-filosóficas de igualdade entre os homens e do direito de todos à educação, esses intelectuais viam num sistema estatal de ensino público, livre e aberto, o único meio efetivo de combate às desigualdades sociais da nação.
O movimento ganhou impulso na década de 1930, após a divulgação do Manifesto da Escola Nova (1932). Nesse documento, defendia-se a universalização da escola pública e gratuita. Entre os seus signatários, destacavam-se os nomes de:
  • Anisio Teixeira - futuro mentor de duas universidades no país - a Universidade do Distrito Federal, no Rio de Janeiro, desmembrada pelo Estado Novo de Getúlio Vargas - e a Universidade de Brasília, da qual era reitor, quando do Golpe Militar de 1964. Além dessas realizações, Anísio foi o fundador da Escola Parque, em Salvador (1950), instituição que posteriormente inspiraria o modelo dos Centros Integrados de Educação Pública - CIEPs, no Rio de Janeiro, na década de 1980.
  • Fernando de Azevedo (1894-1974) - que aplicou a Sociologia da Educação e reformou o ensino em São Paulo na década de 1930
  • Lourenço Filho (1897-1970) - professor
  • Cecília Meireles (1901-1964) - professora e escritora
A atuação destes pioneiros se estendeu pelas décadas seguintes sob fortes críticas dos defensores do ensino privado e religioso. As suas idéias e práticas influenciaram uma nova geração de educadores como: Darcy Ribeiro (1922-1997); e Florestan Fernandes (1920-1995).
A constituição da Escola Nova se contrapôs aos conservadores (Pedagogia Tradicional) que mantinham a hegemonia no controle da educação com objetivos voltados para a manutenção do sistema econômico anterior à industrialização. Os chamados progressistas (escolanovistas), imbuídos do espírito otimista do início da era industrial e do ideário de sociedade democrática apontado por John Dewey, preconizavam a transformação da sociedade através da Educação. Hoje, não mais se absolutiza o papel da Educação como nos termos colocados por essa pedagogia.
Nas décadas de sua influência, essa pedagogia introduziu muitos elementos positivos que, ainda hoje, constituem a bandeira de luta dos educadores. No entanto, deve-se contextualizá-los novamente, atualizando e redimensionando as idéias aí contidas.
  • Os lemas “aprender a aprender” e “aprender fazendo”, na concepção dos filósofos-mentores da Escola Nova, tinham o propósito de chamar a atenção para a nova modalidade de aprendizagem e a mudança metodológica na construção do conhecimento, reconhecendo a autonomia e liberdade de expressão e pensamento da criança no seu diálogo com o conhecimento, valorizando a criatividade e a socialização, sem perder de vista o ideário educacional embutido na organização das atividades metodológicas. No entanto, na prática de muitos professores prevaleceu o reducionismo, restando apenas o “como” aplicar o método ativo. E assim, a forma (fórmula) predominou sobre o conteúdo. Os conteúdos que ainda eram repassados através desses métodos eram direcionados para a preservação da “verdade” que mantinha o sistema tradicional juntamente com seus valores. Os lemas “aprender a aprender” e “aprender fazendo”, anos depois, com a introdução do tecnicismo nos anos da ditadura militar, foram interpretados e direcionados para a aprendizagem de conhecimentos úteis ao mercado de trabalho. O objetivo dos escolanovistas visava a formação de sujeitos ativos com espírito investigativo, senso crítico, situados na sociedade em transição. Com o tecnicismo, esse objetivo foi redirecionado para o instrumentalismo.
  • Acreditando que as atividades escolares fossem significativas para o aluno (centralidade no aprender, portanto no aluno) e transformando o conhecer numa aventura e jogo, essa pedagogia incentivou a construção de dinâmicas de grupo e uma variedade de técnicas didáticas (trabalho em grupo, atividades cooperativas, pesquisas, projetos, experimentações, métodos de descobrir conhecimentos) que devem ser resgatas e refundamentadas, mas como um dos elementos do agir pedagógico, sem absolutizar nem as técnicas didáticas (como fizeram os tecnicistas), nem dar a centralidade exclusiva no aluno. A Educação deve manter a diretividade. Os objetivos educacionais devem ser resultados de uma filosofia social e não se resumir à aplicação da lista elaborada por MEC, que também não deixa de ser uma simplificação. Filosofia, objetivos educacionais, metodologia e técnicas didáticas devem manter coerência entre si. Ao ser fragmentado, o agir pedagógico passa a se pautar pela pedagogia tradicional-tecnicista.
  • A centralidade no aluno, portanto, no aprender, é retomada pelas teorias, denominadas por Libâneo, de Cognitivistas. Nessa linha, houve ampla divulgação de trabalhos de Emilia Ferreiro (1986) e Ana Teberosky (1989) como iniciadoras de pesquisas sobre a língua escrita, mostrando o conhecimento e a evolução da criança sobre a escrita antes de entrar na escola. Essa linha de pesquisa, hoje chamada de construtivista, tem acrescentado conhecimentos de grande valia, como também as pesquisas cognitivistas em geral.
A herança desta Pedagogia é valiosa e significativa, repercutindo até os dias atuais. Os conceitos dessa pedagogia devem ser reescritos, atualizados e reorganizados. O foco dado à criança e à aprendizagem foi muito importante. A ênfase em atividades, dando lugar à construção de uma diversidade de métodos de ensino, merece ser retomado e repensado, isto é, colocando os dois elementos enfatizados por essa Pedagogia (aluno/técnicas didáticas) no mesmo nível de igualdade com o outro elemento enfatizado pela Pedagogia Tradicional (conhecimento). O três elementos são igualmente importantes no agir pedagógico.

Pedagogia Tecnicista

A Pedagogia Tecnicista surgiu nos Estados Unidos na segunda metade do século XX e foi introduzida no Brasil entre 1960 e 1970. Nessa concepção, o homem é considerado um produto do meio. É uma conseqüência das forças existentes em seu ambiente. A consciência do homem é formada nas relações acidentais que ele estabelece com o meio ou controlada cientificamente através da educação.
Reestruturando sua base filosófica de adaptação do homem ao sistema para a de transformação do homem, essa Pedagogia tem mostrado o potencial das técnicas utilizadas na educação para dinamizá-la, porém, não se deve acreditar que as técnicas didáticas e tecnologias educacionais solucionam os problemas da sala de aula e nem deve-se perder de vista a importância do conhecimento na formação dos jovens. As técnicas didáticas não são apenas para mantê-los interessados. Através do instrumental metodológico e tecnológico mobilizam-se todos os sentidos e dimensões do ser humano na percepção, aprofundamento e construção do conhecimento, a fim de que cada um possa se situar no mundo contemporâneo.
  • Seu conceito de aprendizagem se fundamenta na teoria behaviorista. Aponta somente para a mudança de comportamento. Educar é adaptar o indivíduo ao meio social. Hoje, ela tem sua utilidade na internalização de hábitos mecânicos, como por exemplo dirigir um carro, e constitui uma linha de terapia que é recomendada para tratamento de fobias em geral.
  • Pressupõe que a filosofia já está dada pelo sistema sócio-econômico dominante. Pode-se dizer que se pautam pela multidisciplinaridade que é uma superposição de conhecimentos, assim como toda a estruturação da grade curricular dos cursos hoje em vigor. Vao se sobrepondo disciplinas do mais geral para o mais específico. As relações existentes entre os diversos conhecimentos ficam a cargo de cada um dos alunos, mas em geral, quando muito, estes alunos terminam com “uma cabeça bem cheia” ao invés de uma “cabeça bem feita” (MORIN, 2001).
  • Busca a racionalização e objetivação do ensino. Acredita na objetividade e neutralidade da Ciência e na impessoalidade do professor. A Relação professor/alunos é intermediada (neutralizada) pelas técnicas para minimizar relações pessoais e afetivas que “denigrem” a objetividade do processo. Por trás dessas idéias está a crença da objetividade do conhecimento, em detrimento da subjetividade.
  • O papel reservado ao professor e também aos alunos e o de não pensar. Pois, o contexto geral já estava dado, ao professor cabe executar o programa instrutivo. O seu pensamento já estava delimitado pela chamada razão instrumental (Habermas,1988). As técnicas didáticas são sistematizações formuladas segundo o conceitual teórico daquele que as utiliza, portanto, elas embutem em si o fundamento ideológico que as determina. A essência das técnicas está em nossa maneira de ver (SANTOS, 1999).
  • Preocupação exclusiva com a formação técnico-profissional. Enfatiza a técnica, o saber-fazer suficiente para uma determinada profissão sem maiores questionamentos nem aprofundamentos no conhecimento. Essas atividades estavam diretamente relacionadas com a orientação ideológica da época. A preocupação com a formação técnico-profissional deve estar presente, mas não com exclusividade. Em primeiro lugar está o homem e o desenvolvimento das suas potencialidades para situar-se neste mundo (nas palavras de Paulo Freire: tornar-se sujeito), aperfeiçoando o seu instrumental teórico de interpretação e acompanhamento da dinâmica social.
A dicotomia teoria-prática se dá quando as autoridades, concluindo que os professores não são capazes de formular suas próprias filosofias, ou intencionalmente pretendem controlá-los retirando as discussões teóricas, elaboram os objetivos educacionais ou as “competências” a serem alcançadas. No Tecnicismo, ao professor compete fazer a contextualização imediata e não a contextualização filosófica.
Ao longo da história, a educação sempre foi atrelada aos interesses ideológicos/filosóficos. A ascensão ou declínio das teorias pedagógicas é resultado dos embates políticos nos níveis nacional e internacional. A dominação dos homens em função do macrossocial, sempre tem encontrado resistência no microssocial (professor/aluno). A sua capacidade auto-eco-organizador (MORIN, 1991) prevalece. A autonomia do homem é um fenômeno surpreendente. Ela se sobrepõe e sobrevive ao ambiente mais desfavorável.
O aprofundamento do especialista através do conhecimento deve se articular com a contextualização. O macro e o micro estão vinculados atraves da relação todo/partes, destacando a necessidade de uma visão global superando as fragmentações a que estamos sujeitos, trazendo desdobramentos conceituais como o conceito de conhecimento como uma rede de relações (CAPRA,1999). Contrapondo-se à representação usual do conhecimento como uma árvore com suas diversas ramificações, desenvolvendo-se linearmente e sem conexões entre os ramos, a atual tendência é substituir tal representação por uma raiz rizomática (interconectada).

Pedagogia Montessoriana

Criada pela pedagoga italiana Maria Montessori (1870-1952), a linha montessoriana valoriza a educação pelos sentidos e pelo movimento para estimular a concentração e as percepções sensório-motoras da criança.
O método parte da idéia de que a criança é dotada de infinitas potencialidades. Individualidade, atividade e liberdade do aluno são as bases da teoria, com ênfase para o conceito de indivíduo como, simultaneamente, sujeito e objeto do ensino.
Maria Montessori acreditava que nem a educação nem a vida deveriam se limitar às conquistas materiais. Os objetivos individuais mais importantes seriam: encontrar um lugar no mundo, desenvolver um trabalho gratificante e nutrir paz e densidade interiores para ter a capacidade de amar.
As escolas montessorianas incentivam seus alunos a desenvolver um senso de responsabilidade pelo próprio aprendizado e adquirir autoconfiança. As instituições levam em conta a personalidade de cada criança, enfatizando experiências e manuseios de materiais para obter a concentração individual e o aprendizado. Os alunos são expostos a trabalhos, jogos e atividades lúdicas, que os aproximem da ciência, da arte e da música.
A divisão das turmas segue um modelo diferente do convencional: as crianças de idades diferentes são agrupadas numa mesma turma. Nessas classes, alunos de 5 e 6 anos estudam na mesma sala e seguem um programa único. Posteriormente eles passam para as turmas de 7 e 8, em seguida para as de 9 e 10, e, finalmente alcançam o último estágio, que agrega jovens de 11,12,13 e 14 anos. Até os 10 anos, os alunos têm aulas com um único professor polivalente, enquanto nas salas de 11 a 14, esse professor ganha a companhia de docentes específicos para cada disciplina.
Os professores dessa linha de ensino são guias que removem obstáculos da aprendizagem, localizando e trabalhando as dificuldades de cada aluno. Sugerem e orientam as atividades, deixando que o próprio aluno se corrija, adquirindo assim maior autoconfiança.
A avaliação é realizada para todas as tarefas, portanto, não existem provas formais.
A disposição circular da sala de aula, prateleiras com jogos pedagógicos acessíveis aos alunos, cubos lógicos de madeira para o ensino de matemática são algumas das inovações do método montessoriano usadas até hoje nas escolas.

Pedagogia Construtivista

Inspirado nas idéias do suíço Jean Piaget (1896-1980), o método procura instigar a curiosidade, já que o aluno é levado a encontrar as respostas a partir de seus próprios conhecimentos e de sua interação com a realidade e com os colegas.
Uma aluna de Piaget, Emilia Ferrero, ampliou a teoria para o campo da leitura e da escrita e concluiu que a criança pode se alfabetizar sozinha, desde que esteja em ambiente que estimule o contato com letras e textos.
O construtivismo propõe que o aluno participe ativamente do próprio aprendizado, mediante a experimentação, a pesquisa em grupo, o estimulo a dúvida e o desenvolvimento do raciocínio, entre outros procedimentos. A partir de sua ação, vai estabelecendo as propriedades dos objetos e construindo as características do mundo.
Para Piaget, a inteligência lógica tem um mecanismo auto-regulador evolutivo, noções como proporção, quantidade, causalidade, volume e outras, surgem da própria interação da criança com o meio em que vive. Vão sendo formados esquemas que lhe permitem agir sobre a realidade de um modo muito mais complexo do que podia fazer com seus reflexos iniciais, e sua conduta vai enriquecendo-se constantemente. Assim, constrói um mundo de objetos e de pessoas onde começa a ser capaz de fazer antecipações sobre o que irá acontecer.
O método enfatiza a importância do erro não como um tropeço, mas como um trampolim na rota da aprendizagem. A teoria condena a rigidez nos procedimentos de ensino, as avaliações padronizadas e a utilização de material didático demasiadamente estranho ao universo pessoal do aluno. As disciplinas estão voltadas para a reflexão e auto-avaliação, portanto a escola não é considerada rígida.
As idéias de Piaget mostrram aos psicólogos que havia um mecanismo natural de aprendizagem e que a escola deveria acompanhar a curiosidade da criança, propondo atividades com temas que a interessassem naquele momento, sem se prender a um currículo rígido. O russo Lev Vygotsky, contemporâneo de Piaget, desenvolveu uma psicologia também chamada construtivista, mas considerando as atividades interpessoais da criança e a história social.
Existem várias escolas utilizando este método. Mais do que uma linha pedagógica, o construtivismo é uma teoria psicológica que busca explicar como se modificam as estratégias de conhecimento do individuo no decorrer de sua vida.

Pedagogia Waldorf (Antroposofia)

A Pedagogia Waldorf se baseia na Antroposofia (gr.: antropos = ser humano; sofia = sabedoria), ciência elaborada por Rudolf Steiner, que estuda o ser humano em seus três aspectos: o físico, a alma e o espírito, de acordo com as características de cada um e da sua faixa etária, buscando-se uma perfeita integração do corpo, da alma e do espírito, ou seja, entre o pensar, o sentir e o querer.
Surgiu em 1919, na Alemanha, e está presente no mundo inteiro. O ensino teórico é sempre acompanhado pelo prático, com grande enfoque nas atividades corporais, artísticas e artesanais, de acordo com a idade dos estudantes. O foco principal da Pedagogia Waldorf é o de desenvolver seres humanos capazes de, por eles próprios, dar sentido e direção às suas vidas.
Tanto o aprimoramento cognitivo como o amadurecimento emocional e a capacidade volitiva recebem igual atenção no dia a dia da escola. Nessa concepção predomina o exercício e desenvolvimento de habilidades e não de mero acúmulo de informações, cultivando a ciência, a arte e os valores morais e espirituais necessárias ao ser humano.
O currículo, que se orienta pela lei básica da biografia humana, os setênios – ciclos de sete anos- (0-7/ 7-14/ 14-21), e oferece ricas vivências, alternando as matérias do conhecimento com aquelas que se direcionam ao sentir e agir. Não há repetência, justamente para que as etapas de aprendizagem possam estar em sintonia com o ritmo biológico próprio de cada idade.
No primeiro ciclo (0-7), a ênfase é no desenvolvimento psicomotor, essa fase é dedicada principalmente às atividades lúdicas, ela não inclui o processo de alfabetização. O segundo ciclo (7-14), que corresponde ao ensino fundamental, compreende a alfabetização e a educação dos sentimentos, para que os alunos adquiram maturidade emocional. Nesta fase, não existe professores específicos para cada disciplina, mas sim um tutor responsável por todas as matérias, que acompanha a mesma turma durante os sete anos. O tutor é uma referência de comportamento e disciplina para que o aluno possa se espelhar.
Já no terceiro ciclo, equivalente ao ensino médio (14-21), o estudante está pronto para exercitar o pensamento e fazer uma análise crítica do mundo. As disciplinas são dividas por épocas, em vez de ter aulas de diversas disciplinas ao longo do dia ou da semana, o estudante passa quatro semanas vendo uma única matéria. Nessa fase entram os professores especialistas, mas as classes continuam com um tutor.
A avaliação dos alunos é baseada nas atividades diárias, que resultam em boletins descritivos. O progresso dos alunos é exposto detalhadamente em boletins manuscritos, nos quais são mencionadas as habilidades sociais e virtudes como perseverança, interesse, automotivação e força de vontade. Como conseqüência, o jovem aluno tem grandes chances de se tornar um adulto saudável e equilibrado capaz de agir com segurança no mundo.

Pedagogia Pragmática

Elaborado no início do século pelo educador norte-americano John Dewey (1859-1952), o pragmatismo ou instrumentalismo baseia-se na idéia de que a inteligência é um instrumento. Privilegia a resolução de problemas e a ciência aplicada.
É um modelo de educação que se opõe ao ensino europeu clássico, mais abstrato e concentrado nas humanidades e na filosofia.
Na década de 20, influenciou o movimento da Escola Nova, que, no Brasil, tentou a reforma do ensino introduzindo métodos ativos de participação dos alunos na sala de aula.

Entrevistas

Para melhor exemplificar este trabalho, fizemos uma pesquisa de campo onde entrevistamos três professores. Um da Grande Porto Alegre e dois da Capital (um de escola particular e outro de escola pública).

Entrevista 1: Colégio Particular 

  • Mudança do método de ensino Tradicional para a Libertadora;
  • Baseado nos livros e idéias de Paulo Freire. Constatar e aprender fazendo.
  • Mudanças observadas pelo professor: 
-Aprendizado mais rápido;
-Melhor memorização;
-O aluno leva estas constatações e aprendizado para o futuro, como experiência;
-Faz o aluno montar uma estratégia de raciocínio lógico;
-O aluno observa mais, fazendo;
-Aumenta a criatividade e a participação do aluno no aprendizado;
-Leva a um desenvolvimento de opiniões críticas; 
  • Obstáculos observados pelo professor: 
-Alguns professores não se adaptaram ao novo método; talvez por formação deficiente (aprenderam a ensinar apenas de uma maneira); talvez pelo impacto da mudança.

Entrevista 2: Colégio Público

  • Mudança da estruturação da educação no estado.
Escola-modelo;
  • Melhores professores (atração dos melhores, “status”);
  • Alunos selecionados por provas (como um vestibular);
  • Os professores não seguiam uma metodologia de ensino única;
  • Apesar disso, o ensino era considerado “de referência”;
  • Mudanças observadas pelo professor: 
-Menor comprometimento dos professores, conseqüente menor comprometimento dos alunos;
-Salários defasando pela “inflação galopante”, com reajustes abaixo da inflação;
-Os melhores professores não eram mais atraídos, mas sim “repelidos”;
-Desmontagem do ensino-modelo;

Entrevista 3: Escola Municipal

Na entrevista realizada, conversamos com a professora Neusa Koff, que leciona na Escola Municipal de Ensino Fundamental Getúlio Vargas, em Cachoeirinha, na disciplina de História, dando aula para alunos de 5° a 8° série.
Direcionamos a entrevista para o lado prático da questão, abstendo-se de teorias. Nossa intenção foi de perceber como se dava as atividades em sala de aula no dia-a-dia.
A professora Neusa nos relatou alguns trabalhos propostos nos quais tentou trazer o conteúdo da aula para próximo da realidade do aluno. Sendo assim, quando trabalhou sobre a questão da colonização no Rio Grande do Sul propôs uma pesquisa sobre a origem da sua família, a sua descendência. Segundo ela, o trabalho deu resultados, pois despertou a curiosidade dos alunos. Realizou também um trabalho sobre os nomes de rua em homenagem as personalidades históricas, principalmente as ruas de Porto Alegre, as quais os próprios alunos escolheram.
Freqüentemente, apresenta filmes com contexto histórico e propõe análises do filme, por escrito ou discussão em sala.

Conclusão

Tratamos de um longo período da história educacional e, com isso, muitas relações se situaram na superficie do tema.
Na necessidade da sistematizao para poder assimilar a evolução do conhecimento, os professores, pedagogos e psicologos tem construído classificações didáticas, como as teorias comentadas neste texto. Nessas classificações as relações de conhecimento, aprendizado e inteligencia ficam um tanto “tecnitizadas”, transformando a dinâmica em algo estático. A dinamica da vida, as idéias e as ações sao como raizes, com diversas ramificações e cruzamentos inesperados. É o conceito de conhecimento como uma rede de conexões.
Portanto, as referências multidisciplinares para os métodos devem ser reescritas, guardando coerência entre os diversos elementos que compõem o Sistema Didático: objetivos educacionais (filosofia), conteúdos (conhecimentos), método e técnicas didáticas (condução), relação professor-alunos (atitudes) e avaliação.
A atitude de simplesmente adotar e aplicar um modelo não proporciona as conexões existentes entre as partes do Sistema. A fragmentação ofusca o senso crítico por omitir a Filosofia Educacional, que direciona a aplicação das técnicas. Conceitos e atitudes são os fundamentos das técnicas didáticas, como diz Boff (1997): a mudança começa na consciência. Para evitar a fragmentação e o reducionismo e não cair na simples mudança metodológica consideramos imprescindível que cada educador, e porque nao instituicao de ensino, faca a sua própria caminhada, organizando um sistema conceitual, a fim de fazer a mudança epistemológica! Quando nos interessamos por Métodos de Ensino, nossa preocupação era em aprender a como ser um “bom professor”. Obviamente, não existe uma formula mágica e sabemos que essa tarefa é bastante árdua. O trabalho em sala de aula exige muita paciência e dedicação e, infelizmente, nem sempre recebemos o devido reconhecimento.
Como prender a atenção do aluno? Tornar a aula agradável e não ser aquele professor rabugento, que todo mundo tem medo.
Existem correntes de ensino que se utilizam de métodos diferentes. Todas tem seus pontos fortes e suas falhas e nem sempre podem ser aplicadas de forma generalizada, pois cada disciplina tem suas peculiaridades. Tambem devemos levar em conta a realidade dos alunos, como a localizacao da escola, pois o contexto social influencia enormemente no grau de interesse dos alunos e em seus objetivos de estudo.

Referências bibliográficas

ARAGÃO, R.M.R. Reflexões sobre Ensino, Aprendizagem, Conhecimento. In: Revista Ciência & Tecnologia, n.3. Piracicaba: UNIMEP, 1993.
ASSMANN, H. Alguns toques na questão “O que significa aprender?”. In: Revista Impulso, n.21. Piracicaba: UNIMEP, 1997.
CANDAU, V.M. Mesa 20 anos de Endipe. A Didática hoje: uma agenda de trabalho. In: CANDAU, V.M. (org). Didática, currículo e saberes escolares. Rio de Janeiro: DP&A, 2000. CAPRA, F. A teia da Vida. São Paulo: Cultrix, 1999.
DAMÁSIO, A. O erro de Descartes: emoção, razão e cérebro humano. São Paulo: Companhia das Letras, 1996.
FERREIRO, E. Alfabetização em processo. São Paulo: Cortez, 1986.
FREIRE, P. A educação do futuro. In: Caderno Prosa & Verso. Jornal O Globo, 24/05/97.
LOURENÇO FILHO, M. B. Introdução ao estudo da Escola Nova. São Paulo, Melhoramentos, 1978.
MATURANA, H & VARELA, F. A árvores do conhecimento. Campinas: Psy II, 1995.
MORIN, E. O enigma do homem. Para uma nova antropologia. Rio de Janeiro: Zahar, 1975.
SAVIANI, D.Escola e Democracia. São Paulo, Cortez, 1985.

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