Esta é uma proposta onde duas afirmações antagônicas são apresentadas como as únicas possíveis, quando na verdade há outras alternativas igualmente prováveis.
Este tipo de argumentação inconsistente faz parte das chamadas falácias lógicas e como o próprio nome diz se trata de uma falsa dualidade.
Em nossos pensamentos da vida cotidiana usamos este tipo de raciocínio falso com certa frequência. Quando afirmo que João não foi trabalhar é porque ficou dormindo ou está doente, este tipo de situação implica em uma falsa dualidade porque há outras possíveis explicações que permitem entender o ocorrido (por exemplo, João poderia ter passado por um problema de família, estar preso no trânsito ou em qualquer outro acontecimento que justifique sua ausência).
Pode-se afirmar que o falso dilema constitui uma simplificação de uma realidade. Por outro lado, aqueles que recorrem a esta forma de disjunção excludente não levam em conta que as coisas nem sempre são brandas ou obscuras, mas que há uma série de aspectos que não podem ser ignorados.
Vamos supor que uma pessoa diga o seguinte: ou você estuda uma carreira universitária ou terminará na fila do desemprego. Estas duas afirmações excludentes não constituem um dilema real, pois se trata de uma bifurcação aparente na qual outras opções intermediárias e perfeitamente válidas não são contempladas.
Na linguagem da política
No discurso político o falso dilema é um dos recursos retóricos mais comuns e perversos. Todos nós escutamos ou lemos afirmações como as seguintes: socialismo ou morte; apoiem minha proposta ou estaremos condenados ao caos; vote em mim ou o país estará definitivamente arruinado.
A perspectiva de dois únicos lados ou caminhos supõe uma deformação ou simplificação da realidade.
Embora esta forma de argumentação possa ser analisada no contexto da lógica formal, não devemos esquecer que ao longo da história empregamos um critério duplo para quase tudo. No futebol somos Real Madrid ou Barcelona, Corinthians ou Palmeiras, Boca ou River. Na política, você é da esquerda ou da direita. No campo das crenças, somos ateus ou crentes. Em suma, somos a favor ou contra algo de forma radical e absoluta, como se não houvesse um amplo espectro intermediário ou como se não fosse possível encontrar um complemento dos opostos.
Alguns acreditam que é possível "romper" com o falso dilema nos esquemas mentais. Um exemplo para ilustrar esta síntese de duas opções antagônicas é o caso de uma pessoa que se declara ateu e católico ao mesmo tempo (ateu porque não acredita em Deus e católico porque a realidade social e cultural que o rodeia está submetida ao catolicismo e, consequentemente, seus esquemas mentais são necessariamente católicos).
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