quarta-feira, 30 de março de 2022

A Dissonância Cognitiva #olavotemrazao


A Dissonância Cognitiva

A Tensão da Dissonância Cognitiva

A Dissonância Cognitiva é uma descoberta feita pelo psicólogo Leon Festinger (1919–1989), no seu livro de 1957 chamado “A Theory of Cognitive Dissonance”, que consiste predominantemente em um fenômeno de mutação cognitiva, em que sabe-se ser possível a mutação de opiniões, crenças e valores, através da pressão externa de condições, ordens ou circunstâncias adversas àquele conjunto caracterológico prévio; um fenômeno que causa, assim, uma ruptura entre os dois eixos: ético cognitivo e moral prático. Num quadro de tensão máxima, a dissonância cognitiva finda por impor, modificar, ou convencer a realização de determinadas mudanças de princípios diante dos novos atos ou práticas submetidos e contrários àqueles.

Este conflito dialético interno está alicerçado na contradição entre os atos e práticas e as idéias e opiniões, em que as pessoas — quando são coagidas a praticarem costumeiramente (e coercitivamente, mas, em geral, sem elas perceberem, em grau mais profundo, a imposição maliciosa desta obrigação) atos que contrariam sua ética, idéias, crenças, valores e opiniões — tendem, se estas situações forem muito fortes e atingirem o limite da tensão, a ir alterando, afrouxando as suas idéias, crenças, valores e opiniões para diminuírem os conflitos e contradições existentes entre estes e os atos e ações compulsórios que são compelidas a realizarem.


“A dissonância máxima que pode existir entre quaisquer dois elementos é igual à resistência total à mudança do elemento menos resistente. A magnitude da dissonância não pode exceder esse valor porque, nesse ponto de máxima dissonância possível, o elemento menos resistente mudaria, eliminando a dissonância.
Isso não significa que a magnitude da dissonância freqüentemente se aproximará desse valor máximo possível. Quando existe uma forte dissonância que é menor que a resistência à mudança de qualquer um dos elementos envolvidos, essa dissonância talvez ainda possa ser reduzida para o sistema cognitivo total pela adição de novos elementos cognitivos. Desta forma, mesmo na presença de resistências muito fortes à mudança, a dissonância total no sistema poderia ser mantida em níveis bastante baixos”.

Leon Festinger

Num cenário de dissonância cognitiva leve, uma alteração sutil de opinião que não acarreta grandes males ao indivíduo discordante é possível, bem como a viável modificação do contexto do entorno pela pessoa em superficial contradição cognitiva com o status. Porém, quando a dissonância cognitiva ultrapassa o limite suportável, para não se atingir o colapso da psique, há três possibilidades: ou a pessoa se impõe e faz o ambiente se adequar ao seu conjunto de valores (o que é muito difícil) cessando, assim, a contradição entre a sua ética e a moral circunstancial; ou a pessoa acrescenta um novo elemento cognitivo atenuante ou justificante que dê equilíbrio aos princípios antigos com a situação nova, diminuindo esta incoerência cognitiva a níveis aceitáveis; ou a pessoa modifica radicalmente os seus pilares de valores que estão de encontro com a conjuntura hostil local ou temporal. Esta última opção — a mais grave — é a que será o objeto de análise crítica.
O Insuportável Conflito Interno entre o Ser e o Fazer

A dissonância cognitiva não tem a ver com doutrinação ou lavagem cerebral. Nas técnicas utilizadas para se gerar este fenômeno da psique nas cobaias, não há debate, não há tentativa de convencimento de valores, crenças ou sentimentos contrários ao da pessoa. Tudo isso é “by-passado” pela atenção consciente, pela linguagem e pelos princípios possuídos. Quanto mais frugal a cultura de um ser humano e menor a sua experiência de vida, mais frágil tende a ser personalidade dele e, com isto, mais suscetível a este efeito modificador de sistemas cognitivos e de consciências por influências externas. Devido a isto, os jovens são as maiores vítimas deste fenômeno, por ainda terem seus caracteres em desenvolvimento e, conseqüentemente, necessitando bastante de uma afirmação social nos nichos em que freqüentam e nos grupos a que pertencem ou aos que pretendem fazer parte e serem aprovados positivamente.

O filósofo Olavo de Carvalho resumiu didaticamente bem a dissonância cognitiva, que é explicada por ele da seguinte forma:


“Dissonância cognitiva é conflito entre as crenças e a conduta. Dissonâncias cognitivas temporárias são normais e até desejáveis no desenvolvimento humano. Quando o quadro se torna crônico, rompe-se a unidade da consciência moral e o indivíduo tem de buscar fora dele mesmo, na aprovação grupal ou na repetição de ‘slogans’ ideológicos, um sucedâneo da integridade perdida. Ao espalhar-se entre a população, a incapacidade de julgar realisticamente a própria conduta resulta na queda geral do nível de moralidade, assim como na disseminação concomitante da criminalidade e das condutas destrutivas, mas isso, segundo os engenheiros sociais, é um preço módico a pagar pela dissolução do senso comum e pela implantação dos novos modelos de conduta desejados”.

Olavo de Carvalho

A dissonância cognitiva como arma de manipulação de condutas em massa e de destruição de caracteres está sendo usada, a todo vapor, especialmente na mídia, nas universidades e na política. É o caso de vermos inúmeras de suas manifestações ocorrendo diariamente em nossa sociedade. Como ao repararmos pessoas indignadíssimas com um ator, que supostamente assediou uma funcionária numa emissora, mas que consideram apenas normal, quando um traficante espanca uma ex-namorada que o abandonou. No seguinte modo de pensar torpe: “Ela queria o quê? Quem manda se misturar com um traficante?”
A Dissonância Cognitiva como uma Poderosa Ferramenta de Manipulação e Engenharia Social

Os exemplos de estragos na escala de valores e na hierarquia entre gravidades importantes e superficialidades banais não param de acontecer devido a derivações de engenharias sociais tais qual a dissonância cognitiva. Como quando um homicida louco tentou assassinar a Ana Hickmann e é morto em legítima defesa por um amigo da vítima, mas, rapidamente, boa parte da mídia, da intelectualidade e inclusive da justiça passa a questionar a reação armada deste amigo, ao ponto absurdo do real assassino (frustrado em seu crime pela reação de legítima defesa praticada por um dos inocentes presente) virar vítima e a vítima ser tratada como assassino; e inclusive com o cúmulo do absurdo do herói ser indiciado pela “Justiça” pela morte do vilão.

Ou como quando acham ultrajante e submissivo uma mulher se declarar bela, recatada e do lar, como a Marcela Temer, mas consideram a coisa mais libertadora do mundo uma atriz como a Cléo Pires, revelar, com toda pompa e circunstância, que transou com dois homens ao mesmo tempo, como um mero objeto de consumo sexual masculino, com nula afeição amorosa. Ou pior: gente tirar selfie com uma matricida e parricida como a Suzane Richthofen, que recebeu indulto de Dia das Mães e de Dia dos Pais, mas se indignar com uma mãe que esbofeteia uma filha num elevador, porque a menina disse que “a odiava”.

Ou como quando um “jornal” televisivo que, com a mesma desfaçatez que aponta em riste o dedo na cara de um homem íntegro (mas adversário político ou ideológico da hegemonia esquerdista ou globalista) que foi pego em adultério, porém, mostra brandura com corruptos condenados, facínoras tiranos, e com bandidos arqui-traidores da pátria, ou mesmo um total apoio, no bloco seguinte da reportagem, à defesa e ao reconhecimento da prostituição como uma profissão “digna”.
Os Estragos que a Dissonância Cognitiva Pode Fazer com a Inteligência, Discernimento Ético e Moral das Pessoas

Ou como quando se defende costumeiramente homicidas, seqüestradores, traficantes e estupradores pela fórmula dos “direitos humanos”, com um empenho similar com que atacam e promovem a causa do assassinato dos seres humanos, os mais inocentes do universo — os bebês —, ainda no ventre de suas mães, através do satânico abortamentismo (como sendo um “direito”, ou sendo um entusiasta eufemista da causa “pró-escolha” [do assassinato de bebês humanos na fase fetal] da mulher) militante.

Ou como quando existem hordas de imbecis atacando, pejorativamente, como “um drogado”, um ser boçal e covarde como o Aécio Neves, porque supostamente tinha cocaína em um helicóptero que viajou, na mesma medida que apoiam partidos como PT, PSOL e PC do B, que são a favor da liberação das drogas (como também é, o próprio lixo da Esquerda Social-Democrata do PSDB, de Aécio Neves).

Ou como quando observamos cristãos, católicos, indo à Missa pela manhã, ouvindo a Palavra de Deus, com valores sobre o matrimônio, a família e os filhos, o do trabalho, o da vida, o da Aliança de Deus com os homens, e, no período da tarde, indo votar em partidos socialistas, comunistas, esquerdistas progressistas e social-democratas, que visivelmente são anticristãos e iconoclastas destes mesmos valores aprendidos — mas não assimilados — na parte matutina dominical.
A Completa Perda do Senso das Proporções e da Hierarquia entre os Valores

Não é necessário — quer dizer: é sim necessário — alertar que não preciso usar de artifício retórico ao escrever isso, e ratificar o óbvio: que não são todas as pessoas assim. E que me refiro apenas àqueles que se encaixam em cada uma das duas hipóteses contraditórias (não só em uma). Pois, entre todos que se indignam com um cachorro espancado num mercado, há os que, concomitantemente, também se indignam com o abortamento ou com o assassinato a pauladas de uma velhinha inocente. Uma oposição a algo abjeto não necessariamente exclui a uma outra reprovação de torpeza. Não há quotas, limites, ou leis de mútua exclusividade de repúdio a crimes ou imoralidade nas pessoas, e toda e qualquer a hipocrisia de ordem moral deve ser verificada de homem em homem, e não em generalizações estereotipadas.

A degradação da nossa consciência, do nosso caráter, dos nossos valores, e da nossa moral conduz a estes julgamentos relativistas, porcos, fúteis, injustos e até macabros, desprovidos cada vez mais do senso das proporções e da hierarquia correta entre os seus valores ou prioridades. E ainda pensam que o buraco político é o maior problema do nosso país (ou do mundo). Sendo que, na verdade, é apenas mais uma das conseqüências de toda esta destruição da intelectualidade, desta usurpação da alta cultura por ideológicos e militantes salafrários, desta perda da dimensão espiritual humana do sagrado e transcendental, deste domínio e utilização de técnicas psicológicas de massa, e deste uso indiscriminado de engenharias sociais nas nações em escala global.

E a profundidade do nosso buraco é abismal, mas a maioria ainda pensa ser do tamanho de apenas uma búlica política. E pior: se preocupam mais com estes mínimos buraquinhos ou furos no chão do que com as crateras e buracos negros que crescem mais e mais até consumirem a todos nós…

https://arierbos.medium.com/a-dissonância-cognitiva-2ef109402646

Cristiano Xavier

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