quarta-feira, 22 de março de 2023

Psicologia evolucionista – Wikipédia, a enciclopédia livre



Psicologia Evolucionista é uma abordagem teórica nas Ciências sociais e Ciências naturais que examina a estrutura psicológica a partir de uma perspectiva evolutiva moderna. Ele procura identificar quais traços psicológicos humanos são adaptações evoluídas — ou seja, os produtos funcionais da Seleção natural ou Seleção sexual na Evolução humana. O pensamento adaptacionista sobre mecanismos fisiológicos, como coração, pulmões e sistema imunológico, é comum na Biologia evolutiva. Alguns psicólogos evolucionistas aplicam o mesmo pensamento à Psicologia, argumentando que a modularidade da mente é semelhante à do corpo e com diferentes adaptações modulares que atendem a diferentes funções. Os psicólogos evolucionistas argumentam que grande parte do comportamento humano é resultado de adaptações psicológicas que evoluíram para resolver problemas recorrentes em ambientes ancestrais humanos.[1]

A psicologia evolucionária não é simplesmente uma subdisciplina da psicologia, mas sua teoria evolucionária pode fornecer uma estrutura fundamental e metateórica que integra todo o campo da psicologia da mesma forma que a biologia evolutiva faz para a biologia.[2][3][4]

Os psicólogos evolucionistas sustentam que comportamentos ou características que ocorrem universalmente em todas as culturas podem ser prováveis adaptações evolutivas,[5] incluindo a capacidade de inferir emoções de outras pessoas, discernir parentes de não-parentes, identificar e preferir parceiros mais saudáveis ​​e cooperar com os outros. Houve estudos do comportamento social humano relacionados ao InfanticídioInteligência, padrões de CasamentoPromiscuidade, percepção de Beleza, valor da noiva e investimento parental.[6] As teorias da psicologia evolutiva têm aplicações em muitos campos, incluindo EconomiaMeio ambienteSaúdeDireitoAdministraçãoPsiquiatriaPolítica e Literatura.[7][8]

As críticas à psicologia evolutiva envolvem questões de testabilidade, pressupostos cognitivos e evolutivos (como o funcionamento modular do cérebro e grande incerteza sobre o ambiente ancestral), importância de explicações não genéticas e não adaptativas, bem como questões políticas e éticas devidas a interpretações dos resultados da pesquisa.[9][10]

Escopo

Princípios

A psicologia evolucionária é uma abordagem que vê a Natureza humana como o produto de um conjunto universal de adaptações psicológicas evoluídas para problemas recorrentes no ambiente ancestral. Os proponentes sugerem que ele procura integrar a psicologia às outras ciências naturais, enraizando-a na teoria organizadora da biologia (teoria da evolução) e, assim, entendendo a psicologia como um ramo da biologia. O antropologo John Tooby e a psicóloga Leda Cosmides observam:

"A psicologia evolucionária é a tentativa científica amplamente planejada de reunir, a partir das disciplinas humanas desarticuladas, fragmentárias e mutuamente contraditórias, uma única estrutura de pesquisa logicamente integrada para as ciências psicológicas, sociais e comportamentais — uma estrutura que não apenas incorpora as ciências evolutivas. uma base completa e igual, mas que sistematicamente elabore todas as revisões das crenças e práticas de pesquisa existentes que essa síntese requer."[11]

Assim como a Fisiologia humana e a fisiologia evolucionária trabalharam para identificar adaptações físicas do corpo que representam a "natureza fisiológica humana", o objetivo da psicologia evolutiva é identificar adaptações emocionais e cognitivas desenvolvidas que representam uma "natureza psicológica humana". Segundo Steven Pinker, "não é uma teoria única, mas um grande conjunto de hipóteses" e um termo que "também chegou a se referir a uma maneira particular de aplicar a teoria da evolução à mente, com ênfase na adaptação, no nível dos genes. seleção e modularidade ". A psicologia evolucionária adota uma compreensão da mente baseada na teoria computacional da mente. Descreve processos mentais como operações computacionais, de modo que, por exemplo, uma resposta de medo seja descrita como resultante de uma computação neurológica que insere os dados perceptivos, por exemplo uma imagem visual de uma aranha e produz a reação apropriada, por exemplo medo de animais possivelmente perigosos. Sob essa visão, qualquer aprendizado geral do domínio é impossível por causa da explosão combinatória. Isso implica em aprendizado específico do domínio. A psicologia evolucionária especifica o domínio como os problemas de sobrevivência e reprodução.[12]

Enquanto os filósofos geralmente consideram a mente humana como incluindo amplas faculdades, como a Razão e a Luxúria, os psicólogos evolucionistas descrevem os mecanismos psicológicos evoluídos como focados estreitamente para lidar com questões específicas, como identificar trapaceiros ou escolher parceiros. A disciplina vê o cérebro humano como compreendendo muitos mecanismos funcionais, chamados de adaptações psicológicas ou mecanismos cognitivos evoluídos ou módulos cognitivos, projetados pelo processo de seleção natural. Os exemplos incluem módulos de aquisição de linguagem, mecanismos de prevenção de incesto, mecanismos de detecção de trapaceiros, inteligência e preferências de acasalamento específicas de sexo, mecanismos de forrageamento, mecanismos de rastreamento de alianças, mecanismos de detecção de agentes e outros. Alguns mecanismos, denominados específicos de domínio, lidam com problemas adaptativos recorrentes ao longo da história evolutiva humana. Mecanismos gerais de domínio, por outro lado, são propostos para lidar com a novidade evolutiva.

A psicologia evolucionária tem raízes na Psicologia cognitiva e na biologia evolutiva, mas também se baseia na Ecologia comportamentalInteligência artificialGenéticaEtologiaAntropologiaArqueologiaBiologia e Zoologia. Está intimamente ligado à Sociobiologia,[5] mas há diferenças importantes entre eles, incluindo a ênfase em mecanismos específicos de domínio em vez de em geral, a relevância de medidas da adequação atual, a importância da teoria da incompatibilidade e a psicologia em vez do comportamento. A maior parte do que agora é rotulado como pesquisa sociobiológica está agora confinada ao campo da ecologia comportamental.

As quatro questões de Nikolaas Tinbergen podem ajudar a esclarecer as distinções entre vários tipos de explicações diferentes, mas complementares.[13] A psicologia evolucionista se concentra principalmente no "por quê?" enquanto a psicologia tradicional se concentra no "como?" questões.

Premissas

A psicologia evolucionária é fundada em várias premissas fundamentais:

  1. O cérebro é um dispositivo de processamento de informações e produz comportamento em resposta a estímulos externas e internas;[2][14]
  2. Os mecanismos adaptativos do cérebro foram moldados pela seleção natural e sexual;[2][14]
  3. Diferentes mecanismos neurais são especializados para resolver problemas no passado evolutivo da humanidade;[2][14]
  4. O cérebro desenvolveu mecanismos neurais especializados que foram projetados para resolver problemas que se repetiram ao longo do tempo evolutivo,[14] dando aos humanos modernos mentes da idade da pedra;[2][15]
  5. A maioria dos conteúdos e processos do cérebro são inconscientes; e a maioria dos problemas mentais que parecem fáceis de resolver são na verdade problemas extremamente difíceis que são resolvidos inconscientemente por mecanismos neurais complicados;[2]
  6. A psicologia humana consiste em muitos mecanismos especializados, cada um sensível a diferentes classes de informações ou entradas. Esses mecanismos se combinam para produzir comportamento manifesto.[14]

Psicólogos evolucionistas conhecidos

Além de Leda Cosmides e John Tooby, alguns dos autores mais conhecidos neste campo da ciência são:

  1.  Cosmides, Leda; Tooby, John; Fiddick, Laurence; Bryant, Gregory A. (novembro de 2005). «Detecting cheaters»Trends in Cognitive Sciences9 (11): 505–506. ISSN 1364-6613doi:10.1016/j.tics.2005.09.005
  2. ↑ Ir para:a b c d e f Tooby, John; Cosmides, Leda (18 de novembro de 2015). «The Theoretical Foundations of Evolutionary Psychology». Hoboken, NJ, USA: John Wiley & Sons, Inc. The Handbook of Evolutionary Psychology: 1–85. ISBN 978-1-119-12556-3
  3.  Duntley, Joshua D., Hrsg. (2008). Evolutionary forensic psychology: Darwinian foundations of crime and law d/ ed. by Joshua D. Duntley... [S.l.]: Oxford University Press. ISBN 978-0-19-532518-8OCLC 612573913
  4.  Frankenhuis, Willem (8 de março de 2018). «Table 1 in Frankenhuis et al., 2017, Evolutionary Behavioral Sciences»dx.doi.org. Consultado em 17 de dezembro de 2019
  5. ↑ Ir para:a b Andersson, K.-E. (2007). «Re: Gevaert T et al. 2007. Neurourol Urodynam 26:424–432, Liu L et al. 2007. Neurourol Urodynam 26:433–438, and Gevaert T et al. 2007. Neurourol Urodynam 26:440–450 — Functional role of the TRPV1 receptor in the urinary bladder»Neurourology and Urodynamics26 (3): 451–453. ISSN 0733-2467doi:10.1002/nau.20418
  6.  «Encyclopaedia Britannica»Lexikon des gesamten Buchwesens Online. Consultado em 17 de dezembro de 2019
  7.  Barrett, Louise; Dunbar, Robin, eds. (5 de abril de 2007). «Oxford Handbook of Evolutionary Psychology»doi:10.1093/oxfordhb/9780198568308.001.0001
  8.  Buss, David M., ed. (5 de setembro de 2015). «The Handbook of Evolutionary Psychology»doi:10.1002/9780470939376
  9.  Rose, Hilary, 1935-; Rose, Steven P. R. (Steven Peter Russell), 1938- (2000). Alas, poor Darwin: arguments against evolutionary psychology 1st American ed ed. New York: Harmony Books. ISBN 0-609-60513-5OCLC 43728984
  10.  Lancaster, Roger N. (2003). The trouble with nature: sex in science and popular culture. Berkeley: University of California Press. ISBN 978-0-520-93679-9OCLC 55857253
  11.  Cosmides, Leda; Tooby, John. «Evolutionary Psychology». 2455 Teller Road,  Thousand Oaks  California  91320  United States: Sage Publications, Inc. The Encyclopedia of LibertarianismISBN 978-1-4129-6580-4
  12.  Buss, David M. (22 de fevereiro de 2019). «Toward a Unified Evolutionary Psychology». 6th Edition. | New York: Routledge, 2019. | Revised edition of the author’s Evolutionary psychology, [2015]: Routledge: 362–402. ISBN 978-0-429-06141-7
  13.  Nesse, Randolph M. (dezembro de 2013). «Tinbergen's four questions, organized: a response to Bateson and Laland»Trends in Ecology & Evolution28 (12): 681–682. ISSN 0169-5347doi:10.1016/j.tree.2013.10.008
  14. ↑ Ir para:a b c d e Buss, David M. (8 de setembro de 2015). «Applications of Evolutionary Psychology to other Disciplines». Hoboken, NJ, USA: John Wiley & Sons, Inc.: 929–930. ISBN 978-0-470-93937-6
  15.  Kammerer, François (25 de outubro de 2017). «Can you believe it? Illusionism and the illusion meta-problem»Philosophical Psychology31 (1): 44–67. ISSN 0951-5089doi:10.1080/09515089.2017.1388361
  • Barkow, Jerome; Cosmides, Leda; Tooby, John (1992) The Adapted Mind: Evolutionary Psychology and The Generation of Culture ISBN 0-19-510107-3.
  • Ghiselin, Michael T. (1973). Darwin and Evolutionary Psychology. Science 179: 964-968.

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O Rei está nu. Falar o óbvio é uma afronta ao Estado democrático de direito

O rei está nu



Gisele Leite

O rei está nu. Quem ousasse dizer tal coisa pela história de Hans Christian Andersen em “A nova roupa do imperador” seria considerado uma pessoa destituída de inteligência e inapta para ocupar os cargos no reino.

O imperador era um perfeito dandi e gostava tanto de roupas novas que passava mais tempo experimentando-as do que se ocupando das coisas do reino.

Aí, surgiram dois espertalhões dizendo que possuíam uma roupa que não apenas tinha cores deslumbrante mas também dotada de qualidade única: somente as pessoas especiais poderiam vê-la e apreciá-la propriamente... E, os destituídos de inteligência e nobreza iriam dizer que a roupa era invisível ou que esta não existia.

O estranho equilíbrio entre cegueira e sabedoria traça a sua saga, e, então o rei ansioso pelas novas vestes ordena que seus ministros supervisionem a tecelagem e a elaboração de tão esperado traje.

Em lá, chegando, um dos ministros intimamente pensava: não vejo nada. Mas temendo ser exonerado de seu cargo, e diante dos tecelões espertalhões declara extasiado: - Quão maravilhoso é esse tecido, que padronagem, que cores! Vou relatar ao imperador que fiquei deverasmente encantado!.

Assinala bem Affonso Romano de Sant’Anna  que além da trapaça financeira, observamos que a palavra ocupa o lugar da coisa, e é muito comum, percebemos que o discurso cria uma invenção verbal de coisas inexistentes e quiçá impossíveis.

E nisso, os sofistas são mestres impressionantes. E, quando o próprio imperador decide verificar com seus próprios olhos a tal fabulosa vestimenta, defrontando-se com coisa nenhuma, pensou exatamente como o velho ministro e ao conselheiro que antes já haviam visitado os tecelões.

Até mesmo o imperador apesar de nada ver não desejava passar por estúpido ou imbecil e, então, começou a exclamar frases fascinantes a exortar o traje tão almejado. E, aí, toda a corte passou a fingir a ver o referido traje, e até mesmo os auxiliares fingiam carregar o manto invisível do imperador.

Consuma-se a alucinação quando diante do espelho, o próprio imperador dotado de poder e cegueira proposital admirava-se com a roupa que simplesmente não via. Esse conto é muito interessante de ser analisado principalmente no carnaval sob o brilho intenso de lantejoulas, paetês e trajes tão soberbos que nos permite ver a nudez e a crueza da realidade brasileira.

Então toda corte fingia ver a vestimenta inexistente e, na ocasião da apresentação oficial do traje ocorrera que uma criança que descompromissada, grita : - O rei está nu. Ele está sem roupa. É a visão pura da criança que desnuda a realidade e a denuncia aos berros.

E, o povo começa a abrir os olhos, a desanuviar a visão e concordar com a visão do infante.

A multidão urrava exasperada e acuado o imperador intimamente pensava que tinha que levar até o fim o desfile com toda pompa e circunstância. E, prosseguiu a caminhar garboso e orgulhoso cercado de seus cavaleiros e aios e ainda o camareiro real que seguiam e entravam numa carruagem que igualmente não existia.

A versão do conto de Andersen no folclore lusitano ganha em vez auxiliares competentes pela visão do traje, somente os filhos legítimos poderiam ver a roupa invisível do imperador. Seria assim como diversos mitos, uma seleção e uma senha para se apurar a legitimidade da sucessão ao trono.

E, no folclore lusitano quem é o denunciante do embuste é o estrangeiro negro. E passa então ser enjeitado.

A lenda narrada por Andersen desfia o pacto de cegueira, onde todo o povo brinca de avestruz e alguém (os tecelões trapaceiros) lucram com tal cegueira estimulada. E, porque todos temem a opinião ou a visão do outro, todos deixam de ver ou de ter opinião que caracteriza bem a chamada cegueira social.

È muito comum em partidos políticos, agremiações religiosas, cultrais onde ocorre a produção de discurso que ordena e coordena o que deve ser visto e ou não ser.

O que segundo La Boétie seria a chamada servidão voluntária, quando arrendamos nossos sentidos aos desejos e ao poder do outro. Mas quando se liberta da servidão voluntária do fanatismo podem os humanos envidar esforços em revoluções, dissidências , resistências e articulações tão bem demonstradas no filme recentemente estreiado chamado “Operação Valquíria”.

Mas, afinal, se havia tantos detalhes descritos, tantos pormenores ,e havia tanto espanto ante o traja inexistente ou invisível, o rei afinal está ou não nu?  Está nu aos olhos da corte. Está nu aos olhos da realidade. Mas, está vestido aos olhos de sua vaidade e egocentrismo.


Está trajado com o imaginário. Apenas isso. Trajado apenas para si mesmo.

Restam ainda algumas cruciais indagações: quem lucra verdadeiramente com a cegueira social brasileira? Quem será que dotado de visão pura e desvinculada poderá nos indicar a realidade? Sigamos a perseguir as respostas, a diligenciar nossos sentidos para apurá-los e fugir sempre que possível da alienação que cega, emburrece e desumaniza.

Referências

SANT´ANNA AFFONSO ROMANO DE. A cegueira e o saber. Rio de Janeiro, Rocco, 2006.

Gisele Leite

Denise Heuseler

A revolução fantasiosa faz do sambista um príncipe aonde a nobreza vive na miséria e alienação. O samba ditando o ritmo, roupas e paixões numa euforia inexplicável e no aroma incessante de um lirismo popular regado a álcool, drogas e endorfinas...

O lado bom existe do carnaval, a inocência das antigas marchinhas , as fantasias que brincavam com o povo, e o fazia rir mesmo que fosse para rir da própria tristeza.

Mas, da onde vem tanta alegria? Tanta energia incontida. E, em quatro dias há o exaurimento dos sonhos, dos delírios e de amores tão instantâneos quanto nescafé...

E, dizem que o ano só começa mesmo no Brasil depois do carnaval...

Mas o carnaval é festa da carne, do pecado, dos excessos que esgotam e registram a história com ironias e paetês. Antigamente havia mais glamour, as belezas eram mais naturais, a dança, a música e tudo enfim eram mais brasileiros, mais autênticos. Agora, tudo virou um megashow pirotécnico e americanesco... bem longe da saga tupiniquim e da intensa miscigenação que temos em nosso povo.

Ademais, é impressionante que os negros queiram mais se parecerem com os negros norte-americanos do que com seus próprios ascendentes africanos muitas vezes nobres e mais dignos do que os ianques.

O carnaval é uma festa multi-racial, e ao mesmo tempo, é  quando senzala que toma de assalto a casa grande, que seduz o senhor de engenho, o capataz, o português enfim, o colonizador. Que esquece o “vira” e ensaia uns passos requebrados cheios de cintura, manejos e adornos.

Mas, donde brota tanta alegria de um povo esquecido, oprimido e pobre? De um povo onde as crianças não conseguem ler corretamente, escrever com clareza e, enfim, conhecer intimamente a velha e boa aritmética? Aonde a velhice é relegada aos parcos privilégios ou asilos infectos e homicidas.

Donde flui tanta euforia em desfile pelos sambódromos? E, a porta-bandeira e o mestre-sala? E, a rainha, princesa, duquesa ou condessa da bateria?

Suas curvas poderosas encharcadas de adrenalina expostas num corpo sem alma, sem dor, sem dó nem piedade diante realidade crua, fria e feia exposta todos dias na janela da vida.

Carnaval deve ser motivo de comemoração, além de toda a simbologia, é espontâneo, e seu lado financeiro também deve ser considerado.

Movimenta uma quantidade incalculável de recursos em todas as áreas, indústria, bares, restaurantes,  hotéis, num verdadeiro encantamento, além de chegar bem na época mais quente do ano. O que por si só, favorece a amostragem de algumas partes admiráveis do corpo humano.

Há uma extraordinária valorização, não só dos atributos do corpo, mas também do artesão e do artesanato local, até mesmo a ala das baianas a mais tradicional de todas, esquecida por boa parte do ano, ressurge qual phênix com seu esplendor magnífico para sumir novamente na poeira da quarta-feira de cinzas.

Carnaval, são quatro dias de inteira e intensa folia, com exceção de alguns lugares, onde temos folia o ano inteiro, até os que não gostam de sambar ou pular, se revestem de grande animação e saem atrás trio elétrico. É, inegavelmente contagiante. E quem não se recorda do gringo com os dois dedinhos em riste tentando alcançar o ritmo. É mesmo hilário.

Ao cair na folia, há uma democracia racial, todos estão na mesma forma, quer sejam brancos, índios, orientais, negros, todos reunidos significam uma “nova raça’’ que surge durante os quatro dias, a raça dos foliões.

Não podemos esquecer daqueles animados homens e mulheres que não se abatem, não se entregam ao cansaço e, mesmo precisando empurrar, com uma força descomunal, o carro alegórico na avenida, tendo que conduzir sem acidentes e sem perder o ritmo, e ainda conseguem tirar uns ensaios de samba no pé na avenida da alegria, sem atravessar o samba.

Os bastidores das escolas de samba devem mesmo receber honrosas homenagens... e nem sempre são foco da mídia nacional.

Até hoje ainda não sabemos quantos idiomas existem no mundo, ibo, yorùbá, kimbundo, kikongo, harari , zulu, inglês, francês, hebraico, grego, os idiomas germânicos, hindi e persa, tupi, guarani, mas, durante o carnaval a nova raça que se forma esquadrinha em sintonia um só idioma, movido ao ritmo inebriante do samba e sob o brilho de paetês e lantejoulas.

Inaugura-se um a nova linguagem repleta de metáforas e lirismos. Aliás, uma curiosidade: a África é o continente que maior número de dialetos possui no mundo...  daí ser tão rica em expressão e manifestações populares.

O carnaval carioca, não dura só quatro dias, é que durante o ano todo movimenta os barracões e os foliões, sua festa é curta, diante de um ano inteiro de dedicação, é nessa festa composta da alegria e o empenho onde as costureiras viram princesas, que os soldadores e operários viram reis ou príncipes, tudo isso, dentro das abóboras, castelos e varinhas mágicas que eles constroem com suas próprias mãos. É um show de criatividade.

Viva o carnaval! Não é perfeito, ainda temos tragédias, acidentes, homicídios, entre outros delitos, menores ou piores, mas é o melhor que o ser humano pode fazer! E vale mencionar: - Salve, salve todas as velhas guardas ! ( a da Portela, a da Mangueira, a do Salgueiro, do Império Serrano, da Imperatriz, da Viradouro, da Carpichoso de Pilares.) Mas, se eu esqueci de alguma me perdoem...sintam-se igualmente homenageados!

Salvem o carnaval! Tradição que precisa manter-se viva, para a sobrevivência de todos que precisam dele. Todo aquele que gosta, continue a gostar, nem precisam fazer esforço, dizem que está no sangue e na alma!

Aqui, todos são iguais durante o carnaval, a festa é para todos, o pobre, o rico, o bom, o mau, imperador da isonomia!

Brasil, país de enorme diversidade( tanto humana como natural), torna-se mais colorido e alegre nesta época do ano e, ainda consegue contagiar outros povos, outros idiomas para criar a nova raça “o folião”. É a única época do ano em que o rei é gordo e não é out fashion. Ninguém no mundo tem o carisma e a alegria do povo brasileiro!

Continua o carnaval a ser um grande enigma. De onde vem tão intensa alegria? Onde ritmicamente os símbolos, os signos e os sentidos bailam tontos ao redor da grande manifestação popular.

Fernando Machado da Silva Lima*


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Diploma x Certificado de Conclusão de Curso: você sabe a diferença? | Jusbrasil


Ambos documentos possuem grande importância para fins de inscrição na OAB, Conselhos de Classe, cargos públicos e demais profissões regulamentadas.

Publicado por Lucas Domingues
há 6 anos
Diploma x Certificado de Concluso de Curso voc sabe a diferena

Ao iniciar uma graduação, todo aluno sonha com o dia em que restará formado, livre de exames e com o tal almejado diploma em mãos. Ocorre que normalmente tal documento costuma demorar ser confeccionado, o que o leva a requisitar uma certidão de conclusão de curso para suprir a ausência daquele. Afinal, qual a diferença entre ambos?

Diploma e certificado de conclusão de curso¹ são documentos que comprovam a formação superior e servem como porta de entrada no mercado de trabalho. Para chegar a tal, é necessária a aprovação no curso escolhido.

DIPLOMA é um documento formal emitido por instituições de ensino com cursos reconhecidos pelo MEC (Ministério da Educação) que tornam o titular habilitado ao exercício de uma profissão e possuem validade nacional. São emitidos para comprovar a conclusão em cursos de graduação; bacharelado, licenciatura e tecnologia, e de pós-graduação stricto sensu; mestrado e doutorado.

Para saber se um diploma é reconhecido pelo MEC, basta pesquisar a instituição no site do e-MEC. A principal vantagem do diploma é o direito de ingressar em um curso de pós-graduação ou mestrado ou uma profissão com exigência legal.

Já o CERTIFICADO é um documento concedido que ATESTA que seu titular participou de algum evento, como conferência, congresso, simpósio, ciclo de estudos, palestras, entre outros. O certificado é registrado na própria instituição que o emitiu, porém não necessita seguir a mesma regulamentação do diploma. Muitas vezes, as próprias instituições de ensino superior possuem em seus regimentos internos previsões acerca de certidões no âmbito acadêmico.

Por exemplo, ao concluir um curso de Economia em nível de pós-graduação, o aluno recebe um certificado de conclusão de curso emitido pela própria instituição de ensino ou por uma outra conveniada. Esse certificado não tem necessidade de ser registrado no MEC. O certificado de conclusão de curso é emitido também em caráter provisório, em casos de conclusão de cursos reconhecidos, com diploma ainda a emitir.

Vale ressaltar que a Constituição Federal dispõe no art. XIII, que:

“é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer”

Sendo assim, deve-se observar a legislação para verificarmos a obrigatoriedade ou não de observância à títulos acadêmicos como requisitos para o exercício de um trabalho.

No Brasil, o direito oficial para exercer atividade varia de acordo com a profissão. Formandos de cursos como Engenharia, além da posse do diploma, precisam estar devidamente registrados numa Regional do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia; formandos de Direito e Ciências Contábeis² precisam, além do diploma, submeter-se a exames específicos (respectivamente, Exame da OAB e Exame de Suficiência do Conselho Federal de Contabilidade).

Para exercer a advocacia, o Estatuto da OAB (Lei Federal 8.906/94) aceita para fins de inscrição, no art. 8º, II “diploma ou certidão de graduação em direito”, como documentos aptos a servirem como prova de que o bacharel já concluiu a graduação.

Ademais, a jurisprudência brasileira em relação a posse em concursos públicos³ também se manifesta no sentido de que a certidão de conclusão de curso, também é documento apto a realizar tal prova, veja-se:

"DIREITO ADMINISTRATIVO. RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA. CONCURSO PÚBLICO. TÍTULO. APRESENTAÇÃO DE ATESTADO DE CONCLUSÃO DE CURSO, E NÃO DE DIPLOMA OU CERTIFICADO. CUMPRIMENTO DA EXIGÊNCIA DO EDITAL. RECURSO PROVIDO. 1. A exigência de apresentação de certificado ou diploma de curso de pós-graduação é válida, mas deve ser interpretada de modo a permitir que o candidato desprovido de tal documento por questão de ordem meramente burocrática, mas que concluiu o curso em tempo hábil, considerando o prazo estabelecido no edital do concurso público, comprove essa condição por meio de declaração ou atestado e, por conseguinte, obtenha a pontuação correspondente ao título. 2. Recurso ordinário provido." (STJ, RMS 26377/SC – Rel. Min. ARNALDO ESTEVES LIMA - Quinta Turma - j. 10/09/2009 - DJe 13/10/2009)

Ante o exposto, conclui-se que o certificado de conclusão de curso, previsto no Regimento Interno da Instituição de Ensino, regularmente atestado pela Secretária Acadêmica/Graduação, serve como documento APTO a suprir os efeitos gerados pelo diploma enquanto este não é expedido.

Referências:

[1] https://www.epdonline.com.br/noticias/saiba-qualadiferenca-entre-diplomaecertificado/1395. Acesso em 27/01/2017.

[2] Contabilidade tem exame exigido por lei e Medicina quer prova, por Marina Morena Costa, iG São Paulo, 27 de setembro de 2011. Disponível em http://ultimosegundo.ig.com.br/educacao/contabilidade-tem-exame-exigido-por-leiemedicina-quer-prov.... Acesso em 27/01/2017

[3] http://www.conjur.com.br/2015-mar-15/certificado-conclusao-substituir-diploma-concurso. Acesso em 27/01/2017

Advogado e Diretor de Divisão de Assuntos Jurídicos da Câmara de Sorocaba
Lucas Domingues, Advogado
Advogado, inscrito na OAB-SP nº 406.038. Aprovado em concursos do SAAE Sorocaba-SP, e do Ministério Público de São Paulo. Pós-graduado em Direito Municipal pela Escola Paulista de Direito e MBA em Gestão Estratégica de Pessoas pela Esamc Sorocaba.



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terça-feira, 21 de março de 2023

TIPOS DE ERROS ORTOGRÁFICOS



Em analise e estudo realizados devemos considerar os tipos de alterações ortográficas que foram mais comumente encontradas na escrita das crianças em geral.

1) ERROS DE CORRESPONDÊNCIA MÚLTIPLAS:
A escrita apresenta características básicas com relação entre sons e letras, algumas são consideradas como biunívocas ou seja cada letra tem seu som. Porém tem outros tipos de grafar na qual evidenciamos letras com diferentes sons.
Como o caso do s ( ou melhor; s, ss, c, ç), e o caso do c (ou melhor; s tanto como k), por isso foi atribuído o nome de “correspondência múltiplas”.

2) ERROS COM APOIO NA ORALIDADE:
A escrita ou melhor a relação entre sons e letras, decorrente da fala, uma vez que encontramos escrita como são faladas.
Porém podemos ter pronuncia de forma que não correspondem a escrita, por exemplo podemos ter uma fala: “...minha mãe tá compranu leitchi prá nóis tomá...”.Mas para ser escrito deve se transcrever:
..”.Minha mãe está comprando leite para nós tomarmos”.
O padrão fonético não corresponde ao ortográfico. Outro exemplo: travesseiro – traveceiro, falou – falo.
Melhor ainda é observar a freqüência que a criança usa a linguagem oral, a pista pneumofonoarticulatória, na determinação de formular a escrita.

3) ERRO NAS OMISSÕES DE LETRAS:
A escrita de modo incompleto, em função da omissão de uma ou mais letras, foram consideradas dentro deste tipo de alteração ortográficas, por exemplo; bombeiro grafado como bombero ou seja, omissão da letra i.

Grafar uma palavra implica em usar toda sua estrutura ortográfica relacionada a lingüística e assim observaremos a incidências deste comportamento mais a frente.

4) ERRO DA JUNÇÃO OU SEPARAÇÃO NAS PALAVRAS.
Ao usarmos a linguagem oral ou melhor a fala e a voz que pode suceder sem um limite claro de separação entre elas.
Em geral não pronunciamos as palavras uma a uma, isoladamente, mas sim em seu ritmo. A escrita impõe critérios exatos de segmentação ou de separação de uma palavra das outras mediante padrões de oralidade podendo ocorrer problemas quanto à segmentação em palavras unidas entre si ou fracionadas em um menor número de sílabas, como por exemplo:
Às vezes – asvezes, naquele – na quele, se perder – siperder
As palavras ligadas indevidamente ou separadas de forma não convencional ocorrem com frequência significativa que podem ocorrem de acordo com entonação do falante.

5) ERROS DE CONFUSÃO ENTRE AS TERMINAÇÕES
AM E ÃO:
É uma tendência de substituição de letras finais am e ão que podem ser observada uma influência de padrões na pronúncia mediante a variável da tonicidade determinada pelo falante, como por exemplo: “falaram” ser pronunciada como “falarãu”, do mesmo modo que “cantarão” por “cantarãu”.
Na realidade a diferença não é fonética, mas, sim em relação à posição da sílaba tônica dentro da palavra, falaram é uma palavra paroxítona enquanto falarão é oxítona.

6) ERROS DE GENERALIZAÇÃO DE REGRAS:
Dentro deste tipo de alterações formas de grafar palavras que parecem do modo como as criança generalizam certos procedimentos de escrita, porém aplicam em certos procedimentos de escrita como a julgam apropriadas.
Por exemplo pode perceber que certas palavras sejam pronunciadas com o som de “i”, ou com o som de “u” e podem serem escritas com as letras “e” ou “l” - mininu.

7) ERROS DE SUBSTITUIÇÕES DOS FONEMAS SURDOS E SONOROS:
Nestas alterações de escrita apresentam em comum o fato de representarem fonemas que se diferenciam pelo traço de sonoridade. Os fonemas /p/, /t/, /k/, /f/, /s/, /ch/ são considerados surdos pelo fato de não apresentarem vibração das pregas vocais enquanto pronunciados. Inversamente os fonemas /b/, /d/, /g/, /v/, /z/, /j/ são considerados sonoros pela manifestação das vibrações das pregas vocais.
O grupo das alterações ortográficas diz respeito as palavras dos fonemas homorgânicos, como por exemplo: “gato” por “cato”.

8) ERROS POR ACRÉSCIMO:
Contrapondo ao caso das omissões, surgiram palavras que apresentavam mais letras do que convencionalmente deveriam, consideradas como alterações decorrentes de aumento ou acréscimo de letras, porém sem indicar letras aleatórias a serem inseridas nas palavras.
Existe uma tendência de duplicar uma das letras que como no caso do /r/ pela complexidade da sílaba pode dificultar a grafia adequada das palavras, devido a letra /r/ ter muita mobilidade.

Este fator pode dificultar a escrita e gerar dúvida quanto a grafia da palavra.
Como exemplo: pobre - probre, camarão - camarrão.
O mesmo processo pode ocorrer para outras letras como: /lh/, /nh/, /s/.

9) ERROS POR CONFUSÃO ENTRE LETRAS PARECIDAS:
Grafar uma letra por outra em razão de as mesmas serem parecidas em termos visuais, pela sua semelhança não se configurou como uma dificuldade significativa dentre as crianças de primeira a quarta série.
Como no caso das letras: /m/, /n/, /nh/, /ch/, /lh/ e /cl.
Como exemplo: pinha - pimha, camelo – camelho, também - também.

10) ERROS POR INVERSÃO DE LETRAS:
Palavras com letras em posição invertida no interior da sílaba, ou mesmo sílabas em posição distinta dentro da palavra, foram consideras como alterações decorrente de inversões de posição. Os erros ortográficos decorrentes de letras corresponderam com uma média muito distante da média características dos principais tipos de alterações que implicam no aspectos da escrita.
Como por exemplo: porão - poroã, Pedro – Predo, pobre – pober.

As mais freqüentes foram as inversões que dizem respeito a sílabas terminadas com a letra /r/. Existe uma tendência de mudar de posição dentro de sua sílaba original, bem como seu deslocamento para outra sílaba, resultando em grafias, como :
magrinha – magirnha, mordomo – modormo.

As crianças que cometem erros deste tipo não são capazes de identificar a presença dos sons que compõem as palavras, ou por outro lado não tem segurança dos sons que a compõem na posição exata que as letras representam a palavra de forma ortográfica, dentro se sua seqüência própria. A mesma explicação parece poder ser aplicada nos casos de alterações que envolvem a inversão de ditongos, como em porão – poroã. No entanto as crianças sejam capazes de identificar os sons das palavras e usarem as letras que as representem, contudo ordem dos sons determinadas a ordem das letras de forma alterada.

11) OUTROS ERROS:
Nesta categoria foram incluídas alterações observadas em uma outra criança em particular, pela sua forma restrita de escrever, isto é erro ou enganos não eram partilhados de uma forma mais freqüente ou geral como as categorias anteriores, como por exemplo ao grafar: sangue – jange, preciso – parcicho.

PAULO C. GOULART
CRFa. 1.107


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Democratização do controle: as ideias por trás da regulação das redes


Embora o projeto de regulação das redes sociais ainda não tenha sido divulgado, é possível antecipar pelas ideias que o inspiraram
por Cristian Derosa


Em um evento recente na Fundação Getúlio Vargas (FGV), o ministro da Justiça e Segurança Publica, Flávio Dino, falou sobre o projeto e sobre alguns pilares que devem nortear a tal regulação das redes sociais. A ideia, que era uma das promessas de Lula na campanha, ganhou condições de ser implantada após os atos de 8 de janeiro.

Em seu discurso, o ministro explicou que o projeto ainda será montado e levado a Lula antes de ser enviado para ser debatido no Congresso. Dino diz garantir que não será um projeto punitivo e que a ideia não é remover conteúdos. O que parece aliviar muita gente que fala em censura, porém, não deveria ser motivo de tranquilização. Isso porque, a julgar pelas ideias que vêm sendo historicamente construídas, não será preciso remover conteúdos porque eles não estarão presentes.

É fato que o que hoje aparece na mídia com o nome de “regulação das redes sociais” é apenas um projeto, uma etapa, que dependerá do momento ou timming que o governo acredite estarmos vivendo, de um projeto bem mais amplo e que vem sendo discutido há bem mais tempo. O PT não é a direita, que inventa um projeto tirado diretamente de princípios conservadores ou democráticos sem, antes, passar por longa e tediosa discussão em ambientes que gozem de menos atenção pública, seja pela discrição das pessoas ou da própria linguagem adotada.

No dia 10 de março deste ano, última sexta-feira, a Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom) se reuniu com um órgão aparentemente desconhecido da grande população. O Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC). Criado em 1990, o fórum congrega “mais de 500 filiadas, entre associações, sindicatos, movimentos sociais, organizações não-governamentais e coletivos que se articulam para denunciar e combater a grave concentração econômica na mídia, a ausência de pluralidade política e de diversidade social e cultural nas fontes de informação, os obstáculos à consolidação da comunicação pública e cidadã e as inúmeras violações à liberdade de expressão”.

Será então que eles foram à Secom para defender a liberdade de expressão nas redes sociais?

De acordo com informação do próprio site, “na ocasião, foi entregue um documento em defesa do fortalecimento da comunicação pública, que pede a reinstalação imediata do Conselho Curador da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), colegiado cassado em 2016”. O fórum é coordenado por Admirson Ferro Jr, ex-presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e o secretário executivo, Pedro Rafael Vilela, que é editor da EBC e do site de esquerda Brasil de Fato, ligado à revista Caros Amigos, Fórum e outros grupos de esquerda.

De acordo com o site do FNDC, a reunião com a Secom foi para falar “sobre os esforços do governo em ampliar os debates em torno da garantia de direitos digitais nas redes sociais e na internet”. Trata-se de uma reorganização do debate, depois do que seus atores consideraram “retrocessos” após o impeachment de Dilma, o chamado “golpe, o governo Temer e o de Bolsonaro.

Nos jornais, e no próprio governo, os tópicos debatidos sobre a nova proposta de regulação das redes sociais são técnicos e jurídicos, muitas vezes formais ao extremo e enfeitados por uma linguagem democrática. A base ideológica e programática, porém, mais ampla e abrangente, já foi e vem sendo discutida em outra instância, longe dos holofotes de Brasília, embora tenha os seus representantes bem posicionados em torno do poder.

Trata-se da proposta antiga e bem fundamentada da “democratização da comunicação”, base de todo intento regulatório do PT há mais de três décadas. Ela faz parte dos debates da esquerda acadêmica, de movimentos sociais, ONGs e dos famosos “coletivos” há muito tempo. O desenvolvimento de uma base comum para essa proposta tem sido impulsionado pelo dinheiro de grandes fundações filantrópicas, que custeiam o trabalho das entidades. Fazendo-se passa por “sociedade civil”, essas ONGs controladas pelo dinheiro internacional decidirão tudo sem que precise passar por tediosos debates legislativos por deputados e senadores que foram eleitos para isso.

Os coletivos estão à frente deste debate desde os anos 2000. Durante o governo Dilma, o Marco Civil da Internet teve como base as mesmas discussões, capitaneadas por membros de movimentos relacionados com o alto escalão do petismo.

Como começou o debate e onde ele está

Não há como antecipar medidas práticas e jurídicas, que só o governo irá decidir. No entanto, revisando parte da discussão que amparou a proposta, é possível compreender até onde ela pode chegar.

Uma busca genérica nos diz apenas que a “democratização da Comunicação é o processo de popularização dos meios de comunicação através da pluralização das bases controladoras dos veículos de comunicação”. De maneira mais geral, esse debate começou nos anos 1990, quando a internet dava seus primeiros passos. Nessa época, o assunto era ampliar o acesso à TV e ao rádio, seguido do sinal da Internet e, atualmente, parte dessa abordagem cita o 5G, entre outros aspectos mais técnicos. No entanto, desde aquele momento, falava-se na quebra de paradigmas representados pela interatividade proporcionada pela TV digital ou a própria internet. Para a esquerda, a participação popular via internet mudaria, para melhor, o processo revolucionário. Nesse aspecto, eles viram sua utopia ir por água abaixo.

Indo para o ponto mais social da questão, fala-se em pluralização no sentido de “libertar” comunidades mais vulneráveis da influência econômica e “colonizadora” dos grandes grupos. Em lugares como sudeste asiático, África e América Latina, a democratização da comunicação se dá pelo investimento em iniciativas populares para que essas populações dependam menos dos grandes grupos. Mas qual o problema dos grandes grupos. Ora, há uma série de problemas, mas para os segmentos mais à esquerda que conduzem esse debate, não há problema maior que a chamada influência neocolonizadora do imperialismo norte-americano.

Isso quer dizer que o debate pela democratização levou a grupos e entidades filantrópicas a investir em uma estrutura alternativa de mídia para que essas comunidades não sofressem com a nefasta influência norte-americana. Sim, estamos falando de um debate que ganhou fôlego no período imediatamente após o “fim da guerra fria”.

Acontece que o debate é muito anterior. Essa exata perspectiva foi a que norteou o livro Meios de Comunicação: realidade e mito, de 1979, organizado pelo sociólogo Jorge Werthein, e prefaciado por Fernando Henrique Cardoso. Nele, os autores falam abertamente nesse processo de “descolonização”.

O primeiro problema deste debate, portanto, surge da proposta de pluralidade e descentralização econômica da comunicação, sendo que a imensa maioria dos grupos, coletivos, ONGs e movimentos sociais envolvidos é financiada por um pequeno grupo de entidades filantrópicas, da mesma forma como ocorre com o autointitulado “jornalismo independente”, como temos explicado aqui.

Isso explica a uniformidade ideológica do debate em torno da “democratização da comunicação”. No site da FNDC, fica evidente o alinhamento da pauta com as agendas dos financiadores da maior parte dos grupos envolvidos e militantes dessa “causa”. Para muitos deles, os direitos de minorias sexuais, racismo e tantas outras pautas identitárias, surgiram de legítimas e espontâneas reivindicações. A grande maioria dos ativistas desconhece que o aporte financeiro investido para custear a atividade revolucionária, na verdade, cria e alimenta um conjunto de narrativas que favorece o conflito social para preparar processo que, em última análise, não possuem nada de libertador, mas representam iniciativas de controle. Isso fica evidente pelo paradigma dos seus financiadores, tecnocráticos por definição, e capitalistas no pior sentido da palavra. Para os ativistas, porém, o importante é que o dinheiro está entrando e o trabalho pode ser feito.

Vejamos o que diz o site da FNDC sobre si mesmo:

A partir das propostas da I Conferência Nacional de Comunicação (Confecom), uma conquista histórica do movimento, ocorrida em 2009, o FNDC lançou, em parceria com entidades do movimento social, a Plataforma para o Marco Regulatório das Comunicações, baseada nas mais de 600 proposições aprovadas no encontro. Vale lembrar que a I Confecom teve grande representatividade, com a participação de entidades da sociedade, do empresariado e do poder público. O movimento nacional de democratização da comunicação recebeu então o reforço de novos atores, como coletivos de comunicação, blogueiros e jornalistas independentes; e movimentos sociais que não o da comunicação, como o movimento sindical, das mulheres, movimento negro, movimento LGBTT, entidades ligadas à juventude e dos trabalhadores do campo, dentre outros.

Em 2016, quanto a entidade completou 25 anos, lançou a campanha “Calar Jamais!, para denunciar violações à liberdade de expressão em curso no país”. Atualmente, apoia a proposta de regulação e revisão do Marco Civil da Internet, provavelmente já ultrapassado em matéria de “democratização”.

Nas redes sociais, o FNCD retuíta posts sobre a esquerda, como o Fórum Social Mundial, de Porto Alegre, no qual pretende debater o fortalecimento da Empresa Brasileira de Comunicação (EBC) para espalhar rádios comunitárias por todo o país. Não é preciso dizer qual será a mensagem distribuída a essas rádios por meio do financiamento de coletivos na defesa das agendas dos seus patrões internacionais.

Entre as campanhas nas redes sociais, esteve em pauta o movimento “anistia não”, pela punição de manifestantes que foram a Brasília em 8 de janeiro. Ao mesmo tempo, pedem a libertação de um jornalista preso pela Polícia Militar por estar participando de uma ação de “ocupação” do movimento Povo Sem Medo, em Curitiba (PR).

O FNDC diz defender a democracia, mas considera “golpe” o impeachment de Dilma Rousseff, tese compartilhada por petistas que desacredita o funcionamento das instituições sem nenhuma cerimônia.

Portanto, mesmo sem sabermos ao certo o que será proposto no projeto do governo Lula sobre a regulação das redes sociais, sabemos o que o embasa de longa data. A ideia, como admitiu o próprio Flávio Dino, não será a mera remoção de conteúdos. Ou, melhor dizendo, não se resumirá nisso, mas essa será a sua base de início, isto é, não precisar remover nada porque não haverá espaço para o questionamento da base comum de suas crenças e teses impulsionadas pelo dinheiro do grande capital.


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Ser Franco E Ser Sincero. João Maria Andarilho (feito com Spreaker)


Diferença entre sinceridade e franqueza

Tempo estimado de leitura: 2 minutos

Embora nos dicionários pareçam se confundir os significados das palavras “sinceridade” e “franqueza”, na prática pode-se observar que há uma diferença.

Diferença entre sinceridade e franqueza

Em ambas há a necessidade da exposição de um problema alheio que a outro incomoda.

Sinceridade é a contextualização de um problema causado por outro, abordado com alguns cuidados em relação à pessoa que está sendo reclamada; já a franqueza diz respeito à exposição direta de um problema causado pelo reclamado. Ser franco é dizer “na lata” aquilo que considera negativo, sem se importar com as consequências. Quando se é sincero, busca-se poupar o reclamado de um julgamento pessoal, persuadindo-o a evitar tal ação negativa.

Exemplos de sinceridade e de franqueza

Se uma pessoa com mau cheiro pergunta se há odor nela, responder que sim é sinceridade; mas, a depender da forma como se responda, tal resposta poderá ser considerada franca.

A franqueza pode também expressar um desabafo. Se você já não suporta o mau cheiro daquela pessoa, você pode dizer a ela com franqueza que seu odor muito o incomoda.

Quando se usa a sinceridade, a linguagem é suave, compreensível e leva o indivíduo à compreensão de que o mau cheiro é desvantajoso. Já na franqueza não importam as consequências pessoais que acarretarão ao reclamado. As palavras quase sempre são pouco assimiláveis, frias e inconsequentes.

A franqueza pode ser espontânea e guiada por fortes emoções; a sinceridade é trabalhada e adaptada a cada circunstância.

Aqui há abertura para outros pontos de vista que possa haver em relação aos significados de tais palavras. Inclusive seria muito bom se você pudesse colaborar compartilhando também o seu ponto de vista.

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fonte; https://www.tecmundo.com.br/minha-serie/261905-entenda-final-luther-o-cair-noite-o-futuro-personagem.htm