quarta-feira, 7 de agosto de 2024

O paradoxo do diploma universitário – filósofo é só universitário: por Amauri Nolasco Sanches Junior

Foto: Freepik


Há uma discussão a muito anos – envolvendo o professor e filósofo  Olavo de Carvalho – se filósofos sem diplomas universitários são filósofos. Será que os filósofos são apenas universitários ou o professor de filosofia são pessoas que têm que ter diplomas?

Há uma diferença significativa entre ser professor e ser um filósofo, que muitas vezes, muitos acadêmicos confundem por acharem que só a academia tem o aval de determinar certos conhecimentos. Primeiro, para ser professor – no caso de filosofia – tem-se que fazer além do curso, a licenciatura.

Lógico, que é válido dentro dos profissionais que decorrem da vida do outrem, como médico (profissionais ligados à saúde), professores (que passam o conhecimento) e todos que tem como profissão. Mas, quem é escritor e filósofo? Há diferença?

O escritor Ariano Suassuna  (1927 – 2014) – conhecido pelo romance Auto da Compadecida – era advogado e foi por muito tempo, professor de estética no departamento de Estética no Centro de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal de Pernambuco. Segundo o pensamento geral e acadêmico, Suassuna não deveria ter licença para lecionar estética em uma universidade de Pernambuco e assim, ele deveria exercer a profissão dele dentro do curso que lhe cabe.

Podemos demonstrar, que o problema acadêmico tem conotações muito mais morais, do que conotações técnicas em algumas áreas. Como filosofia, que começa antes da academia – seu fundador foi o filósofo grego  Platão (428/427 – 348/347 a.C) – tem o estigma de ciência, mas, a ciência tem um outro conceito hoje que não cabe mais para a filosofia.

1 – Conceito de academia

Todo filósofo gosta de trabalhar o conceito de algo para demonstrar sua tese daquilo que ele vê como um problema. Segundo a Wikipédia, o conceito vem do latim “conceptus” que vem ainda do verbo “concipere” que quer dizer, “conter completamente” ou “formar dentro de si”.

Na nossa língua – entrado na gramática portuguesa – é um termo substantivo masculino que demonstra aquilo que nossa mente concebe ou entende. Ora, é uma ideia ou noção, que representa algo abstrato de uma realidade, ou seja, ela é um entendimento dentro daquilo que vimos e aceitamos como realidade.

O conceito pode ser também definido como uma unidade semântica, ou pode ser um símbolo mental ou uma unidade dentro do conhecimento. Correspondendo, geralmente, a uma representação numa linguagem ou uma simbologia (sim, na filosofia há símbolos).

Se o conceito é uma representação de símbolos da linguagem – como um entendimento de uma certa realidade – deveríamos enxergar certas realidades como meros entendimentos dentro das perspectivas realistas de cada mente. Daí, o que o filósofo pode buscar dentro do conceito?

Na filosofia, o conceito consiste em uma representação mental e linguística de um objeto concreto ou abstrato, que tem o significado para a mente o próprio objeto da realidade no processo de identificação, classificação e descrição do objeto. Quando é contemplado como essência, um conceito é definido como a natureza de uma entidade. Mas, o que é a entidade que os filósofos tanto dizem?

Deleuze e Guatarri – no livro O que é a Filosofia? – dizem que o conceito não é tão simples. Todo conceito tem componentes, e se define como por eles. Ou seja, o conceito se define como modo de definição de um objeto e explicar isso não é fácil, não é algo simples e definido como único e definitivo.

Em um outro momento, no mesmo livro, os autores colocam o conceito de um agente que remete a um problema e há problemas sem os quais não teria sentido, e poderiam ser isolados ou compreendidos na medida de sua solução. Qual seria a solução de definição de academia e seus agentes que estudam e pesquisam (tem sua importância)?

Ora, se há um conceito de academia – a definição do que deveria ser o papel da academia e foi perdendo ou modificando com o tempo – há uma essência dentro do modo que se vê a academia na contemporaneidade. Será que essa visão é ou não radical de tolher a liberdade de alguém ser ou não um filósofo?

Daí temos uma visão em parte que a filosofia é uma ciência (conhecimento científico-filosófico herdado por Augusto Comte) e parte que a filosofia não tem que interpretar o mundo e sim, modificar o mundo (herdada pela filosofia de Karl Marx).

Mas, a filosofia tem um viés além disso e, particularmente, gosto da visão de Deleuze e Guattari, que viam a filosofia daquilo que não era: ela não era contemplativa, não era reflexão, não era comunicação. Ora, a filosofia não era só contemplação, porque ela não é desinteressada do mundo e dos objetos. Algo só é contemplativo, quando faz parte do desinteresse de algo. Se me interessa, não pode ser contemplação.

A filosofia faz refletir? Não. Um biólogo não precisa da filosofia para refletir sobre os animais, como um matemático não precisa de filósofos para refletir sobre números e suas operações. Nem comunica nada, pois, a filosofia não tem nenhum compromisso com o consenso, ela, aliás, é o caos sempre porque ela provoca. E essa provocação – até onde estudamos – não faz parte da academia e nem no conceito da academia.

2 – Origens acadêmicas

Como vimos acima, filósofos se importam com conceitos e até constroem esses conceitos. E assim, poderíamos dizer que, que há uma visão na antiguidade da academia, uma visão medieval da academia e existe uma visão moderna e pós-moderna da academia. Porque, sem um exame prévio do que é a academia em sua essência, não podemos ver a academia ao longo da história e o quanto ela mudou ao longo dos séculos históricos.

 Academia platônica – iniciada pelo filósofo Platão em 387 a, c. – em Atenas, se trata da primeira universidade da história, na qual seus alunos recebiam educação formal. E ela durou quase mil anos – até o século VI – quando o imperador romano Justiniano a fechou como uma política de abolição da cultura helenista pagã. Muitos historiadores veem essa atitude como um começo da idade média. O fato é que a Academia tinha uma importância muito grande no mundo helenista antigo.

Platão – por ter cidadania ateniense – pode comprar uma pequena propriedade no interior de uma área num dos mais belos subúrbios de Atenas. O local era considerado como um lugar público, esta era chamada Akademia ou Hekademia, e ali tinha um parque com várias alamedas e várias árvores, que eram adornadas com muitas estátuas, templos e sepulcros de figuras ilustres. Na sua origem, a Akademia era dedicada a um herói ático chamado Akademos ou Hekademos, que emprestou seu nome à área que está.

Platão colocou em prática seu projeto da Academia. Ora, em sua obra mais importante, A República (Politeia), Platão expõe sua ideia de como seria ter uma república ideal, onde não poderia ter propriedades e nem casamentos, as crianças seriam educadas comunitariamente pelo Estado e muito longe de onde nasceram. Isso para educá-las a serem filósofos-governantes e desses saírem um filósofo-rei. Não havia hierarquia e teve várias salas onde teria um responsável por cada uma delas.

O conceito de academia para a antiguidade era formar pessoas que fossem livres – menos crianças, escravos e mulheres, mesmo que, várias mulheres tenham estudado na academia e a própria mãe de Platão foi uma filósofa – e que eram conhecidos como pessoas que se importavam e a grande maioria, continuou a pesquisar as ideias de Platão (menos Aristóteles, no qual, não concordava com o mestre).

Depois apareceram  as academias (universidades) medievais no século doze e treze, que tinha como base a fé cristã (e, talvez, baseadas no Liceu aristotélico e na Academia platônica). Onde, seu conceito, como era uma criação escolástica – que era uma iniciativa da Igreja Católica – as universidades se originaram como extensões dos colégios episcopais (seminários), onde os jovens aprendiam o domínio das sete artes liberais, que faziam parte da educação da era medieval.

Ora, nas eras antigas, a academia eram centros de estudo para formação de agentes políticos (sociais), onde havia uma pesquisa e comprovação de teses platônicas. Posteriormente, tanto Aristóteles (saiu da Academia) quanto outros, começaram a fundar escolas de suas filosofias. Na era medieval, há uma mudança e essa mudança tem a ver com a fé cristã, que retoma a ideia da academia com um ar universal.

As  universidades modernas começaram graças a um livro do filósofo alemão Immanuel Kant (1724-1804) que são textos ao longo de anos ao qual tem o nome de Conflito das Faculdades. Esse texto foi o único que fez uma reflexão sobre a universidade moderna e foi o marco para a mudança na determinação de seu sentido de existir. Ele representa essa mudança por contrapor ao modelo que era as universidades medievais, que eram constituídas por três faculdades superiores (teologia, Direito e Medicina) e a faculdade inferior (a Filosofia).

A hierarquia dessa organização refletia uma ordem decorrente das necessidades empíricas percebidas pelo Estado, pois a universidade lhe servia para formar indivíduos que teriam como tarefa simplesmente cumprir seu papel do modo como foi aprendido.

Ora, não foi isso que se tornou as universidades brasileiras (talvez, por nossa herança medieval)? Aqui, a meu ver, há uma disposição de sempre jogar o curso de filosofia como um curso inferior e sem importância, enquanto, tirando teologia, os cursos de maior destaque, ainda está direito e medicina. Por outro lado, há hoje uma demanda de formar profissionais em informática e isso traz mais uma dúvida: será que não seria uma estratégia para baratear a mão de obra no setor?

Como vimos, a ideia da universidade era dar conhecimento a quem nela entrasse, com isso, criar pessoas que pudessem ter um conhecimento político maior. Mas, ao longo dos séculos – talvez, Platão tenha idealizado uma escola que pudesse levar a cabo o que seu mestre Sócrates na questão do conhecimento – foi perdendo a sua essência por inúmeros interesses ao longo dos tempos.

A questão sempre foi: qual o papel da academia para uma nação? Lógico, que em termos técnicos, seria um lugar de pesquisas científicas (de todas as áreas) e de formação de profissionais que vão trabalhar em prol do progresso de uma nação. Por outro lado, num modo prático, em alguns momentos, a universidade atende interesses políticos e ideológicos. Principalmente, no que se refere a humanas.

Porém, podemos seguir o raciocínio de Deleuze, um filósofo analisa os conceitos e esses conceitos devem ser além de uma visão binária e pobre. Afinal, o que é um filósofo do que um amigo do saber que procura a sabedoria e ao mesmo tempo a critica para achar um caminho. Ai que alguns erram em dizer que a “filosofia serve”, porque a filosofia não é servil e nem pode ser, pois, a filosofia é um modo de não ser subserviente no modo que as pessoas estão acostumadas.

Então, será mesmo, que só é filósofo se for acadêmico? Só se usa a filosofia de modo acadêmico?

Este artigo foi escrito por Amauri Nolasco Sanches Junior e publicado originalmente em Prensa.li.

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terça-feira, 6 de agosto de 2024

Terapia do esquema: como e por que aplicar em seus pacientes?

Terapia do esquema: como e por que aplicar?

Publicado por Cognitivo em  | Atualizado em 
13 minutos para ler

A terapia cognitivo-comportamental tem se consolidado como uma das abordagens mais efetivas da Psicologia clínica. Entretanto, estudiosos da área perceberam que algumas pessoas apresentam resistência às técnicas utilizadas nesse tipo de psicoterapia. Isso acontece, principalmente, com quem tem algum transtorno de personalidade.

Para garantir os resultados positivos no tratamento desses pacientes, foi desenvolvida a Terapia do Esquema. Ela adapta alguns conceitos e estratégias da terapia cognitivo-comportamental e adiciona importantes contribuições de outros campos teóricos da Psicologia. Dessa forma, representa uma boa alternativa para os psicólogos clínicos.

Quer saber mais sobre o assunto? Acompanhe as informações que trouxemos neste post e saiba como trabalhar com essa modalidade terapêutica!

O que é a Terapia do Esquema?

É uma abordagem da Psicologia clínica desenvolvida por Jeffrey Young, um psicólogo americano. Em sua teoria, ele fez uma combinação de estudos da Psicologia cognitivo-comportamental, da terapia do apego, da Gestalt-terapia e de teorias psicodinâmicas.

Os objetos de estudo e intervenção da terapia de Young são os esquemas desadaptativos que surgem na infância e marcam emoções e comportamentos disfuncionais ou autodestrutivos na vida adulta. Os esquemas são padrões de sentimentos, percepções e ações da pessoa em relação às situações da vida.

Nesse sentido, o esquema é encontrado em um nível mais profundo da cognição, estando ligado a questões instintivas e inconscientes. Na prática, ele pode ser identificado quando uma pessoa reage impulsivamente a determinada vivência, sem ter controle sobre o que faz ou mesmo sem compreender o próprio comportamento.

Isso acontece porque situações do presente guardam ligações inconscientes com eventos do passado. No caso de um paciente com esquemas disfuncionais, as emoções e reações negativas se perpetuam sem que a pessoa perceba ou saiba de onde surgiram. Essa é a realidade de quem sofre com transtornos de personalidade, por exemplo.

As emoções e os comportamentos desadaptativos são fruto de necessidades não atendidas na infância, como a demanda por afeto e segurança. Tais realidades geram os esquemas — estruturas rígidas e muito resistentes a modificações. A Terapia do Esquema busca atuar sobre as raízes desses sentimentos, por meio de técnicas emocionais, cognitivas e comportamentais.

Como ela pode ser aplicada?

Terapia do Esquema é mais comumente utilizada em psicoterapia individual, mas também pode dar bons resultados em grupo — exigindo, nesse caso, mais experiência do profissional. Também é possível utilizar essa terapia como mote central ou introduzir suas técnicas em algum momento do tratamento com outras abordagens psicológicas.

Além disso, a Terapia do Esquema pode ser associada ao tratamento psiquiátrico. O ideal é que o paciente esteja com sintomas controlados ou estabilizados, pois para que a abordagem seja aproveitada, não é aconselhável que a pessoa esteja com sinais psicóticos ou limitações cognitivas.

O tratamento com essa teoria se organiza em duas fases: a primeira de avaliação do caso e a segunda de mudança dos esquemas. No primeiro momento, há a construção do vínculo terapêutico, essencial para que a pessoa se comprometa com o processo clínico.

Essa primeira etapa se baseia principalmente na terapia do apego e entende que um dos papéis do psicólogo é oferecer a afetividade e a segurança que fizeram falta na infância do paciente. A partir desse vínculo, o psicólogo explica o modelo terapêutico e auxilia o paciente a identificar seus esquemas disfuncionais.

À medida que eles são identificados, também são investigadas suas origens e as estratégias que o paciente usa para lidar com esses esquemas. Para chegar nesses dados, podem ser utilizadas diversas técnicas psicológicas, como o questionário de esquemas de Young ou as tarefas de casa, tradicionais na abordagem cognitivo-comportamental.

Na segunda etapa — a de modificação de esquemas —, o objetivo é revivê-los dentro da clínica e possibilitar sua ressignificação a partir de modelos mais saudáveis de relacionamento, como é o caso da relação com o psicólogo. Também existem diversas estratégias clínicas para isso. Por exemplo:

  • vivências que deflagram o esquema na sessão terapêutica;
  • uso de recursos artísticos para evocar sentimentos ou reações;
  • condução de relatos e criação de imagens mentais;
  • registro de pensamentos automáticos;
  • identificação de distorções cognitivas;
  • intervenções que contradigam os esquemas;
  • catarse emocional;
  • representação de papéis.

Vale lembrar que para que ela seja bem aproveitada, o psicólogo deve investir no fortalecimento do seu vínculo terapêutico com o paciente, garantindo que ele se sinta confortável em identificar suas crenças limitantes e encarar o desafio de transformá-las.

Quais são os motivos para utilizá-la?

A Terapia do Esquema tem demonstrado efetividade em problemas crônicos e resistentes a outras abordagens da Psicologia, como os transtornos de humor, de ansiedade ou de personalidade. Esse tem sido o principal benefício de utilizar essa teoria na prática clínica.

Enquanto a Psicologia cognitivo-comportamental foca no tempo presente e tem função mais diretiva, a Terapia do Esquema permite o aprofundamento de questões do passado. A inclusão de conceitos e técnicas de outras teorias psicológicas impulsiona o tratamento e permite acessar aspectos que podem passar despercebidos no processo terapêutico tradicional.

No geral, os pacientes com transtornos de personalidade não costumam procurar terapia por conta própria porque a maioria deles não percebe seus padrões disfuncionais. Assim, chegam à terapia por imposição de outras pessoas e frequentemente não aderem aos tratamentos convencionais.

Como os traços desadaptativos fazem parte de sua personalidade, é difícil o paciente percebê-los como aspectos negativos. Sendo assim, o psicólogo cognitivo-comportamental pode enfrentar muita resistência da pessoa em participar ativamente do processo terapêutico. Para ela, é mais difícil perceber as próprias limitações e traçar suas metas de mudança.

Assim, alguns pacientes podem resistir às tarefas da psicoterapia. Nesses casos, a Terapia do Esquema é uma boa alternativa, pois aborda os sintomas mais profundamente, compreendendo as relações inconscientes e proporcionando mudanças na estruturação psíquica. Ao fazer uso dela, o psicólogo tem condições de ser mais flexível e responder melhor às necessidades do paciente.

Outra vantagem da utilização dessa teoria é que ela aproveita as contribuições de diversas abordagens da Psicologia. Portanto, os psicólogos clínicos de diferentes campos — como a psicoterapia sistêmica e fenomenológica — podem fazer uso da Terapia do Esquema para alcançar resultados mais profundos com pacientes resistentes às técnicas tradicionais.

Essa integração entre as diferentes abordagens permite uma ampliação das ferramentas de trabalho do psicólogo. Como consequência, é possível desenvolver novas formas de trabalho que coincidem com os desejos e as motivações dos seus pacientes, tornando a psicoterapia mais efetiva e funcional.

Por que se especializar?

Como você percebeu, a Terapia do Esquema utiliza diversas bases da Psicologia para ser aplicada no consultório. Isso demanda um conhecimento aprofundado do psicólogo para utilizá-la da forma certa. Por esse motivo, a especialização na área é um passo fundamental para quem busca trabalhar com essa ferramenta.

Também não podemos negar que com a melhor acessibilidade ao ensino superior, as empresas e os clientes se tornaram mais exigentes, filtrando os profissionais e os serviços contratados. Isso quer dizer que os psicólogos que apresentam especializações tendem a oferecerem um trabalho de melhor qualidade, portanto, apresentam uma boa posição no mercado.

Principalmente para quem acabou de sair da graduação, investir em uma pós ou especialização é uma excelente atitude para construir a sua autoridade na área da Psicologia e conquistar mais clientes, além de fortalecer o seu networking e ampliar suas oportunidades de ocupação.

Vale lembrar ainda que um curso de aperfeiçoamento sobre Terapia do Esquema não só confere um título a mais no seu currículo, mas oferece um aprendizado voltado para o desenvolvimento das suas competências técnicas e habilidades profissionais, lapidando a sua atuação prática por meio de uma base teórica consolidada.

Como escolher uma boa instituição?

Não há como negar: a escolha de uma boa instituição é um passo importante para garantir qualidade nos seus estudos. Afinal, existem diversas universidades e escolas técnicas que oferecem cursos de especializações, e nós sabemos que não são todas que valorizam o conhecimento acadêmico e priorizam a sua aprendizagem.

Ainda, muitas instituições voltam a sua atenção para o ensino teórico da Psicologia, dificultando o desenvolvimento do seu olhar prático e a aplicação real do que foi aprendido no contexto clínico atual. Por isso, nós reforçamos a ideia da importância de tomar cuidado na escolha do seu curso e, é claro, da organização que o oferece.

Para isso, existe uma série de atitudes que você pode e deve tomar, que garantem uma boa escolha. Confira-as a seguir:

  • analisar a experiência e o histórico da instituição;
  • pesquisar sobre os profissionais que se formaram no local e quais são as suas perspectivas no mercado de trabalho;
  • investigar a qualificação do corpo docente;
  • recolher feedbacks de antigos e novos alunos para identificar a percepção que eles têm sobre a instituição;
  • identificar as disciplinas oferecidas e a sua relação com a prática psicológica;
  • analisar as bases utilizadas para o aprendizado da terapia de esquema e investigar se ela corrobora com o que você busca como objetivo profissional;

O que é estudado no curso?

Nos últimos tópicos, explicamos que é fundamental investir em uma especialização em Terapia do Esquema para obter bons resultados na clínica. Afinal, o que o curso oferece e quais são os seus benefícios? Como você já sabe, essa técnica psicoterápica conquistou grande destaque em nível mundial, sendo ideal para modificar as estruturas que sustentam diversos transtornos.

Dessa maneira, o curso de especialização em Terapia do Esquema oferece além do embasamento teórico, as principais técnicas de abordagem na clínica, auxiliando os profissionais a adequarem corretamente a conceituação, os inventários diagnósticos e a prática psicoterápica.

Isso só pode ser feito por meio do estudo teórico sobre a técnica para, então, se aprofundar nos exercícios de roleplaying e nas simulações que estimulam a compreensão da postura terapêutica que o psicólogo deve ter ao longo dos atendimentos. Além disso, ocorrem apresentações de trabalho e supervisões de casos clínicos para lapidar suas habilidades e competências.

Vale lembrar que a especialização apresenta 20 módulos divididos em 4 semestres, totalizando 5 módulos por bloco. Dessa maneira, todos os alunos conseguem estudar com tranquilidade e assimilar os conteúdos ao longo de cada disciplina. Para aprofundar, listamos as principais unidades curriculares do curso:

  • fundamentos em Terapia do Esquema;
  • processos de perpetuação esquemática;
  • neurociência e esquemas;
  • diagnósticos e avaliação de esquemas;
  • estratégias comportamentais de tratamento;
  • esquemas e relação terapêutica;
  • tratamento com modos esquemáticos;
  • estratégias integradas de tratamento;
  • estratégias vivenciais de tratamento.

Por que escolher uma certificação com validade nacional?

Você lembra que comentamos sobre a importância de investir em uma instituição de ensino que apresente a validação do MEC? Pois é, escolher uma organização que assegure que o curso é certificado pelo Ministério da Educação garante que as técnicas aprendidas possam ser aplicadas no contexto clínico.

Nós explicamos: imagine que você optou por uma especialização que não apresenta nenhuma associação com o Ministério. Durante as aulas, você aprendeu diversas ferramentas que podem gerar efeitos positivos nas suas sessões. Acontece que, em função do curso não ser credenciado, precisamos partir do pressuposto que essas técnicas não têm uma comprovação científica.

Se nós assumíssemos que os cursos não credenciados apresentam um excelente embasamento teórico, seria muito fácil desenvolver uma instituição a fim de vender diplomas e sem oferecer nenhum ensino de qualidade para os seus alunos, certo? Por consequência, esses profissionais, ainda que carregassem mais um título, não garantiriam um bom serviço aos seus pacientes.

Além disso, no campo da Psicologia é fundamental prestar atenção no que estamos oferecendo ao nosso paciente, concorda? Por isso, é uma atitude ética garantir que os cursos de especialização apresentem o certificado do Ministério da Educação para assegurar que todos os seus conhecimentos são validados nacionalmente e preservar a saúde mental dos seus clientes.

Para quem quer expandir suas oportunidades profissionais, ter a certificação nacional permite a mudança para outros estados brasileiros. Isso faz com que se torne muito mais fácil potencializar a sua carreira em outra região ou desenvolver a sua atividade em qualquer canto do Brasil.

Sabendo da importância que a certificação apresenta para os profissionais de Psicologia, separamos uma lista dos principais aspectos que você precisa analisar para ter certeza que o curso é reconhecido pelo MEC. Acompanhe:

  • analisar o site e as redes sociais da instituição, verificando se ele apresenta o certificado de validação como informação principal;
  • pesquisar a transparência da organização;
  • conferir a especialização do corpo docente ao verificar os currículos dos profissionais, atestando que pelo menos 50% deles apresentam título de mestre ou doutor por uma unidade credenciada pelo Ministério;
  • pesquisar a associação da instituição a universidades credenciadas, tendo em vista que isso é um pré-requisito do Ministério da Educação para o credenciamento;
  • verificar se o curso apresenta a carga horária mínima de 360 horas;
  • identificar o requerimento do trabalho de conclusão de curso;
  • averiguar a responsabilidade social da organização.

Após ler este post, você conheceu detalhes importantes sobre a Terapia do Esquema. Os profissionais que têm interesse nessa abordagem podem aprofundar seus conhecimentos em grupos de estudo, eventos na área e cursos de especialização. Dominar a teoria e os procedimentos é fundamental para saber conduzir a psicoterapia.

Para saber mais sobre a especialização em Terapia do Esquema, confira este link!


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domingo, 4 de agosto de 2024

Venezuela eleições, será a primavera árabe da Latino América. Por João Maria andarilho. Indicação de leitura 68




Hoy recordaremos esta entrevista hecha por Oscar Yanes a Hugo Chávez en el programa 'La Silla Caliente' de Venevisión, previo al referéndum consultivo donde resultaría aprobada la constitución chavista de 1999.





Discurso realizado por el Dr. Jorge Olavarría el 5 de Julio del año de 1999 en el antiguo Congreso de la República de Venezuela, cinco meses después de la toma de posesión del presidente Hugo Chávez. En ese tiempo Henrique Capriles era Vicepresidente del Congreso y Presidente de la Cámara de Diputados y Luis Alfonso Dávila era el presidente del mencionado Congreso, el cual se ofuscó y cortó en varias ocasiones la intervención de Olavarría, pidiéndole a Chávez sin lograrlo, que se retirase del Hemiciclo del Congreso. Capriles consideró este discurso impropio y Cecilia Sosa, Presidente de la Corte Suprema de Justicia se retiró por considerar ofensivas las palabras del Olavarría. En la actualidad, Luis Alfonso Dávila es opositor al régimen chavista





 
O editor de VEJA Jerônimo Teixeira entrevista Leonardo Coutinho, autor de 'Hugo Chávez - O Espectro'. 21/03/2018.




   
Cerco se fecha - justiça da Espanha decide entregar El Pollo Carvajal para os EUA

CARVAJAL, LULA E O SEQUESTRO DA AMÉRICA LATINA: As denúncias sobre o financiamento da esquerda internacional

por Elisa Robson



   
Red Cocaine Cocaína Vermelha Joseph Douglass


   

Estudos políticos (1971), de Raymond Aron, reúne um conjunto de ensaios agrupados em três partes. A primeira, denominada de “Idéias”, contém textos teóricos que resumem o seu entendimento da diferença entre ciência natural (neutra a valores) e ciência social, que se constitui em presença de valores. Para explicitar em que consiste precisamente sua posição, confronta-a a Maquiavel, Marx, Pareto e Max Weber. Seu entendimento da política corresponde ao aprofundamento da visão de Weber, ponto de referência privilegiado de sua filosofia da história. As duas partes seguintes correspondem a uma espécie de aplicação da teoria à ação política no interior do Estado (2ª parte) e às relações entre os Estados (3ª parte).

Max Weber estabelecera que na análise dos temas relacionados à cultura (ciências sociais), o pesquisador escolhe arbitrariamente os fatos e somente a partir daí pode aspirar à obtenção de conclusões de validade universal. Deter-se na discussão acerca da escolha inicial somente levaria a confronto de avaliações, explicitando as preferências de cada um, matéria na qual não pode haver postura científica (idêntica para todos). Aron aceita a premissa mas quer dar o passo seguinte no tocante à responsabilidade do intelectual quanto às conseqüências de seu posicionamento.

É preciso ter presente que nos cerca de quarenta anos transcorridos desde o início do pós-guerra (1945) até o seu falecimento (1983), Aron presenciou o avanço da ameaça soviética diante do aplauso da grande maioria da intelectualidade francesa. Aquele aplauso se dava em nome da “cientificidade do marxismo”. A primeira questão consistia, pois, em examinar se de fato, essa pretensa cientificidade sairia incólume de análise rigorosa. Nos estudos que realizou, sobre as características da sociedade industrial, conseguiu evidenciar a impropriedade de um confronto entre socialismo e capitalismo, atribuindo relevância ao confronto político.

No ensaio introdutório à coletânea (“Ciência e consciência da sociedade”) escreve o seguinte: “Na medida em que um partido apresenta sua ideologia como verdade científica (o marxismo, por exemplo), a sociologia deve submeter tal ideologia à crítica, e o sociólogo deve aceitar com indiferença a acusação de que “está fazendo política”. As proposições principais do marxismo (relações de forças e de produção, mais valia, exploração e lucro, pauperização, regime econômico e classes sociais, alienação econômica e outras formas de alienação etc.) dizem respeito a fatos, relações, tendências evolutivas. São verdadeiras ou falsas, prováveis ou improváveis, provadas ou não; se o sociólogo nem sempre consegue demonstrá-las ou refutá-las rigorosamente, isso é porque elas estão expostas em termos tão equívocos que terminam por se esvaziarem de qualquer sentido, por não terem o mínimo de precisão indispensável. O exame e a crítica das proposições de fato incluídas em todas as ideologias não podem deixar de ser objeto de atenção da sociologia, por isso a sociologia não pode evitar uma tomada de posição em favor dos programas e das interpretações dos partidos, ou contra eles”.

Ao dizer que o intelectual não pode ignorar as conseqüências de seu posicionamento, Aron não pretende advogar a impossibilidade da ciência social. Entre outras coisas escreve num dos ensaios presentes à coletânea: “A despeito do engajamento, que simboliza a escolha das questões ou dos centros de interesse, o historiador e o sociólogo desejam chegar a uma verdade rigorosamente objetiva, parcial mas universalmente válida”. A impossibilidade reside no que se poderia denominar de “política científica”, isto é, de uma política que se pretendesse universal, capaz de resolver o inelutável conflito social em favor de uma das partes. A análise da política sempre pode chegar a conclusões válidas. O problema de sua aplicação, no regime democrático, é que envolve a negociação e a barganha, escapando a qualquer tipo de pretensão científica.

No que se refere às relações no interior do Estado ou entre Estados, Aron aceita a premissa weberiana de que a política corresponde à esfera da vida social em que tem lugar a violência legalizada. A diferença, quando se trata das relações internacionais, consiste na inexistência de um poder aceito por todos, capaz de regular os conflitos entre Estados. Num dos ensaios, escrito na década de sessenta, escreve que aquelas relações acham-se ditadas pela capacidade dos Estados Unidos e da União Soviética de se apresentarem como potências, a ponto de que ambos acabam tendo que tolerar vizinhos incômodos, como se dá em relação ao primeiro no caso de Cubas e, ao segundo, em relação à Albânia. Levando em conta que Aron faleceu antes do fim da União Soviética, cabe a ressalva de que, na ausência do “anjo protetor”, no Ocidente, uma potência isolada, mesmo tão poderosa como os Estados Unidos, não tem condições de eliminar o incômodo, para nos atermos ao mesmo exemplo (Cuba).

Aron era pessimista quanto à capacidade da Europa Ocidental de resistir aos avanços do Império Soviético, diante do espírito capitulacionista vigente em seu próprio país, a ponto de usar, no título de um de seus últimos livros, a expressão “Europa decadente”. Esse estado de espírito explica o tom amargo desta conclusão da referida análise da ação política: “Os dados fundamentais não se alteram. O que há de novo é a potência destrutiva das armas, a potência material à disposição dos que detêm o poder. O que não é novo é o medo que o homem do poder inspira aos demais, quando estes imaginam as conseqüências que podem ter suas decisões. Como dissipar esse medo senão pela recusa de atribuir a uma só pessoa o direito e a capacidade de tomar decisões cujas conseqüências afetariam milhões de indivíduos? Assim têm raciocinado os filósofos e os juristas, elaborando a doutrina da separação dos poderes. Quando os sociólogos constatam a dispersão da potência social, eles se alegram, pois o temor do homem é espontâneo no próprio homem”. (Ver também ARON e (O) Ópio dos intelectuais).


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Tantrāloka ('Elucidação do Tantra') é um tratado de Abhinavagupta (950 - 1016 D.C.) filósofo, místico da Caxemira. Abhinavagupta




Tantrāloka - Introdução

Parte 1   Parte 2

O Tantrāloka ('Elucidação do Tantra') é um tratado de Abhinavagupta (950 - 1016 D.C.) filósofo, místico da Caxemira. Abhinavagupta foi considerado um influente músico, poeta, dramaturgo, exegeta, teólogo e lógico. Ele estudou todas as escolas de filosofia e arte de seu tempo sob a orientação de até quinze (ou mais) professores e gurus. Ao longo de sua vida ele completou mais de 35 obras, a maior e mais famosa das quais é Tantrāloka, um tratado enciclopédico sobre todos os aspectos filosóficos e práticos de Kaula e Trika (Shivaísmo da Caxemira).

A obra contém a síntese dos 64 āgamas monísticos e das diferentes escolas de tantra. Discutiu aspectos ritualísticos e filosóficos em 37 capítulos com 5859 versos; o primeiro capítulo contém os ensinamentos essenciais de forma condensada. Devido ao seu tamanho e escopo, é considerado uma enciclopédia da escola não dualista do tantra hindu. Uma versão mais resumida e concisa do Tantrāloka, também escrita por Abhinavagupta, é o Tantrasāra.

O Tantrāloka foi escrito no século 10 e ganhou maior destaque mundial no final do século 19 com a publicação e distribuição da Série de Textos e Estudos da Caxemira e pelos esforços de Swami Lakshmanjoo, que ensinou o texto e sua tradição.

Sua tradução completa para o italiano, editada por Raniero Gnoli, já está em sua segunda edição. O capítulo esotérico 29 sobre o ritual Kaula foi traduzido para o inglês junto com o comentário de Jayaratha por John R. Dupuche. Em 2023, Mark Dyczkowski publicou uma tradução completa para o inglês com comentários de Jayaratha.

Um estudo complexo sobre o contexto, autores, conteúdos e referências do Tantrāloka foi publicado por Navjivan Rastogi. O último mestre reconhecido da tradição oral do Shaivismo da Caxemira, Swami Lakshmanjoo, deu uma versão condensada dos principais capítulos filosóficos do Tantrāloka em seu livro, Kashmir Shaivism: The Secret Supreme. Esses capítulos cobrem: 36 elementos (tattvas), seis caminhos (ṣaḍadhvan), quatro meios de realização (upāyas), três impurezas (malas), estados e processos dos sete percebedores (pramātṛin), cinco atos de Śiva incluindo sua graça (śaktipāta), cinco estados do corpo subjetivo individual, sete estados de turiya, contatos quíntuplos de mestres e discípulos, vários modos de ascensão Kundalinī e as teorias do alfabeto (mātṛikācakra), reflexão (pratibimbavādaḥ), liberação (mokṣa) e discurso (vāk), juntamente com discussões sobre as origens dos tantras e as diferenças entre o Śaivismo da Caxemira e o Advaita Vedānta.

Conteúdo:

1- As diversas formas de conhecimento: - O capítulo serve de introdução e trata essencialmente de conhecimento e libertação. O conhecimento mencionado aqui é o conhecimento espiritual, da Realidade Suprema. Mais do que uma obra de filosofia, o Tantrāloka é um “manual místico”: a exposição dos conteúdos filosóficos e teológicos visa a prática, ou seja, a descrição dos ritos e do correspondente aparato ritual, cuja finalidade última é, como em quase todas as tradições hindus, a libertação da transmigração. Segundo Abhinavagupta e seus antecessores, a Realidade Suprema, o Absoluto (anuttara), é a Consciência Absoluta (saṃvittattva), Ser supremo e indiferenciado, Śiva. Assim que esta Consciência se prepara para emanar um universo, Ela se apresenta como a unidade de dois princípios, Consciência e Energia, Śiva e Śakti. Cada parte do universo, física ou mental, é uma expressão particular deste Absoluto. O conteúdo da obra está dividido em 36 capítulos (āhnika) mais um, número correspondente ao dos princípios (ou categorias, tattvas) que o filósofo, referindo-se às tradições tântricas que o precederam, enumera quais princípios fundamentais da emanação cósmica do Absoluto, a trigésima sétima categoria.

2- Interpenetração sem meios de realização: - Do segundo ao quarto capítulos, são apresentados os quatro tipos de meios que levam à libertação (mokṣa, ou também mukti): os "meios sem meios" (anupayā); o "meio divino" (śāmbhavopāya); o "médio aprimorado" (śāktopāya); os "meios individuais" (āṇavopāya). O chamado "meio sem meio" é introduzido por Abhinavagupta para indicar aquela forma de realização verdadeiramente desprovida de qualquer prática, localizada no domínio da transcendência, onde conhecimento, meio de conhecimento e objeto de conhecimento se fundem sem distinção, como resultado de uma conjunção natural com o Absoluto.

3- O supremo (ou "divino") significa: - O meio divino é colocado além das representações subjetivas, no domínio da unidade, onde a percepção da realidade não é mediada nem por palavras nem por pensamento.

4- O "aprimorado" significa: - O meio aprimorado, colocando-se no domínio da diferenciação, mas ainda percebido como unidade na diferença, baseia-se no pensamento como expressão e meio de conhecimento. O termo "capacitado" deriva de śakti, traduzível como "poder", "energia", "faculdade", e refere-se a Śakti , a energia divina, muitas vezes personificada como a Deusa em muitas tradições.

5- O meio «parecido com partículas: - O meio individual inclui todas aquelas formas de práticas externas, como ritos, mantras, yoga física (exercício de posturas e respiração), etc., que operam, portanto, no domínio da realidade diferenciada e fazem uso da percepção analítica.

6- O meio do tempo: - A natureza do tempo e o seu desdobramento são aqui explicados tanto ao nível do microcosmo humano como ao nível do macrocosmo universal.

7- A ascensão das rodas: - As rodas (cakra) são arranjos geométricos circulares, e aqui nos referimos às rodas dos mantras e vidyā (mantras presididos por divindades femininas). Como tal, os chakras são uma forma do divino. O termo é usado em diferentes contextos, como os chakras como elementos do corpo yogue; ou o cakra como “círculo de culto tântrico”, ou seja, o conjunto de membros locais de uma tradição específica. Assim Abhinavagupta explica o termo: «O termo cakra, roda, está associado às raízes verbais que significam «expandir» [a essência] (kas-), «ficar satisfeito» [por esta essência] (cak-); «romper laços» (kṛt-) e «agir de forma eficaz»  kṛ-).  Assim a roda se desenrola, fica satisfeita, quebra e tem força para agir.»

8- O caminho do espaço: - O espaço é ilustrado em relação ao seu conteúdo, novamente a partir de dois pontos de vista, do microcosmo e do macrocosmo.

9- O caminho dos princípios: - O tema é o desdobramento da emanação cósmica em seus 36 princípios constitutivos e, portanto, do vínculo causa efeito que os une. «Por princípio entendemos a forma comum que se estende a um grupo específico de produtos, a um conjunto de qualidades, a um conjunto de sujeitos dotados de propriedades semelhantes – assim chamada precisamente porque se estende e permeia. Este termo, portanto, não se aplica nem aos corpos nem aos mundos." Os princípios são discutidos posteriormente, agrupando-os de acordo com diversas características. Os temas fundamentais são: realidade; estados de consciência; os sujeitos cognoscentes, ou seja, os diferentes níveis em que o indivíduo pode se situar quando é sujeito do conhecimento.

10- A divisão de princípios: - Os princípios são discutidos posteriormente, agrupando-os de acordo com diversas características. Os temas fundamentais são: realidade; estados de consciência; os sujeitos cognoscentes, ou seja, os diferentes níveis em que o indivíduo pode se situar quando é sujeito do conhecimento.

11- O caminho das forças: - As forças (kalā) e o processo de diferenciação dos fonemas: estes são os tópicos principais. «a forma comum que se estende e é inerente a um determinado grupo de princípios, diferente daquela que se estende a outros grupos, é chamada, na doutrina de Śiva, pelo nome de força.»

12- A implementação da jornada: - Aqui Abhinavagupta retorna ao lado prático da doutrina apresentada: o caminho cósmico deve ser imposto no corpo do praticante, que o visualizará, identificando-se assim com o universo, com sua emanação, com Śiva. O capítulo serve de introdução: os ritos serão descritos mais adiante.

13- Falhas e obscurecimentos de energia: - Após ter demonstrado a superioridade de sua doutrina sobre a do Sāṃkhya, o filósofo fala aqui da concessão da graça (śaktipāta, lit.: "descida de Śakti") e do obscurecimento, duas das cinco operações fundamentais de Śiva, sendo os três primeiros são de natureza cósmica: emissão, manutenção, reabsorção.

14- O início da iniciação: - Continuamos falando sobre o escurecimento e seus efeitos no praticante. O capítulo serve de introdução aos seguintes XV a XXVIII, nos quais Abhinavagupta descreve e discute os vários ritos de iniciação de acordo com as tradições do Trika. O tema será retomado no capítulo XXIX, desta vez de acordo com as tradições do Kula.

15- A iniciação relativa aos «regulares»: - O capítulo descreve detalhadamente o conjunto de ritos que permitem a iniciação dos discípulos comuns (samaya dīkṣā), desde o exame das suas aptidões, à escolha do local dos ritos, à adoração dos elementos necessários, à purificação, à projeção (nyāsa) de mantras, à projeção de caminhos, etc. Os discípulos são de dois tipos, «adeptos» (sādhaka), ávidos por fruições, e filhos espirituais (putraka) aspirantes à libertação. Existem dois tipos de "adeptos", "extraordinários" (Śivadharmin), ou seja, alheios às atividades comuns do mundo, e "comuns" (lokadharmin), ou seja, desejosos de frutos, dedicados a acumular boas ações e alheios às más. (Os filhos espirituais) que aspiram à libertação também são de dois tipos, isto é, sem semente (nirbīja) ou dotados de semente (sabīja.» A “semente” é a capacidade de observar regras físicas e espirituais: nem todos a possuem, por isso a cerimônia de iniciação deve ser diferenciada.

16- A iniciação relativa aos “filhos espirituais”: - Semelhante ao anterior, porém, são aqui descritos os ritos que dizem respeito à iniciação dos "filhos espirituais" (putraka): a meditação na mandala do tridente e nas flores da tradição Trika; a classificação dos animais a serem sacrificados; a projeção de caminhos; a projeção de mantras; etc.

17- As diversas cerimônias relativas ao mesmo: - Este capítulo dá continuidade ao anterior, os principais tópicos são: a preparação dos cordões; a purificação dos princípios; a queima de títulos; etc.

18- A iniciação restrita: - É uma cerimônia de iniciação abreviada. Abhinavagupta traz isso de dois tantras, o Dikṣottara Tantra e o Kiraṇa Tantra.

19- O início da saída imediata (do corpo): - Trata-se de um rito particular, aquele realizado em favor dos moribundos.

20- O início do clareamento: - O capítulo, muito curto, trata do exame de mestres qualificados e da chamada iniciação “lightening”, para indivíduos “turvos”.

21- A iniciação dos ausentes: - Os ausentes são indivíduos que não estão presentes, incluindo os mortos: trata-se de uma iniciação póstuma, certamente não dirigida a ninguém, mas apenas a quem já empreendeu um caminho espiritual.

22- A abstração dos signos: - Aqui Abhinavagupta fala da iniciação de discípulos que foram seguidores de doutrinas consideradas inferiores, como as das escolas budistas ou vishnuitas.

23- A consagração: - A consagração é a iniciação de um novo mestre (ācāryakaraṇam): o capítulo descreve as análises e ritos do caso.

24- O último sacramento: - O último sacramento é o rito em favor daqueles que demonstraram negligência no caminho.

25- O ritual das oferendas post-mortem: - As ofertas post-mortem são aquelas dirigidas aos antepassados.

26- As disciplinas pós-iniciativas:

27- A adoração do liṅga: - O liṅga é entendido como uma forma externa de Śiva: o procedimento ritual envolve a evocação do divino, Sua instalação, atuação e permanência no liṅga.

28- Os vários dias de cumprimento, o rito dos cordões sagrados e as cerimônias ocasionais

29- O ritual secreto: - Os mesmos ritos descritos anteriormente são apresentados novamente neste capítulo, desta vez de acordo com a tradição Kula. Alguns desses ritos fazem uso de práticas e substâncias consideradas proibidas no ambiente bramânico: é por isso que Abhinavagupta rotula o ritual como "secreto". Um destes ritos, o dautavidhiḥ, envolve maithuna, ou seja, união sexual, interpretada como união com o poder divino, o śakti, com o qual, segundo estas tradições, a mulher se identifica.

30- Os vários mantras: - Falamos sobre a natureza e o poder dos mantras.

31- A mandala: - A mandala de tridentes e flores é descrita aqui detalhadamente de acordo com diferentes textos.

32- Os mudras: - O tema é a natureza e o uso do mudrā.

33- A reunião: - Continuamos com o tema das rodas: a reunião é o conjunto de poderes-deusas que presidem uma roda.

34- A penetração da própria natureza: - O capítulo, que consiste em apenas quatro versículos, explica que o caminho daqueles que empreenderam o médium individual deve continuar no do médium aprimorado, e este último no do médium divino.

35- O encontro das escrituras: - É uma breve reflexão sobre as diversas tradições da época: Abhinavagupta exalta as do Trika e do Kula.

36- A transmissão das escrituras: - Os mestres da tradição Shaivita são listados em relação aos textos.

37- A exposição de como a escrita a ser escolhida (é a Shaivita): - O autor prossegue com o tema dos dois capítulos anteriores concluindo que esta é a obra a adotar como definitiva, sendo a essência da escola Trika, por sua vez a essência das tradições Kula, expressões das correntes monistas Shaivitas, que, ao contrário outras escolas, elevam-se acima do nível de diferenciação feito por Māyā . A obra termina com uma apaixonada série de estrofes em louvor ao vale da Caxemira , terra onde nasceu, terra cheia de riquezas e belezas, desde "o vinho onde residem as divindades das rodas" até às "mulheres brilhando como a lua", desde o "solo coberto de flores de açafrão a cada passo" até o "Rio Vitastā que humilha o rio dos deuses, o Ganges". Mas Abhinavagupta parece querer alertar: « E, no entanto, qual é o ponto de nascimento, mesmo num lugar onde só existe felicidade – nascimento, sobrecarregado pelo legado de almas limitadas, que beneficiam do carma anterior? Na verdade, todos encontram satisfação apenas no futuro almejado, nunca no presente, que não dura um instante.»

A Obra: - Ao redigir o Tantrāloka Abhinavagupta refere-se a numerosos textos, na sua maioria tantras pertencentes a diferentes tradições, tanto śaiva como śaktā , com a clara intenção de apresentar uma visão sintética e coerente de tudo isto em conjunto. O próprio Abhinavagupta foi iniciado em diferentes tradições e, como ele mesmo afirma no texto, também frequentou escolas vishnuitas e budistas.

Existem inúmeras citações no texto, e entre as obras mais referidas encontramos o Mālinīvijaya Tantra , o Dīksottara Tantra , o Devyāyāmala Tantra , o Siddhāyogīsvarī Tantra , o Triśirobhairava Tantra , o Ratnamālā Tantra , o Kāmikāgama , o Svacchanda Tantra , o Tantrasadbhā vai , o Pārameśvara , o Niḥśvāsa , etc. Com algumas exceções, todos estes textos são maioritariamente tratados centrados em aspectos ritualísticos e disciplinares, e em técnicas de yoga: a parte teórica é geralmente apenas introdutória. Como denominador comum teórico que liga os argumentos destes textos numa exposição orgânica, Abhinavagupta refere-se ao filósofo Utpaladeva e à escola de Pratyabhijñā , tendo sido aluno de Lakṣmaṇagupta e ele de Utpaladeva. O Tantrāloka , com o comentário (liveka) de Jayaratha (século XIII), foi impresso pela «Série de Textos e Estudos de Caxemira» em diversas edições, de 1918 a 1938, num total de doze volumes, sendo esta a edição de referência da tradução do orientalista italiano Raniero Gnoli , cuja primeira edição data de 1972 pelos tipos da Unione Tipografico Editrice Torinese . A última edição foi de 1980, ainda a única tradução completa do mundo. Em 2013 De Agostini apresentou uma versão eletrônica.

Parte 1   Parte 2



Fontes/ Links
Tantraloka / Wikipedia
Abhinavagupta / Wikipedia
Tantraloka (Sanskrit Text) / Wisdomlib.org
Sri Tantraloka - S. P. Singh / Internet Arquive
Tantraloka / Gabriel Pradipaka
Tantraloka (capítulo 1) / Mark Dyczkowski
Sri Tantraloka / Gautam Chatterjee
Luci dei Tantraloka / Raniero Gnoli
Introduction to the Tantraloka / Navjivan Rastogi
Light On Tantra In Kashmir Shaivism / Swami Lakshmanjoo
The Relevance of Abhinavagupta’s Theory of Reality / ResearchGate
Doutrina do Recohecimento (Pratyabhijñāhṛdayam) / mokshadharma.blogspot
Shivaísmo da Caxemira / mokshadharma.blogspot
La lumière sur les tantras- L. Silburn - A. Padoux

Tantrāloka - Wikipédia

Visão geral

A obra contém a síntese dos 64 āgamas monísticos e das diferentes escolas de tantra . Discutiu aspectos ritualísticos e filosóficos em 37 capítulos; o primeiro capítulo contém os ensinamentos essenciais de forma condensada. Devido ao seu tamanho e escopo é considerado uma enciclopédia da escola não-dual do tantra hindu . Uma versão mais resumida e concisa do Tantrāloka, também escrita por Abhinavagupta, é o Tantrasāra .

Tantrāloka foi escrito no século X e ganhou maior destaque mundial no final do século XIX com a publicação e distribuição da Série de Textos e Estudos da Caxemira e destaque de Swami Lakshmanjoo , que ensinou o texto e sua tradição oral a estudiosos e buscadores. parecido. [1]

Sua tradução completa para o italiano, editada por Raniero Gnoli , já está em sua segunda edição. [2] O capítulo esotérico 29 sobre o ritual Kaula foi traduzido para o inglês junto com o comentário de Jayaratha por John R. Dupuche. [3] Em 2023, Mark Dyczkowski publicou uma tradução completa para o inglês com comentários de Jayaratha . [4]

Um estudo complexo sobre o contexto, autores, conteúdos e referências do Tantrāloka foi publicado por Navjivan Rastogi, Prof. [5] O último mestre reconhecido da tradição oral do Shaivismo da Caxemira, Swami Lakshmanjoo , deu uma versão condensada dos principais capítulos filosóficos do Tantrāloka em seu livro, Kashmir Shaivism: The Secret Supreme . [6] Esses capítulos cobrem: 36 elementos ( tattvas ), seis caminhos (ṣaḍadhvan), quatro meios de realização (upāyas), três impurezas (malas), estados e processos dos sete percebedores (pramātṛin), cinco atos de Śiva incluindo sua graça ( śaktipāta ), cinco estados do corpo subjetivo individual, sete estados de turiya , contatos quíntuplos de mestres e discípulos, vários modos de ascensão Kunṇḍalinī , e as teorias do alfabeto (mātṛikācakra), reflexão (pratibimbavādaḥ), libertação ( mokṣa ) e fala ( vāk ), juntamente com discussões sobre as origens dos tantras e as diferenças entre o Śaivismo da Caxemira e o Advaita Vedānta . [6]

Referências
  1. ^ Sanderson, A. (2011). "Saṃvidullāsaḥ: manifestação da consciência divina: Swami Lakshman Joo, santo estudioso do Śaivismo da Caxemira, uma homenagem centenária". Em Bäumer, B., Kumar, S. (eds.). Swami Lakshman Joo e seu lugar na tradição Śaiva da Caxemira . DK Printworld. pp. 93–126. ISBN 978-81-246-0414-4.
  2. ^ Luce dei Tantra, Tantrāloka, Abhinavagupta, Raniero Gnoli, 1999
  3. ^ Dupuche, John R. O Ritual Kula conforme elaborado no Capítulo 29 do Tantrāloka de Abhinavagupta .
  4. ^ Dyczkowski, MSG (3 de março de 2023). TANTRALOKA A LUZ ACESA E DOS TANTRAS - VOLUME UM: Volume Um - Capítulo Um, Com o Comentário chamado Viveka por Jayaratha, Traduzido com extensas notas explicativas . Publicado de forma independente. ISBN  979-8-3761-3921-9.
  5. ^ Introdução ao Tantrāloka, Navjivan Rastogi


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PROPOSTA DE EMENDA CONSTITUCIONAL

Modifica o artigo 207 da Constituição Federal.

Art. 1o É dada nova redação e acrescentado parágrafo único ao art. 207 da Constituição Federal, nos seguintes termos:

"Art. 207. As universidades gozam, na forma da lei, de autonomia didático-científica, administrativa e de gestão financeira e patrimonial e obedecerão ao princípio da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão.

Parágrafo único. A lei poderá estender às demais instituições de ensino superior e aos institutos de pesquisa diferentes graus de autonomia."

Art. 2o Esta Emenda entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília,




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sábado, 3 de agosto de 2024

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