terça-feira, 6 de agosto de 2024

Terapia do esquema: como e por que aplicar em seus pacientes?

Terapia do esquema: como e por que aplicar?

Publicado por Cognitivo em  | Atualizado em 
13 minutos para ler

A terapia cognitivo-comportamental tem se consolidado como uma das abordagens mais efetivas da Psicologia clínica. Entretanto, estudiosos da área perceberam que algumas pessoas apresentam resistência às técnicas utilizadas nesse tipo de psicoterapia. Isso acontece, principalmente, com quem tem algum transtorno de personalidade.

Para garantir os resultados positivos no tratamento desses pacientes, foi desenvolvida a Terapia do Esquema. Ela adapta alguns conceitos e estratégias da terapia cognitivo-comportamental e adiciona importantes contribuições de outros campos teóricos da Psicologia. Dessa forma, representa uma boa alternativa para os psicólogos clínicos.

Quer saber mais sobre o assunto? Acompanhe as informações que trouxemos neste post e saiba como trabalhar com essa modalidade terapêutica!

O que é a Terapia do Esquema?

É uma abordagem da Psicologia clínica desenvolvida por Jeffrey Young, um psicólogo americano. Em sua teoria, ele fez uma combinação de estudos da Psicologia cognitivo-comportamental, da terapia do apego, da Gestalt-terapia e de teorias psicodinâmicas.

Os objetos de estudo e intervenção da terapia de Young são os esquemas desadaptativos que surgem na infância e marcam emoções e comportamentos disfuncionais ou autodestrutivos na vida adulta. Os esquemas são padrões de sentimentos, percepções e ações da pessoa em relação às situações da vida.

Nesse sentido, o esquema é encontrado em um nível mais profundo da cognição, estando ligado a questões instintivas e inconscientes. Na prática, ele pode ser identificado quando uma pessoa reage impulsivamente a determinada vivência, sem ter controle sobre o que faz ou mesmo sem compreender o próprio comportamento.

Isso acontece porque situações do presente guardam ligações inconscientes com eventos do passado. No caso de um paciente com esquemas disfuncionais, as emoções e reações negativas se perpetuam sem que a pessoa perceba ou saiba de onde surgiram. Essa é a realidade de quem sofre com transtornos de personalidade, por exemplo.

As emoções e os comportamentos desadaptativos são fruto de necessidades não atendidas na infância, como a demanda por afeto e segurança. Tais realidades geram os esquemas — estruturas rígidas e muito resistentes a modificações. A Terapia do Esquema busca atuar sobre as raízes desses sentimentos, por meio de técnicas emocionais, cognitivas e comportamentais.

Como ela pode ser aplicada?

Terapia do Esquema é mais comumente utilizada em psicoterapia individual, mas também pode dar bons resultados em grupo — exigindo, nesse caso, mais experiência do profissional. Também é possível utilizar essa terapia como mote central ou introduzir suas técnicas em algum momento do tratamento com outras abordagens psicológicas.

Além disso, a Terapia do Esquema pode ser associada ao tratamento psiquiátrico. O ideal é que o paciente esteja com sintomas controlados ou estabilizados, pois para que a abordagem seja aproveitada, não é aconselhável que a pessoa esteja com sinais psicóticos ou limitações cognitivas.

O tratamento com essa teoria se organiza em duas fases: a primeira de avaliação do caso e a segunda de mudança dos esquemas. No primeiro momento, há a construção do vínculo terapêutico, essencial para que a pessoa se comprometa com o processo clínico.

Essa primeira etapa se baseia principalmente na terapia do apego e entende que um dos papéis do psicólogo é oferecer a afetividade e a segurança que fizeram falta na infância do paciente. A partir desse vínculo, o psicólogo explica o modelo terapêutico e auxilia o paciente a identificar seus esquemas disfuncionais.

À medida que eles são identificados, também são investigadas suas origens e as estratégias que o paciente usa para lidar com esses esquemas. Para chegar nesses dados, podem ser utilizadas diversas técnicas psicológicas, como o questionário de esquemas de Young ou as tarefas de casa, tradicionais na abordagem cognitivo-comportamental.

Na segunda etapa — a de modificação de esquemas —, o objetivo é revivê-los dentro da clínica e possibilitar sua ressignificação a partir de modelos mais saudáveis de relacionamento, como é o caso da relação com o psicólogo. Também existem diversas estratégias clínicas para isso. Por exemplo:

  • vivências que deflagram o esquema na sessão terapêutica;
  • uso de recursos artísticos para evocar sentimentos ou reações;
  • condução de relatos e criação de imagens mentais;
  • registro de pensamentos automáticos;
  • identificação de distorções cognitivas;
  • intervenções que contradigam os esquemas;
  • catarse emocional;
  • representação de papéis.

Vale lembrar que para que ela seja bem aproveitada, o psicólogo deve investir no fortalecimento do seu vínculo terapêutico com o paciente, garantindo que ele se sinta confortável em identificar suas crenças limitantes e encarar o desafio de transformá-las.

Quais são os motivos para utilizá-la?

A Terapia do Esquema tem demonstrado efetividade em problemas crônicos e resistentes a outras abordagens da Psicologia, como os transtornos de humor, de ansiedade ou de personalidade. Esse tem sido o principal benefício de utilizar essa teoria na prática clínica.

Enquanto a Psicologia cognitivo-comportamental foca no tempo presente e tem função mais diretiva, a Terapia do Esquema permite o aprofundamento de questões do passado. A inclusão de conceitos e técnicas de outras teorias psicológicas impulsiona o tratamento e permite acessar aspectos que podem passar despercebidos no processo terapêutico tradicional.

No geral, os pacientes com transtornos de personalidade não costumam procurar terapia por conta própria porque a maioria deles não percebe seus padrões disfuncionais. Assim, chegam à terapia por imposição de outras pessoas e frequentemente não aderem aos tratamentos convencionais.

Como os traços desadaptativos fazem parte de sua personalidade, é difícil o paciente percebê-los como aspectos negativos. Sendo assim, o psicólogo cognitivo-comportamental pode enfrentar muita resistência da pessoa em participar ativamente do processo terapêutico. Para ela, é mais difícil perceber as próprias limitações e traçar suas metas de mudança.

Assim, alguns pacientes podem resistir às tarefas da psicoterapia. Nesses casos, a Terapia do Esquema é uma boa alternativa, pois aborda os sintomas mais profundamente, compreendendo as relações inconscientes e proporcionando mudanças na estruturação psíquica. Ao fazer uso dela, o psicólogo tem condições de ser mais flexível e responder melhor às necessidades do paciente.

Outra vantagem da utilização dessa teoria é que ela aproveita as contribuições de diversas abordagens da Psicologia. Portanto, os psicólogos clínicos de diferentes campos — como a psicoterapia sistêmica e fenomenológica — podem fazer uso da Terapia do Esquema para alcançar resultados mais profundos com pacientes resistentes às técnicas tradicionais.

Essa integração entre as diferentes abordagens permite uma ampliação das ferramentas de trabalho do psicólogo. Como consequência, é possível desenvolver novas formas de trabalho que coincidem com os desejos e as motivações dos seus pacientes, tornando a psicoterapia mais efetiva e funcional.

Por que se especializar?

Como você percebeu, a Terapia do Esquema utiliza diversas bases da Psicologia para ser aplicada no consultório. Isso demanda um conhecimento aprofundado do psicólogo para utilizá-la da forma certa. Por esse motivo, a especialização na área é um passo fundamental para quem busca trabalhar com essa ferramenta.

Também não podemos negar que com a melhor acessibilidade ao ensino superior, as empresas e os clientes se tornaram mais exigentes, filtrando os profissionais e os serviços contratados. Isso quer dizer que os psicólogos que apresentam especializações tendem a oferecerem um trabalho de melhor qualidade, portanto, apresentam uma boa posição no mercado.

Principalmente para quem acabou de sair da graduação, investir em uma pós ou especialização é uma excelente atitude para construir a sua autoridade na área da Psicologia e conquistar mais clientes, além de fortalecer o seu networking e ampliar suas oportunidades de ocupação.

Vale lembrar ainda que um curso de aperfeiçoamento sobre Terapia do Esquema não só confere um título a mais no seu currículo, mas oferece um aprendizado voltado para o desenvolvimento das suas competências técnicas e habilidades profissionais, lapidando a sua atuação prática por meio de uma base teórica consolidada.

Como escolher uma boa instituição?

Não há como negar: a escolha de uma boa instituição é um passo importante para garantir qualidade nos seus estudos. Afinal, existem diversas universidades e escolas técnicas que oferecem cursos de especializações, e nós sabemos que não são todas que valorizam o conhecimento acadêmico e priorizam a sua aprendizagem.

Ainda, muitas instituições voltam a sua atenção para o ensino teórico da Psicologia, dificultando o desenvolvimento do seu olhar prático e a aplicação real do que foi aprendido no contexto clínico atual. Por isso, nós reforçamos a ideia da importância de tomar cuidado na escolha do seu curso e, é claro, da organização que o oferece.

Para isso, existe uma série de atitudes que você pode e deve tomar, que garantem uma boa escolha. Confira-as a seguir:

  • analisar a experiência e o histórico da instituição;
  • pesquisar sobre os profissionais que se formaram no local e quais são as suas perspectivas no mercado de trabalho;
  • investigar a qualificação do corpo docente;
  • recolher feedbacks de antigos e novos alunos para identificar a percepção que eles têm sobre a instituição;
  • identificar as disciplinas oferecidas e a sua relação com a prática psicológica;
  • analisar as bases utilizadas para o aprendizado da terapia de esquema e investigar se ela corrobora com o que você busca como objetivo profissional;

O que é estudado no curso?

Nos últimos tópicos, explicamos que é fundamental investir em uma especialização em Terapia do Esquema para obter bons resultados na clínica. Afinal, o que o curso oferece e quais são os seus benefícios? Como você já sabe, essa técnica psicoterápica conquistou grande destaque em nível mundial, sendo ideal para modificar as estruturas que sustentam diversos transtornos.

Dessa maneira, o curso de especialização em Terapia do Esquema oferece além do embasamento teórico, as principais técnicas de abordagem na clínica, auxiliando os profissionais a adequarem corretamente a conceituação, os inventários diagnósticos e a prática psicoterápica.

Isso só pode ser feito por meio do estudo teórico sobre a técnica para, então, se aprofundar nos exercícios de roleplaying e nas simulações que estimulam a compreensão da postura terapêutica que o psicólogo deve ter ao longo dos atendimentos. Além disso, ocorrem apresentações de trabalho e supervisões de casos clínicos para lapidar suas habilidades e competências.

Vale lembrar que a especialização apresenta 20 módulos divididos em 4 semestres, totalizando 5 módulos por bloco. Dessa maneira, todos os alunos conseguem estudar com tranquilidade e assimilar os conteúdos ao longo de cada disciplina. Para aprofundar, listamos as principais unidades curriculares do curso:

  • fundamentos em Terapia do Esquema;
  • processos de perpetuação esquemática;
  • neurociência e esquemas;
  • diagnósticos e avaliação de esquemas;
  • estratégias comportamentais de tratamento;
  • esquemas e relação terapêutica;
  • tratamento com modos esquemáticos;
  • estratégias integradas de tratamento;
  • estratégias vivenciais de tratamento.

Por que escolher uma certificação com validade nacional?

Você lembra que comentamos sobre a importância de investir em uma instituição de ensino que apresente a validação do MEC? Pois é, escolher uma organização que assegure que o curso é certificado pelo Ministério da Educação garante que as técnicas aprendidas possam ser aplicadas no contexto clínico.

Nós explicamos: imagine que você optou por uma especialização que não apresenta nenhuma associação com o Ministério. Durante as aulas, você aprendeu diversas ferramentas que podem gerar efeitos positivos nas suas sessões. Acontece que, em função do curso não ser credenciado, precisamos partir do pressuposto que essas técnicas não têm uma comprovação científica.

Se nós assumíssemos que os cursos não credenciados apresentam um excelente embasamento teórico, seria muito fácil desenvolver uma instituição a fim de vender diplomas e sem oferecer nenhum ensino de qualidade para os seus alunos, certo? Por consequência, esses profissionais, ainda que carregassem mais um título, não garantiriam um bom serviço aos seus pacientes.

Além disso, no campo da Psicologia é fundamental prestar atenção no que estamos oferecendo ao nosso paciente, concorda? Por isso, é uma atitude ética garantir que os cursos de especialização apresentem o certificado do Ministério da Educação para assegurar que todos os seus conhecimentos são validados nacionalmente e preservar a saúde mental dos seus clientes.

Para quem quer expandir suas oportunidades profissionais, ter a certificação nacional permite a mudança para outros estados brasileiros. Isso faz com que se torne muito mais fácil potencializar a sua carreira em outra região ou desenvolver a sua atividade em qualquer canto do Brasil.

Sabendo da importância que a certificação apresenta para os profissionais de Psicologia, separamos uma lista dos principais aspectos que você precisa analisar para ter certeza que o curso é reconhecido pelo MEC. Acompanhe:

  • analisar o site e as redes sociais da instituição, verificando se ele apresenta o certificado de validação como informação principal;
  • pesquisar a transparência da organização;
  • conferir a especialização do corpo docente ao verificar os currículos dos profissionais, atestando que pelo menos 50% deles apresentam título de mestre ou doutor por uma unidade credenciada pelo Ministério;
  • pesquisar a associação da instituição a universidades credenciadas, tendo em vista que isso é um pré-requisito do Ministério da Educação para o credenciamento;
  • verificar se o curso apresenta a carga horária mínima de 360 horas;
  • identificar o requerimento do trabalho de conclusão de curso;
  • averiguar a responsabilidade social da organização.

Após ler este post, você conheceu detalhes importantes sobre a Terapia do Esquema. Os profissionais que têm interesse nessa abordagem podem aprofundar seus conhecimentos em grupos de estudo, eventos na área e cursos de especialização. Dominar a teoria e os procedimentos é fundamental para saber conduzir a psicoterapia.

Para saber mais sobre a especialização em Terapia do Esquema, confira este link!


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