terça-feira, 20 de agosto de 2024

DESENVOLVIMENTO INFANTIL: COGNITIVO, EMOCIONAL E SOCIAL - Blog do Baroni Educar


O que é desenvolvimento infantil?

O desenvolvimento infantil é a maturação da habilidade de aprender, se conhecer e se relacionar na sociedade.

Sobre a habilidade de aprender, nos referimos ao desenvolvimento cognitivo. A habilidade de se conhecer e reconhecer suas emoções é marcada pelo desenvolvimento emocional. Já a habilidade de lidar com o outro e com a sociedade se refere ao desenvolvimento social.

As três formas de desenvolvimento são codependentes, ou seja, uma não consegue evoluir sem a outra.

Para saber mais sobre desenvolvimento da criança, a importância do brincar no desenvolvimento infantil, a arte na educação infantil e sua contribuição para o desenvolvimento, os marcos do desenvolvimento infantil e como estimular o desenvolvimento infantil, peça nos comentários que a gente responde e posta um artigo bem completo sobre o assunto. Combinado?

Desenvolvimento Cognitivo

Piaget: o desenvolvimento infantil

Jean Piaget elaborou a principal teoria sobre o desenvolvimento cognitivo-intelectual infantil, sendo um marco para a pedagogia moderna. Sua teoria ofereceu um resposta prática sobre como o indivíduo se desenvolve desde o nascimento até a adolescência, estabelecendo tanto a maturidade do aparelho psíquico quanto a importância da interação com o meio.

Segundo Piaget, o desenvolvimento cognitivo se dá pela integração do mundo físico com o social e se desenvolve em estágios.

Marcos do desenvolvimento segundo Piaget :

Piaget divide o desenvolvimento infantil em estágios que se dão por idade, acompanhando a maturidade física do aparelho cognitivo da criança.

Estágio: Sensório motor

Idade: 0 a 2 anos.
Desenvolvimento da consciência do próprio corpo, diferenciando-o do restante do mundo físico. O desenvolvimento da inteligência ocorre em três etapas:

  1. Reflexos de fundo hereditário;
  2. Organização e hábitos;
  3. Inteligência prática.

Estágio: Pré-operacional

Idade: 2 a 7 anos.
Desenvolvimento da linguagem com três consequências para a vida mental:

  1. Socialização da ação, com trocas entre os indivíduos;
  2. Desenvolvimento do pensamento, a partir do pensamento verbal (finalismo – porquês animismo e artificialismo);
  3. Desenvolvimento da intuição.

Estágio: Operacional concreto

Idade: 7 aos 12 anos.
Desenvolvimento das operações concretas, pensamento lógico sobre coisas concretas:

  1. Compreensão da relação entre coisas e capacidade para classificar objetos;
  2. Superação do egocentrismo da linguagem;
  3. Aparecimento das noções de conservação de substância, peso e volume.

Estágio: Operacional formal

Idade: 12 anos em diante.
Desenvolve a habilidade de construir sistemas e teorias abstratas:

  1. Forma e entende conceitos de amor, de justiça, de democracia…
  2. Transfere um pensamento concreto sobre coisas para um pensamento para o abstrato.
  3. Torna se hipotético-dedutivo, capaz de chegar a conclusões a partir de hipóteses. Se A é maior que B, B é maior que C…

Piaget acredita que existem diferentes momentos no desenvolvimento humano. Por exemplo, uma maneira de pensar, calcular, ou de se chegar a uma conclusão podem parecer absolutamente correta em um determinado período de desenvolvimento e absurda em outros momentos. Para Piaget, a forma que a criança raciocina e aprende passa por estágios. O estágio motor é o primeiro estágio. Nele, se desenvolvem os órgãos sensoriais e os reflexos neurológicos básicos como o sugar do seio materno. O pensamento se dá somente sobre as coisas presentes na ação que desenvolve. Por volta dos dois anos de idade, a criança evolui do estágio sensório motor para o pré-operatório. Na etapa do pré-operatório a criança torna-se capaz de fazer uma coisa e imaginar outra. Ela faz isso quando brinca de boneca e representa situações vividas em dias anteriores.

Por volta dos sete anos, ela passa por outra progressão quando alcança o estágio operatório concreto. Ela consegue refletir sobre o inverso das coisas para concluir um raciocínio. Como exemplo, é capaz de perceber que 2 + 2 = 4 porque sabe que 4 – 2 = 2. Por fim, progride-se para o estágio operatório formal. Nesse estágio o adolescente começa a desenvolver ideias abstratas, sem precisar da relação direta com a experiência concreta. O conhecimento e o desenvolvimento da inteligência seriam construídos na experiência, a partir da ação do sujeito sobre a realidade.

Para saber mais sobre Piaget e as fases do desenvolvimento infantil é só pedir nos comentários!

😉

Vygotsky: o desenvolvimento cognitivo infantil

Segundo Vygotsky, o desenvolvimento intelectual humano se dá por uma interação constante e ininterrupta entre processos internos e externos. Sendo assim, o indivíduo não nasce pronto nem é cópia do mundo social. Dessa forma, Vygotsky se posiciona contra o pensamento inatista, segundo o qual as pessoas já nascem com característica como inteligência e estados emocionais pré-determinados. Ao mesmo tempo, Vygotsky também nega a teoria contrária ao inatismo, o empirismo, que defende que nascemos uma “folha em branco” e que nossas experiências determinam nossas características.

Vygotsky entende que o desenvolvimento do conhecimento é fruto de uma grande influência das experiências do indivíduo, mas características inatas geram em cada indivíduo um significado particular a essas vivências. Para Vygotsky, desenvolvimento cognitivo e aprendizado estão intimamente ligados, pois, para nos desenvolvermos precisamos aprender. Esse desenvolvimento não depende apenas da maturação física, como defendem os inatistas. Apesar de ter condições maturacionais para falar, uma criança só falará se participar, ao longo de sua vida, do processo cultural de um grupo, isto é, se tiver contato com uma comunidade de falantes.

Vygotsky identifica duas zonas de desenvolvimento:

  1. Desenvolvimento proximal: para que as informações sejam assimiladas, elas precisam fazer sentido. Isso acontece quando elas incidem no que Vygotsky chama de zona de desenvolvimento proximal, a distância entre o que a criança já sabe fazer sozinha e o novo conhecimento;
  2. Desenvolvimento real: contrário ao desenvolvimento proximal, o desenvolvimento real é o que a criança é capaz de realizar com ajuda de alguém mais experiente.

Ensinar o que a criança já sabe é pouco desafiador e ir além do que ela pode aprender é ineficaz. O ideal é partir do que ela domina para ampliar seu conhecimento.

Se você quer entender melhor Vygotsky e o aprendizado e desenvolvimento como um processo sócio-histórico, não deixe de pedir nos comentários.

Desenvolvimento Emocional

Daniel Goleman: a inteligência emocional

Coleman, psicólogo PHD de Harvard, desenvolveu a teoria da Inteligência Emocional, na qual afirma que temos dois tipos de inteligência distintas:

  • Inteligência Tradicional: pode ser medida pelo QI (quociente de inteligência). É uma escala que avalia e compara habilidades racionais referentes às áreas do pensamento, como matemática básica, atenção e lógica;
  • Inteligência Emocional: pode ser medida pelo QEquociente emocional. É a capacidade de lidar com as próprias emoções, além de ser empático quanto às emoções dos outros.

Para Coleman, pessoas de sucesso dependem 20% do Quociente Intelectual e 80 % do Quociente Emocional.

Como desenvolver a Inteligência emocional?

A inteligência emocional pode ser desenvolvida a partir do desenvolvimento do autoconhecimento, da administração das emoções, da automotivação, da empatia e do relacionamento.

  • Autoconhecimento: capacidade de reconhecer os próprios sentimentos e usá-los nas tomadas de decisões, para que elas gerem melhores resultados em satisfação pessoal. Quem desenvolve um bom autoconhecimento direciona a vida com melhor qualidade, consegue tomar decisões mais acertadas e menos impulsivas.
  • Administrar as emoções: habilidade de controlar impulsos e conter arrebatamentos, ânsias e tentações.
  • Automotivação: habilidade de provocar ânimo em si mesmo, de persistir mesmo na dificuldade. É sobre ter controle sobre a angustia, se mantendo sempre otimista e com perspectivas positivas.
  • Empatia: capacidade de se colocar no lugar do outro, de entender o outro e de ter atenção aos sentimentos alheios, mesmo que não verbalizados.
  • Relacionamento: capacidade de ministrar as emoções externas, de criar ambientes de segurança emocional, interagindo com tato e acolhimento e desenvolver relações e companheirismo.

Características da autoconsciência emocional

A autoconsciência emocional é a habilidade de estar sempre buscando alternativas para se tornar uma pessoa melhor, sabendo o que precisa para si mesma e o que os outros esperam dela.

Algumas das principais características das pessoas autoconscientes emocionalmente são:

  • Feedbacks: buscar nos outros a reação às suas ações tentando descobrir o impacto positivo ou negativo do seu comportamento. Se possível, descobrir o que e porque a pessoa aprovou ou reprovou certa atitude e o que fazer para melhorar.
  • Sugestões e críticas: Tomar sugestões e críticas como oportunidades de aprender sobre si e entender o outro. Se levar para o lado pessoal isso só trará sofrimento e rancor, mas se for compreendida como algo uma observação positiva e estar sempre aberto a sugestões, permite o autodesenvolvimento e melhor integração social.
  • Motivação:capacidade de se auto motivar e de motivar outros. Geralmente a motivação se reúne com a ideia de apresentar oportunidades, desafios e dá feedbacks construtivo

Percebendo o desenvolvimento da consciência emocional

A criança demonstra sua autoconsciência em várias pequenas situações, como ao começar a usar pronomes pessoais para se referir a ela mesmo, seus gostos particulares por roupa, comidas etc. Além da identificação de características pessoais como saber que é tímida ou reconhecer que é boa em uma atividade. Posteriormente, durante o desenvolvimento sócio afetivo, começa a se interessar por ter amigos e se aventurar a compartilhar seus brinquedos e mostrar empatia.

Na fase da adolescência (puberdade) – entre 11 e 14 anos (meninas) entre 12 e meio e 16 anos (meninos) – a autoconsciência que desenvolveram na infância será determinante. O adolescente que durante a infância manteve um vínculo e relacionamento adequado com os pais (afeto, segurança, limites e valores) tende a apresentar uma adolescência mais tranquila. É importante destacar como é benéfico para o menino que na sua infância ele viva e continue mantendo uma intimidade respeitosa com seu pai (sentimento de respeito e aceitação incondicional – sentimento de conforto para dividir os próprios problemas e dificuldades com os pais).

O desenvolvimento da adolescência é concomitante com a maturação corporal e sexual. Percebe-se uma maior autoconsciência e reorganização da personalidade. Percebe-se nessa fase um interesse e ênfase nos processos de amizade. Já na fase da juventude, o jovem se prepara também para a vida adulta, estando pronto para assumir conscientemente responsabilidades sociais e até econômicas.

Já na idade adulta, com o amadurecido da autoconsciência, a pessoa passa a controlar melhor alguns comportamentos emocionais:

  • Controla suas emoções: percebe, entende e controla as próprias emoções. Esse é o primeiro passo para chegar à autoconsciência emocional. Se tem o costume de agir no impulso, começa a pensar um pouco antes de tomar as decisões. Além disso, sempre que possível, reserva um tempo para refletir a respeito de como reage diante das situações e analisa o impacto disso na sua vida.
  • Analisa o seu comportamento: além de analisar a forma como se comporta diante dos problemas, pensa na sua reação frente às conquistas. Identifica também as coisas que fazem com que ela se sinta bem e o que faz com que ela saia da zona de conforto. Com este conhecimento entende melhor suas ações e comportamento.
  • Pratica a empatia: apende a se colocar no lugar do outro e tenta entender a forma como as pessoas pensam. Atingindo os comportamentos acima, pode-se perceber uma ampliação da sua consciência emocional. Afinal, para ser autoconsciente emocionalmente, é preciso entender não apenas si mesmo, mas também quem está à sua volta.

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Desenvolvimento Social

Processo de socialização

O homem é um animal social”. Essa frase do filósofo grego Aristóteles provém de uma de suas teorias que defende o ser humano como um indivíduo que não só gosta, mas precisa estar em sociedade para viver plenamente. Ainda afirma que o homem não pode ser feliz fora da sociedade (sozinho).

Essa não é uma característica exclusivamente humana. Há vários animais sociais na natureza, como os lobos, leões e muitos outros. Esses animais não conseguem viver fora de seus grupos e costumam morrer se são expulsos ou se perdem. Alguns morrem pois não sabem caçar ou se defender sozinhos, mas muitos simplesmente desistem e se isolam esperando a morte chegar.

Diante dessa percepção, a sociedade é fundamental, pois nela criamos relacionamentos pessoais e profissionais. É através da socialização que o indivíduo pode desenvolver a sua personalidade e ser admitido na sociedade. Em outras palavras, a socialização é o processo de adquirir conhecimento social, é o processo que transforma o ser humano de um ser biológico para um ser social. No processo de socialização, portanto, existem dois aspectos mutuamente associados:

  • Pressão social: a tentativa da sociedade para moldar o comportamento do indivíduo. Isso acontece desde a infância e passa por toda a vida adulta. Abrange os valores éticos, religião, moda, estilo musical etc. É necessário ceder em algum nível às pressões sociais, pois é assim que você se identifica como membro de uma sociedade e é reconhecido pelo grupo. Por outro lado, é preciso tomar cuidado para não ceder excessivamente, pois pode perder sua essência e personalidade, sendo desvalidado enquanto indivíduo.
  • Individualização: a tentativa de manter sua singularidade enquanto faz algumas concessões aos vários grupos dos quais é membro. É a tentativa de se destacar em meio a sociedade que tenta igualar as pessoas por meio da pressão social. É a definição de quem você é dentro da sociedade.

Durante a infância, a criança participa da sociedade por meio dos pais e cuidadores e desenvolve sua individualização a partir do que os pais fornecem de experiências e informações.

Ao entrar na escola, por volta dos 6 anos, a criança expande a sua socialização para os colegas e professores, criando assim novas percepções e aprendendo a lidar com pressões sociais conflitantes, pois as regras na escola e em casa muitas vezes são diferentes. Assim, a criança aprende que comportamentos sociais variam de acordo com a o ambiente que ela está.

Na adolescência, a sociedade ganha um novo aspecto, pois a puberdade leva o jovem a buscar instintivamente parceiros sexuais. Assim, a pressão social passa a ser muito maior vinda de seus pares (outros jovens) do que de autoridades (pais, professores etc). É também nessa fase que a criança mais sofre com a pressão social, pois sente uma necessidade intensa de participar da sociedade, ao mesmo tempo que quer se destacar e desenvolver seu próprio processo de individualização.

Depois de adulto aprendemos melhor a lidar com a sociedade e com nós mesmos, o que não significa que superamos pressões sociais ou necessidade de individualização.

Relacionamento entre pais e filhos

O relacionamento entre pais e filhos é o mais importante na formação social das pessoas. Não é unicamente a tarefa de educar e disciplinar uma criança, mas também de permitir que ela se desenvolva de forma integral.

A socialização da criança requer a imposição de certos controles e o estabelecimento de certas de regras. Sem esse controle não seria possível a aprendizagem de habilidades, atitudes e comportamentos necessários à vida em grupo, em sociedade. Existem problemas na socialização da criança que estão visíveis devido ao tipo de disciplina que está sendo aplicada pelos pais.

 De modo geral, a disciplina que os pais estabelecem pode ser categorizada em três formas:

  1. Disciplina pela afirmação do poder: baseada na punição, que inclui o uso de agressão física, a retirada de privilégios ou objetos materiais, ameaças e humilhações. A obediência que se estabelece fundamenta-se no medo. Educar uma criança empregando castigos corporais não é uma boa técnica de socialização, pois provoca efeitos indesejáveis como o ato de mentir, fugir, dissimular, como forma de evitar a punição. Em geral, pais que usam castigos físicos como forma de punição são muito autoritários.
  2. Disciplina pela afirmação do poder: a retirada do amor é visível. Os pais geralmente expressam direta ou indiretamente seu desgosto pelo fato de a criança ter se comportado de maneira inadequada. Nesse caso, eles ignoram a criança, recusando-se a falar, ouvir e ameaçam com o abandono. Essa técnica é altamente punitiva e, como a criança é totalmente dependente dos pais e não consegue compreender que o isolamento é temporário, ela pode sentir ansiedade e desespero. Outra forma de afirmar o poder é expondo a criança ao ridículo, fazendo comparações e diminuindo a criança. Esse tipo de intervenção faz com que a criança desenvolva sentimentos de inadequação e desprestígio.
  3. Disciplina pelo respeito à criança: é quando os pais são acolhedores, amorosos e encorajam a autonomia. Esses pais, ao mesmo tempo que sabem quando permitir que a criança cresça sozinha e apresente sua personalidade, sabem também quando dizer não e impor limites. Para desenvolver essa relação é importante o diálogo, de modo que a criança possa ser ouvida e também entender as razões pelas quais ela pode ou não pode fazer alguma coisa. Essas conversas devem ser objetivas e a linguagem tem que acompanhar a idade da criança para a total compreensão da informação. A criança também deve ter liberdade para expressar suas emoções que devem ser acolhidas pelos pais. Os pais devem pedir a opinião da criança e respeitar seus sentimentos, elogiar suas realizações e incentivar sua autonomia e independência dentro dos limites de sua idade. Nesse caso, o respeito à autoridade fundamenta-se na admiração, no afeto e na responsabilidade.

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Fonte blog.baronieducar.com.br/psicanalise-infantil/desenvolvimento-infantil-cognitivo-emocional-e-social/


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