https://www.youtube.com/watch?v=xf_SeZjM0Zw
Publicado em 15/04/2012
O utilitarismo clássico exposto por
um dos maiores especialistas brasileiros no assunto, professor da
Universidade Federal do ABC, Luis Alberto Peluso.
Síntese – Ética utilitarista de Stuart Mill
A teoria
utilitarista de Mill:
1 – O bem último é a felicidade.
2 – Produzir a maior felicidade para o maior
número é o que faz uma acção ser correcta.
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Os argumentos
e as ideias principais da teoria
utilitarista de Mill:
1)
Principio da maior felicidade – Um acto
ser certo ou errado depende de um único factor: a sua contribuição para a
felicidade ou bem-estar. Se um curso de acção previsivelmente produzir mais
felicidade do que infelicidade, então é correcto. Pelo contrário, se
previsivelmente gerar mais infelicidade do que felicidade, então é errado.
a)
O padrão utilitarista da maior felicidade não
se refere apenas à maior felicidade do próprio agente (egoísmo ético); mas
sim à maior felicidade no todo, na sua máxima extensão (o que inclui os seres
sencientes). Assim, aquilo que importa promover não é a felicidade do próprio
agente, mas a felicidade geral ou bem-estar de todos os envolvidos numa
determinada acção.
b)
Sacrificar o bem pessoal só tem sentido se for
em prol do bem dos outros, ou seja, se aumentar (ou tender a aumentar) a
quantidade total de felicidade.
c)
O utilitarismo exige que o agente seja
imparcial (ou seja, devemos dar a mesma importância à felicidade e bem-estar
de todos os indivíduos).
d)
Mas, por que razão teremos que promover a
felicidade geral?
i.
Existe uma base natural de sentimento para a
moralidade utilitarista.
ii.
Existem sentimentos sociais da humanidade.
iii.
A natureza humana é constituída de forma a
desejar a felicidade geral.
2)
Hedonismo – A felicidade ou bem-estar
de um indivíduo consiste unicamente no prazer (experiências aprazíveis) e na
ausência de dor ou sofrimento. A felicidade, entendida como prazer, é
intrinsecamente valiosa e constitui o bem supremo.
a)
Mill defende que alguns tipos de prazeres são
qualitativamente superiores a outros. Ou seja, há prazeres intrinsecamente
melhores do que outros. E, para vivermos melhor, é preciso dar uma forte
preferência aos prazeres superiores, recusando-nos a trocá-los por uma
quantidade idêntica, ou mesmo maior, de prazeres inferiores.
i.
Os prazeres superiores são preferíveis pelas
pessoas que tenham uma experiência de ambos os tipos de prazer, pois estes
produzem qualitativamente mais felicidade que os prazeres mais baixos.
ii.
Os prazeres inferiores dizem respeito à
satisfação das necessidades primárias (comida, água, sexo, etc…). Os prazeres
superiores dizem respeito à satisfação das necessidades mentais sofisticadas
(como a leitura, a reflexão e o estudo).
iii.
Ainda que os prazeres de um porco fossem mais
intensos e duradouros do que os de um ser humano, os de um ser humano seriam
preferíveis aos de um pouco, pois o porco apenas pode ter prazeres
inferiores.
iv.
O hedonismo de Mill distingue-se do hedonismo
de Bentham. Pois, para Bentham o hedonismo é puramente quantitativo, ou seja,
o valor de um prazer depende apenas da sua duração e intensidade; enquanto
que para Mill o hedonismo é quantitativo e qualitativo, isto é, há prazeres
que, pela sua natureza intrínseca, são superiores a outros
3)
Maximização do bem – Se queremos saber
se um dado acto é certo ou errado, tudo o que precisamos de saber é em que
medida, comparado com actos alternativos, este contribui para a felicidade
geral.
a)
A melhor escolha será aquela que, de um ponto
de vista imparcial, mais beneficia e promove a felicidade ou bem-estar de
todos os envolvidos numa determinada acção.
b)
É importante analisar, num determinado acto,
qual é o maior benefício.
4)
Consequencialismo – O utilitarista
avalia as acções atendendo somente às suas consequências. Assim, em qualquer
situação, o melhor acto é aquele que, comparado com os actos alternativos,
tem consequências mais valiosas. Ou seja, o correcto é agir de tal modo que
geremos o melhor estado de coisas possível.
a)
Para se determinar o valor das consequências
de um acto basta ponderar-se imparcialmente os prejuízos e benefícios que a
sua realização trará a todos os indivíduos.
b)
Na avaliação de um acto, o que interessa são
as consequências (o que resultará desse acto); sendo irrelevante o motivo do
agente (a razão pela qual queremos fazer algo).
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As objecções
à ética utilitarista de Mill:
1)
O utilitarismo parece demasiado permissível
– Pois, não admite restrições deontológicas. Para um utilitarista é correcto
matar ou torturar inocentes se isso resultar numa maior felicidade geral.
Mas, parece que actos desse tipo não são justificáveis pelo simples facto de
produzirem as melhores consequências.
a.
Porém, os utilitaristas (cf. Sidgwick) alegam
que a sua teoria não é demasiado permissível fazendo notar que esta não deve
ser usada sistematicamente para tomar decisões, e que existem outras
motivações úteis para agir.
2)
O utilitarismo parece demasiado exigente
– Pois, diz-nos que é sempre errado fazer algo que não contribua para a
felicidade geral no maior grau possível. Nunca é aceitável fazer menos do que
maximizar a felicidade geral por maiores que sejam os sacrifícios pessoais
que isso implique.
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Para saberes
mais…
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http://blog.domingosfaria.net/2012/03/sintese-etica-utilitarista-de-stuart.html
Obrigado pela visita, volte sempre.