terça-feira, 15 de agosto de 2023

Vícios do inquérito policial contaminam ação penal que dele decorra


9 de setembro de 2022, 7h04

Sempre causou incômodo na doutrina o debate acerca dos vícios da investigação e se esses vícios têm ou não o condão de contaminar a fase processual. Há corrente no sentido de que eventual irregularidade no inquérito policial não gera reflexos na ação penal, sendo essa a corrente majoritária. Por outro lado, é minoritário o entendimento de que tais vícios contaminam a fase subsequente.

Essa provocação foi parar nos tribunais superiores. O comportamento desses tribunais foi no sentido de imunizar o processo para protegê-lo dos vícios da fase investigativa. Na ótica do Supremo Tribunal Federal, eventuais vícios formais concernentes ao inquérito policial não têm o condão de infirmar a validade jurídica do subsequente processo penal condenatório. As nulidades processuais concernem, tão-somente , aos defeitos de ordem jurídica que afetam os atos praticados ao longo da ação penal condenatória [1]. O Superior Tribunal de Justiça, a seu turno, afirmou que, como o procedimento investigativo é dispensável, se o procedimento estiver viciado, os vícios ficam restritos à investigação e não terão o condão de contaminar a fase processual [2], além de mencionar, em outra oportunidade, que eventual irregularidade ocorrida na fase do inquérito policial não contamina a ação penal dele decorrente, quando as provas serão renovadas sob o crivo do contraditório e da ampla defesa [3].

Nesse sentido, "Tem prevalecido tanto nos tribunais como na doutrina que, sendo o inquérito dispensável, algo que não é essencial ao processo, não tem o condão de, uma vez viciado, contaminar a ação penal. Em outras palavras, os males ocorridos no inquérito não têm a força de macular a fase judicial. A irregularidade ocorrida durante o inquérito poderá gerar a invalidade ou ineficácia do ato inquinado, todavia, sem levar à nulidade processual. Ex.: havendo prisão em flagrante ilegal durante o inquérito, ela deve ser relaxada; todavia, este fato não leva à nulidade do futuro processo contra o suposto autor do fato[4]. Assim, consagrou-se o entendimento de que os vícios do inquérito são endoprocedimentais, pois ficam restritos à investigação e não se transmutam para o processo.

A despeito disso, há exceções ao acima exposto, isto é, pode vir a ocorrer situações em que o vício na fase pré-processual contamina o processo. Nesse escopo, se eventualmente os vícios comprometem todo o inquérito e ele servir como fonte única para o ajuizamento da ação, todo o lastro indiciário que alicerça a ação se encontra comprometido. Nesse sentido, faltará à inicial acusatória oferecida a justa causa necessária e o juiz deve rejeitá-la com base no inciso III do artigo 395 do Código de Processo Penal, que assim dispõe: "Art. 395. A denúncia ou queixa será rejeitada quando: (...) III - faltar justa causa para o exercício da ação penal".

A justa causa deve ser entendida como o lastro probatório mínimo indispensável para a instauração de um processo penal, consubstanciando-se na prova da materialidade e indícios de autoria, funcionando como uma condição de garantia contra o uso abusivo do direito de acusar. Dessa forma, se a ação penal é fundada unicamente em inquérito viciado, não havendo outros elementos de prova, deve ser, de pronto, rejeitada.

Se o juiz, por equívoco, receber a inicial acusatória na hipótese mencionada, dando início ao processo, o processo deflagrado é nulo, haja vista que surge diante de uma inicial acusatória oferecida com base em um inquérito completamente inútil em virtude de vícios que o acometeram na sua completude. Sendo assim, pode a defesa impetrar um Habeas Corpus para trancar o processo, nos termos do artigo 648, I do CPP.

Outros casos de clara influência da fase investigativa no processo seria, por exemplo, a realização de interceptações de conversações telefônicas sem amparo em decisões judiciais ou confissões obtidas em sede policial mediante tortura ou ameaças. Nessas situações, as provas são ilícitas, sendo inadmissíveis, conforme artigo 5º, LVI da Constituição Federal de 1988 e artigo 157 do CPP, e, caso o processo seja deflagrado a partir de uma dessas situações, as provas assim colhidas e as que delas derivarem devem ser desentranhadas dos autos, salvo quando não evidenciado o nexo de causalidade entre umas e outras, ou quando as derivadas puderem ser obtidas por uma fonte independente das primeiras. Ainda, caso a denúncia oferecida pelo Ministério Público se baseie estritamente em uma dessas provas, não havendo outros elementos, o processo evidentemente será atormentado por uma nulidade absoluta.

Apesar de o entendimento majoritário ser aquele atinente à ideia de que máculas ocorridas no inquérito não contaminam a ação penal, o tema merece uma reflexão mais profunda, haja vista que, na prática, sabe-se que o inquérito policial contribui consideravelmente para a formação da convicção do julgador, indo muito além de um "procedimento apenas informativo" — como insiste o discurso reducionista de muitos operadores do direito —, sobretudo pelo fato de que, posteriormente, no âmbito processual, confere-se valor probatório às informações produzidas pela Polícia Judiciária, quando da necessária atuação da defesa, consubstanciando-se o contraditório e a ampla defesa diferidos.

À vista disso, o moderno inquérito policial deve ser norteado por princípios e garantias constitucionais e atender à legalidade, não havendo fundamentação lógica que sustente ser a primeira fase da persecução penal alheia a tal. Se assim fosse, o magistrado utilizaria os autos da investigação em sua sentença como elemento de motivação (já que o artigo 155 do CPP autoriza), mas paralelamente o acusado não poderia alegar sua invalidade. Certamente seria algo ilógico. A não transmissibilidade de um vício do plano administrativo (inquérito) ao judicial (processo) significaria que haveria um nível de proteção de direitos fundamentais diferente e injustificado, até porque o regime jurídico administrativo também reconhece nulidades.

Nesse panorama, assim como a tipicidade processual significa que a atividade estatal no processo penal é regulada através de formas que devem ser obedecidas, existe uma tipicidade a ser respeitada no inquérito policial, seja em relação aos atos administrativos ordenados por autoridade própria do delegado (elementos informativos — ex.: interrogatório), seja quanto às medidas cautelares determinadas pela autoridade policial após chancela judicial (elementos probatórios — ex.: interceptação telefônica). Isso também significa que a teoria da ilicitude de provas é perfeitamente aplicável à fase policial da persecução penal (artigo 5º, LVI da CF e artigo 157 do CPP) [5].

Adepto do entendimento de que vícios do inquérito contaminam a ação penal e de que o regime de nulidades deve também ser pensado no âmbito da investigação, Aury Lopes Jr. menciona: "Também não se pode esquecer que, com base nos atos do inquérito, se pode retirar a liberdade (prisões cautelares) e os bens de uma pessoa (medida assecuratórias)" [6], além de ignorar-se que, quase sempre, a denúncia é acompanhada de um inquérito. Diante disso, como poderia o inquérito policial não se sujeitar às nulidades que contaminam o processo penal?

Henrique Hoffmann ensina que apesar de os tribunais superiores não admitirem expressamente o regime de nulidades no inquérito policial, em inúmeros julgados acabam por invalidar os atos investigatórios praticados sem a observância das formalidades e garantias devidas. Cita como exemplos: a busca e apreensão domiciliar cumprida em endereço não especificado no mandado judicial [7]; a quebra de sigilo de dados amparada exclusivamente em denúncia anônima [8]; a interceptação telefônica executada por agentes não policiais civis ou federais [9]; e a interceptação telefônica iniciada por denúncia anônima desacompanhada de diligências preliminares [10]. Diante disso, verifica-se que os as Cortes Superiores fazem questão de dizer que o processo é imune à eventuais ilicitudes ocorridas no escopo da investigação, mas, em seus julgados, agem em contradição.

Ainda, é importante ressaltar a posição sustentada por Amilton Bueno de Carvalho, apontando que os vícios do inquérito comprometem o processo e que essa deveria ser a regra geral. Para ele, se o juiz lê a inicial acusatória e, a seguir, tem acesso ao inquérito viciado, este magistrado estará comprometido subjetivamente, isto é, os vícios do inquérito tendem a comprometer a imparcialidade do juiz, interferindo diretamente no âmbito processual [11].

Invocando as palavras do já citado Henrique Hoffmann, se de um lado não se pode admitir um amorfismo que abandone a máxima da persecução penal de que forma é garantia, de outro norte é preciso evitar que a investigação criminal seja campo fértil para chicanas jurídicas. Ou seja, deve-se entender que as ideias trazidas não devem conduzir o inquérito a um formalismo estéril, sob pena de desvirtuamento da finalidade da investigação criminal.

Diante de todo o exposto, verifica-se que se faz necessário um olhar mais cuidadoso da doutrina e da jurisprudência para a situação: deve-se abandonar os discursos reducionistas e retrógrados de que não existe nulidade no inquérito. É preciso que se compreenda, definitivamente, que em um processo penal democrático e constitucional, o inquérito policial, enquanto uma espécie de investigação preliminar, não deve fugir à regra. A investigação e a tentativa de reconstrução dos fatos não pode ser feita a qualquer custo, senão pelo respeito às garantias.

[1] STF. Ag.Reg. no Recurso Extraordinário com Agravo 868.516/DF, rel. min Roberto Barroso. Julgado em 26/5/2015.

[2] STJ. 6ª Turma, RHC 50.011/PE, rel. min. Sebastião Reis Júnior. Julgado em 25/11/2014.

[3] STJ. 5ª Turma. HC nº 393.172/RS. Rel. min. Félix Fischer. Julgado em 6/12/2017.

[4] TÁVORA, Nestor. ALENCAR, Rosmar Rodrigues. Curso de direito processual penal — 12ª ed. rev. e atual - Salvador: Ed. JusPodivm. 2017, p.161-162.

[5] HOFFMANN, Henrique. Inquérito policial se sujeita a nulidades que contaminam o processo penal. Revista Consultor Jurídico, jan. 2017. Disponível em: https://www.conjur.com.br/2017-jan-24/academia-policia-inquerito-policial-sujeita-nulidades-processo-penal. Acesso em: 28 ago. 2022.

[6] LOPES JÚNIOR, Aury. Nulidades e ilicitudes do Inquérito não contaminam o Processo Penal? Revista Consultor Jurídico, dez. 2014. Disponível em: http://www.conjur.com.br/2014-dez-19/limite-penal-nulidades-ilicitudes-inquerito-nao-contaminam-processo-penal. Acesso em: 28 ago. 2022.

[7] STF. HC 106566. Rel. min. Gilmar Mendes. Julgado em 16/12/2014.

[8] STJ. HC 137.349. Rel. min. Maria Thereza de Assis Moura. Julgado em 5/4/2011.

[9] STJ. HC 149.250. Rel. min. Adilson Vieira Macabu. Julgado em 7/6/2011.

[10] STF. HC 108147. Rel. min. Cármen Lúcia, Julgado em 11/12/2012.

[11] CARVALHO, Amilton Bueno de. Direito Alternativo. Ed. Síntese, 1998.



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Meandros da Justiça. João Maria andarilho utópico (feito com Spreaker)





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sábado, 12 de agosto de 2023

BUSER é CONDENADA em SÃO PAULO por praticar “CONCORRÊNCIA DESLEAL"

A História do Parama Ekadashi – ISKCON Bahia. dia de jejum de ekadasi 12/08/2023


A HISTÓRIA DO PARAMA EKADASHI

Yudhishthira Maharaja disse: “Ó Senhor Supremo, qual o nome do Ekadashi que ocorre durante a quinzena obscura do mês extra no ano bissexto? E ainda, ó senhor de todos universos, qual o processo para observá-lo corretamente? Por favor narra-me tudo isso.”

A Suprema Personalidade de Deus, o Senhor Sri Krishina, respondeu: “Ó Yudhishthira, este dia meritório se chama Parama Ekadashi. Confere a grande benção de uma vida agradável e afinal a liberação do nascimento e morte. O processo para observá-lo é similar àquele para observar o Ekadashi que ocorre durante a quinzena clara do mês extra do ano bissexto.  Isto é, neste Ekadashi a pessoa deve adorar a Mim, o melhor de todos seres, com pleno amor e devoção. Com relação a isso agora contarei uma história maravilhosa, assim como ouvi dos grandes sábios na cidade de Kampilya.

Uma vez um brâmane muito piedoso chamado Sumedha residia em Kampilya com sua esposa, Pavitra, que era extremamente casta e devotada a seu marido. Devido a ter cometido algum pecado numa vida anterior, Sumedha estava sem dinheiro ou grãos alimentícios, e mesmo embora mendigasse de muitas pessoas para ter alimento, não conseguia obter qualquer quantidade substancial. Praticamente não tinha alimento adequado, vestes, ou abrigo para si e sua bela e jovem esposa, que tinha caráter tão excelente que continuava a servir Sumedha fielmente apesar da pobreza. Quando vinham convidados na casa deles, Pavitra lhes dava seu próprio alimento, e embora frequentemente ficasse com fome, seu belo rosto semelhante a um lótus nunca desbotava. Este jejuar tornou a fraca, mas sua afeição por Sumedha permanecia inquebrantável.

Vendo tudo isso, e lamentando sua má sorte, Sumedha certo dia disse para Pavitra: “Minha querida esposa, ó mais bela, mendigo doações dos ricos mas mal ganho algumas sobras. Que devo fazer? Que possível alívio haverá para nossa sina? Onde devo ir para ter alívio? Ó mais obediente e amorosa esposa, sem suficiente bens, os assuntos domésticos nunca são bem sucedidos. (1) Portanto por favor permita-me para o exterior e obter alguns bens. Se eu fizer tal esforço, certamente obterei a fortuna que me estiver destinada. Sem fazer algum esforço a pessoa não consegue satisfazer seus desejos ou atender às suas necessidades. Assim os sábios disseram que o esforço entusiasmado sempre é auspicioso. (2)”

Ao ouvir seu marido falar estas palavras, Pavitra juntou as palmas de suas mãos e, olhos transbordando lágrimas, falou para ele com grande respeito e afeição: “Penso que não há ninguém maior ou mais sábio que tu, meu querido. Quem, embora na miséria, está interessado no bem-estar dos outros, fala assim como falaste. Contudo, as escrituras declaram que qualquer fortuna que a pessoa obtenha nesta vida é devido a ter dado caridade em vidas anteriores, e que se não se deu caridade nas vidas prévias, então mesmo que se sente num monte de ouro do tamanho do Monte Sumeru, ainda se permanece pobre. (3)  Qualquer caridade que a pessoa dê na forma de educação, dinheiro, terra fértil, e semelhantes, lhe é devolvida numa vida futura. Recebemos o que demos. De fato, aquilo que o Senhor do destino, o criador, escreveu como nossa fortuna certamente irá acontecer. Ninguém obtém riqueza sem ter dado caridade numa vida prévia. Ó melhor dos brahmanas, como agora estamos pobres, em nossas vidas prévias nem tu nem eu devemos ter dado qualquer caridade a pessoas dignas. Portanto, ó gracioso marido, deves permanecer aqui comigo. Sem ti não consigo viver sequer por um momento.

Sem seu marido uma esposa não é bem-vinda por seu pai, mãe, irmão, sogro, ou qualquer membro familiar. Todos dirão: “Perdeste teu marido; és má sorte!” Desta maneira serei severamente criticada! (4)  Por favor, portanto, fica aqui comigo e satisfaz-te com quaisquer bens obtenhamos. O que estiver destinado, obteremos no devido curso do tempo e desfrutaremos aqui em perfeita felicidade.” Tendo ouvido estas plangentes palavras de sua esposa, Sumedha decidiu permanecer no vilarejo natal deles. Certo dia o grande sábio Kaundinya chegou na casa deles, e ao vê-lo o brâmane Sumedha e sua esposa ficaram de pé diante dele e ofereceram suas respeitosas reverências. Com sua cabeça curvada, Sumedha deu as boas-vindas: “Somos muito afortunados por vê-lo aqui hoje, ó mais sábio dos sábios. Minha vida se tornou bem-sucedida, e me sinto muito obrigado a ti.”

Sumedha ofereceu a Kaundinya Muni um assento confortável e louvou muito suas austeridades e erudição. “Só por ter seu darshana hoje” disse Sumedha, “me tornei muito afortunado.” O pobre casal brâmane alimentou o sábio tão suntuosamente quanto podiam, e depois Pavitra perguntou ao mendicante:  ó mais sábio ser, que processo devemos seguir para sermos aliviados de nossa pobreza? Como pode uma pessoa que não deu qualquer caridade em sua vida anterior para conseguir boa família, muitos bens, e uma boa educação nesta vida?  Meu marido quer deixar-me aqui e ir para o exterior mendigar donativos, mas implorei-lhe sinceramente que ficasse aqui comigo. Disse-lhe humildemente que se faltam bens na vida atual, é por não ter dado suficiente caridade em vidas pretéritas. E assim ele consentiu em ficar aqui. É só devido a minha grande fortuna que misericordiosamente vieste aqui hoje.  Agora é certo que breve veremos o fim de nossa pobreza.

“Ó melhor dos brahmanas, por favor conte-nos como poderemos ser libertados desta perpétua miséria provocada pela pobreza. Ó ser misericordioso, por gentileza descreva algum meio – um local de peregrinação que possamos visitar, ou uma austeridade que possamos realizar – pela qual nossa má fortuna termine para sempre.”

Ouvindo esta sincera súplica daquela paciente senhora, o grande sábio Kaundinya refletiu silenciosamente por um momento e depois disse: “Existe um dia de jejum muito querido pela Suprema Personalidade de Deus, o Senhor Hari. Jejuar neste dia nulifica todo tipo de pecados e remove todas misérias causadas pela pobreza. Este dia de jejum, que ocorre durante a quinzena obscura do mês extra do ano bissexto, é conhecido como Parama Ekadashi. É o maior dia do Senhor Vishnu. Este Ekadashi do mês extra na quinzena obscura concede todas necessidades de vida, tais como dinheiro e grãos alimentícios, e afinal dá liberação. Quando vem a noite deste dia, deve-se começar a cantar as glórias do Senhor e dançar em êxtase, e deve-se continuar pela noite toda.

Este sagrado jejum certa vez foi observado fielmente pelo Senhor Kuvera. Quando o Senhor Shiva viu quão estritamente ele jejuara, Shiva ficou muito satisfeito e tornou Kuvera tesoureiro do céu. Também o Rei Harishchandra jejuou neste Ekadashi depois que sua querida esposa e filho tinham sido vendidos, e o rei pode reavê-los. Depois disso ele governou seu reino sem mais nenhum impedimento. Portanto, ó senhora de grandes olhos, deves observar este sagrado jejum de Parama Ekadashi, seguindo todas regras e regulações apropriadas e permanecendo acordada toda a noite.”

O Senhor Krishna continuou: “Ó Yudhishthira, filho de Pandu, desta maneira Kaundinya Muni misericordiosa e afetuosamente instruiu Pavitra sobre o jejum de Parama Ekadashi. Depois falou para Sumedha: “No Dvadashi, o dia após Ekadashi, deves fazer voto de observar jejum de Pancharatrika conforme as regras e regulaçöes.  Após tomar banho cedo de manhã, tu e tua boa esposa, junto com teus pais e os dela, devem jejuar por cinco dias de acordo com sua capacidade.  Então vos tornareis todos qualificados para retornar para casa, para a morada do Senhor Vishnu.

Uma pessoa que simplesmente se utiliza apenas de um assento durante estes cinco dias vai para os planetas celestiais. Quem quer que alimente bem brahmanas qualificados nesses cinco dias de fato alimentou todos semideuses, todos seres humanos, e mesmo todos os demônios.  Quem quer que doe um pote de água potável a um brahmana duas-vezes nascido durante este período de cinco dias de jejum obterá mérito igual a doar o planeta inteiro como caridade.  Quem quer que dê para uma pessoa erudita um pote cheio de sementes de gergelim reside no céu por tantos anos quanto haja sementes no pote. Quem doa um pote cheio de ghee dourado certamente irá para a morada do deus do sol após gozar plenamente dos prazeres deste planeta terreno. Quem quer que permaneça celibatário durante estes cinco dias obterá felicidade celestial e desfrutará com as donzelas de Indraloka. Portanto ambos – Sumedha e Pavitra – deveis jejuar durante estes cinco dias de Pancaratrika a fim de serdes recompensados com amplos grãos e bens para o resto de vossas vidas neste planeta. O mundo espiritual será vossa morada depois disso.”

Ouvindo este sublime conselho, o casal brahmana, Sumedha e Pavitra, observaram devidamente Parama Ekadashi e o jejum de Pancaratrika, e dentro em breve viram um belo príncipe se aproximando deles vindo do palácio real. Sob ordens do Senhor Brahma, o príncipe lhes deu uma bela casa finamente mobiliada e os convidou a viver nela. Louvando sua austeridade e paciência, também lhes deu um vilarejo inteiro para seu sustento. Então ele retornou ao palácio. Assim Sumedha e sua esposa gozaram de todo tipo de facilidades neste mundo e afinal foram para a morada de Vishnu.

Quem quer que observe um jejum no Parama Ekadashi e também o jejum de Pancaratrika, se liberta de todos seus pecados, e depois de desfrutar da vida aqui retorna a Vishnuloka, como fizeram o brahmana Sumedha e sua fiel esposa Pavitra. É impossível, ó Yudhishthira, calcular a extensão do mérito que se obtém por jejuar no Parama Ekadashi, pois tal observância é igual a tomar banho em local de peregrinação como o Lago de Pushkara e o Rio Ganges, dar vacas em caridade, e realizar toda sorte de outras atividades religiosas. Quem jejua neste dia também completou as oferendas de oblações a seus antepassados em Gaya.  Com efeito, jejuou em todos outros dias auspiciosos.

Como na ordem social o brahmana é considerado o melhor, como entre as criaturas de quatro pernas a vaca é a melhor, e como entre semideuses o Senhor Indra é o melhor, assim entre os meses o mês extra do ano bissexto é o melhor. O jejum Pancaratrika – o jejum de cinco dias no mês extra do ano bissexto – dizem remover todos tipos de pecados abomináveis. Mas o jejum Pancaratrika, junto com os jejuns no Parama e Padmini Ekadashi, destrói todos pecados da pessoa. Se uma pessoa é incapaz de jejuar em todos esses dias, deve observar os jejuns durante o mês extra conforme sua capacidade. Uma pessoa que, tendo recebido um nascimento humano, não toma um devido banho durante este mês extra e depois observa estes Ekadashi, que são muito queridos pelo Senhor Hari, comete suicídio e sofre no ciclo de 8.400.000 espécies.  O raro nascimento humano destina-se a acumular mérito e afinal atingir a liberação.  Portanto deve-se de qualquer maneira observar jejum neste auspicioso Parama Ekadashi. “O Senhor Sri Krishna concluiu: “Ó Yudhishthira sem pecado, conforme pediste, descrevi para ti o maravilhoso mérito que se pode obter por jejuar no Ekadashi chamado Parama, que ocorre durante a parte obscura do mês extra do ano bissexto. Deves observar este jejum se é de todo possível.”

O Rei Yudhishthira fez exatamente como o Senhor Krishna havia instruído, e assim também fizeram todos seus irmãos e sua esposa, Draupadi. Após desfrutar prazeres raramente obtidos neste mundo material, retornaram ao lar, de volta para Deus. Quem quer que, após tomar o devido banho, observe um jejum nestes dois Ekadashi do mês extra irá para o céu e finalmente obterá a morada de Sri Vishnu, e enquanto viaja para lá será louvado e receberá orações de todos semideuses.

Assim termina a narrativa das glórias de Parama Ekadashi, o Ekadashi que ocorre durante a quinzena obscura do mês extra do ano bissexto, conforme o Skanda Purana.

Notas:

1) Chanakya Pandita diz na vandhu madhye dhanahina jivanam: “Sem bens, a vida de um chefe-de-família é inútil.”

2)  As escrituras reveladas declaram udyoginah singham upaiti lakshmi daivena deyati ka purushah vadanti: “Quem se esforça entusiasticamente certamente obterá sucesso, mas quem meramente diz “Aceito minha sorte na vida” é um homem preguiçoso.”

3)  As escrituras védicas declaram:

purva-janmarjitam vidya

purva-janmarjitam dhanam

purva-janmarjitam kanya

agre dhavati dhavatih

“Conhecimento transcendental, educação espiritual, bens satisfatórios, e agradar membros familiares é o que adquire a pessoa que deu profusa caridade. Qualquer bem que a pessoa faça retorna para ela multiplicado.”

No Manu-miti, Manu Maharaja diz bhagyam phalanti sarvatra na ca vidya na ca paurusham:  “O que estiver predestinado por Viddhata, aquele que faz a fortuna, certamente irá acontecer.  Nossa assim-chamada boa educação, habilidade, e entusiasmo não trarão sucesso.”

4) O Niti-shastra diz vinya ashraye na tishthanti panditah vanita latah: “Sem o devido abrigo e apoio r austeridade. Se seu marido estiver satisfeito, ela pensa que o Senhor Supremo e todos semideuses estão contentes. O Senhor Supremo inclui todos os semideuses.”


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Hoje é Dia Do Jejum Sagrado De Sri Parama Ekadasi Dia 12/08/2023 sábado ano bissexto védico




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quarta-feira, 9 de agosto de 2023

Saul Alinsky e a criação de ONGs como instrumento de poder e barganha. Parte 1 e parte 2.




 

Saul Alinsky – O demônio que viveu nas sombras | PHVOX - Análises geopolíticas e Formação

“Organização e poder: uma única coisa. A mudança vem do poder e o poder vem da organização. Para agir, as pessoas precisam se juntar. O poder é a razão de ser uma organização. Quando as pessoas entram em acordo sobre certas idéias religiosas e querem o poder para propagar sua fé, elas se organizam e chamam a isso ‘uma igreja’. Quando as pessoas entram em acordo sobre certas idéias políticas e querem o poder para colocá-las em prática, elas se organizam e chamam a isso ‘um partido’”.

Saul Alinsky, defendendo que organização e poder, são a mesma coisa.

Alinsky é um completo desconhecido pela maioria das pessoas e quase desconhecido pelos próprios esquerdistas, isto se deve ao fato dele ter escolhido agir nas “sombras”, ou seja, nos bastidores da agitação política. Passados quase 50 anos da sua morte, é o maior influenciador do Partido Democrata norte americano e mentor de Barack Obama e Hillary Clinton. Seu livro, que compila todas as suas estratégias de ação chama-se: “Regras para Radicais: um guia pragmático para radicais realistas” é um trabalho de um autor altamente perspicaz e inteligente do ponto de vista político. Sua leitura é imprescindível para todos que desejam compreender as manipulações orquestradas por movimentos políticos radicais de esquerda até os nossos dias.

A palavra ‘revolucionário’ define a personalidade de Saul Alinsky, que não era comunista e não acreditava na forma que o marxismo pretendia ser aplicado, mas concordava com todos os preceitos filosóficos e políticos pregado por essa ideologia demoníaca: ódio ao sistema capitalista, aos valores tradicionais, à família e às raízes judaico-cristã – embora ele seja judeu.

De acordo com o livro: “Os EUA e o Partido das Sombras”, Saul Alinsky, não dividia as ‘classes sociais’, separando a sociedade entre opressores e oprimidos, mas sim em grupos de poder. Quem tem poder e quem não tem.

Paulo Henrique Araújo e Ivan Kleber da Fonseca, autores do livro supracitado, destacam a dedicatória da bíblia para os revolucionários – Regras para radicais -: “Devemos olhar para o passado e dar crédito ao primeiro radical de verdade, o primeiro radical conhecido pelo homem, que se rebelou contra o sistema, e que fez de forma tão eficaz que, pelo menos, conseguiu seu próprio reino: Lúcifer”.

O livro ainda traz os três campos de atuação de Alinsky: desinformação, justificação dos meios pelos fins e, por último, a destruição do oponente.

Vida, influência e ativismo

Saul Alinsky, nasceu em Chicago, em 30 de janeiro de 1909. Filho de imigrantes judeus ortodoxos russos (Benjamin e Sarah Alinsky). Formou-se como bacharel em Filosofia pela Universidade de Chicago, onde se especializou em arqueologia. Trabalhou como criminologista. Casou-se ao longo de sua vida três vezes. Seus planos para se tornar um arqueólogo profissional foram alterados devido à corrente depressão econômica nos EUA, em 1929.

Identificava-se como um organizador de comunidades. Suas habilidades organizacionais focaram-se nas condições de vida e violência de comunidades pobres dos Estados Unidos. Na década de 1950, Alinsky voltou sua atenção para os guetos afro-americanos, começando por Chicago – porém mais tarde trabalhou em outros guetos localizados na Califórnia, Michigan e Nova Iorque.

Suas ideias foram usadas ainda na década de 1960 por alguns estudantes universitários norte-americanos e outros organizadores da contracultura da época, como parte de suas estratégias para formar organizações nos campus universitários e em outras entidades.

Um artigo da Revista Time publicado em 1970 avaliou que “não seria um exagero argumentar que a democracia americana vem sendo alterada pelas ideias de Alinsky”.

Enquanto diversos pensadores das questões sociais se dedicaram a encontrarem soluções para as mazelas da sociedade, Alinsky, ao contrário, não pretendia elaborar um texto para ensinar as pessoas a reformar a estrutura ou ao menos melhorá-la, mas sim, para derrubá-la. Além disso, suas táticas são voltadas para organizações civis e organizações populares.

Para Alinsky a Ética e a Moral simplesmente não existem e não devem existir em nenhuma esfera da política, para se ter uma ideia comparativa, diversos filósofos até viam uma separação da Ética e da Moral entre as questões políticas, porém não em todos os momentos, por exemplo, Nicolau Maquiavel. Alinsky prega um total relativismo moral e uma ação sem freios, que na prática pode ser entendida como: “faça o que tiver de ser feito, não importa o que seja!” Ele nega a ética e a moral e as transforma em um instrumento hipócrita para poder conduzir as massas, para apresentar razões falsas, moralmente falsas, como motivações para “manipular” as pessoas, para atingi-las emocionalmente, legitimando assim o agir revolucionário. O que importa é manipular e impulsionar as massas para a ação desejada.

Em seu “manifesto” deixa muito claro seu ódio pela classe média,  observada por ele, nos Estados Unidos nas décadas de 1960 e início de 1970, todavia, admite que as fileiras de revolucionários são compostas basicamente de indivíduos oriundos dessa classe, indicando portanto, que o crescimento da classe média a torna agora o principal alvo como “massa de manobrável” e que seria preciso entender seus desejos, seus medos, suas ambições mais íntimas e profundas para poder criar falsamente uma aproximação da causa revolucionária, atraindo os componentes dessa parcela da população para o movimento, incitando o idealismo revolucionário de transformação do mundo como uma atitude positiva e ao mesmo tempo contraditória, levando-os a crer que ou aderem à revolução ou perderão a razão de existir, seus valores, princípios e modo de vida. A manipulação direta da classe média para obter sua radicalização apenas como um mero instrumento, sem nenhuma consideração ou reconhecimento dela, apenas desprezo e indiferença, como peões num jogo de xadrez.

Suas ideias de manipulação das massas de manobra demonstram sua absoluta frieza e relativismo moral, sua indiferença perante o fato de ter de matar, enganar, mentir, fingir etc.

Percebe muito bem o abismo entre a realidade e o ideal e aponta com propriedade esse abismo. Seu absoluto desprezo pela verdade, pela honestidade, inclusive intelectual e moral é gritante e abjeta.

Propõe não enfrentamento direto do sistema, mas sim, penetrar nele por vias usuais e implodi-lo por dentro.

Seu livro trata-se de Política pura em termos de conquista do Poder a qualquer custo. Portanto, pode sua obra e autor serem acusados de tudo, menos de serem ineficientes para os fins a que se propõem.

Alinsky é pouco conhecido, mas muito citado por conta de suas táticas não-violentas voltadas à “arte” de organizar comunidades com o intuito de promover mudanças sociais. Na publicação em questão, o autor apresenta uma lista de 13 regras que representariam seu legado duradouro.

Tais regras de Alinsky podem ser classificadas como “táticas de confronto”, e são projetadas para derrotar seus oponentes através de resistência não violenta, porém, friamente imoral baseando-se nas diversas campanhas de sucesso que ele promoveu ao longo dos anos nas comunidades que “manipulava”

O livro (Tratado para radicais) conta com a menção à Lúcifer, como sendo o primeiro radical das lendas – um indivíduo que se rebelou contra o establishment e conquistou seu próprio reino. Alinsky inspira-se no modelo de Lúcifer, propondo com seus ensinamentos ativistas o inferno na Terra.

Saul Alinsky morreu com 63 anos, vítima de um ataque cardíaco, em 12 de junho de 1972, na Califórnia. Foi cremado na mesma cidade e teve suas cinzas enviadas ao cemitério Mt. Mayriv, em Chicago.

Linguagem e postura

Saul faz uso da linguagem para enganar. Por exemplo: ao invés de dizer “liberação do aborto”, os revolucionários falam: “direito reprodutivo da mulher”. A segunda frase se torna mais palatável para a classe média, principalmente. Um dos seus princípios fundamentais é a mentira.

O mentor dos revolucionários alerta que, para ser ouvido, é preciso trajar ternos, barba feita, com uma aparência e postura atrativa e limpa.

Ele também era contrário a manifestações barulhentas e agressivas, pois as únicas coisas que conseguiam eram ser expulsos dos locais e afastar os moderados.

Divisão

Alinsky não se limita à divisão entre os que ‘têm’ e os que ‘não tem’, e afirma que a classe média – classe que precisa ser dominada -, é uma classe de ‘aqueles que têm pouco e querem ter mais’.

Classe média

Os revolucionários não conseguem dominar a classe média pois, mesmo sem ter profundo conhecimento ou atuação política, o sujeito está disposto a trabalhar e consegue prosperar.

Base da Revolução

Para enfrentar alguns obstáculos, os comunistas começaram atraindo as pessoas que vivem a margem da sociedade, como: bandidos, viciados, prostitutas e outros tipos que não são aceitos pela sociedade produtiva. Já Alinsky defendia a ideia de subverter os que têm pouco e querem mais, recorrendo à corrupção da linguagem.

O primeiro recado de Alinsky, é a importância da comunicação. O segundo é que não há outro caminho senão trabalhar por dentro do sistema. E o terceiro é ressalta a importância de se conquistar o poder. “Não há nada mais importante do que conquistar o poder”.

O revolucionário

Para Saul, é urgente que o revolucionário esteja sempre alerta, em estado de guerra e preparado para a guerra. Ele tem que ver a política como religião e, assim, tendo vantagem em cima dos conservadores.

Dominar os sindicatos, a educação e as redações de jornais eram imprescindíveis.

Um dos conselhos, de acordo com o livro: “Jogando para Ganhar”, de Roberto Motta, de Alinsky é a arte da comunicação. Ele explica que a comunicação precisa acontecer dentro da experiência do seu público-alvo. Usar as experiências do cotidiano do seu público para desenhar seu discurso.

Alinsky não prega o revolucionário violento e incendiário e sim moderação e pragmatismo. Motta frisa que Alinsky rejeita a violência explicita e a política de confronto direto, estimulando a tomada do poder por meios democráticos. “Não se conquista o poder pelo confronto violento, mas operando por dentro do sistema”.

Religião.

Alinsky defende a política como religião e, os revolucionários odeiam os cristãos e o cristianismo. Anatole Lunarcharsky dizia que os comunistas odiavam os cristãos e o cristianismo: “Odiamos os cristãos e o cristianismo. Mesmo os melhores entre os cristãos devem ser considerados nossos piores inimigos. Pregam o amor ao próximo e a misericórdia, que são contrários a nossos princípios. O amor cristão é um obstáculo ao desenvolvimento da revolução. Abaixo o amor ao próximo! O que queremos é o ódio […]. Somente então poderemos conquistar o universo.”

O comunismo precisa da subversão e da perversão juvenil e a quebra da base familiar para ter êxito. Crianças e adolescentes sem parâmetros familiares são alvos fáceis para professores militantes e para a mídia televisiva, assim como “Anittas” e “MCs” não sei das quantas.

O culto à personalidade tem que predominar e as vontades triviais precisam ser satisfeitas para manter o jovem submerso a vontades corporais e com baixa tolerância a frustração, para que tenham combustível para enfrentar os pais e se rebelarem. Famílias que dão pouca importância ao jantar na mesa e as missas aos domingos, tendem a viver em conflitos obtusos e profundos.

Guerra Política

O livro do autor Roberto Motta: “Jogando para Ganhar”, ressalta que, a guerra política é o resultado da colisão de visões diferentes do mundo. Quando um dos lados tem medo de enfrentar essa guerra, seu adversário pode conseguir a vitória mesmo enfrentando evidências avassaladoras contra as práticas éticas ou morais.

No livro podemos encontrar os seis princípios da guerra política de Horowitz.

1-) Política é guerra conduzida por outros meios.

2-) Política é uma guerra de posicionamento.

3-) No combate político, quem está na ofensiva geralmente vence.

4-) Uma posição é definida por medo e esperança.

5-) As armas políticas são os símbolos que evocam medo e esperança.

6-) A vitória estará com aquele que está ao lado do povo.

A política é uma guerra conduzida por outros meios, como por exemplo, não se luta apenas para ganhar uma discussão e sim para destruir a capacidade de luta do inimigo. A política acontece dentro de um contexto e, portanto, as regras não podem ser aplicadas de uma forma rígida.

Apelar para o emocional, como o medo e a esperança, é uma das principais ferramentas para vencer essa guerra. Convencer as pessoas que elas são importantes e suas necessidades serão sempre uma prioridade são primordiais para ter vantagem sobre esta guerra.

Bradar pela redução da desigualdade e pela justiça social, desperta o ímpeto de compaixão e justiça nas pessoas, as impelindo as pessoas bradarem junto com o candidato, mesmo que elas não saibam o que essas duas frases significam.

Redução da desigualdade e justiça social são frases tão fortes que até quem não é de esquerda, as usa para conseguir relevância no cenário da corrida eleitoral. Porém, estas frases de efeito são usadas para demonizar o sistema capitalista, colocando-o como desigual e injusto.

Palavras e símbolos são as melhores e mais eficazes armas que um candidato por ter. Motta esclarece ainda que, justiça social, é um termo vazio sem significado real, já que toda justiça é social.

Ativismo

O ativismo e a manipulação das massas é um dos pilares essenciais para o sucesso da esquerda. Recomenda-se que os ativistas trabalhem em uma gama de causas. Quanto mais causas, maior será sua base de apoio na população. Ativistas que agem pela pseudo-minoria é um dos alicerces para manter a população revoltada, ocupada e reativa a fatos cotidianos. Como exemplo é o assassinato de mulheres. Crime de caráter passional, ganhou o nome de feminicídio, mesmo que o companheiro não a mate por ser mulher e sim por vê-la como objeto de posse e desejo. Passional. Age com paixão. Essas causas sociais causam uma relativização dos valores morais e sociais.

Alinsky recomenda que os ativistas aproveitem ao máximo a competição entre os ricos e pobres e use isso em benefício próprio para promover a causa da revolução.

As regras

Roberto Motta elencou as 13 regras propostas por Saul Alinsky:

1-) Poder não é apenas o que você possui, mas o que o inimigo pensa que você possui.

2-) Nunca atue fora da experiência da sua comunidade.

3-) Sempre que possível, atue fora da experiência do seu inimigo.

4 e 5 -) O ridículo é a arma mais poderosa; é quase impossível contra-atacar a humilhação causada pelo ridículo.

6-) Uma boa tática é uma tática que agrada a sua equipe. Se o seu grupo não está se divertindo, existe algo errado com sua tática.

7-) Uma tática que se arrasta durante muito tempo, se transforma em peso morto.

8- ) Mantenha a pressão, com diferentes táticas e ações, e utilize todos os eventos disponíveis para essa finalidade.

9-) A ameaça costuma ser mais apavorante do que a própria ação, mas apenas se todos sabem que você tem o poder e a determinação de executar o que você ameaçou fazer.

10-) Atue sempre para manter a pressão.

11-) Se a pressão for mantida por tempo suficiente, o outro lado cometerá um erro fatal.

12-) O preço de um ataque bem-sucedido é estar sempre pronto a oferecer uma solução construtiva, se o inimigo ceder.

13-) Escolha o alvo, congele seu foco nele, personalize o ataque e polarize a questão ao máximo.

Você pode saber ainda mais sobre Saul Alinsky em nosso curso: Saul Alinsky e o Império do Radicalismo Político

Referências bibliográficas

– “Regra para Radicais: um guia pragmático para radicais realistas” (Em espanhol). Autor: Saul Alinsky.

– “Saul Alinsky e a Anatomia do mal”. Autores: André Assi Barreto e Márcio Scansani

– “Os EUA e o Partido das Sombras”. Autores: Paulo Henrique Araújo e Ivan Kleber Fonseca.

– “Jogando para ganhar. Teoria e prática da Guerra Política”. Autor: Roberto Motta.


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segunda-feira, 7 de agosto de 2023

Mídia mainstream, janela de overton e a espiral do silêncio videos parte 1 e parte 2. (feito com Spreaker)



 

Mídia (publicidade) – Wikipédia, a enciclopédia livre

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Este artigo não cita fontes confiáveis. Ajude a inserir referências. Conteúdo não verificável pode ser removido.—Encontre fontes: ABW  • CAPES  • Google (N • L • A) (Novembro de 2016)

No Brasil, o termo mídia, é um anglicismo, pois escreve-se e diz-se "Mídia", que é o som exato da palavra "Media" em Inglês, que vem do Latim "media", significa meios, designa a função, o profissional, a área, o trabalho de mídia ou o ato de planejar, desenvolver, pensar e praticar mídia, nas agências de publicidade, nos restantes países de língua oficial portuguesa diz-se "Média".

Isto aconteceu porque até o final da década de 1960, nas agências de publicidade, a área era chamada de "departamento de media", com a grafia inglesa. E eram comuns brincadeiras jocosas que as pessoas faziam misturando "trabalhar em media", com a expressão pejorativa "fazer média".

Em parte por isso, e de outra parte, para especificar melhor o significado do termo dentro do mercado publicitário, ao formarem o Grupo de Mídia São Paulo – cuja primeira reunião aconteceu em 15 de agosto de 1968 –, seus fundadores tiveram a feliz ideia de adotar o “i”, aportuguesando a palavra para "mídia". O mercado relutou um pouco para assimilar essa forma, mas em meados dos anos 70 até o anuário da editora Meio & Mensagem já saía grafado como "Anuário de Mídia".

Vários anos depois, nos artigos que escrevia para a Folha de S. Paulo, de Nova York, o jornalista Paulo Francis passou a escrever “mídia” ao se referir à grande imprensa, que abriga os grandes veículos com reconhecida influência na população e nos governos. E depois, passou a usar “mídia" para os meios de comunicação em geral.

Não demorou muito para que toda a imprensa brasileira, tanto os jornalistas bem conceituados, como também apresentadores de auditório e artistas, passassem a se referir aos meios de comunicação como “a mídia”. E com a popularização da informática, hoje o termo também é usado até para designar os discos de CD e DVD.


Mainstream - Conceito, Definição e O que é Mainstream

Mainstream é um adjetivo e um substantivo da língua inglesa.

O significado de Mainstream surgiu nos princípios do século XX. Traduzindo-se literalmente, mainstream quer dizer “corrente principal” ou “fluxo principal”, onde main em inglês significa “principal” e stream é “fluxo, corrente”.

Significado de mainstream

Significado de mainstream

Como substantivo, mainstream pode ser descrito como qualquer ideia, método, pessoa ou um grupo de determinada comunidade que é considerado comum, normal e aceito pela maioria. Em geral, mainstream nesse âmbito é utilizado para se referir a assuntos sociais, como no caso de manifestações do povo, em especial da classe artística.

Por isso, mainstream é um grupo, movimento ou estilo que tem características aceitas pela comunidade e que a agrada, apresentando um conteúdo familiar e usual.

Como adjetivo, mainstream pode ser traduzido como: “predominante, grande, comum, dominante, maior, majoritário, lugar-comum, preponderante, popular, principal, prevalecente, tradicional, vigente, reinante”.

Por exemplo:

  • Mainstream Islam: A corrente principal do Islã,
  • Mainstream beliefs: significa “crenças da maioria”.

Além disso, mainstream pode se referir a “convencional, comercial, tradicional, popular”, “não alternativo”.

O antônimo de mainstream é underground, que em inglês é o mesmo que “subterrâneo”. O termo é utilizado para designar aquilo que foge dos padrões comerciais, que está fora da mídia e dos modismos.

Mainstream Hipster

Hipster, que também é uma palavra de língua inglesa, em geral é quem está ligado à ideia do underground, pois não possui um estilo comum, mas sim um estilo próprio, que inventa moda – nesse caso, esse estilo é marcado por tendências alternativas.

Embora um hipster tenha ligação com o conceito de underground, um mainstream hipster possui um estilo diferenciado, mesmo mantendo a aparência de hipster, ele tem algum contato ou alguma espécie de ligação com a cultura mainstream.

Muitos afirmam que o indivíduo é quem adota a cultura mainstream, mas escolhe opta por se camuflar de hipster.

Mainstream e Frédéric Martel

Muitos autores passaram a estudar a cultura mainstream dentro de diversos campos de conhecimento. Dentre eles, é possível destacar a obra do jornalista e escritor francês Frédéric Martel chamada “Mainstream: A Guerra Global das Mídias e das Culturas”.

A obra foi desenvolvida através de viagens realizadas pelo autor, quando percorreu 30 países por 5 anos, entrevistando mais de mil pessoas.

Para dar ainda mais consistência ao ensaio, Martel conheceu de perto os principais canais de comunicação, mídia e entretenimento, como é o caso de Hollywood, Televisa, Rede Globo e o quartel-general da Al Jazeera, por exemplo.

A partir de suas observâncias, o livro aborda como os meios de comunicação estão mais voltados para a vertente do mainstream, como a internet foi um fator que proporcionou um maior crescimento desta cultura e os questionamentos associados à disputa em nível mundial pelo controle desta mídia (de entretenimento) e sua indústria.


A teoria da Janela de Overton na política brasileira - Instituto Liberal

A Janela de Overton é um dos conceitos mais relevantes em ciência política contemporânea. O nome é derivado de seu criador, o analista de políticas públicas Joseph Paul Overton, e consiste na seguinte ideia: existe uma gama de ideias que um político pode oferecer publicamente sem ser considerado extremado, independentemente do lado que esteja oferecendo a política. Overton, para fugir do conceito direita/esquerda, usa o espectro mais liberdade/menos liberdade.

Dentre os níveis de aceitação da teoria da Janela de Overton, configuram-se 6 graus de compreensão, independentemente dos lados: Política (o grau mais tolerável, onde se tem a unanimidade sobre um tema), Popular, Sensato, Aceitável, Radical e Impensável. Estes graus ajudam a entender a compreensão da viabilidade de uma ideia política prosperar, e isso se torna relevante para o liberalismo brasileiro neste exato momento.

Em relação ao Brasil, as ideias liberais um dia já foram parte corrente da Janela de Overton, mesmo em períodos de grande predominância da mentalidade estatista do país. Nos anos da República Populista, apesar do amplo domínio da mentalidade varguista e do nacionalismo latente, a apresentação da mentalidade liberal, principalmente por meio dos representantes da UDN, foi recorrente e tratada como algo de penetrações populares por grande parte da população, inserindo o liberalismo no espectro que o qualificaria como Popular, pela janela de Overton.

Porém, na ditadura militar, com a crescente escalada estatista e nacionalista do governo, alinhando-se cada vez mais às pautas que entravam em conluio com sua oposição, o MDB, a janela de Overton da política nacional cada vez mais passou a se afastar do liberalismo, tornando-o uma ideia de aparência inviável politicamente no regime.

Entretanto, o liberalismo ainda era uma ideia popular e sua agenda cativou grande parte da população, algo que pode ser refletido no sucesso que os discursos de caráter liberalizante do então candidato Fernando Collor, que, com altíssima popularidade, foi conduzido à presidência do Brasil – mesmo que no mandato Collor tenha dado digressões em rumo contrário ao liberalismo de seu discurso.

No início do novo milênio, quando o governo FHC, liderado por um social democrata, porém gerenciado em aliança ao liberalismo, praticou reformas liberais, a aceitação da doutrina liberal parecia estar próxima nos corredores políticos, mas, como afirmava o ex-deputado federal Roberto Campos, declarar-se liberal publicamente era algo tão mal visto quanto praticar sexo explícito na rua, e, logo no começo do mandato do governo petista, a janela de Overton ao nível popular sofreu uma distorção em níveis alarmantes para o liberalismo brasileiro. Antes tido como uma política de nível popular, o liberalismo foi arremessado para o espectro do Radical e Impensável.

Declarar-se publicamente de direita, liberal, conservador ou qualquer ideologia que se distanciasse da influência marxista no Brasil se tornava um tabu público; nem mesmo políticos com herança política do PFL ou antigos membros do ARENA tinham coragem de assumir serem de “direita”. A janela de Overton no país se tornou uma bizarrice coordenada para o espectro das ideias de esquerda. O reflexo dessa janela de Overton, mesmo que se tenha tentado conduzi-la à normalidade à base dos pontapés, ainda é evidente quando se nota no âmbito do debate público a ampla derrota do segmento da direita brasileira. O debate público nacional trata um stalinista explícito como um membro da janela do Aceitável, enquanto uma mera proposta de parceria público-privada do SUS com hospitais é agredida, praticamente sendo tomada como uma proposta Impensável.

A agenda liberal no Brasil precisa combater a transformação da janela de Overton numa espécie de tolerância ao radicalismo, onde apenas ideias que comumente entrariam em caráter Radical na maioria das democracias liberais do planeta são vistas como algo que seria tratado como Aceitável, ou, no pior dos casos, como Sensato.

A transformação da tolerância de ideias impensáveis no cotidiano levará a uma derrota que possivelmente se tornará irreversível num futuro próximo.

*Artigo publicado originalmente na página Liberalismo Brazuca no Facebook.

Espiral do silêncio

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.



Espiral do silêncio é uma teoria da ciência política e comunicação de massa proposta em 1977 pela alemã Elisabeth Noelle-Neumann. Neste modelo de opinião pública, a ideia central é que os indivíduos omitem sua opinião quando conflitantes com a opinião dominante devido ao medo do isolamento, da crítica, ou da zombaria. Os agentes sociais analisam o ambiente ao seu redor e, ao identificar que pertencem à minoria, preferem resguardar-se para evitar impasses. Esse comportamento gera uma tendência progressiva ao silêncio, tratando-se, pois, de um movimento ascendente em espiral, daí a denominação espiral do silêncio, porque o indivíduo, ao não expôr sua ideia, automaticamente compactua com a maioria, de modo que outras pessoas, que poderiam com ele concordar, também deixam de verbalizar suas ideias. Quanto menor o grupo que assume abertamente a opinião divergente, maior o ônus social em expressá-la.

Preocupada com os efeitos que levaram o eleitorado à mudança na reta final das eleições de 1965 e 1972, na Alemanha, Noelle-Neumann decidiu estudar o que, de fato, ocorria. Então, ela descobriu que um fator importante para a mudança ter ocorrido é o Clima de Opinião. Noelle-Neumann descobriu que quando um lado é superestimado, outras pessoas, decididas ou não, são influenciadas a seguir por ele. Consequentemente, quando o outro é subestimado, as pessoas tendem a afastar-se dele. Para chegar a tal conclusão, ela utilizou alguns instrumentos para medir o Clima de Opinião. Segundo ela, são necessárias questões que possam mensurar a tendência de as pessoas falarem ou de manterem-se em silêncio quando submetidas a ideias diversas daquelas que elas apoiam. Outro fator importante é a opinião sobre a escolha do eleitor em função de quem ele acha que vai ganhar.

Aristóteles sugere que a sociabilidade é uma propriedade essencial do homem, de forma que precisa de vínculos sociais para satisfazer suas necessidades e, consequentemente, teme o isolamento.

Segundo Lage:

A ideia central desta teoria situa-se na possibilidade de que os agentes sociais possam ser isolados de seus grupos de convívio caso expressem publicamente opiniões diferentes daquelas que o grupo considere como opiniões dominantes. Isso significa dizer que o isolamento das pessoas, de afastamento do convívio social, acaba sendo a mola mestra que aciona o mecanismo do fenômeno da opinião pública, já que os agentes sociais têm aguda percepção do clima de opinião. E é esta alternância cíclica e progressiva que Noelle-Neumann chamou de Espiral do Silêncio
— [1]

História e contexto

Os estudos sobre a Espiral do Silêncio foram iniciados na década de 60. A teoria foi proposta especificamente por Noelle-Neumann sobre os efeitos dos meios de comunicação de massa. A pesquisadora estudou o eleitorado social-democrata e democrata-cristão na Alemanha durante as campanhas eleitorais alemãs entre 1965 e 1972, em que os dois partidos alternavam a liderança e na reta final do processo de eleição, ocorreu uma súbita mudança de opinião dos eleitores. De acordo com seus estudos, ao mudar de opinião, os eleitores buscavam se aproximar das opiniões que julgavam dominantes.

O ponto principal da teoria é a dominação da opinião pública pelos líderes dos media e de opinião. A autora vê a televisão como essencial na consolidação da opinião pública, uma vez que as discussões públicas são, em grande parte, impostas pela consonância temática mediática, que consiste numa abordagem unilateral por diversos meios de comunicação. Segundo a hipótese de Agenda-Setting, a comunicação social determina a pauta pública ao ressaltar certos assuntos e preterir outros, o que influencia na formação da Espiral do Silêncio, que guia a opinião pública, ou seja, o indivíduo recorre aos meios de comunicação para se inteirar sobre quais temas falar e se expressar de acordo com o que observa no ambiente. Um exemplo é em casos de ostensiva cobertura de um mesmo crime em vários canais de televisão. A comunicação social mantém por semanas esse tema em evidência, e, ao desfavorecer os envolvidos, instaura um debate parcial.

Além disso, há a influência também da aculturação, teoria que propõe que a televisão estabelece um padrão de estabilidade através da veiculação de imagens, práticas e crenças. Gerbner sugere que os media televisivos estão concentrados em grandes conglomerados, comprometidos com a visão de seus acionistas. Shanaham e Morgan escrevem em seu livro que o sistema é estruturado de forma que beneficia apenas as elites econômicas, que detêm os mesmos pontos de vista e os meios de comunicação.

Influências

Noelle-Neumann indica as influências de seu trabalho de forma igualitária, porém, é possível dividi-las entre indiretas, referentes à opinião pública e diretas, que abordam a tendência ao silêncio.

Entre as indiretas, encontra-se Rousseau, que identifica três tipos de leis: o direito público, o privado e o civil, e, acima dessas, indica a opinião pública, que, embora não conste na constituição, dita como essas funcionam. Noelle-Neumann situa o conceito Rousseau de opinião pública como intermediário entre consenso social e as convicções individuais.

Locke também identifica três leis, denominando-as como lei divina, lei civil e a lei da virtude, do vício, da opinião ou da reputação, sendo esta última principal referência para humanidade, que buscam mais a boa consideração entre seus conhecidos que cumprir as outras leis, uma vez que é possível obter impunidade nas leis do Estado, mas nunca da censura dos seus semelhantes.

Entre os autores influentes, Tocqueville é o maior precursor ao propor elementos como o medo do isolamento, o incômodo e sensação de insignificância perante à opinião dominante e a tendência à adequação da minoria.

A Ignorância Pluralística

O fenômeno psico-social causado pela Ignorância Pluralística[2] é caracterizado pela percepção errada do que acredita ser a opinião majoritária. Um grupo rejeita uma opinião de forma inapropriada por achar que a maioria também o faz, porém, esta não é a real opinião majoritária. O termo foi estudado pelo psicólogo americano Daniel Ketz.

Um exemplo da Ignorância Pluralítisca foi a segregação racial dos Estados Unidos em 1960. Indivíduos que não necessariamente concordavam com os termos impostos aos cidadãos negros americanos seguiam a opinião por acreditarem ser a majoritária, com medo da exclusão social, que serve de base para a explicação da Espiral do Silêncio.

Percepções Looking-glass

O termo Looking-glass é aplicado para definir o efeito que o indivíduo sofre ao pautar a percepção sobre si mesmo de acordo com a opinião que a sociedade tem dele. As interações sociais ao longo da vida do indivíduo servem como molde para sua identidade, o que dá a conceituação do termo looking-glass self, criado por Charles Cooley em 1902.

Referências

  1.  LAGE 1998, p. 16.
  2.  ROSAS (2010). A espiral do silêncio: uma teoria da opinião pública e dos media. Portugal: LabCom Books. pp. 155–164

Bibliografia

  • NOELLE-NEUMANN, Elisabeth. A Espiral do Silêncio: Opinião Pública - nosso tecido social. Estudos Nacionais, 2017.
  • BARROS FILHO, Clóvis. Ética na Comunicação: da informação ao receptor, São Paulo: Moderna,1995.
  • HOHLFELDT, Antônio; MARTINO, Luís C.; FRANÇA, Vera Veiga (2010). Vozes, ed. Teorias da Comunicação: Conceitos, Escolas e Tendências. Petrópolis: [s.n.].
  • LAGE, Nilson. Estrutura da notícia. 4 ed. São Paulo: Ática, 1998.
  • NOELLE-NEUMANN, Elisabeth. The Spiral of Silence: Public Opinion - Our Social Skin. University of Chicago Press, 1993.
  • SHANAHAM, James e MORGAN, Michael. Television and Its Viewers: Cultivation Theory and Research. Cambridge University Press, 1999.
  • WOLF, Mauro. Teorias da Comunicação, Lisboa: Presença, 1992.


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