Planejamento e Avaliação
Edição 220 | Março 2009
Como agrupo meus alunos?
Em duplas, trios, quartetos... Para definir a melhor alternativa, é necessário, antes de mais nada, diagnosticar o que cada um sabe sobre o conteúdo. Como forma de ajudar nessa tarefa essencial para a aprendizagem, respondemos a 13 questões sobre o tema
Ana Rita Martins (ana.martins@abril.com.br), Beatriz Santomauro e Bianca Bibiano
As
professoras Ana Paula Kordash e Vera Lúcia Guastapaglia, da EMEF Leandro
Klein, em São Caetano do Sul, na Grande São Paulo, lecionam para uma
turma de 5º ano. Para ensinar conteúdos de todas as disciplinas, muitas
vezes elas dividem os 28 alunos em grupos, mas nunca de forma aleatória.
A razão é simples: as duas já sabem que colocar trabalhando juntos os
que têm saberes diferentes é uma forma poderosa de fazer todos
aprenderem. Para tanto, sempre iniciam uma atividade com um diagnóstico
em que verificam o que cada um sabe sobre o tema em questão. Só então
planejam as situações de interação. Três delas - em Língua Portuguesa,
Matemática e Geografia - são mostradas nas ilustrações nos quadros
abaixo.
O procedimento de Ana e Vera - e de outros professores
que usam os agrupamentos em sala para ensinar - está baseado em
conhecimento produzido desde o início do século 20 por pesquisadores de
diferentes áreas. Em 1930, o psicólogo bielo-russo Lev Vygotsky
(1896-1934) já chamava a atenção para a importância da interação entre a
criança e o professor e entre a criança e os colegas em situações de
aprendizagem. Em A Formação Social da Mente, ele afirma que o
bom aprendizado é aquele que foca o potencial que o aluno pode
desenvolver com a ajuda de outros. Trabalhar em grupo, então, não é
apenas importante, mas fundamental para ele.
Os estudos
realizados na área destacam as condições em que se dá esse processo - o
que inclui o conteúdo e o conhecimento prévio da turma -, além da
importância do intercâmbio cognitivo, que traz avanços conceituais. O
progresso alcançado quando os integrantes de um grupo confrontam pontos
de vista moderadamente divergentes foi comprovado por pesquisa de Anne
Nelly Perret-Clermont, da Universidade de Neuchâtel, na Suíça. Eles
estão relatados no livro Desenvolvimento da Inteligência e
Interacção Social, de 1979. Independentemente de as opiniões dos
estudantes estarem certas, ela comprovou que a diversidade de posições
leva a conflitos e, em consequência, ao desenvolvimento intelectual e à
aprendizagem.
Isso fica claro na alfabetização, campo em que
os agrupamentos são mais difundidos. No início dos anos 1980, pesquisas
da educadora argentina Ana Teberosky mostraram como é produtivo agrupar
os pequenos com colegas que apresentam hipóteses diferentes (mas
próximas) sobre leitura e escrita. Apesar de tudo isso, poucos
professores utilizam os grupos de forma criteriosa.
Hoje, um
dos núcleos de destaque na investigação sobre a interação é integrado
por César Coll, da Universidade de Barcelona, que, entre outros
aspectos, estuda o papel do professor. Segundo ele, cabe ao educador
criar condições para que os alunos realizem o trabalho com os próprios
instrumentos e manter o agrupamento sempre produtivo. Para ajudar você
nessa tarefa, NOVA ESCOLA selecionou 13 questões de leitores sobre o
tema - entre 60 enviadas pelo site.
Critérios de agrupamento
Reescrita
de conto
Disciplina Língua
Portuguesa
Objetivo Desenvolver
a produção de textos com base na linguagem que se usa para escrever
Conteúdo
Produção
de textos
Critérios
de agrupamento Duplas, em que os dois têm
nível de conhecimento próximo, mas habilidades distintas no que se
refere à ortografia e à coesão de texto
Papel do professor Vera
Lúcia Guastapaglia acompanhou o trabalho para garantir que os
integrantes trocassem informações e se ajudassem para que ambos
avançassem
Interação
entre alunos Para reescrever a história, cada
dupla produziu um texto e o redigiu conjuntamente, alternando o papel de
escribaContinue lendo
- 1. Como faço um diagnóstico correto para montar grupos que sejam produtivos?
- 2. Devo deixar as crianças se agruparem de acordo com a afinidade entre elas?
- 3. Agrupar os mais agitados com outros mais calmos e os mais tímidos com os extrovertidos é um bom critério?
- 4. Como não errar na formação de duplas, trios, quartetos, quintetos ou grupões?
- 5. Devo dar autonomia à classe ou intervir sempre de modo a mediar o trabalho?
- 6. Como aproveitar a heterogeneidade e despertar o interesse e a participação de todos?
- 7. Posso começar o ensino de um conteúdo pedindo uma atividade individual e só depois fazer agrupamentos?
- 8. Posso dar tarefas diferentes para cada agrupamento?
- 9. Como evitar que alguns alunos fiquem ociosos, esperando os colegas terminarem?
- 10. Alguns pais dizem que, nos trabalhos em grupo, o filho faz tudo e outros, que a criança só copia do colega. Como resolver isso?
- 11. As crianças da Educação Infantil são muito dispersas, o que dificulta o agrupamento delas. Existem atividades específicas para essa fase?
- 12. Os alunos devem sempre ter um papel definido dentro do grupo?
- 13. Que tipo de atividade em grupo ganha mais significado para os estudantes?
Obrigado por sua visita, volte sempre.
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