Por:
Simaia
Sampaio
|
Fernández
(1990) afirma que o diagnóstico, para o
terapeuta, deve ter a mesma função que
a rede para um equilibrista. É ele,
portanto, a base que dará suporte ao
psicopedagogo para que este faça o
encaminhamento necessário.
É um processo que permite ao profissional investigar, levantar hipóteses provisórias que serão ou não confirmadas ao longo do processo recorrendo, para isso, a conhecimentos práticos e teóricos. Esta investigação permanece durante todo o trabalho diagnóstico através de intervenções e da "...escuta psicopedagógica...", para que "...se possa decifrar os processos que dão sentido ao observado e norteiam a intervenção". (BOSSA, 2000, p. 24).
É um processo que permite ao profissional investigar, levantar hipóteses provisórias que serão ou não confirmadas ao longo do processo recorrendo, para isso, a conhecimentos práticos e teóricos. Esta investigação permanece durante todo o trabalho diagnóstico através de intervenções e da "...escuta psicopedagógica...", para que "...se possa decifrar os processos que dão sentido ao observado e norteiam a intervenção". (BOSSA, 2000, p. 24).
Na Epistemologia Convergente todo o
processo diagnóstico é estruturado
para que se possa observar a dinâmica
de interação entre o cognitivo e o
afetivo de onde resulta o funcionamento
do sujeito (BOSSE, 1995, p. 80)
Conforme Weiss,
O objetivo básico do diagnóstico
psicopedagógico é identificar os
desvios e os obstáculos básicos no
Modelo de Aprendizagem do sujeito que o
impedem de crescer na aprendizagem
dentro do esperado pelo meio social.
(2003, p. 32 )
O diagnóstico possui uma grande
relevância tanto quanto o tratamento.
Ele mexe de tal forma com o paciente e
sua família que, por muitas vezes,
chegam a acreditar que o sujeito teve
uma melhora ou tornou-se agressivo e
agitado no decorrer do trabalho
diagnóstico. Por isso devemos fazer o
diagnóstico com muito cuidado
observando o comportamento e mudanças
que isto pode acarretar no sujeito.
Para ilustrar como o diagnóstico
interfere na vida do sujeito e sua
família, citaremos um exemplo de Weiss:
uma paciente, uma adolescente de 18 anos
cursando a 7ª série de escola
especial, queixou-se à mãe que ela
(Weiss) estava forçando-a a crescer.
Ela conseguiu fazer a elaboração deste
pensamento porque tinha medo de perder o
papel na família da doente que
necessitava de atenção exclusiva para
ela. A família percebeu que isto
realmente poderia acontecer e era isto
também que sustentava seu casamento
"já acabado". Concordou com a
terapeuta em interromper o diagnóstico
(2003, p. 33 ).
Bossa nos lembra que a forma de se operar na clínica para se fazer um diagnóstico varia entre os profissionais dependendo da postura teórica adotada. (p. 96, 2000).
Bossa nos lembra que a forma de se operar na clínica para se fazer um diagnóstico varia entre os profissionais dependendo da postura teórica adotada. (p. 96, 2000).
Na linha da Epistemologia Convergente,
Visca nos informa que o diagnóstico
começa com a consulta inicial (dos pais
ou do próprio paciente) e encerra com a
devolução (1987, p. 69).
Antes de se iniciar as sessões com o
sujeito faz-se uma entrevista contratual
com a mãe e/ou o pai e/ou responsável,
objetivando colher informações como:
- Identificação da criança: nome, filiação, data de nascimento, endereço, nome da pessoa que cuida da criança, escola que freqüenta, série, turma, horário, nome da professora, irmãos, escolaridades dos irmãos, idade dos irmãos.
- Motivo da consulta;
- Procura do Psicopedagogo: indicação;
- Atendimento anterior;
- Expectativa da família e da criança;
- Esclarecimento sobre o trabalho psicopedagógico.
- Definição de local, data e horário para a realização das sessões e honorários.
Visca propôs o seguinte Esquema Seqüencial Proposto pela Epistemologia Convergente:
- Identificação da criança: nome, filiação, data de nascimento, endereço, nome da pessoa que cuida da criança, escola que freqüenta, série, turma, horário, nome da professora, irmãos, escolaridades dos irmãos, idade dos irmãos.
- Motivo da consulta;
- Procura do Psicopedagogo: indicação;
- Atendimento anterior;
- Expectativa da família e da criança;
- Esclarecimento sobre o trabalho psicopedagógico.
- Definição de local, data e horário para a realização das sessões e honorários.
Visca propôs o seguinte Esquema Seqüencial Proposto pela Epistemologia Convergente:
Ações
do entrevistador
|
Procedimentos
Internos do Entrevistador
|
EOCA
Testes
Anamnese
Elaboração
do Informe
|
1º
sistema de hipóteses
Linhas
de investigação
Escolha
de instrumentos
2º
sistema de hipóteses
Linhas
de investigação
Verificação
e decantação do 2º sistema de
hipótese.
Formulação
do 3º sistema de hipóteses
Elaboração
de uma imagem do sujeito (irrepetível)
que articula a aprendizagem com os
aspectos energéticos e
estruturais, a-históricos e históricos
que a condicionam.
|
(VISCA,
1991)
Observamos,
no quadro acima, que ele propõe iniciar
o diagnóstico com a EOCA e não com a
anamnese argumentando que "... os
pais, invariavelmente ainda que com
intensidades diferentes, durante a
anamnese tentam impor sua opinião, sua
ótica, consciente ou inconscientemente.
Isto impede que o agente corretor se
aproxime 'ingenuamente' do paciente para
vê-lo tal como ele é, para
descobri-lo. (Id. Ibid., 1987, p. 70).
Os profissionais que optam pela linha da
Epistemologia Convergente realizam a
anamnese após as provas para que não
haja "contaminação" pelo
bombardeio de informações trazidas
pela família, o que acabaria
distorcendo o olhar sobre aquela
criança e influenciando no resultado do
diagnóstico.
Porém, alguns profissionais iniciam o
diagnóstico com a anamnese. É o caso
de Weiss. Compare abaixo o quadro da
seqüência diagnóstica proposta por
ela:
1º
- Entrevista Familiar Exploratória
Situacional (E.F.E.S.)
2º
- Anamnese
3º
- Sessões lúdicas centradas na
aprendizagem (para crianças)
4º
- Complementação com provas e
testes (quando for necessário)
5º
- Síntese Diagnóstica – Prognóstico
6º
- Devolução - Encaminhamento
|
(WEISS,
1994)
Esta
diferença não altera o resultado do
diagnóstico, porém é preciso que o
profissional acredite na linha em que
escolheu para seu trabalho
psicopedagógico.
Como o presente trabalho está baseado na Epistemologia Convergente abordaremos a anamnese ao final e iniciaremos falando sobre a EOCA.
Como o presente trabalho está baseado na Epistemologia Convergente abordaremos a anamnese ao final e iniciaremos falando sobre a EOCA.
A realização da EOCA tem a intenção
de investigar o modelo de aprendizagem
do sujeito sendo sua prática baseada na
psicologia social de Pichón Rivière,
nos postulados da psicanálise e método
clínico da Escola de Genebra (BOSSA,
2000, p. 44).
Para Visca, a EOCA deverá ser um
instrumento simples, porém rico em seus
resultados. Consiste em solicitar ao
sujeito que mostre ao entrevistador o
que ele sabe fazer, o que lhe ensinaram
a fazer e o que aprendeu a fazer,
utilizando-se de materiais dispostos
sobre a mesa, após a seguinte
observação do entrevistador:
"este material é para que você o
use se precisar para mostrar-me o que te
falei que queria saber de você"
(VISCA, 1987, p. 72).
O entrevistador poderá apresentar
vários materiais tais como: folhas de
ofício tamanho A4, borracha, caneta,
tesoura, régua, livros ou revistas,
barbantes, cola, lápis, massa de
modelar, lápis de cor, lápis de cera,
quebra-cabeça ou ainda outros materiais
que julgar necessários.
O entrevistado tende a comportar-se de
diferentes maneiras após ouvir a
consigna. Alguns imediatamente, pegam o
material e começam a desenhar ou
escrever etc. Outros começam a falar,
outros pedem que lhe digam o que fazer,
e outros simplesmente ficam paralisados.
Neste último caso, Visca nos propõe
empregar o que ele chamou de modelo de
alternativa múltipla (1987, p. 73),
cuja intenção é desencadear respostas
por parte do sujeito. Visca nos dá um
exemplo de como devemos conduzir esta
situação: "você pode desenhar,
escrever, fazer alguma coisa de
matemática ou qualquer coisa que lhe
venha à cabeça..." (1987, p. 73).
Vejamos o que Sara Paín nos fala sobre
esta falta de ação na atividade
"A hora do jogo" (atividade
trabalhada por alguns psicólogos ou
Psicopedagogos que não se aplica à
Epistemologia Convergente, porém é
interessante citar para percebermos a
relação do sujeito com o objeto):
No outro extremo encontramos a criança
que não toma qualquer contato com os
objetos. Às vezes se trata de uma
evitação fóbica que pode ceder ao
estímulo. Outras vezes se trata de um
desligamento da realidade, uma
indiferença sem ansiedade, na qual o
sujeito se dobra às vezes sobre seu
próprio corpo e outras vezes permanece
numa atividade quase catatônica. (1992,
p. 53).
Piaget, em Psicología de la
Inteligência, coloca que:
O indivíduo não atua senão quando
experimenta a necessidade; ou seja;
quando o equilíbrio se acha
momentaneamente quebrado entre o meio e
o organismo, a ação tende a
reestabelecer este equilíbrio, quer
dizer, precisamente, a readaptar o
organismo... (PIAGET apud VISCA, 1991,
p. 41).
De acordo com Visca, o que nos interessa
observar na EOCA são "...seus
conhecimentos, atitudes, destrezas,
mecanismos de defesa, ansiedades, áreas
de expressão da conduta, níveis de
operatividade, mobilidade horizontal e
vertical etc (1987, p. 73).
É importante também observar três
aspectos que fornecerão um sistema de
hipóteses a serem verificados em outros
momentos do diagnóstico:
· A temática - é tudo aquilo que o
sujeito diz, tendo sempre um aspecto
manifesto e outro latente;
· A dinâmica - é tudo aquilo que o sujeito faz, ou seja, gestos, tons de voz, postura corporal, etc). A forma de pegar os materiais, de sentar-se são tão ou mais reveladores do que os comentários e o produto.
· O produto - é tudo aquilo que o sujeito deixa no papel.
(Id. Ibid., 1987, p. 74)
· A dinâmica - é tudo aquilo que o sujeito faz, ou seja, gestos, tons de voz, postura corporal, etc). A forma de pegar os materiais, de sentar-se são tão ou mais reveladores do que os comentários e o produto.
· O produto - é tudo aquilo que o sujeito deixa no papel.
(Id. Ibid., 1987, p. 74)
Visca (1987) observa que o que obtemos
nesta primeira entrevista é um conjunto
de observações que deverão ser
submetidas a uma verificação mais
rigorosa, constituindo o próximo passo
para o processo diagnóstico.
É da EOCA que o psicopedagogo extrairá
o 1º Sistema de hipóteses e definirá
sua linha de pesquisa. Logo após são
selecionadas as provas piagetianas para
o diagnóstico operatório, as provas
projetivas psicopedagógicas e outros
instrumentos de pesquisa complementares.
Visca reuniu em seu livro: El
diagnostico operatório em la practica
psicopedagogica, as provas operatórias
aplicadas no método clínico da Escola
de Genebra por Piaget, no qual expõe
sucintamente os passos em que usou com
grupos de estudo e cursos para o ensino
do diagnóstico psicopedagógico,
comentando o porque de cada passo.
A aplicação das provas operatórias
tem como objetivo determinar o nível de
pensamento do sujeito realizando uma
análise quantitativa, e reconhecer a
diferenças funcionais realizando um
estudo predominantemente qualitativo.
(Id. Ibid., p. 11, 1995).
O autor nos alerta que as provas
"...no siempre han sido
adecuadamente entendidas y utilizadas de
acuerdo com todas las posibilidades que
las mismas poseen" (1995, p. 11).
Isto se deve, talvez, a uma certa
dificuldade de sua correta aplicação,
evolução e extração das conclusões
úteis para entender a aprendizagem.
Segundo Weiss:
As provas operatórias têm como
objetivo principal determinar o grau de
aquisição de algumas noções-chave do
desenvolvimento cognitivo, detectando o
nível de pensamento alcançado pela
criança, ou seja, o nível de estrutura
cognoscitiva com que opera (2003, p.
106).
Ela ainda nos alerta que não se deve
aplicar várias provas de conservação
em uma mesma sessão, para se evitar a
contaminação da forma de resposta.
Observa que o psicopedagogo deverá
fazer registros detalhados dos
procedimentos da criança, observando e
anotando suas falas, atitude, soluções
que dá às questões, seus argumentos e
juízos, como arruma o material. Isto
será fundamental para a interpretação
das condutas.
Para a avaliação as respostas são
divididas em três níveis:
· Nível 1: Não há conservação, o
sujeito não atinge o nível operatório
nesse domínio.
· Nível 2 ou intermediário: As respostas apresentam oscilações, instabilidade ou não são completas. Em um momento conservam, em outro não.
· Nível 3: As respostas demonstram aquisição da noção sem vacilação.
· Nível 2 ou intermediário: As respostas apresentam oscilações, instabilidade ou não são completas. Em um momento conservam, em outro não.
· Nível 3: As respostas demonstram aquisição da noção sem vacilação.
Muito interessante o que Weiss nos diz
sobre as diferentes condutas em provas
distintas:
...pode ocorrer que o paciente não
obtenha êxito em apenas uma prova,
quando todo o conjunto sugere a sua
possibilidade de êxito. Pode-se ver se
há um significado particular para a
ação dessa prova que sofra uma
interferência emocional: encontramos
várias vezes crianças, filhos de pais
separados e com novos casamentos dos
pais, que só não obtinham êxito na
prova de intersecção de classes.
Podemos ainda citar crianças muito
dependentes dos adultos que ficam
intimidadas com a contra-argumentação
do terapeuta, e passam a concordar com o
que ele fala, deixando de lado a
operação que já são capazes de fazer
(2003, p. 111).
Em relação a crianças com alguma
deficiência mental ela nos diz que:
No caso de suspeita de deficiência
mental, os estudos de B. Inhelder (1944)
em El diagnóstico del razonamiento en
los débiles mentales mostram que os
oligofrênicos (QI 0-50) não chegam a
nenhuma noção de conservação; os
débeis mentais (QI 50-70) chegam a ter
êxito na prova de conservação de
substância; os fronteiriços (QI 70-80)
podem chegar a ter sucesso na prova de
conservação de peso; os chamados de
inteligência normal "obtusa"
ou "baixa", podem obter êxito
em provas de conservação de volume, e
às vezes, quando bem trabalhados, podem
atingir o início do pensamento formal
(2003, p.111-112).
Visca também reuniu em um outro livro:
Técnicas proyetivas psicopedagogicas,
as provas projetivas, cuja aplicação
tem como objetivo investigar os
vínculos que o sujeito pode estabelecer
em três grandes domínios: o escolar, o
familiar e consigo mesmo, através dos
quais é possível reconhecer três
níveis em relação ao grau de
consciência dos distintos aspectos que
constituem o vínculo de aprendizagem.
Sobre as provas projetivas Weiss observa
que:
O princípio básico é de que a maneira
do sujeito perceber, interpretar e
estruturar o material ou situação
reflete os aspectos fundamentais do seu
psiquismo. É possível, desse modo,
buscar relações com a apreensão do
conhecimento como procurar, evitar,
distorcer, omitir, esquecer algo que lhe
é apresentado. Podem-se detectar,
assim, obstáculos afetivos existentes
nesse processo de aprendizagem de nível
geral e especificamente escolar (2003,
p. 117)
Para Sara Paín, o que podemos avaliar
através do desenho ou relato é a
capacidade do pensamento para construir
uma organização coerente e harmoniosa
e elaborar a emoção. Também
permitirá avaliar a deteriorização
que se produz no próprio pensamento.
Esta autora ainda nos diz que o
pensamento fala através do desenho onde
se diz mal ou não se diz nada, o que
oferece a oportunidade de saber como o
sujeito ignora (1992, p. 61).
De acordo com a Epistemologia Convergente, após a aplicação das provas operatórias e das técnicas projetivas o psicopedagogo levantará o 2º Sistema de hipóteses e organizará sua linha de pesquisa para a anamnese que, como já vimos, terá lugar no final do processo diagnóstico, de modo a não contaminar previamente a percepção do avaliador.
De acordo com a Epistemologia Convergente, após a aplicação das provas operatórias e das técnicas projetivas o psicopedagogo levantará o 2º Sistema de hipóteses e organizará sua linha de pesquisa para a anamnese que, como já vimos, terá lugar no final do processo diagnóstico, de modo a não contaminar previamente a percepção do avaliador.
Weiss nos diz que:
As observações sobre o funcionamento
cognitivo do paciente não são
restritas às provas do diagnóstico
operatório; elas devem ser feitas ao
longo do processo diagnóstico. Na
anamnese verifica-se com os pais como se
deu essa construção e as distorções
havidas no percurso;... (2003, p.106).
A anamnese é uma das peças
fundamentais deste quebra-cabeça que é
o diagnóstico. Através dela nos serão
reveladas informações do passado e
presente do sujeito juntamente com as
variáveis existentes em seu meio.
Observaremos a visão da família sobre
a história da criança, seus
preconceitos, expectativas, afetos,
conhecimentos e tudo aquilo que é
depositado sobre o sujeito.
... toda anamnese já é, em si, uma
intervenção na dinâmica familiar em
relação à "aprendizagem de
vida". No mínimo se processa uma
reflexão dos pais, um mergulho no
passado, buscando o início da vida do
paciente, o que inclui espontaneamente
uma volta à própria vida da família
como um todo (Id. Ibid., 2003, p. 63).
Segundo Weiss, o objetivo da anamnese é
"colher dados significativos sobre
a história de vida do paciente"
(2003, p. 61).
Consiste em entrevistar o pai e/ou a
mãe, ou responsável para, a partir
disso, extrair o máximo de
informações possíveis sobre o
sujeito, realizando uma posterior
análise e levantamento do 3º sistema
de hipóteses. Para isto é preciso que
seja muito bem conduzida e registrada.
O psicopedagogo deverá deixá-los à
vontade "... para que todos se
sintam com liberdade de expor seus
pensamentos e sentimentos sobre a
criança para que possam compreender os
pontos nevrálgicos ligados à
aprendizagem". (Id. Ibid., 2003, p.
62).
Deixá-los falar espontaneamente permite ao psicopedagogo avaliar o que eles recordam para falar, qual a seqüência e a importância dos fatos. O psicopedagogo deverá complementar ou aprofundar.
Deixá-los falar espontaneamente permite ao psicopedagogo avaliar o que eles recordam para falar, qual a seqüência e a importância dos fatos. O psicopedagogo deverá complementar ou aprofundar.
Conforme Weiss, em alguns casos deixa-se
a família falar livremente. Em outros,
a depender das características da
família, faz-se necessário recorrer a
perguntas sempre que necessário. Os
objetivos deverão estar bem definidos,
e a entrevista deverá ter um caráter
semidiretivo (2003, p. 64).
De acordo com Paín, a história vital
nos permitirá "...detectar o grau
de individualização que a criança tem
com relação à mãe e a conservação
de sua história nela" (1992, p.
42).
É importante iniciar a entrevista
falando sobre a gravidez, pré-natal,
concepção. Weiss nos informa que,
"A história do paciente tem
início no momento da concepção. Os
estudos de Verny (1989) sobre a
Psicologia pré-natal e perinatal vêm
reforçar a importância desses momentos
na vida do indivíduo e, de algum modo,
nos aspectos inconscientes de
aprendizagem" (2003, p. 64).
Algumas circunstâncias do parto como
falta de dilatação, circular de
cordão, emprego de fórceps, adiamento
de intervenção de cesárea,
"costumam ser causa da destruição
de células nervosas que não se
reproduzem e também de posteriores
transtornos, especialmente no nível de
adequação perceptivo-motriz"
(PAÍN, 1992, p. 43).
É interessante perguntar se foi uma gravidez desejada ou não, se foi aceito pela família ou rejeitado. Estes pontos poderão determinar aspectos afetivos dos pais em relação ao filho.
É interessante perguntar se foi uma gravidez desejada ou não, se foi aceito pela família ou rejeitado. Estes pontos poderão determinar aspectos afetivos dos pais em relação ao filho.
Posteriormente é importante saber sobre
as primeiras aprendizagens não
escolares ou informais, tais como: como
aprendeu a usar a mamadeira, o copo, a
colher, como e quando aprendeu a
engatinhar, a andar, a andar de
velocípede, a controlar os
esfíncteres, etc. A intenção é
descobrir "em que medida a família
possibilita o desenvolvimento cognitivo
da criança - facilitando a construção
de esquemas e deixando desenvolver o
equilíbrio entre assimilação e
acomodação...". (WEISS, 2003,
p.66).
É interessante saber sobre a evolução geral da criança, como ocorreram seus controles, aquisição de hábitos, aquisição da fala, alimentação, sono etc., se ocorreram na faixa normal de desenvolvimento ou se houve defasagens.
É interessante saber sobre a evolução geral da criança, como ocorreram seus controles, aquisição de hábitos, aquisição da fala, alimentação, sono etc., se ocorreram na faixa normal de desenvolvimento ou se houve defasagens.
Se a mãe não permite que a criança
faça as coisas por si só, não permite
também que haja o equilíbrio entre
assimilação e acomodação. Alguns
pais retardam este desenvolvimento
privando a criança de, por exemplo,
comer sozinha para não se lambuzar,
tirar as fraldas para não se sujar e
não urinar na casa, é o chamado de
hipoassimilação (PAÍN, 1992), ou
seja, os esquemas de objeto permanecem
empobrecidos, bem como a capacidade de
coordená-los.
Por outro lado há casos de
internalização prematura dos esquemas,
é o chamado de hiperassimilação
(PAÍN, 1992), pais que forçam a
criança a fazer determinadas coisas das
quais ela ainda não está preparada
para assimilar, pois seu organismo ainda
está imaturo, o que acaba desrealizando
negativamente o pensamento da criança.
Sobre o que acabamos de mencionar Sara Paín nos diz que é interessante saber se as aquisições foram feitas pela criança no momento esperado ou se foram retardadas ou precoces. "Isto nos permite estabelecer um quociente aproximado de desenvolvimento, que se comparará com o atual, para determinar o deterioramento ou incremento no processo de evolução" (1992, p. 45).
Sobre o que acabamos de mencionar Sara Paín nos diz que é interessante saber se as aquisições foram feitas pela criança no momento esperado ou se foram retardadas ou precoces. "Isto nos permite estabelecer um quociente aproximado de desenvolvimento, que se comparará com o atual, para determinar o deterioramento ou incremento no processo de evolução" (1992, p. 45).
A mesma autora aconselha insistirmos
"... nas modalidades para a
educação do controle dos esfíncteres
quando apareçam perturbações na
acomodação... " (1992, p. 42).
Weiss nos orienta também saber sobre a
história clínica, quais doenças, como
foram tratadas, suas conseqüências,
diferentes laudos, seqüelas.
A história escolar é muito importante,
quando começou a freqüentar a escola,
sua adaptação, primeiro dia de aula,
possíveis rejeições, entusiasmo,
porque escolheram aquela escola, trocas
de escola, enfim, os aspectos positivos
e negativos e as conseqüências na
aprendizagem.
Todas estas as informações essenciais
da anamnese devem ser registradas para
que se possa fazer um bom diagnóstico.
Encerrada a anamnese, o psicopedagogo
levantará o 3º sistema de hipóteses.
A anamnese deverá ser confrontada com
todo o trabalho do diagnóstico para se
fazer a devolução e o encaminhamento.
Devolução no dicionário é o ato de
devolver, de dar de volta (ROCHA, 1996,
p. 208). No sentido da clínica
psicopedagógica a devolução é uma
comunicação verbal, feita aos pais e
ao paciente, dos resultados obtidos
através de uma investigação que se
utilizou do diagnóstico para obter
resultados.
"... talvez o momento mais
importante desta aprendizagem seja a
entrevista dedicada à devolução do
diagnóstico, entrevista que se realiza
primeiramente com o sujeito e depois com
os pais (quando se trata de uma
criança, é claro)" (PAÍN, 1992,
p. 72).
Segundo Weiss, no caso da criança, é
preciso fazer a devolução
utilizando-se de uma linguagem adequada
e compreensível para sua idade para que
não fique parecendo que há segredos
entre o terapeuta e os pais, ou que o
terapeuta os traiu (1992, p. 130).
É perfeitamente normal que, neste
momento, exista muita ansiedade para
todos os envolvidos no processo, seja o
psicopedagogo, o paciente e os pais.
Muitas vezes algumas suspeitas
observadas ao longo do diagnóstico
tendem a se revelar no momento da
devolução, "ficam evidentes
nestas falas as fantasias que chegam ao
momento da devolução, e que estiveram
presentes durante todo o processo
diagnóstico" (Id. Ibid., 2003, p.
130).
Alguns pais chegam à devolução sem
terem consciência ou camuflam o que
sabem sobre seu filho. É preciso tomar
consciência da situação e
providenciar suas transformações, caso
contrário, não será possível
realizar um contrato de tratamento.
Weiss orienta organizar os dados sobre o paciente em três áreas: pedagógica, cognitiva e afetivo-social, e posteriormente rearrumar a seqüência dos assuntos a serem abordados, a que ponto dará mais ênfase. É necessário haver um roteiro para que o psicopedagogo não se perca e os pais não fiquem confusos. Tudo deve ser feito com muito afeto e seriedade, passando segurança. Os pais, assim, muitas vezes acabam revelando algo neste momento que surpreende e acaba complementando o diagnóstico.
Weiss orienta organizar os dados sobre o paciente em três áreas: pedagógica, cognitiva e afetivo-social, e posteriormente rearrumar a seqüência dos assuntos a serem abordados, a que ponto dará mais ênfase. É necessário haver um roteiro para que o psicopedagogo não se perca e os pais não fiquem confusos. Tudo deve ser feito com muito afeto e seriedade, passando segurança. Os pais, assim, muitas vezes acabam revelando algo neste momento que surpreende e acaba complementando o diagnóstico.
É importante que se toque inicialmente
nos aspectos mais positivos do paciente
para que o mesmo se sinta valorizado.
Muitas vezes a criança já se encontra
com sua auto-estima tão baixa que a
revelação apenas dos aspectos
negativos acabam perturbando-o ainda
mais, o que acaba por inviabilizar a
possibilidade para novas conquistas.
Depois deverão ser mencionados os
pontos causadores dos problemas de
aprendizagem.
Posterior a esta conduta deverá ser
mencionada as recomendações como troca
de escola ou de turma, amenizar a
super-proteção dos pais, estimular a
leitura em casa etc, e as indicações
que são os atendimentos que se julgue
necessário como psicopedagogo,
fonoaudiólogo, psicólogo, neurologista
etc.
Em casos de quadros psicóticos,
neuroses graves ou outras patologias, é
necessário um tratamento psicoterápico
inicial, até que o paciente atinja um
ponto tal que tenha condições de
perceber a sua própria necessidade de
aprender e crescer no que respeita à
escolaridade; é preciso que se instale
nele o desejo de aprender (Weiss, 2003,
p. 136).
Muitas vezes faz-se necessário o encaminhamento para mais de um profissional. E isto complica quando a família pertence a um baixo nível socioeconômico. É importante que no momento da devolução o psicopedagogo tenha algumas indicações de instituições particulares e públicas que ofereçam serviços gratuitos ou com diferentes formas pagamento. Isto evita que o problema levantado pelo diagnóstico não fique sem uma posterior solução.
Muitas vezes faz-se necessário o encaminhamento para mais de um profissional. E isto complica quando a família pertence a um baixo nível socioeconômico. É importante que no momento da devolução o psicopedagogo tenha algumas indicações de instituições particulares e públicas que ofereçam serviços gratuitos ou com diferentes formas pagamento. Isto evita que o problema levantado pelo diagnóstico não fique sem uma posterior solução.
O informe é um laudo do que foi
diagnosticado. Ele é solicitado muitas
vezes pela escola, outros profissionais
etc. Quaisquer que sejam os solicitantes
é importante não redigir o mesmo
laudo, pois existem informações que
devem ser resguardadas, ou seja, para
cada solicitante deve-se redigir
informações convenientes. Sua
finalidade é "resumir as
conclusões a que se chegou na busca de
respostas às perguntas que motivaram o
diagnóstico" (Id. Ibid., 2003, p.
138).
A mesma autora sugere o seguinte roteiro
para o informe:
I. Dados pessoais;
II. Motivo da avaliação - encaminhamento;
III. Período da avaliação e número de sessões;
IV. Instrumentos usados;
V. Análise dos resultados nas diferentes áreas: pedagógica, cognitiva, afetivo-social, corporal.
VI. Síntese dos resultados - hipótese diagnóstica;
VII. Prognóstico;
VIII. Recomendações e indicações;
IX. Observações: acréscimo de dados conforme casos específicos.
Bibliografia:
BOSSA, Nadia A. A psicopedagogia no Brasil: contribuições a partir da prática. Porto Alegre, Artes Médicas, 2000.
______________. Dificuldades de
Aprendizagem: O que são? Como Tratá-las? Porto Alegre, Artes Médicas
Sul, 2000.
BOSSE, Vera R. P. O material disparador
- considerações preliminares de uma
experiência clínica psicopedagógica.
In: Psicopedagogia, Rev 14 (33), São
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