sexta-feira, 6 de setembro de 2013

A unidade transcendente das religiões é um conceito-chave da Filosofia Perene.


unidade transcendente das religiões é um conceito-chave da Filosofia Perene.
Formulado por Frithjof Schuon1 na obra de mesmo nome (1948), no qual o autor sustenta, em síntese, que a unidade das grandes religiões mundiais (CristianismoIslãBudismoHinduísmoTaoísmo) deve ser buscada no plano metafísico, espiritual e transcendente. Dado que no plano dos dogmas, ritos e moralidades as religiões inevitavelmente se opõem, pois as formas são diversas, mas a essência transcendente é convergente.
A edição em português mais recente de A Unidade Transcendente das Religiões, traduzida a partir da última edição francesa, de 1979, foi lançada em São Paulo, em 2011, pela editora do IRGET (Instituto René Guénon de Estudos Tradicionais). A primeira edição em português foi publicada pela editora Martins, em São Paulo, em 1952. O original francês foi publicado em Paris, em 1948.
O conceito de unidade transcendente aponta para o fato de que, no coração de cada religião, há um cerne de verdade—sobre Deus, o homem, a oração e a moralidade—que é idêntico.
As diversas religiões mundiais são de fato diferentes –- e esta é precisamente a razão de ser. É o cerne essencial que é idêntico, não a forma exterior. De acordo com Frithjof Schuon, todas as grandes religiões são reveladas por Deus, e é por causa disso que cada qual fala em termos absolutos. Se não o fizesse, não seria uma religião, nem poderia oferecer os meios de salvação.2
O conceito subjacente e por assim dizer implícito da "unidade transcendente" pode ser encontrado na antiga Grécia, particularmente em Platão e, mais tarde, nos neoplatónicos. No Cristianismo, Mestre Eckhart (no Catolicismo) e São Gregório Palamas (no Cristianismo oriental) apontaram para a mesma idéia, a qual é também encontrada no Islã, sobretudo na vertente mística, o Sufismo. Segundo este teoria todas as religiões possuiriam, além de uma dimensão exterior ou exotérica, legal ou convencional, uma dimensão esotérica ou interior, que é simultaneamente universal e que se abre para as outras formulações desta mesma verdade. E é justamente tal universalidade que o conceito de Schuon almeja abarcar.3

Referências

Ver também




Frithjof Schuon (Basiléia18 de junho de 1907 — Bloomington5 de maio de 1998) foi um mestre espiritual, metafísico, filósofo das religiões, poeta e pintor, principal porta-voz da Filosofia Perene, juntamente com René Guénon.
Nascido na Suíça alemã, Frithjof Schuon se estabeleceu em Paris na juventude, onde exerceu seu ofício de desenhista têxtil. De perfil filosófico e espiritual, absorveu jovem ainda as obras de Platão e do Vedanta indiano, interessando-se ao mesmo tempo pela sabedoria mística e esotérica das grandes religiões mundiais, especialmente pelo Cristianismo,Islã e Budismo.
Leitor do metafísico francês René Guénon, ele viajou ao Cairo em 1938 e em 1939 para conhecê-lo pessoalmente. No Magrebe, buscou o conhecimento espiritual dos mestres sufis, tendo contatado especialmente a tariqa (confraria mística) do celebre mestre SufiAhmad al-Alawi.
Após a Segunda Grande Guerra, Schuon, então residente em Lausanne, empreendeu diversas viagens internacionais, com o objetivo de contatar autoridades espirituais das diversas tradições e recolher material para seus livros. Visitou a Índia, o Egito, o Marrocos, Grécia, Espanha e as planícies da América do Norte, para travar contato direto com o patrimônio espiritual dos índios. Sua Via espiritual, centrada na "religio perennis", difundiu-se ao longo das últimas décadas pela Europa, América do Norte, América do Sul e Ásia.
Frithjof Schuon faleceu em 5 de maio de 1998 em Bloomington, Indiana, EUA, para onde havia emigrado em 1980.


Filosofia Perene é um termo geralmente usado como sinônimo de Sanatana Dharma (sânscrito para “Verdade perene ou eterna”).
O filósofo alemão Gottfried Leibniz o utilizou para designar a filosofia comum e eterna subjacente às grandes religiões mundiais, em particular as místicas ou esoterismos. O termo foi cunhado na época do Renascimento por Agostinho Steuco, bibliotecário doVaticano no século XVI, no livro De Perenni Philosophia libri X, de 1540.
Santo Agostinho (354-430) de certa forma se referiu à sabedoria perene quando escreveu: “Aquilo que hoje é chamado de religião cristã já existia entre os antigos e nunca cessou de existir desde as origens do gênero humano, até o tempo em que o próprio Cristo veio e os homens começaram a chamar de cristã a verdadeira religião que já existia anteriormente.” (De Vera Religione: X, 19)
O conceito é o princípio fundamental da “Escola Perenialista” (ou Tradicionalista), formalizada nos escritos dos metafísicos Frithjof Schuon (1907-1998) e René Guénon (1886-1951). A ideia central da Filosofia Perene é que a Verdade metafísica fundamental é una, universal e perene, e que as diferentes religiões constituem distintas linguagens que expressam esta Verdade única.
A Filosofia Perene reconhece o fato de que os sistemas de PitágorasPlatãoAristóteles e Plotino indubitavelmente expõem as mesmas verdades que estão no coração do Cristianismo. Subsequentemente, o significado do termo foi ampliado para englobar as metafísicas e as místicas das grandes religiões mundiais, especialmente CristianismoIslãBudismo e Hinduísmo.
Um dos conceitos fundamentais da Escola Perenialista é o da "unidade transcendente das religiões" – título do primeiro livro de Frithjof Schuon publicado no Brasil. Ele afirma que, no coração de cada religião, há um cerne de verdade (sobre Deus, o homem, a oração e a moralidade) que é idêntico. As diversas religiões mundiais são, de fato, diferentes – e esta é precisamente sua razão de ser. É o cerne essencial que é idêntico, não a forma exterior. Todas as grandes religiões mundiais foram reveladas por Deus, e é por causa disso que cada qual fala em termos absolutos. Se não o fizesse, não seria uma religião, nem poderia oferecer os meios de salvação.
Mais recentemente, o termo foi popularizado pelo autor britânico Aldous Huxley, no livro de 1945, The Perennial Philosophy.

Livros em Português

Entre os livros da Filosofia Perene publicados em Português, incluem-se:
    • A Crise do Mundo Moderno (Lisboa, 1977)
    • O Reino da Quantidade e os Sinais dos Tempos (Lisboa, 1989)
    • Os Símbolos da Ciência Sagrada (São Paulo, 1989)
    • A Grande Tríade (São Paulo, 1983)
    • O Rei do Mundo (Lisboa, 1982)
    • O esoterismo de Dante (Lisboa, 1995) ISBN 9789726994930
    • A Filosofia Perene: uma interpretação dos grandes místicos do Oriente e do Ocidente ( Ed. Globo, 2010)
    • Ocultismo e Religião: em Freud, Jung e Mircea Eliade (São Paulo, 2011). Em co-autoria com Harry OldmeadowISBN 978-85-348-0336-6
    • Homens de um livro só: o Fundamentalismo no Islã, no Cristianismo e no pensamento moderno (Rio de Janeiro, 2008) ISBN 978-85-7701-283-1
    • A Inteligência da Fé: Cristianismo, Islã, Judaísmo (Rio de Janeiro, 2006)
    • Mística Islâmica: convergência com a espiritualidade cristã (Petrópolis, 2001) ISBN 85-326-2357-3
    • Iniciação ao Islã e Sufismo (Rio de Janeiro, 2000)

Ver também[editar]





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