domingo, 12 de julho de 2020

DIETA SATTVICA: ALIMENTAÇÃO SEM CARNES




O Ayurveda coloca que as qualidades ou características que influenciam nossa mente são chamadas de Mahagunas, são elas: Sattva (pureza, equilíbrio e espiritualidade), Rajas (paixões, desejos e apegos) e Tamas (embotamento, inercia e ignorância). Durante a abordagem terapêutica ayurvedica devemos gradualmente aumentar a qualidade Sattva (equilíbrio) e diminuir as características Rajas (paixões) e Tamas ( embotamento) na nossa mente. Com este objetivo o Charaka Samhita (principal texto de clínica médica ayurvedica) recomenda: estudo das escritures, autoconhecimento, coragem mental necessária para evitar hábitos deletérios a nossa saúde, memória para relembrar efeitos nocivos de experiências passadas e prática de concentração da mente através de Yoga e meditação.
    A recomendação geral do Ayurveda é dividir o estomago em 4 partes: dois quartos ou a metade de comida, um quarto de líquido morno ou temperatura ambiente, como chá de erva doce e um quarto vazio para a movimentação do suco gástrico. A mensagem aqui é nunca levantar-se da mesa empanturrado. A refeição deve ser realizada na mesa com consciência da importância do ato de alimentar-se. Sempre devemos mastigar adequadamente os alimentos e deixar um pequeno espaço no estomago no final da refeição. O uso moderadamente de condimentos é recomendado para estimular o poder digestório (agni). Somente devemos comer se a refeição anterior tiver sido adequadamente digerida, ou seja, sentirmos fome. Além disto devemos buscar alimentos que nós conseguimos imaginar crescendo na natureza, da mesma região e estação do ano, ou seja, a comida de verdade encontrada nas feiras.     
   A Bhagavad Gita, principal texto da filosofia indiana, divide os alimentos de acordo com a qualidade ou característica que eles trazem na mente das pessoas. Os alimentos sattvicos promovem longevidade, vitalidade, saúde, alegria e uma fome saudável: frutas, legumes, verduras, leite e derivados orgânicos, ghee, mel, tâmaras, castanhas e nozes (dieta vegetariana). Os alimentos rajasicos estimulam os sentidos e as paixões: alho, cebola, pimentas, gengibre, ovos, peixes, aves e cordeiro. Porem a comida tamásica gera embotamento mental. O mestre Yogananda, autor da “Autobiografia de um Iogue”, afirma nos seus comentários ao Bhagavad Gita: “Entre os alimentos mais tamásicos consumidos, comumente, na sociedade moderna são as carnes de formas elevadas de vida animal, especialmente a carne bovina e o porco e os produtos derivados deles”.
   No seu excelente livro “Alimentação Sem Carne” o dr Eric Slywitch questiona: “O  que é ser vegetariano ? Ser vegetariano significa ter como princípio não comer produtos que implicaram na morte de qualquer ser do reino animal. Se você parar de comer qualquer tipo de carne ( de boi, frango, peixe, porco, cabrito, molusco…) você receberá a denominação de vegetariano”. A palavra vegetariano vem do latim vegetus, que significa forte, robusto ou vigoroso. Mas por que nós optamos por uma dieta vegetariana? Basicamente existem 4 principais razões:
  1. A razão ética: algumas pessoas optam pelo vegetarianismo por considerar que os animais têm direito a vida e que o uso dos animais na alimentação gera, indubitavelmente, muito sofrimento desnecessário ao animal.
  2. A razão de saúde: algumas pessoas tornam-se vegetarianas por que acreditam que uma alimentação sem carne é mais saudável.
  3. A razão espiritual-religiosa: algumas religiões e também sendas espirituais recomendam o vegetarianismo como a melhor alimentação para o desenvolvimento espiritual do ser humano. Como exemplo citamos: religião  adventista, hinduísmo, budismo, seguidores de praticas Yoga e meditação.
  4. A razão ambiental: a criação de bovinos foi a principal causa da destruição da mata atlântica e é hoje a principal causa de destruição da Amazônia. Os especialista afirmam que a exportação da carne brasileira vem associado com o “ cheiro de floresta queimada”. Por isto é, considerado por muitos, o pior negócio do planeta pois a destruição da Amazônia e o impacto ambiental negativo não está incluído no preço da carne. Parar de comer carne protege a natureza.  
Um importante motivo para nos tornarmos vegetarianos foram os relevantes benefícios a saúde que foram confirmados em diversas pesquisas:
  1. Redução de mortes por infartos em vegetarianos: cerca de 31 % dos homens e 20 % das mulheres.
  2. Menor pressão arterial: com redução de 5 a 10 mmHg nos vegetarianos.
  3. Redução no risco de apresentar diverticulite: foi observado que as pessoas que não comem carne têm um risco 50 % menor de ter diverticulite.
  4. Risco de apresentar diabetes: em uma pesquisa os vegetarianos tiveram um risco de 50 % menor de apresentar diabetes.
  5. Risco de câncer: uma pesquisa demonstrou que os vegetarianos apresentam um risco menor de 40 % de ter uma morte por câncer.
  6. Câncer de intestino grosso: o consumo regular de carne está associado a um risco 88 % maior de desenvolver câncer de intestino grosso.
  7. Câncer de próstata: o consumo regular de carne, também, aumenta em 54 % o risco de se desenvolver câncer de próstata.
   Com todas estas importantes razões e evidencias deveríamos repensar a nossa alimentação e buscar uma dieta mais saudável para a nosso corpo, mente e espírito. Terminamos com a afirmação do mestre Yogananda no belíssimo livro “A Segunda Vinda de Cristo”: “É verdade que aqueles que estão, ainda, no estágio de desenvolvimento da disciplina espiritual deveriam preferir uma dieta vegetariana”.
Prof. Dr. Aderson Moreira da Rocha. Médico de família, reumatologista, especialista em acupuntura pela Associação Médica Brasileira e especialista em Ayurveda pela Associação Brasileira de Ayurveda. Tel: (21) 25373251. Visite: www.ayurveda.com.br                            

Aderson Moreira Da Rocha

Médico de família, reumatologista, acupunturista e especialista em Ayurveda pelo Arya Vaidya Phramacy, tradicional escola de Ayurveda do sul da Índia. Mestre e doutor em Saúde Coletiva pelo Instituto de Medicina Social da UERJ, presidente da Associação Brasileira de Ayurveda e autor do livro “ A Tradição do Ayurveda” pela editora Águia Dourada.




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