Viúva de Toninho do PT reafirma que o marido morreu por ferir interesses
Em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito dos Bingos, Roseana Morais Garcia, viúva de Antônio da Costa Santos, o Toninho do PT - prefeito de Campinas (SP) assassinado em setembro de 2001 - voltou a afirmar nesta terça-feira (8) que o marido foi morto por questões político-administrativas, não tendo sido vítima de crime comum, conforme reconheceu a polícia civil de São Paulo.
Para Roseana Garcia, Toninho morreu por ferir interesses de "gente graúda", incluindo os de figuras importantes na história do PT, como o ex-prefeito do município Jacó Bittar, que saiu do partido em 1990. Mas disse desconhecer qualquer esquema destinado a cobrar propina de empresários de Campinas para abastecer futuras campanhas eleitorais, inclusive a do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Num depoimento emocionado, Roseana denunciou que o inquérito que apurou a morte de Toninho "foi mal conduzido" e sustentou que tudo leva a crer que Toninho foi assassinado por denunciar superfaturamento de obras e licitações públicas com "cartas marcadas". Ela citou a licitação para construção do metrô de superfície de Campinas, que jamais entrou em funcionamento, no valor de US$ 80 milhões.
-Por que não interessa a ninguém investigar a morte do Toninho do PT, bem como a do ex-prefeito de Santo André, Celso Daniel? - indagou Roseana Garcia, ao estranhar que a Polícia Federal, na época, ou seja, em 2001, não tenha apurado a morte do marido.
Polícia Federal
O senador Aloizio Mercadante (PT-SP) informou que, por solicitação do Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana, o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, determinou que a Polícia Federal passasse a investigar o assassinato do prefeito. O senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) enalteceu a decisão do ministro e solicitou ao presidente da CPI dos Bingos, senador Efraim Morais (PFL-PB), que se congratulasse oficialmente com Márcio Thomaz Bastos. A senadora Heloísa Helena (PSOL-AL) observou, no entanto, que a decisão foi tardia.
Roseana Garcia estranhou que Lula, ao ser eleito presidente da República, não tenha acionado, de imediato, a Polícia Federal para apurar a morte do prefeito de Campinas, conforme havia prometido a ela.
A viúva de Toninho do PT disse achar estranho ainda que as autoridades policiais não tenham preservado o local do crime e nem o gabinete do prefeito assassinado para posteriores análises periciais. Além disso, segundo Roseana, a morte de Toninho poderia ter sido acertada no interior de um bingo com sede em Campinas, e supostamente testemunhada por um garçom que já chegou a depor na polícia usando o codinome Jack. A CPI resolveu requisitar o depoimento do garçom.
Sílvio Pereira
Nesta quarta-feira (9), a partir das 11h30, a CPI dos Bingos ouve o ex-secretário-geral do PT Sílvio Pereira e o médico e deputado federal Jamil Murad (PCdoB-SP), que acompanhou a necropsia do corpo de Celso Daniel, prefeito de Santo André (SP), também assassinado, em janeiro de 2002.
(Cláudio Bernardo)
Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)
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