Acredito eu que Zé Dirceu nunca deixou de ter seus passos monitorados por algum serviço de inteligência, não apenas brasileiro. A CIA conhece, o FBI conhece, o MI5, ou MI6, conhece, o Mossad conhece, a Interpol conhece, e todos os serviços de inteligência que monitoram bandidos conhecem. Saber o que ele faz não tem a ver com ideologia, mas com criminalidade.
Garanto também que sabem sobre ele muita coisa que nós não sabemos, porque não são assuntos tratados a luz do dia. Pode haver ligações com tráfico de drogas, tráfico de armas, tráfico de pessoas, tráfico de órgãos, prostituição, desestabilização social interna e externa e outros tantos temas que são tabus até mesmo dentro do judiciário. Mas, nessa fase da nossa falida república, não virão à luz porque não interessa a ninguém que está no primeiro andar dos poderes da nação. Além disso, o verniz ideológico e revolucionário disfarça tudo isso, finge que é outra coisa.
Dirceu chorava ao ver Fidel Castro. Mas queria ser Che Guevara. Criou Dilmo para ter um Fidel para chamar de seu.
Copiou a arrogância de Guevara, o desprezo pelas regras, pela vida das pessoas, a insensibilidade com as consequências de seus atos na vida de uma nação, dor e desgraça para obter poder - e o prazer de exercer poder sobre fatos e pessoas, não importa o preço.
Todo mundo sempre soube o que José Dirceu fazia, antes, durante e depois de sua passagem pelo governo. Mas deixaram fazer. E deixaram tanto que, há um bom tempo, quem deixa ou não deixa fazer é ele. É ele quem manda. Em tudo. Dilmo não tem 5% da inteligência de Zé Dirceu. É, desde sempre, seu boneco de ventríloquo. E quando tenta falar sozinho, ou é comandado pela voz de sua cuidadora, só faz e fala bobagem.
Se fosse falar sobre todos os feitos de Dirceu daria um livro (se escrevesse ele seria o vilão, obviamente), mas dá pra falar dos momentos significativos.
A articulação junto ao empresariado que viabilizou a eleição de Dilmo em 2002 foi feita por Zé Dirceu. Palocci foi só o operador que obedecia a ele quando teve que sair do governo, Do mesmo jeito foram montados o primeiro, segundo e terceiro escalões dos dois primeiros mandatos de Dilmo, e muito provavelmente do atual mandato também. A estrutura de corrupção também foi concebida por ele, detalhe por detalhe. E também saiu da cabeça dele a alternativa de ser sacrificado no mensalão para salvar Dilmo naquele momento.
Um provável erro estratégico de Dirceu foi ter avalizado ou deixado Dilmo escolher Dilma para ser presidente. Talvez o maior de todos. Acreditou na voz do seu boneco Dilmo que acreditava que Dilma era sua boneca. Mas não foi assim que a coisa rolou. Dilma achou que era um Pinóquio que não precisava de seu Gepeto, começou a mentir por conta própria e descumpriu o acordo de ceder a candidatura de 2014 para Dilmo, provavelmente ameaçando dizer verdades que derrubariam os dois. Assim, deixou ambos sem ação e Dilmo não pode se candidatar. Veio a Lava Jato e melou tudo. Então, foi mais uma vez a astúcia de Zé Dirceu que resolveu o problema: queimaram Dilma de uma vez. Perdido por um, perdido dez.
Durante os anos entre o Mensalão e a Lava Jato, Dirceu alternou entre a cadeia e a liberdade algumas vezes, e foram nos momentos fora da cadeia que o PT e a esquerda conseguiram impor reações à Lava Jato. E foi logo após sua última soltura, em 2018, que o STF passou a mudar a jurisprudências, entendimentos, julgamentos, reinterpretar leis, e qualquer coisa que seu mestre mandasse. Afinal, ninguém ali quer aparecer em vídeo pornô com crianças. E não por acaso, foi também em 2018 que conhecemos um personagem chamado Adélio Bispo.
Enquanto Dilmo mente 24 horas por dia, Dirceu é a mente que faz o crime organizado desorganizar o país, que inspira leis como a lei do abuso de autoridade, linda mordaça, que impediu que a lei do voto impressora auditável fosse cumprida, que impede que as importantes reformas avancem no Congresso, que impede que o judiciário cumpra seu papel, que impede que a imprensa pratique jornalismo ao invés de ativismo. Dirceu tem todos eles na mão. Sabe todos os podres e desvios de conduta, sejam eles profissionais ou pessoais, e tem um gigantesco acervo com conversas e vídeos, fotos e documentos sobre toda essa gente.
Eis, então, o verdadeiro adversário de Jair Bolsonaro, que, de fato, tomou o poder, o que é diferente de ganhar a eleição, o que aconteceu antes mesmo da eleição. Mas a eleição foi importante também, porque até para acabar com ela eles precisavam vencer mais uma. E é exatamente por isso que o voto impresso auditável com contagem pública de votos já foi aprovado 3 vezes pela Congresso Nacional, mas nunca foi aplicado. E também é exatamente por isso que eles precisavam que nada mudasse para as eleições de 2022, mesmo que para isso tivessem que se aliar a um adversário com zero capilaridade.
Em momento algum esse artigo é uma ode a José Dirceu. Mas é impossível negar a importância dele em tudo o aconteceu e acontece no Brasil. E se ninguém o parar, o que parece cada vez mais difícil, enquanto estiver vivo também será responsável pelo que acontecerá na esquerda brasileira.
O Brasil já é um narco-estado, prestes a se transformar em um regime comuno-socialista tal qual Cuba, Equador, Bolívia, Venezuela, no qual José Dirceu não pretende perder a oportunidade de ser o Che Guevara que sempre sonhou, perseguindo e eliminando os inimigos com o poder nas mãos, sem vergonha ou necessidade de esconder o que fizer - diferentemente do que aconteceu quando se tratou Celso Daniel e Toninho do PT quando foram eliminados. Na atual conjuntura, tudo acontecerá em nome da democracia, inclusive uma ditadura.
Se tivermos que escolher apenas um entre os vários motivos e imperativos para que tenhamos voto auditáveis e a contagem pública de votos, cito como o mais importante o fato de que José Dirceu continua vivo e mandando no Brasil. Sempre foi ele. E se continuar solto, e mandando, o Brasil não terá chance de se tornar um país decente nem depois da sua morte. Além de ter feito discípulos e aparelhado a justiça brasileira, ninguém sabe nas mãos de quem irá parar o seu legado e o seu acervo. Mas pode ter certeza de que isso já está encaminhado.
Pode ser que alguém ainda monitores os passos e ações de Zé Dirceu. Ouso, porém, afirmar que, mais do que nunca, quem monitora os passos de todo mundo, quem manda soltar e prender, quem define e elimina adversários e influências, é ele. E assim será enquanto estiver vivo. Dilmo e a esquerda são absolutos nadas sem ele.
P.S. Escrevi este artigo em 19/7/2021, publicado na Pingback. Fiz poucas alterações, no sentido de contextualizar com o momento atual, mas a essência não mudou nada, exceto pelo fato de que Zé Dirceu, hoje agindo nas sombras, ficou muito mais poderoso do que era antes. Se, eventualmente alguém quiser o link para o artigo original, peça por DM que eu mando.
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