domingo, 12 de dezembro de 2021

A defesa da coletividade e o cancelamento da individualidade.



Vamos caminhar um pouco.


Sob a sombra do medo que toma impulso num discurso em defesa da vida, há inequívoca intensão que consiste alterar o sentido e caráter transcendental dos artigos do texto constitucional que apregoa no consciente institucional o valor do indivíduo acima das interpretações subjetivas.


Porque destaco o consciente institucional? 


Pela observação de que atores no ambiente das instituições são aqueles que dotam-na de personalidade a qual refletirá uma consciência predominante nas suas manifestações.

Neste sentido, cabe ressaltar o caráter transcendental da personalidade do indivíduo, conforme destacado no texto constitucional e por meio do qual invoca, à sua natureza, um estado capaz de sustentar inviolabilidade do ambiente onde manifesta sua existência.

Daí surgiu uma realidade que vê, na pandemia, janela de oportunidade ímpar que toma impulso, quer na formação artificial de consenso ou num discurso que ocultava suas intenções com a falácia de uma ciência pela defesa da vida, que vai avançando paulatinamente contra o espírito das leis que garantem ao indivíduo um estado que transcende o caráter subjetivo que visa dar novo sentido ao texto constitucional.

A pandemia parece ter logrado êxito ao invocar um discurso pró-vida ao mesmo tempo que neutraliza a natureza transcendental da vida que manifesta-se na individualidade.

No entanto, precisamos considerar que ao legislar para garantir ao indivíduo transcender, por meio da liberdade individual, o pensamento subjetivista, coube ao constituinte original preocupar-se com o menor fragmento deste todo – o ser humano e sua individualidade.

Tendo este menor fragmento como um entrave ao avanço da anulação da individualidade, não faltou quem saísse de sua zona demode conforto e dos domínios de suas esferas institucionais para apregoar pensamento iluminista.

Desde então surgiram diversos atores, cada qual empenhado em apregoar pensamento que demonstrasse preocupação com o todo e não pela defesa da individualidade.

Seria mais fácil implementar medidas que violam as liberdades individuais caso fossem utilizados discursos iluministas os quais trouxessem propostas mais abrangentes e “menos egoístas”. 

Esta parece ser a meta perseguida pelos defensores do discurso iluminista durante a pandemia  – o bem coletivo sobrepondo-se ao individual, onde o direito natural perde, gradativamente, sua capacidade de manter asseguradas conquistas que sustentam o ser indivisível que reside no menor fragmento de uma sociedade.

Eis um dos maiores problemas, pouco observado, neste ambiente de controle da informação e cerceamento das liberdades – o direito do indivíduo é transcendente enquanto o da coletividade pode facilmente ser moldado ao sabor da subjetividade embalada pala formação e ampla publicidade de um falso consenso.

O que, de fato, passamos a observar durante esta pandemia.

Ora, quais foram os atores responsáveis por reunir e divulgar os números de casos relacionados com o COVID-19?


 - um consórcio formado por veículos de imprensa.


Sendo, tais veículos, detentores das maiores empresas de mídia do país, qual o valor do consenso formado entre seus pares? 

&

 Políticas que visassem um suposto interesse coletivo estariam acima do direito individual e transcendente com base num consenso estabelecido entre atores que, flagrantemente, desejavam um governo alinhado ideologicamente à esquerda?

Compreenderam como esta pandemia aparelha uma máquina que pretende, como uma de suas metas principais, neutralizar a natureza e caráter transcendental do indivíduo sem o qual o menor fragmento deste tecido social – que é o indivíduo – estaria sujeito ao resultado do discurso iluminista em detrimento de suas próprias garantias.

Consideremos agora o passaporte sanitário como um elemento desta equação que visa neutralizar o caráter transcendental do indivíduo.

 Quando a OMS decretou a pandemia de COVID-19, em março de 2020, era unânime o discurso em defesa de medidas que limitassem a circulação de pessoas.


Qual era a justificativa mais difundida? 


R. Reduzir a curva de riscos de contaminação e proliferação do vírus.


Qual o tempo estipulado para redução da curva? 


R. Duas semanas.


Alguém ques tionou a medida com base no direito individual? 


Não havia ambiente onde fosse possível tal questionamento, mesmo sem nenhum conhecimento sobre a natureza e ação do vírus – um consórcio ditava quais questionamentos podiam vir a público.


Tais medidas ganharam contornos cada vez mais acentuados e amplamente protegidos pelo consenso formado pela grande mídia e partidos de espectro políticos alinhados à esquerda.


Mais uma vez não havia espaços para olharmos a natureza transcendental do indivíduo.


Quando as medidas restritivas não resistiam aos questionamentos, cada vez mais crescentes e propensos em quebrar a espiral de silêncio quanto a eficácia destas, passamos a assistir saltarem nas mídias do consórcio diversas gigantes da indústria farmacêutica anunciando seus esforços em prol de vacinas que, ao segundo o consenso do consórcio, devolveriam nossas vidas a normalidade.


Como o apelo iluminista clamava pela defesa da vida no sentido coletivo desta, passamos a assistir uma enxurrada de discursos condicionando a volta da normalidade ao processo de imunização que a indústria farmacêutica alegava conferir aos quais fossem administrados seus produtos.

 Novamente falou mais alto a defesa da coletividade em detrimento da natureza transcendental do indivíduo. 

Falou tão alto que aceitamos a aquisição dos imunizantes quando estes ainda estavam em fase experimental.

Aceitamos, pasmem, que o fabricante fosse isento de quaisquer responsabilizações decorrentes de efeitos adversos e provocados por seus produtos.

É aqui onde fica claro quão importante era um discurso iluminista alinhado com um consórcio responsável por estabelecer consenso capaz de suprimir a natureza transcendental do indivíduo face ao desejo pela adoção do pensamento subjetivista.

 Enquanto o indivíduo transcende o que é subjetivo, o coletivo nasce da subjetividade e pode perfeitamente ser regido segundo ditames oriundos do consenso formado por determinados grupos.

O que encontra respaldo nas medidas que pretende impor, de forma compulsória, que indivíduos sejam vacinados mesmo contra suas vontades com um produto liberado em caráter experimental.

Contrário a isto, está a essência do texto constitucional que trouxe transcendência ao indivíduo, mesmo quando descuidou-se em destacar ser o indivíduo o menor fragmento de uma sociedade para a qual pretendia-se prever mecanismos legais eficazes em manter tal transcendência.

Enquanto todos nos preocupávamos com cada ação que derrubava o caráter transcendental do indivíduo sobre o desejo invocado em nome da coletividade, mais nos distanciávamos da compreensão e dos motivos pelos quais os constituintes decidiram pela garantia da transcendência do indivíduo.

O indivíduo transcende ao consensual e está imune ao pensamento subjetivista dos atores de qualquer consórcio.

O indivíduo transcende toda e qualquer agenda quer seja local, territorial ou fruto da vontade dos líderes de organismos internacionais.

 O indivíduo está acima do entendimento que arvora bandeiras ideológicas e suas pautas, pois o ser, em sua condição e natureza indivisível, coloca-se, por tal condição, acima do produto resultante do consenso e/ou do subjetivismo empregado na interpretação das leis.

Doravante, tornou-se tarefa hercúlea, para alguns, demover o indivíduo desta posição transcendental amparada no espírito do texto constitucional tentando estabelecer, em seu lugar, uma personalidade mais coletivizada.

Hoje é notório a facilidade na promoção de medidas autoritárias que utilizam-se do discurso pelo bem da coletividade, pois tal discurso sempre surge precedido de ampla divulgação do consórcio das gigantes que controlam plataformas digitais e veículos de comunicação.

Fato que, seguramente, não encontra sustentação no desejo do constituinte original ao promover meios eficazes em garantir, à individualidade daqueles que vivem no território brasileiro, um mínimo condizente com a dignidade de pessoa humana.

Eis um dos motivos pelos quais alguns classificam nossa constituição como constituição cidadã.


É na individualidade do ser que reside a cidadania que preserva natureza e caráter do ser enquanto indivíduo a fim de reconhecermos, nesta condição indivisível, a menor célula do tecido social que personifica o real detentor de garantias as quais transcendem o pensamento coletivo e/ou elucubrações oriundas da subjetividade com a qual alguns intnerpretam as leis.

Fonte: 10565 Este canal propõe um olhar diferente sobre os fatos.

https://t.me/FactorAnalysis

sábado, 11 de dezembro de 2021

Ator Jussie Smollett é condenado por encenar crime de ódio contra si mesmo

Jussie Smollet é condenado por mentir à polícia. Créditos da imagem: UOL/Divulgação

Explicamos as amplas implicações políticas e sociais do caso que atingiu um ponto importante nesta quinta-feira (9) com veredito do júri

O ator norte-americano Jussie Smollet (39 anos), da série de tevê Empirefoi considerado culpado por alegar falsamente ter sido “vítima de crime de ódio” no dia 29 de janeiro de 2019. O ator afirmou que fora vítima de agressão motivada por racismo e homofobia cometida por supostos apoiadores do ex-presidente dos EUA, Donald Trump.

“Crime de ódio”

Em janeiro de 2019, Jussie Smollet dissera ter sido atacado na rua em Chicago, Illinois, EUA. Ele supostamente teria saído de seu apartamento durante a madrugada a fim de comer um sanduíche numa lanchonete. Homens brancos desconhecidos supostamente teriam, aos gritos, ofendido Smollet com injúrias racistas e homofóbicas.

Esses homens, usando bonés “MAGA” (“Make America Great Again — em português, “Faça a América Grande de Novo”, jargão da campanha presidencial de Donald J. Trump), o teriam agredido fisicamente, derrubando-o no chão. Não só. Ainda segundo Smollett, seus agressores teriam despejado água sanitária sobre ele e, num ato brusco, aplicado força sobre o seu pescoço. Ele ainda afirmou que os agressores lhe teriam dito “This is MAGA country” (“Este é o país MAGA”), frase que posteriormente se tornaria piada nas redes sociais.

Apoio político da grande mídia e investigação

Smollet tornou-se manchete largamente divulgada nos EUA e recebeu apoio imediato de políticos e celebridades de esquerda que se disseram preocupados com o suposto “ódio e divisão” causado pelo então presidente Trump. Mas a sua história e seu comportamento, no entanto, despertaram dúvidas também imediatas nos investigadores da polícia de Chicago e em parte do público.

Naquele período, Smollett dera várias entrevistas a jornalistas; chorara mais de uma vez em público; comparecera a um show musical; e, em suma, apresentara-se como um negro gay corajoso, que acreditava em amor e união em um país que estaria dividido por um suposto ódio oriundo de uma sociedade conservadora, homofóbica e racista. Ele sugeriu também que, se fosse um branco a afirmar ter sido agredido por negros, imigrantes ou muçulmanos, os que duvidavam dele o estariam apoiando. Smollett recebeu muito apoio — e elogios.

A investigação policial, porém, indicou que tudo não passava de uma baita encenação, um falso crime de ódio, de criação do próprio Jussie Smollett. A partir daí, alguns políticos e celebridades alinhados à esquerda decidiram — curiosamente em unânimidade — a não mais fazer declarações sobre o caso.

“Cultura do vitimismo”

Com as evidências desmentindo a versão de Smollett, a discussão sobre o caso passou a incluir o fenômeno das inúmeras falsas vítimas que inventam crimes de ódio contra si mesmas a fim de obterem (mais) status social. Em suas mentes, essas pessoas consideram-se vítimas reais simplesmente por integrarem certos grupos de “minorias políticas.” O fenômeno estaria ligado à cultura do vitimismo; uma realidade social, política e psicológica abordada por pesquisadores como Bradley Campbell e Jason Manning no livro “The rise of victimhood culture: Microaggressions, safe spaces and the new culture wars” (“A ascensão da cultura do vitimismo: microagressões, lugares seguros e a nova guerra cultural,” em tradução livre), de 2018.

Publicamente desmoralizado, Smollett foi afastado do elenco da série de TV e preso; no entanto, o ator manteve-se crente de que fora vítima.

Acusações, julgamento e veredicto

Smollet foi a julgamento nesta semana, dois anos depois dos acontecimentos. Os promotores, de acordo com a legislação penal estadual do Illinois, acusaram-no de 6 crimes de “conduta desordeira criminosa de classe 4,” um para cada depoimento em que ele fizera declarações falsas à investigação policial.

Os “supremacistas brancos” mascarados foram identificados pela polícia e, a bem da verdade, eram os irmãos negros Abimbola (Abel) e Olabinjo (OlaOsundairo, imigrantes nigerianos. Abel conheceu Smollett nas filmagens de Empire. Os irmãos disseram ter recebido US$ 3.500 para encenar o falso crime de ódio encomendado por Smollett.

Segundo a polícia, o objetivo único de Smollett era promover sua carreira como ator. A acusação chegou a exibir um vídeo do ensaio feito pelo ator com os irmãos Osundairo no dia anterior ao suposto “ataque.” Jussie Smollett alegou ser inocente de todas as acusações: “Não houve alegação falsa de crime de ódio,” declarou ele em julgamento.

Smollet alegou no julgamento que o ataque fora real, motivado por homofobia; e que os irmãos queriam extorqui-lo em 1 milhão de dólares para não depor contra ele. Os 3.500 dólares tinham sido pagamento por um plano de treino físico e dieta. Smollet alegou ainda ter tido relações íntimas com Abel Osundairo — fato contundentemente negado pelo nigeriano.

Culpado

Os procedimentos não puderam ser transmitidos ao vivo pela imprensa devido às normas processuais de Illinois. Após 9 horas de considerações, o júri, composto de 6 homens e 6 mulheres, considerou Smollett culpado de 5 entre as 6 acusações. Foram elas:

I. Declarar a um oficial de polícia ter sido vítima de um crime de ódio: culpado;

II. Declarar a um oficial de polícia ter sido vítima de agressão: culpado;

III. Declarar a um detetive ter sido vítima de um crime de ódio: culpado;

IV. Declarar a um detetive ter sido vítima de agressão: culpado;

V. Declarar novamente a um detetive ter sido vítima de agressão: culpado;

VI. Declarar a um segundo detetive ter sido vítima de agressão com agravante: inocente.

Nos Estados Unidos, cada Estado tem seu próprio código penal — diferentemente do Brasil, onde a legislação penal é de aplicação nacional. O crime correspondente, no Código Penal Brasileiro, seria o de Denunciação Caluniosa (Art. 399), pelo que ele provavelmente responderia por uma só acusação. A pena no Brasil é de reclusão, de dois a oito anos, e multa.

No estado do Illinois, os crimes de “classe 4” são os considerados menos graves e a pena prevista é de até 3 anos para cada crime, o que poderia totalizar o máximo de 15 anos. A maioria dos analistas, porém, prevê que a pena será bem menor.

A data para o deferimento da sentença ainda não foi marcada pelo juiz do caso James Linn.

A defesa de Smollet disse que vai apelar da decisão.

Com informações de Daily Mail, TV line, BBC, Associated Press, Joe Rogan Podcast, CNN e Fox News.

“As pequenas mentiras fazem o grande mentiroso”.

William Shakespeare

Gosta de nosso conteúdo? Assine Esmeril, tenha acesso a uma revista de alta cultura e ajude a manter o Esmeril News no ar!

Fonte https://revistaesmeril.com.br/ator-jussie-smollett-e-condenado-por-encenar-crime-de-odio-contra-si-mesmo/

terça-feira, 7 de dezembro de 2021

Cursos Superiores de Tecnologia: Pareceres, Resoluções e Decretos do MEC sobre estes tipos de curso.


Decreto nº 5.154/2004 que regulamenta o § 2º do art. 36 e os arts. 39 a 41 da Lei nº9.394/96, dispõe:

Art.5º Os cursos de educação profissional tecnológica de graduação e pós-graduação organizar-se-ão, no que concerne aos objetivos, características e duração, de acordo com as diretrizes curriculares nacionais definidas pelo Conselho Nacional de Educação.

Catálogo Nacional dos Cursos Superiores de Tecnologia

Cursos Superiores de Tecnologia


fonte: 

Obrigado pela visita, volte sempre.

sábado, 4 de dezembro de 2021

The Drifters - On Broadway

Assassinada pelo pai, vive eternamente com o PaiHoje é dia de Santa Bárbara,


Hoje é dia de Santa Bárbara, virgem e mártir.

Bárbara nasceu em Nicomédia, na região da Bitínia, na Ásia Menor, e viveu durante o século III. Seu pai Dióscoro, um homem rico e ciumento, resolveu trancá-la em uma torre, onde ela passou toda a sua infância e adolescência sendo instruída por tutores e observando o mundo de uma janela.

Quando atingiu a idade de 17 anos, seu pai apresentou-lhe diversos pretendentes, todos rejeitados por sua superficialidade ou interesse. Autorizada pelo pai a visitar a cidade, teve contato com cristãos de Nicomédia, apaixonou-se pela Santíssima Trindade, converteu-se e foi batizada.

Quando Dióscoro descobriu sobre sua conversão, entregou-a ao juiz local para ser punida, mas nem sob cruéis torturas ela renegou sua fé. Foi então condenada à morte, e o próprio pai, tomando a espada do juiz, degolou-a. No mesmo instante em que isso ocorreu, ele foi fulminado por um raio.

Santa Bárbara é modelo de perseverança na fé, sobretudo entre os jovens, e sua história não nos deixa esquecer que haverá um tempo, talvez não muito distante, em que, pela fidelidade a Cristo, estarão “o pai contra o filho e o filho contra o pai; a mãe contra a filha e a filha contra a mãe” (Lc 12:53).

Invocada contra raios e tempestades, Santa Bárbara é considerada Padroeira dos artilheiros, arquitetos militares e mineiros.

Santa Bárbara, rogai por nós!

 

O brilho de Bárbara

 

Pelo pai numa torre enclausurada,

bem triste a bela Bárbara vivia,

até que liberada, um certo dia,

 

a visitar o burgo, revelada

foi-lhe a Trindade, e agora, aprisionada

passou a Ela viver com alegria.

Porém, seu pai maldoso, em fúria impia,

mandou-a para ser martirizada,

 

e, não contente, a espada da injustiça

empunhou ele próprio, e a degolou,

ao que no mesmo instante ali provou

 

do Pai Celeste a autêntica Justiça,

c’um fulminante raio, enquanto a filha,

ao Céu alçada, para sempre brilha.


Gosta de nosso conteúdo? Assine Esmeril, tenha acesso a uma revista de alta cultura e ajude a manter o Esmeril News no ar!

DOSE DE FÉ | Bárbara

 

"TERCEIRA VIA"Chegada de leão, saída de cão ― A tragédia do juiz candidato

Com a biografia emoldurada pela classe média ex-petista, antipetista e protopetista, o ex-juiz e ex-ministro tem diante de si o desafio de aprender a ser contrariado
2 de dezembro de 2021 por Cristian Derosa
“O Brasil não precisa de um líder com a voz bonita”, admitiu Sérgio Moro em seu discurso de filiação ao Podemos, com sua costumeira voz fraca, transparecendo insegurança, quase como se estivesse sempre à beira do choro. E completou: “mas de líderes que ouçam e atendam a voz do povo”. A estratégia era afastar o candidato do estereótipo que a voz associa, o do homem fraco e inseguro.
Como juiz e funcionário público, Moro demonstrou diversas vezes sua dificuldade de enfrentar a contrariedade, o que poderá prejudicar a eventual carreira política. Sua pré-campanha tem na biografia e na autoimagem o desafio mais difícil.
A carreira de Sérgio Moro foi meteórica. Começou como um astro da justiça, incandescente, implacável e popular, para cair inexperiente na cova política das negociações e sucumbir diante da primeira contrariedade. De magistrado técnico a menino mimado, Moro saiu do governo depois de ser cobrado publicamente pelo presidente numa reunião por sua omissão diante das prisões ilegais contra cidadãos na pandemia. Aquela humilhação pública não parecia combinar com a biografia tão laboriosamente construída.
Mas a gota d’água da reunião apenas concluiu uma série de desaforos que a imagem do então herói nacional vinha sofrendo, como quando foi criticado diante da tentativa de nomear a ativista desarmamentista Illona Szabo para um cargo no ministério. Ligada ao grande financiador da extrema-esquerda no mundo, Geroge Soros, Szabo foi rejeitada pela ala conservadora então atuante no governo, após o alerta de sites e redes sociais da base. A imagem de técnico e anti-ideológico fora maculada. “Este governo não te valoriza”, deve ter dito a esposa Rosângela.
A tentativa da nomeação de Szabó não foi um flerte isolado com o globalismo. Em sua tese de doutorado, Moro já havia defendido o ativismo judicial em nome de “valores” que os senhores do mundo consideram elevados e dignos do destino do homem. Como o elogio de Moro à decisão da Suprema Corte norte-americana no caso emblemático Roe versus Wade, que legalizou o aborto no país.
Sua esposa Rosângela já havia manifestado a opinião favorável ao aborto nas redes sociais, para espanto de alguns conservadores que ainda admiravam o “juiz antipetista”. Talvez tenham sido as palavras da esposa que o foram conduzindo para a maior exposição de sua verdadeira personalidade.
Moro havia se exonerado do pódio da sua vida, a magistratura. Havia deixado para trás a sua galinha dos ovos de ouro na expectativa de se tornar um ícone, quem sabe fazer história, no combate à corrupção. A saída do governo sinalizou o início de uma longa queda. Aparentemente, tudo estava ameaçado e parecia ter sido um imenso equívoco. Um erro que era preciso disfarçar e desviar do foco para fazê-lo parecer uma vitória. Uma tarefa hercúlea que ocupará a quase totalidade do programa de sua eventual campanha.
A imagem do herói que havia aprisionado o monstro Lula no fundo do mar despencou. Foi maculada pelas atitudes (e a falta delas) do então ministro que já não era mais herói. Tanto a sua ousada auto-exoneração em aparente sacrifício patriótico, quanto a entrada na política, tudo estava, na verdade, apoiado no fugaz elogio vindo da classe média brasileira, sempre seduzida por um juiz técnico, uma estampa de homem correto.
Ao sair do governo, acusando o presidente de interferir na Polícia Federal que julgava a sua milícia privada desde a Lava Jato, acabou sendo acusado de Judas e visto como um fracassado. Humilhado, com a imagem arranhada e ofendida, chegou a comemorar a prisão dos apoiadores do governo pelos inquéritos persecutórios do STF, perdendo a estampa do técnico jurídico ao associar-se às fileiras do estamento. Fora do poder institucional, Moro buscou abrigo no poder real: na mídia dos globalistas, os mestres com os quais flertou no doutorado.
O zelo com a biografia, explicitado numa das icônicas frases que precederam (e precipitaram) a sua brusca saída do governo, pode ser uma das marcas mais características do que representa o ex-juíz Sérgio Moro. Elevado à posição de herói nacional por sua atuação aparentemente técnica da Operação Lava Jato, a imagem do juiz vestido de Super-Homem varreu o país que já havia feito o mesmo com o ex-ministro Joaquim Barbosa.
É impossível entender a imagem de Sérgio Moro sem perceber a Lava Jato como uma espécie de Liga da Justiça, elevada a patrimônio nacional da classe média antipetista que desejava ver Lula preso pelo maior crime que povoa o imaginário dessa elite: a lavagem de dinheiro, a propriedade de um triplex…
Nascido em Maringá, interior paranaense, Moro é filho de professores e cedo trilhou o caminho da magistratura, talvez ambicionando uma biografia digna de ser contada. A biografia carece de relações políticas ou ideológicas e é marcada por um tecnicismo jurídico e acadêmico. É aí que reside a grande aposta do seu marketing eleitoral. A carreira técnica é cara à elite brasileira que sempre viu o desenvolvimento e a prosperidade do primeiro mundo com olhos de cachorro em frente ao açougue.
Foi como professor universitário substituto que conheceu Rosângela, com quem casou e teve dois filhos. Da carreira acadêmica até a magistratura, a busca pela relevância profissional pode explicar a defesa do ativismo modernoso de Dworking, guru que ocupa lugar de destaque na carreira do ministro Barroso (ao lado de Felipe Neto e João de Deus).
Mas o juiz maringaense só chamou a atenção a partir da operação Lava Jato, quando chegou ao cume da carreira ao ser retratado na série O Mecanismo, da Netflix. Na série, Moro é um juiz implacável, durão e discreto, que anda de bicicleta com proteções e toma decisões difíceis de maneira impassível. Os espectadores da série engoliram a imagem que a realidade acabou desconstruindo. A imagem do homem correto, juiz técnico, foi sendo aos poucos enterrada pela do homem inseguro e egocêntrico que tropeça na própria biografia na tentativa de salvá-la.
Agora, se a Lei da Ficha Limpa permitir que Moro seja mesmo candidato, a sua imagem se consagrará como o seu maior desafio, seu maior problema.
Como candidato, Moro apostará exatamente na desconstrução de si mesmo como estratégia de construção do personagem: o homem correto, cumpridor das leis, técnico, impassível e seguro. Enfim, o personagem enriquecido pela estética da série. Tudo para esconder a face do bajulador das grandes narrativas, das forças poderosas e utopias mais hegemônicas em nome da construção de uma verdadeira torre de Babel que se tornou a sua inefável biografia.
 
Faça sua assinatura anual do Jornal Brasil Sem Medo! Você paga por 10 meses e leva 12 (290/ano). Garanta seu acesso a reportagens relevantes, precisas e confiáveis, análises inteligentes e bem humoradas, 365 dias por ano.

Conversas sobre Didática,