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Fonte: Folha Online Autor: PAM BELLUCK do New York Times Publicação: 04/12/2009 | |||
A ciência nunca acreditou muito na ideia de que se pode aprender chinês ou francês por meio de aulas em CD durante o sono. Se o aprendizado acontece dessa forma, afirma a maioria dos cientistas, a aula de língua estrangeira provavelmente está acordando o sonhador, e não levando os substantivos e verbos a entrarem em uma mente adormecida. No entanto, um novo estudo sobre um tipo diferente de abordagem de áudio durante o sono traz esclarecimentos sobre como o cérebro adormecido funciona, e talvez podem acabar sendo úteis para pessoas que estudam língua estrangeira, estão se preparando para uma prova ou tentando memorizar falas de uma peça de teatro. Cientistas da Northwestern University relataram que tocar sons específicos enquanto as pessoas dormiam as ajudava a se lembrar mais do que tinham aprendido antes de dormir, até o ponto onde memórias de fatos individuais eram aprimoradas. Em um estudo publicado pela "Science", pesquisadores ensinaram as pessoas a mover 50 imagens para sua localização correta em uma tela de computador. Cada imagem era acompanhada por um som relacionado, como o miado de um gato ou o barulho de um helicóptero. Então, 12 participantes tiraram um cochilo, durante o qual 25 dos sons foram tocados, junto com um barulho de fundo. Quando os participantes acordaram, nenhum deles percebeu que os sons tinham sido tocados, nem sabiam dizer quais tinham sido usados. Mesmo assim, quase todos se lembraram, de uma forma mais precisa, das localizações no computador das imagens associadas aos 25 sons que tinham sido tocados durante seu sono; o desempenho foi inferior com as outras 25 imagens. "Pudemos dar pistas às pessoas sobre informações específicas que elas tinham aprendido", disse Ken A. Paller, neurocientista cognitivo da Northwestern e coautor do estudo. "A ideia é que, durante o sono, a consolidação da memória continua e esse ensaio é uma boa forma de fortalecer memórias. Nós mostramos que você pode absorver informações durante o sono usando o sistema auditivo, e que você pode dar pistas a esse ensaio fornecendo sons específicos de cada episódio do aprendizado". O estudo traz outra dimensão a uma teoria de que o sono permite ao cérebro processar e consolidar memórias. Perfume Um estudo realizado em 2007 descobriu que as pessoas que receberam borrifadas de perfume de rosas enquanto aprendiam uma tarefa se lembraram melhor da tarefa quando também inalaram essência de rosas enquanto dormiam. Porém, a nova pesquisa sugere que memórias individuais podem ser explicitamente escolhidas para reforço. "Nunca pudemos manipular memórias específicas", disse Matthew P. Walker, neurocientista da Universidade da Califórnia, em Berkeley, que não esteve envolvido no estudo. "Se podemos amplificar experimentalmente o processo de reforço da memória ao forçar esses sons de volta para o cérebro enquanto dormimos", disse Walker, "isso pode realmente nos dar uma ideia de como funciona o mecanismo". Robert Stickgold, neurocientista cognitivo de Harvard, que não participou do estudo, observou que os pesquisadores não reproduziram frases literais para forçar uma recapitulação da memória, como "o gato está na parte inferior esquerda". Em vez disso, tocaram sons associados a uma imagem e uma tarefa espacial. Esses sons também faziam sentido --o miado não acompanhava a imagem da dinamite, por exemplo. "Não é que você os tenha feito lembrar o que precisavam saber", disse Stickgold, "mas você os lembrou de uma memória mais ampla que eles precisavam saber". Nem todos os cientistas que estudam o sono ficaram impressionados. Robert P. Vertes, professor de neurociência da Florida Atlantic University, afirmou que os resultados mostraram "um efeito tão mínimo que chega a ser insignificante", acrescentando que o efeito era ainda menos importante porque os participantes do estudo que permaneceram acordados apresentaram uma lembrança igualmente boa com a ajuda dos sons. Os autores disseram que mais pesquisas são necessárias, mas acrescentaram que, embora se espere que as pessoas acordadas se saiam melhor com a ajuda dos sons, o estudo foi significante, pois sugere que as pessoas podem ser treinadas durante o sono. Sara C. Mednick, professora assistente de psiquiatria da Universidade da Califórnia, em San Diego, que não participou do estudo, ficou intrigada pelo fato de que os participantes adormecidos aparentemente apresentaram leves mudanças elétricas em suas ondas cerebrais logo após o toque dos sons, sugerindo que o cérebro repassava "experiências anteriores". Os autores afirmaram estar interessados em saber por quanto tempo o aprimoramento da memória ficaria retido após o despertar, e se "esse tipo de coisa acontece com o sono noturno", disse John D. Rudoy, coautor e doutorando da Northwestern. Os participantes tiraram cochilos de 90 minutos ou menos, tempo suficiente para cair em um sono de ondas lentas ou profundo, mas não REM. Alguns cientistas acreditam que no sono de ondas lentas o cérebro reforça memórias factuais, enquanto o sono REM classifica e organiza as memórias. Os autores e outros especialistas disseram que a principal contribuição do estudo era ajudar a entender o processo de produção e reforço da memória no cérebro; ou, como colocou Walker, "como é importante dormir oito boas horas de sono". Entretanto, Paller está buscando saber se ajudas auditivas poderiam ajudar a reforçar a terapia cognitiva comportamental para pessoas com depressão ou ansiedade. Além disso, em outras áreas, disse ele, o método provavelmente não poderia ensinar informação, mas reforçar algo já aprendido. "Uma de nossas hipóteses é que as notas do SAT (avaliação exigida para entrar em curso superior nos Estados Unidos) podem ser melhoradas", disse ele. Pode ajudar "um jogador de futebol que está tentando aprender estratégias de jogo", acrescentou Paller. "Até ajudar a lembrar o nome das pessoas". |
fonte: http://www.arunayoga.com.br/?imprensa/mostrar/127
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