sábado, 1 de julho de 2023

Skanda Conta a mitologia, que o grande demônio, Tarakasura, estava oprimindo os seres celestes. Ele fora até eles no céu. Todos os deuses, então, foram até o Senhor Brahma para pedir ajuda.

SKANDA

SWAMI SIVANANDA

Tradução, comentários e adaptação de
Swami Krsnapriyananda Saraswati
Olavo DeSimon

SOCIEDADE INTERNACIONAL GITA DO BRASIL
SANATANA DHARMA BRASIL
GITA-ASHRAMA

Porto Alegre, RS
1997-2017


Skanda, o filho de Shiva

1.Skanda
Conta a mitologia, que o  grande demônio, Tarakasura, estava oprimindo os seres celestes. Ele fora até eles no céu. Todos os deuses, então, foram até o Senhor Brahma para pedir ajuda.

Brahma disse para os deuses: “Ó Devas, Eu não posso destruir Taraka, uma vez que ele obteve uma Graça de Mim, por ter feito rigorosa penitência. Mas deixe-me dar-lhes uma sugestão. Peçam ajuda ao Cupido, o semideus do amor. Induzam-no a seduzir o Senhor Siva, que está absorto em Seu Yoga Samadhi. Deixe o Senhor Siva unir-se com Parvati. Um poderoso filho, o Senhor Subramanya, irá nascer deles. Este filho irá destruir o demônio que molesta vocês”.

Indra, o chefe dos Devas, por causa disto pediu para o Cupido ir com sua esposa, Rati, e com a companhia de Vasanta (a estação da primavera), para o monte Kailas, a morada de Siva. Kamadeva, o cupido, cumpriu as instruções imediatamente, porque já era primavera. Mantendo-se por detrás de uma árvore, Kamadeva atirou sua flecha de paixão em direção a Siva, enquanto Parvati estava na floresta com algumas flores em Suas mãos. No momento em que Eles se encontraram, Siva experimentou um sentimento confuso. Ele queria saber o que estava perturbando Seu Yoga. Ele olhou ao redor e viu o Cupido encolhendo-se atrás da árvore. O Senhor abriu o Seu terceiro olho, o olho interior da intuição, e o cupido foi queimado à cinzas pelo fogo que emanou dele. Isto é o porque do semideus do amor ou Kamadeva é também chamado de Ananga, o qual significa “sem corpo”.

Shiva queima Kamadeva (o cupido), com o 3o. olho
Após ter queimado o Cupido, o Senhor Siva averiguou através do Seu poder de visão Yóguico que o nascimento do Senhor Subramanya era absolutamente necessário para destruir o poderoso Taraka. O sêmen de Siva foi jogado dentro do fogo, o qual, incapaz de retê-lo, jogou-se dentro do rio Ganges, o qual, por sua vez, foi jogado para dentro da floresta de cana. Foi assim que o Senhor Subramanya nasceu; por conseguinte, Ele é chamado de Saravanabhava, “nascido da floresta de cana”. Ele tornou-Se o líder das hostes celestes, e o destruidor de Taraka, como o Senhor Brahma havia dito.

O Senhor Subramanya é uma encarnação do Senhor Siva. Todas as encarnações são manifestações do Senhor Uno. O Senhor Subramanya e o Senhor Krishna são Unos. O Senhor Krishna diz no Bhagavad-gita: “Entre os generais do exército, Eu Sou Skanda”. O Senhor manifesta-se pessoalmente de tempos em tempos, em vários nomes e formas, com o objetivo de estabelecer a retidão, e subjugar a maldade.

O Senhor Subramanya é uma raio nascido da Consciência Divina do Senhor Siva. Valli e Deivayanai são suas duas esposas. Elas representam o poder de ação e o poder do conhecimento respectivamente. Ele é uma Divindade facilmente acessível nesta era de escuridão da ignorância e falta de fé. Nisto Ele não é diferente de Hanuman. Ele dá prosperidade material e espiritual e sucesso em cada tarefa dos Seus devotos, mesmo se eles mostrarem uma pequena devoção para Ele. Ele é adorado com grande devoção no Sul da Índia. O Senhor Subramanya tem outros nomes como Kumaresa, Kartikeya, Shanmukha, Guha, Muruga e Velayudhan.

Na sua representação, o Senhor Subramanya segura uma lança na mão, assim como o Senhor Siva segura um tridente. Esse é um emblema de poder, indicando que ele é o governador do universo. Seu veículo celeste é um pavão, no qual cavalga. Isto significa que ele conquistou o orgulho, o egoísmo e a vaidade. Há uma cobra sob seus pés, a qual indica que ele é absolutamente destemido, imortal e sábio. Vali está num dos Seus lados, e Deivayanai no outro. Algumas vezes, ele aparece só, com sua lança. Nesta pose, ele é conhecido como Velayudhan; este é o seu aspecto Nirguna, o qual é livre do poder ilusório de Maya.

As Suas seis cabeças representam os seis raios ou atributos chamados: sabedoria, ausência de paixão, força, fama, riqueza, e poderes divinos. Eles indicam que Ele é a origem dos quatro Vedas, os Vedanga, e as seis escolas de filosofia. Elas também indicam o Seu controle sobre os cinco órgãos do conhecimento, bem como da mente. Elas simbolizam que Ele é o Ser Supremo, com milhares de cabeças e mãos. Suas cabeças viradas para todas as direções significam que Ele é todo penetrante; indicando que Ele pode multiplicar-Se e assumir a forma que desejar.

Os templos do Senhor Subramanya podem ser vistos em Udipi, em Tiruchendur, nas montanhas Palani, no Ceilão, e em Tiruparankundrum. O Senhor Subramanya passou Seus dias de infância em Tiruchendur, e alcançou o Mahasamadhi em Kathirgamam. Se você for para Kathirgamam com fé, devoção e piedade, e ficar no templo por dois ou três dias, o Senhor irá conceder a você a sua visão. Você irá alcançar uma rica experiência espiritual. Um grande festival tem lugar no templo todos os anos no Skanda Sashti. Milhares de pessoas visitam o lugar. Grande quantidade de cânfora é queimada nesta ocasião. O Skanda Sashti acontece em Novembro. Ele é o dia no qual o Senhor Subramanya derrotou o demônio Taraka. Neste dia é organizado um festival com grande pompa e esplendor. Os devotos organizam programas de Bhajans e Kirtans em grande escala. Milhares são alimentados de forma suntuosa. Muitas doenças incuráveis são curadas se visitas forem feitas a Palani e adorações ao Senhor Subramanya. No Sul da Índia, os Lilas do Senhor são dramatizados num palco.

Adicional ao Skanda Sashti, os devotos do Senhor Subramanya observam semanal e mensalmente oferendas em sua honra. Cada sexta-feira, ou dia Kartigai Nakshatram, ou no sexto dia da lua cheia, são dias sagrados para os Seus devotos de Skanda. O sexto dia do mês de Tulam (Outubro-Novembro) é o mais auspicioso dia de todos eles. É o dia do Skanda Sashti.

2.Kavadi
Quiçá, o mais potente rito conciliatório que um devoto de Shanmukha se responsabiliza em realizar é o que é conhecido como Kavadi. Os benefícios que os devotos ganham em oferecer um Kavadi para o Senhor são milhões de vez maiores do que qualquer dor que alguém inflija sobre si mesmo.

Geralmente, a pessoa faz uma promessa de oferecer um Kavadi ao Senhor por segurança para superar uma grande calamidade. Apesar disto, talvez, ao que parece, dá a impressão de um pouco mercenário, a reflexão de um momento irá desvelar que o ato contém a semente do supremo amor por Deus. Os objetos mundanos são alcançados, não há dúvida, e os devotos seguram o Kavadi; mas após a cerimônia ele alcança uma embriaguês em Deus, que é o ser espiritual interior que é desperto. Este é, também, um método que no final das contas conduz para o estado supremo da devoção. O Kavadi possui várias formas e tamanhos, de uma simples forma de um armazém de mascate (uma vara de madeira com duas cestas em cada ponta, colocada por sobre os ombros), a estrutura de um caro palanquim, abundantemente decorado com flores, e com penas de pavão entrelaçadas. Em todos os casos o Kavadi possui um bom número de adornos e que uma pessoa o está puxando. Como o portador do Kavadi observa com freqüência o silêncio, os sinos são os únicos sinais da posse do Kavadi.

Devoto da Malasia, carrega um kavadi
As duas cestas em cada ponta da vara do Kavadi, contêm arroz, leite e outros artigos que o devoto prometeu oferecer para o Senhor. Os mais devotados entre eles, e especialmente aqueles que fazem isso como Sadhana, coletam estes artigos esmolando. Eles viajam a pé, de vilarejo em vilarejo, e pedem de porta em porta. As pessoas do vilarejo oferecem seus artigos, colocando diretamente dentro da cesta do Kavadi. O portador do Kavadi continua pedindo até que as cestas fiquem cheias ou quando se declare que a quantidade foi alcançada, então eles oferecem o Kavadi ao Senhor. Alguns devotos entusiasmados empreendem a caminhada descalços, desde as suas casas, até um santuário de Subramanya, sustentando o Kavadi durante todo o caminho, e coletando os materiais para oferecimento. Eles costumam caminhar milhares de quilômetros algumas vezes. A pessoa que coloca os artigos na cesta também recebe as bênçãos do Senhor.

O carregador do Kavadi deve observar várias regras entre o tempo em que ergue o Kavadi, e o dia em que ele realiza a oferenda. Ele deve realizar uma cerimônia elaborada na ocasião de assumir o Kavadi, e na época de oferecer ao Senhor. Ele também coloca a vestimenta de um Pandaram, um mendicante Sivaista, que consiste numa roupa de cor açafrão, um boné vermelho cônico, e uma bengala coberta de prata em ambas as pontas. O Senhor Siva, o Supremo Pandaram em Pessoa, gosta de vestir esta roupa. O Pandaram vive apenas de esmolas. O pescoço desnudo do carregador do Kavadi está coberto com muitos Malas de Rudraksha.

O carregador de Kavadi observa estrito celibato. Apenas alimentos puros e Sattwicos são comidos; ele se abstém de todo o tipo de bebidas e drogas intoxicantes. Ele fica pensando em Deus o tempo todo. Muitos dos carregadores do Kavadi, especialmente aquele que fazem disto o seu Sadhana espiritual, impõem-se várias formas de auto-tortura. Alguns colocam pequenas lanças através das suas línguas, que ficam aparentes fora da boca. Outros passam estas pequenas lanças nas suas bochechas. Este tipo de perfurações são feitas em outras partes do corpo também. O carregador não se barbeia; ele cultiva uma barba. Ele como apenas uma vez ao dia. Ele perfura a sua língua ou face, lembrando-se constantemente de Deus. Isso também o previne de falar. Isso dá a ela grande poder de paciência. O carregador de Kavadi goza um elevado estado de fervor religioso. Ele dança em êxtase. Sua verdadeira aparência é imponente; há uma irradiação divina em sua face. Os devotos com freqüência experimentam um estado de sentimento de união com o Senhor. Algumas Deidades entram neles e os possuem por algum tempo.

Devoto com kavali
Ore do fundo do seu coração: “Ó meu Senhor Subramanya, ó Senhor todo misericordioso, eu não tenho fé nem devoção. Eu não sei como fazer adoração a Ti de maneira adequada, ou meditar em Ti. Eu sou o Teu filho perdido no caminho, esquecido da meta e do Teu Nome. Não é tua obrigação, Ó pai misericordioso, trazer-me de volta? Ó Mãe Valli, não desejas apresentar-me para o Teu Senhor? Teu amor por Teus filhos é profundo e verdadeiro do que qualquer coisa mais no mundo. Apesar de eu ter-me tornado para Ti sem valor e um filho sem fé, Ó amada Mãe Valli, perdoai-me! Faça-me obediente e pleno de fé. Eu sou Teu neste exato momento, sempre Teu. Tudo é Teu. É correta obrigação da Mãe, educar e moldar sem obstáculos o Seu filho quando vagueia desinteressado no caminho errado. Remova o abismo do véu da ilusão que me separa de Ti. Abençoe-me. Pegue-me de volta para Teus sagrados pés. Nada mais tenho a dizer. Esta é minha calorosa oração para Ti e Teu Senhor, meus amados e ancestrais pais”.

Que o Senhor Subramanya derrame Suas Graças por sobre você! Que Suas bênçãos concedam-lhe paz, bem-aventurança e prosperidade.


Hari Om Tat Sat


http://sanatanadharman.blogspot.com/2017/10/skanda.html

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