segunda-feira, 30 de junho de 2008

Nivelamento de diploma. Você sabe o que é?



















Abaixo um documneto oficial, discorrendo sobre nivelamento de diploma. Isto serve para as pessoas que fizeram cursos livres poderem regularizar seus cursos. Para tal deve se dirigir a uma Instituiãop credenciada e pedir o nivelamento.
PARECER HOMOLOGADO(*)
(*) Despacho do Ministro, publicado no Diário Oficial da União de 14/12/2004 MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO

INTERESSADA: Ação Social da Igreja Batista da Lagoinha/Faculdade
Evangélica de Teologia de Belo Horizonte
UF: MG
ASSUNTO: Solicitação de esclarecimento sobre o Parecer CNE/CES 63/2004, que trata do
curso de Teologia, bacharelado
RELATOR: Edson de Oliveira Nunes
PROCESSO Nº: 23001.000140/2004-13
PARECER CNE/CES N.º:
287/2004
COLEGIADO:
CES
APROVADO EM:
6/10/2004
I – RELATÓRIO
Trata de consulta formulada pelo Diretor Geral da Faculdade Evangélica de Teologia –
FATE-BH, mantida pela Ação Social da Igreja Batista da Lagoinha, com sede em Belo
Horizonte/MG, por meio de Ofício de 16 de junho de 2004, protocolado sob o nº
2001.000140/2004-13, na qual solicita esclarecimentos sobre o Parecer CNE/CES 63/2004, a
respeito dos cursos de Teologia, bacharelado:
1) O referido parecer permite o aproveitamento de estudos realizados em Cursos
Livres de Teologia por cursos superiores de Teologia autorizados e
reconhecidos?
2) Somente as escolas que já obtiveram o reconhecimento poderão criar
programas de nivelamento para regularização dos diplomas de pessoas
oriundas de cursos livres de Teologia?
3) Tendo em vista que nossa escola já funcionava desde 1996 com o curso livre
de Teologia, e em Julho de 2002 obteve a autorização do curso Superior em
Teologia, podemos, a partir de agora, submeter os alunos antigos
(remanescentes do antigo curso livre e que ainda estão concluindo seus
estudos) ao Processo Seletivo da Instituição e, dos aprovados, aproveitar os
créditos realizados no curso livre (mesmo Plano Curricular) integrando-os no
curso autorizado?
4) Podemos, desde já, aceitar alunos antigos que já formaram em nossa
instituição, que desejarem integralizar seus estudos, submetendo-se ao
Processo Seletivo da Instituição e complementar seus estudos cursando
disciplinas no curso autorizado?
O Parecer CNE/CES 63/2004, da lavra do ilustre Conselheiro Lauro Ribas Zimmer,
responde à consulta do MEC/SESu/DESUP/CGAES, formulada através da Informação 7/2004
sobre os cursos de Teologia, bacharelado. O aproveitamento de estudos realizados em cursos
livres de Teologia foi concedido no passado, com base nos termos do Decreto-Lei 1.051/69 e
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Processo: 23001.000140/2004-13
do Parecer CFE 1.009/80, revogados pela LDB, portanto, não mais permitido, dos quais
transcrevemos abaixo, os itens pertinentes citados no Parecer CNE/CES 63/2004:
“O Conselho Federal de Educação, ao interpretar o citado Decreto-Lei, por
intermédio do Parecer CFE 1.009/80, assim estabeleceu:
1- As universidades e estabelecimentos isolados de ensino superior, que
ministrem cursos de licenciatura, só poderão submeter aos exames preliminares de
que trata o Decreto-Lei nº 1.051, de 21 de outubro de 1969, os concluintes de cursos
superiores feitos em Seminários Maiores, Faculdades Teológicas ou instituições
equivalentes, de qualquer confissão religiosa, quando, no ato da inscrição,
demonstrarem:
a) que seu ingresso nos cursos mantidos por essas instituições se deu após a
conclusão dos estudos do 2º grau ou equivalentes;
b) que tais cursos tiveram a duração de dois anos, no mínimo;
c) que os interessados os concluíram, exibindo, para tanto, os competentes
diplomas;
d) que nesses cursos estudaram, pelo menos, duas disciplinas específicas do
curso de licenciatura que pretendam freqüentar.
2 - Os ‘exames preliminares’ a que se refere o mencionado diploma terão por
objeto a disciplina ou disciplinas indicadas na alínea ‘d’ do número anterior, e
deverão:
a) ser realizados ao mesmo nível em que se efetuam para os que concluem o
estudo dessas disciplinas, ou seja, ao nível da licenciatura;
b) cobrir a mesma área de conhecimento e o mesmo conteúdo programático
adotado pela instituição responsável pelos exames.
3 - O estudo das demais disciplinas do currículo pleno do curso de licenciatura
far-se-á de acordo com a carga horária de praxe na instituição em que o interessado
se matricular, sendo vedado qualquer aproveitamento de estudo dessas disciplinas.
4 - Não terão validade os diplomas expedidos sem o cumprimento total das
exigências acima enumeradas.”
Os Pareceres CNE/CES 241/99 e 296/99, emitidos com base na LDB, não prevêem a
criação de programas de nivelamento para regularização dos diplomas de alunos de cursos
livres.
Do Parecer CNE/CES 241/99, dos ilustres Conselheiros Eunice R. Durham, Lauro
Ribas Zimmer, Jacques Velloso e José Carlos Almeida da Silva, extraímos o seguinte Voto:
“Tendo em vista estas considerações, votamos no sentido de que:
a) Os cursos de bacharelado em Teologia sejam de composição curricular livre,
a critério de cada instituição, podendo obedecer a diferentes tradições
religiosas.
b) Ressalvada a autonomia das universidades e Centros Universitários para a
criação de cursos, os processos de autorização e reconhecimento obedeçam a
critérios que considerem exclusivamente os requisitos formais relativos ao
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Processo: 23001.000140/2004-13
número de horas-aula ministradas, à qualificação do corpo docente e às
condições de infra-estrutura oferecidas.
c) O ingresso seja feito através de processo seletivo próprio da instituição,
sendo pré-condição necessária para admissão a conclusão do ensino médio
ou equivalente.
d) Os cursos de pós-graduação stricto ou lato sensu obedeçam às normas gerais
para este nível de ensino, respeitada a liberdade curricular.”
Destacamos, abaixo, parte do Parecer CNE/CES 296/99, do ilustre Conselheiro
Jacques Velloso, relacionada com a consulta:
“O referido decreto-lei, posteriormente interpretado pelo Parecer nº 1.009/80 do
antigo CFE, não foi recepcionado pela nova LDB. Aquele decreto-lei invocava os
fundamentos da Indicação nº 11, de 11.7.1969, do extinto Conselho Federal de
Educação, a qual por seu turno fundava-se na Lei 5.540/68, explicitamente revogada
pela Lei 9.394/96 em seu artigo 92.
Além disso, há que considerar-se também o que dispõe a nova LDB sobre a
matéria. Esta determinou que o ingresso em cursos superiores de graduação se fará
sempre mediante de processo seletivo, seja para candidatos ao ingresso inicial em
cursos de graduação, seja para efeitos de transferência de alunos regulares em
cursos afins, mesmo havendo vagas disponíveis, conforme esclarece o Parecer CES
nº 434/97. (grifo nosso)
Não se aplica a exigência de processo seletivo apenas aos casos de transferências
ex officio, que nos termos do parágrafo único do art. 49 dar-se-ão na forma da lei.
A Lei 9.394/96 exige igualmente a realização de processo seletivo prévio para a
ocupação de vagas em disciplinas de cursos superiores por parte de alunos não
regulares:
Art. 50. As instituições de educação superior, quando da ocorrência de vagas,
abrirão matrículas nas disciplinas de seus cursos a alunos não regulares que
demonstrarem capacidade de cursá-las com proveito, mediante processo seletivo
prévio.
Fica claro, assim, que a letra e o espírito do Decreto-Lei nº 1.051/69 não se
coadunam com da nova legislação. Enquanto que aquele, na hipótese de existência
de vagas, concedia formas privilegiadas de ingresso em cursos de licenciatura aos
que houvessem concluído cursos livres de Teologia em Seminários Maiores,
Faculdades Teológicas ou instituições equivalentes, a nova legislação exige
processo seletivo para todos os que desejem ingressar em cursos superiores de
graduação”.(grifo nosso)
As questões 1 e 2, podem ser respondidas com base na transcrição do texto do Parecer
CNE/CES 63/2004:
...
" A partir da jurisprudência firmada no tratamento desses cursos, podem ser
estabelecidas algumas regras para que os estudos realizados em cursos livres de
Teologia fossem aproveitados em Cursos Superiores de Teologia.
a) comprovação do certificado do ensino médio ou equivalente;
b) ingresso no curso através do processo seletivo do curso de Teologia ou da
Instituição como um todo;
c) que esses cursos tivessem a duração de, pelo menos, 1.600 horas;
d) que os interessados comprovassem a conclusão dos cursos; e
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e) apresentação do conteúdo programático das disciplinas em que pretendem o
aproveitamento.
Para efeito da integralização dos créditos para a conclusão do curso superior de
Teologia nos cursos de Teologia devidamente reconhecidos pelo MEC o portador de
certificado oriundo dos cursos livres de Teologia, egressos de Seminários Maiores,
Faculdades Teológicas ou Instituições congêneres deverão cursar, no mínimo, 20%
(vinte por cento) da carga horária exigida para a obtenção do diploma de Curso
Superior Teologia, bacharelado. (grifo nosso)
...
Diante do reduzido número de Cursos Superiores de Teologia autorizados ou
reconhecidos, as disciplinas destes cursos de graduação podem ser oferecidas com a
utilização das tecnologias modernas de educação a distância até o limite de 20%
(vinte por cento), conforme previsto na Portaria MEC 2.253, de 18 de outubro de
2001.
...
No recente Parecer CNE/CES 203, de 8/7/2004, sobre convalidação de diploma de
graduação em Seminário Maior, assim se pronuncia o ilustre Conselheiro Paulo Barone:
"À época da conclusão do Curso de Seminário Maior pelo interessado, anterior à
vigência da Lei 9394/96, os cursos ministrados por Seminários Maiores eram
considerados cursos livres, não sujeitos à autorização ou ao reconhecimento por
parte do Ministério da Educação. O aproveitamento de estudos realizados em
Seminários Maiores para a finalidade de conclusão de cursos de licenciatura era
então regulamentado pelo Decreto-Lei 1.051/69, por seu lado fundamentado em
documentos legais explicitamente revogado pela Lei 9.394/96, como a Lei 5.540/68,
conforme mostra o Parecer CNE/CES 296/99.
Desta forma, se o curso concluído pelo interessado não era reconhecido, e se
mesmo o aproveitamento de disciplinas cursadas em Seminários Maiores para a
finalidade de integralização curricular de cursos de licenciatura não é mais possível
à luz da Lei 9.394/96, então a convalidação do diploma conforme pretendido não
pode ser concedida....” (grifo nosso)
Com base na Lei 9.394/96 e no entendimento deste Conselho, expresso pelos
Pareceres supracitados, especialmente quanto aos termos do Parecer CNE/CES 203/2004,
conclui-se que não há respaldo legal para acolher os itens 3 e 4 desta consulta.
II – VOTO DO RELATOR
Responda-se à consulta, nos termos deste Parecer.
Brasília-DF, 6 de outubro de 2004.
Conselheiro Edson de Oliveira Nunes – Relator
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III – DECISÃO DA CÂMARA
A Câmara de Educação Superior aprova por unanimidade o voto do Relator.
Sala das Sessões, em 6 de outubro de 2004.
Conselheiro Edson de Oliveira Nunes- Presidente
Conselheiro Antonio Carlos Caruso Ronca- Vice-Presidente
Edson Nunes 0140 Eds 5
http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/pces287_04.pdf
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BORDERLINE, IDENTIFICAÇÃO E SUBJETIVIDADE PÓS-MODERNA


BORDERLINE, IDENTIFICAÇÃO E SUBJETIVIDADE PÓS-MODERNA
Nahman Armony

A grosso-modo pode-se dizer que durante aproximadamente os primeiros 50
anos de psicanálise o neurótico domina a cena psicanalítica e que, de lá para cá, as
chamadas síndromes limítrofes têm ocupado um lugar cada vez maior na clínica e no
pensamento psicanalítico.
Estes conjuntos (neurose e borderline) referem-se a uma patologia inserida em
um tempo, em uma subjetividade. Representam dois períodos: o moderno e o pósmoderno.
São representantes, por assim dizer, patológicos, com uma correspondência na
normalidade. Existe uma normalidade e uma patologia neurótica e uma outra
normalidade e patologia borderline.
Para este dois grupos podemos conceber duas linhas de desenvolvimento
diferentes e independentes, cada uma delas apresentando uma gradação que vai do
patológico absoluto ao normal ideal. Assim pensam alguns autores como Bergeret,
Winnicott e outros. Farei somente uma citação de Winnicott: “Os psicanalistas
experientes concordariam em que há uma gradação da normalidade não somente no
sentido da neurose mas também da psicose (...) Pode ser verdade que há um elo mais
íntimo entre normalidade e psicose do que entre normalidade e neurose; isto é, em
certos aspectos. Por exemplo, o artista tem a habilidade e a coragem de estar em
contato com os processos primitivos aos quais o neurótico não tolera chegar, e que as
pessoas sadias podem deixar passar para o seu próprio empobrecimento”
1
Estamos ampliando, desta forma, os conceitos de neurótico e de borderline
(neuróide e psicóide segundo André Martins)2 estendendo-os a todas pessoas de nossa
sociedade, qualquer que seja o grau de patologia, saúde, doença, normalidade,
anormalidade, etc. que possa a elas ser atribuído. Daí surgiu a idéia do borderline
brando, um borderline próximo do pólo da normalidade3.
Então o neurótico (ou neuróide) pertence a uma episteme e o borderline (ou
psicóide) a outra.
1 Winnicott, D.W.W., 1982, p.21.
2 Martins, André, 2002, p.212.
3 Armony, Nahman, 1998.
2
Cada época tem a sua episteme, a sua subjetividade, subjetividade esta ligada ao
tempo histórico e que atravessa os vários segmentos do ser e fazer humano: econômico,
político, cultural, familiar, pessoal, etc.
Para efeito de estudo do borderline e do neurótico, escolherei, inicialmente,
alguns aspectos da subjetividade: da subjetividade moderna retirarei a repressão e o
recalque; da pós-moderna a condescendência, a onipotência mitigada e a cisão. A
repressão e o recalque “produzem” a neurose (desde o seu pólo patológico ao seu pólo
normal)4, enquanto que a condescendência, a onipotência mitigada e a cisão
“produzem” a gradação patológico-normal borderline.
Podemos ainda acompanhar um movimento subjetivo que vai da repressão à
desrepressão. O borderline só pôde se tornar, na atualidade, uma idéia dominante em
virtude do movimento social de desrepressão. Onde podemos, didaticamente melhor
visualizar este movimento é na passagem do capitalismo de acumulação que
desestimulava o consumo (contenção do desejo, repressão) e estimulava a poupança,
para o capitalismo de consumo que desestimula a poupança e estimula o consumo
(liberação e incitação do desejo). Também percebe-se este mesmo movimento na
família que de repressora tornou-se condescendente, permitindo uma liberdade ampla
para a realização de desejos dos filhos. Com isso, há uma tendência de passagem de
uma interioridade para uma exterioridade, de uma dinâmica calcada no recalque para
uma dinâmica centrada na onipotência/cisão, de um superego forte capaz de se bastar a
si mesmo, para um superego dependente da opinião e aprovação do ambiente. O
4 Freud em “Análise Terminável e Interminável” escreve: “A análise, contudo, capacita o ego,
que atingiu maior maturidade e força, a empreender uma revisão dessas antigas repressões;
algumas são demolidas, ao passo que outras são identificadas, mas construídas de novo, a
partir de um material mais sólido. O grau de firmeza dessas novas represas é bastante
diferente do das anteriores; podemos confiar em que não cederão facilmente ante uma maré
ascendente da força instintual. Dessa maneira, a façanha real da terapia analítica seria a
subseqüente correção do processo original de repressão, correção que põe fim à dominância
do fator quantitativo”(p.259/260 do vol. XXIII – Edição Standard da Imago, 1975). Na
conferência 28 (“Terapia analítica”) de “Conferências introdutórias sobre psicanálise” escreve:
“Não podemos negar que também as pessoas sadias possuem, em sua vida mental, aquilo
que, por si só, possibilita a formação tanto dos sonhos como dos sintomas; e devemos concluir
que também elas efetuaram repressões, que despendem determinada quantidade de energia a
fim de mantê-las, que seu sistema inconsciente oculta impulsos reprimidos ainda catexizado
com energia, e que uma parte de sua libido é retirada e deixa de estar à disposição do ego.
Assim, também uma pessoa sadia é virtualmente um neurótico; mas os sonhos parecem ser
os únicos sintomas que ela é capaz de formar. É verdade que, se alguém submete a um exame
mais atento sua vida desperta, descobre algo que contradiz essa aparência – ou seja, que essa
vida pretensamente sadia está marcada aqui e ali por grande número de sintomas banais e
destituídos de importância prática”.(p.532/3 do vol. XVI).
3
dinamismo predominante de funcionamento da personalidade, até então o recalque,
passa a ser a onipotência mitigada e a cisão.
REPRESSÃO-RECALQUE
Além da diminuição da repressão social e educacional, além da questão do
capitalismo tardio e do declínio do nome-do-pai podemos encontrar outros elementos na
genealogia da repressão-recalque. Por exemplo, a atividade da igreja, com sua noção de
pecado e culpa, teve seu papel no desenvolvimento da subjetividade moderna. Quero,
porém me estender na questão da repressão da conotação da palavra.
Antes do aparecimento da ciência empírico-racional as palavras tinham uma
ampla conotação. Com o surgimento das ciências exatas, com sua necessidade de
precisão, de cálculo, ela, a ciência, reduziu a conotação à denotação. A palavra não
tinha mais uma aura que permitisse uma polissemia, um deslizamento. Ela passou a ser
dura, engessada, exata. Isabelle Stengers5 dá um exemplo dessa transformação. A noção
de velocidade reportava-se a um tempo gasto para percorrer um espaço; a noção de
intensidade tanto servia para falar da velocidade crescente de um corpo em queda,
quanto de um cavalo que reduzia sua velocidade por cansaço, como ainda de uma vida
que se tornava cada vez mais virtuosa. Intensidade era um conceito holístico que podia
ser usado em vários campos da vida, desde a física até a moral. Importante assinalar o
aspecto de mistério que a palavra "intensidade" possuía e que a colocava numa região
ao mesmo tempo objetiva e subjetiva, permitindo um uso universal da palavra.
Ao criar o conceito de "velocidade instantânea" Galileu promoveu uma
revolução; retirando a subjetividade dos conceitos, tornou-os privativos da física, dando
a partida para o esvaziamento do inefável da palavra; também delimitou o campo da
física separando-o dos outros campos da vida. Já não era possível usar o conceito de
"velocidade instantânea" ou de "aceleração" para falar da moral ou da fisiologia. Porém,
fora da física, as palavras conservavam a sombra do incognoscível. Na medida em que
as ciências exatas obtiveram um estrondoso sucesso, passaram a paradigma de todos os
outros campos do conhecimento que assim deveriam renunciar ao mistério, à
subjetividade e à imprecisão - à faixa de desconhecimento enfim - e se conformar à
objetividade dos termos das ciências exatas. A denotação da palavra passou a valer mais
que a conotação. Com isto expulsava-se do mundo o inefável, o fantasmático, o mítico.
5 Stengers, Isabelle, 1990
4
Descartes falava das idéias “claras e distintas” e Newton organizou o mundo como um
mecanismo de relógio, onde tudo funcionaria perfeitamente e tudo seria previsível. O
pensamento cartesiano e a física newtoniana fizeram com que a humanidade acreditasse
que o mundo poderia se transformar em um paraíso de onde o mal seria abolido. O
mundo poderia funcionar como um perfeito mecanismo de relógio. Bastava dar tempo
para a ciência trabalhar. A ciência necessitava de conceitos e conceitos eram reduções
do campo fenomênico, redução essa que invadiu todo o pensamento existente. O
pensamento obedecia à lógica da contradição, à lógica da exclusão. Simplificava-se o
mundo através da ciência. Tudo poderia ser explicado por cálculo. Mas para isso as
palavras tinham de ser exatas, e com isso reprimiam-se as suas conotações.
Reportemo-nos agora a Foucault. Este autor fala-nos de sociedade imperial e de
sociedade disciplinar. Na imperial o homem era livre até o limite em que se chocava
com a lei imperial. Na disciplinar o homem era induzido desde cedo a ter um
comportamento perpetuador do status-quo. O panóptico de Bentham é a alegoria usada
para Foucault esclarecer seu pensamento. Trata-se de uma prisão em círculo em cujo
centro há uma torre de observação -- o panóptico. Toda e cada cela era acessível ao
olhar do vigia instalado no panóptico. Mesmo que o olheiro não pudesse ver todas as
celas ao mesmo tempo, e mesmo que ele nem lá estivesse, os prisioneiros disso não
sabiam. Eles agiam como se estivessem sendo observados o tempo inteiro. O vigia
tornava-se onipresente e transformava-se em um vigilante interno, dando origem a uma
função interna à qual Freud chamou de superegóica. Estamos diante de um superego
disciplinador, cruel e recalcador.
A sociedade vitoriana foi uma sociedade repressiva que criou a figura do
recalque, que é a repressão interna. As empresas desse período necessitavam acumular
capital e para isso reprimiam o desejo de consumo para economizar numerário. A
acumulação, a disciplina, a ascese, a renúncia aos prazeres, a moderação, eram
estimuladas. O homem vitoriano ideal era educado, formal, correto, disciplinado,
cumpridor de suas obrigações, honesto, íntegro, retilíneo em sua trajetória de vida,
confiável, honrado. Um cavalheiro, um gentleman. Ordem, dever, organização,
controle, disciplina eram os preceitos a serem seguidos. Dedicava sua vida à tarefa de
crescer lenta e seguramente dentro da atividade e/ou empresa escolhida.
As regras eram estritas e aquele que as seguia era valorizado e recompensado. A
sexualidade, o feminino, os sentimentos de fraqueza, dor, tristeza, a espontaneidade, a
empatia e a capacidade de identificação eram desvalorizados, reprimidos e recalcados.
5
A educação era repressiva. Na escola valorizava-se a disciplina, o dever, o bom
comportamento. A criança era cumpridora de obrigações e entre estas, a de decorar as
matérias escolares.
As empresas procuravam funcionários “certinhos”, disciplinados, cumpridores
de deveres, assíduos, burocráticos, dedicados à firma e lhes oferecia segurança e
aposentadoria.
Acompanhamos algo do surgimento e crescimento da repressão/recalque,
substrato sobre o qual se assenta o neuróide. Vamos agora tentar perseguir a
subjetividade psicóide que prospera especialmente a partir de meados do século
passado. Veremos como a repressão/recalque evolui para a onipotência/cisão.
A família patriarcal entra em declínio. As identificações sólidas com o pai
sofrem com a perda de poder desse pai, com sua desorientação diante de um mundo
mutável onde nada é seguro, nem o emprego, nem as amizades, nem as convenções
sociais, nem a moralidade. Um pai que fica perdido entre o autoritarismo e a
condescendência, agindo muitas vezes erraticamente. Um comportamento próprio de
um período de transição. O homem firme, seguro, com valores sólidos, com um
superego forte, perde seus parâmetros e torna-se um homem inseguro, que não sabe se
expressa ou não seus sentimentos, que não sabe se desenvolve ou não sua capacidade de
empatia e identificação, que não sabe se deve ou não ser autoritário. Quanto à mãe,
chamada a entrar no mercado de trabalho por razões econômicas, também o faz para
livrar-se do jugo do marido, para tornar-se independente, valorizar-se, igualar-se
subjetiva e hierarquicamente ao marido; ela então, torna-se uma profissional dedicada a
sua carreira. Duas conseqüências: menos tempo para o bebê e mais preocupação com o
sustento da casa. Esses dois fatores diminuem sua disponibilidade para o bebê, e a fusão
e a identificação mãe/bebê ficam prejudicadas, remetendo-nos a questões de
identidade/identificação.
O borderline, visto de um ângulo negativo será dito como tendo insuficiência de
identificações, expressão que poderá ser substituída por valências identificatórias
abertas, se olharmos o mesmo fenômeno positivamente, à luz de uma outra episteme.
Segundo Freud, quando o complexo de Édipo se resolve satisfatoriamente o
homem adquire um superego sólido que dificilmente se deixará modificar pelo
ambiente. O borderline pensado na perspectiva edípica será falado como tendo um
superego frouxo, lábil, influenciável, correspondente à descrição freudiana do superego
6
feminino. Justamente é este superego poroso -- que se deixa penetrar e influenciar -- que
privilegiará o homem da pós-modernidade, tornando-o apto a acompanhar as rápidas
transformações da cultura.
Grinker6 fala de quatro níveis de borderline: Grupo 1- O borderline psicótico –
comportamento inapropriado e não adaptado. Deficiente senso de identidade e de
realidade. Comportamento negativo e raivoso em relação às pessoas. Depressão. Grupo
2- O borderline nuclear – Envolvimento flutuante com outros. Expressões abertas e
atuadas de raiva. Depressão. Ausência de indicações de um self consistente. Grupo 3 –
Personalidades ‘como se’ – comportamento adaptado e apropriado. Relações
complementares. Pouca espontaneidade e afeto em resposta a situações. Defesas:
afastamento e intelectualização. Grupo 4- O borderline neurótico – Depressão anaclítica
(semelhante à da infância). Ansiedade. Semelhança com caráter narcisista neurótico.
Influenciado por essa sistematização agrupei esse conjunto humano em borderline
pesado (patológico), borderline falso-self e borderline brando (próximo da
normalidade).
Manter as valências identificatórias em aberto é conservar características infantis
e adolescentes: curiosidade, alegria, prazer, empatia, necessidade de identificação não
apenas mental, mas principalmente psicossomática. Para preencher suas valências
identificatórias abertas, o borderline pesado poderá procurar figuras de identificação,
das quais exigirá uma conduta tal, que será incompatível com uma boa relação
interpessoal. Ele exigirá comportamento de mãe primeva e de pai primevo da pessoa
escolhida para seu par, e fará demandas impossíveis de serem atendidas. Seguem-se a
frustração, a separação, o abandono, o sentimento de solidão, de vazio, de
incompreensão; aparecem a depressão, a ansiedade, os distúrbios de conduta, os
comportamentos perversos, as somatizações, os sintomas neuróticos, as vivências
psicóticas, etc. Deste jardim florido cada borderline “escolherá” o seu buquê.
Poderá, porém usar as suas valências identificatórias abertas para realizar uma
identificação em devir, uma identificação dual-porosa com o mundo circundante. Esta
intimidade com o mundo poderá permitir que ele realize os seus desejos infantis
onipotentes mitigados no social, tornando-o um membro produtivo da sociedade.
O borderline acopla-se melhor à sociedade pós-moderna por sua maior
flexibilidade, por não possuir uma identidade firme, por não possuir um superego
6 Grinker,R.R., .Werble,B., Drye,R.C., 1968, p.83-90.
7
sólido. Existe uma afinidade entre a sociedade pós-moderna e o borderline, o que é uma
redundância, pois simplesmente o borderline faz parte dessa sociedade. As empresas já
não querem funcionários disciplinados e burocráticos, mas homens criativos. A escola
já não fala em disciplina, dever e decoreba, mas sim em criatividade, pesquisa,
singularidade, estimulação afetiva. Mais que uma ação repressiva temos um estímulo à
criatividade. Mais que recalque com seus derivados temos a alternância
onipotência/impotência, com uma compartimentação destes dois estados, caracterizando
uma cisão. O borderline brando pode ser considerado o homem da pós-modernidade por
sua inquietude, flexibilidade, criatividade, sensibilidade, empatia, permeabilidade,
intuição, pela sua apreensão mais direta, menos mediada da realidade, pela sua
capacidade de detectar os mínimos movimentos do inconsciente pessoal, coletivo e
cultural.
As rápidas conquistas tecnológicas desestabilizaram o sistema das grandes
empresas burocratizadas. As empresas, que até então valorizavam o homem correto, de
sólida e monodirigida formação profissional, que valorizavam um currículo acadêmico
e um currículo profissional voltado a uma única atividade, valorizavam a disciplina, o
horário, a assiduidade, passaram a preferir o homem de múltiplos conhecimentos e
capacidades, de múltiplas experiências, um homem enriquecido por uma vida variada e
dispersa, um homem capaz de se safar de situações difíceis e complexas, um homem
criativo.
Na família, as identificações sólidas tornaram-se problemáticas pela solicitação
que o mercado e a vida atual fazem à mãe e pela perda da posição de patriarca por parte
do homem, o que o deixou confuso, em estado de busca de uma nova identidade
familiar. Os parâmetros morais também se modificaram colocando o homem em
conflito consigo mesmo e muitas vezes com o entorno. Em conseqüência os filhos ficam
com o que seria um déficit de identificações, se visto pelo lado negativo, ou como
valências identificatórias abertas, se visto pelo lado positivo.
O pai, até então idealizado, preservado em sua autoridade e onipotência, distante
de seus filhos em termos de uma amorosidade explícita e ativa, alvo de um respeito
reverencial, estímulo para a revolta ou a submissão dos filhos, vai-se tornando mais
próximo, evitando provocar o temor reverencial, mostrando suas dúvidas e fraquezas,
seu lado feminino, e sendo percebido/sentido em seu dilaceramento. O filho ou se
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identifica com a inconstância e cria um self criativo e um ego flexível – e aí teremos um
borderline brando --- ou fica baratinado, sem ponto de referência, sem âncora, sem um
eixo. As conseqüências negativas podem ser a busca de grupos místicos e de drogas, a
depressão, a ansiedade, a desorientação, a síndrome borderline pesada, o pânico, etc.
BORDERLINE
O borderline pesado é polissintomático, ambulatório, com dificuldades nas
relações pessoais por sua fragmentação ou por suas necessidades narcísicas
exacerbadas, com tendência à atuação, com problemas na área afetiva, com questões nas
áreas das identificações e identidade, necessitando de uma circunvizinhança humana
para atuar os seus fantasmas, com labilidade de humor, com tendência à exagerada
dependência afetiva muitas vezes reativamente negada, usando excessivamente a
identificação projetiva e introjetiva, com extrema sensibilidade e susceptibilidade,
incomumente e seletivamente permeável ao próprio inconsciente, ao inconsciente do
outro e à subjetividade circulante.
Se peneirarmos o borderline acima de maneira a obter a farinha purificada do
borderline brando, sobrará a tendência à atuação, a necessidade afetivo/dinâmica de uma
circunvizinhança humana para nela atuar seus fantasmas e realizar seus desejos infantis,
o uso da divisão/compartimentação e da onipotência mitigada de forma não
incompatível com o social, a extrema sensibilidade, a incomum permeabilidade ao
próprio inconsciente, ao inconsciente do outro e à subjetividade circulante; tal
permeabilidade permite-lhe identificar-se continuamente, em devir, com o que o rodeia.
A essa identificação dei o nome de "identificação dual-porosa", "identificação transital",
"identificação contínua", e, posso agora acrescentar, "identificação em devir".
(Borderline: uma outra normalidade)
O borderline brando tende mais à multiplicidade do que ao polissintomático, o
que significa que ele não inibe os vários aspectos de sua personalidade em favor de um
único aspecto, mantendo as suas várias potencialidades disponíveis para serem usadas.
No que diz respeito à sensibilidade/susceptibilidade narcísica ela apresenta-se menos
como uma ferida e mais como um instrumento de conhecimento do outro; a
permeabilidade das fronteiras do eu, que poderia torná-lo vulnerável às afetações do
outro mantém-se como sensibilidade que permite conhecer o outro, propiciando o
desenvolvimento de afetos e sentimentos pertinentes à relação em curso. Assim, ao invés
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de um fechamento nas próprias fantasias, há uma abertura para o conhecimento das
fantasias do outro. A permeabilidade das fronteiras, que no borderline pesado pode ser
usada contra o outro ou pode dar lugar a um excesso de identificação projetiva e
introjetiva, no borderline brando muda de qualidade, transformando-se em identificação
dual-porosa, uma identificação que permite um regime de trocas fantasmáticas e afetivas
contínuas entre os seres humanos entre si e com o mundo circundante. A porosidade
tanto funciona em relação ao mundo externo (a um outro humano, sim, mas também em
relação à cultura, à natureza, ao planeta), quanto ao mundo interno, isto é, na percepção
do próprio inconsciente. Em se tratando do borderline brando, as trocas fantasmáticas e
afetivas ocorrem em um espaço potencial ou a ele equivalente, o que significa que ao
objeto subjetivo superpõe-se o mesmo objeto objetivamente percebido. A identificação
dual-porosa mostra-se um precioso instrumento de conhecimento, relação e
comunicação, permitindo surfar nas ondas do devir, possibilitando ao borderline deslizar
e se enlear nas sutis e infindas variações de um mundo em constante mutação. A
tendência à dependência do borderline pesado, traduz-se no borderline brando pelo
reconhecimento da necessidade afetiva de um outro também dual-poroso, de tal maneira
que um regime de trocas, onde vigore tanto o subjetivo quanto o objetivamente
percebido, possa ser estabelecido.
O estado de identificação em devir encontrado no borderline brando (o homem
pós-moderno) entrelaça-o à subjetividade contemporânea como sujeito criativo e
transformador.
Nahman Armony
Membro psicanalista da CPRJ e da SPID
Psiquiatra
Doutor em Comunicação pela ECO da UFRJ
Professor do curso de pós-graduação lato-senso “Psicologia clínica e Psicossomática” da
Universidade Estácio de Sá, Rio de Janeiro.
Rua Paissandu, 94, apt.402, Flamengo. CEP: 22210-080.
Telefone: 22858782
e-mail: nahman@uol.com.br
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BIBLIOGRAFIA
Armony, N. – “Borderline, uma outra normalidade”. Rio de Janeiro, Editora Revinter,
1998.
Freud, S. – “Análise terminável e interminável” (1937) Edição Standard Brasileira vol.
XXIII. Rio de Janeiro, Imago Editora, 1975.
Idem – “Terapia analítica”, conferência 28, vol. XVI.
Grinker,R.R., Werble,B., Drye,R.C. – “The Borderline Syndrome”. New York, Basic
Books Inc., 1968.
Martins, A. – “Pulsão de morte? Natureza e cultura na metapsicologia freudiana”. Tese
de doutorado em Psicologia Psicanalítica – UFRJ, Rio de Janeiro, 2002.
Stengers,I. – “Quem tem medo da ciência?”. São Paulo, Siciliano, 1990.
Winnicott,D.W. (1959-1964) – “Classificação: existe uma contribuição psicanalítica à
classificação psiquiátrica?” IN “O ambiente e os processos de maturação”. Porto
Alegre, Artes Médicas, 1983.
.
http://www.saude.inf.br/nahman.htm
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domingo, 29 de junho de 2008

Caça ao Terrorista.Trailer.



Caça ao Terrorista traz de volta o personagem de Carlos, o Chacal

Depois de O Chacal, de Michael Caton-Jones, estrelado por Richard Gere, chega aos cinemas brasileiros Caça ao Terrorista (The Assignment), dirigido pelo canadense Christian Duguay, especialista em produções de ação como O Detonador em Alta Voltagem, Assassinos Cibernéticos).


O filme traz três atores que ficaram famosos por se parecerem com alguém

O filme tem como personagem central um oficial da marinha norte-americana extremamente parecido com o famoso terrorista colombiano conhecido como Carlos, o Chacal.

Enquanto estava em férias em Israel, o oficial-sósia é preso de forma equivocada por um agente do Mossad, o serviço secreto israelense.

Por sua semelhança com o terrorista, o protagonista vivido por Aindan Quinn é convocado para uma missão de alto risco, realizada em ação conjunta pelos serviços secretos dos Estados Unidos e de Israel.

Trata-se de um típico filme voltado para o consumo rápido de aficionados de produções com muita ação e violência, recheadas de explosões e com algum mistério para dar relevo a situações de suspense.

O elenco de Caça ao Terrorista inclui dois dos mais populares atores característicos de Hollywood, Donald Sutherland e Ben Kingsley.

Sutherland, especializado em papéis de vilão, é o agente norte-americano que contrata os serviços do oficial da marinha que se parece com o Chacal.

Canadense de origem, o ator ganhou notoriedade em Hollywood depois de sua participação em Os Doze Condenados e M.A.S.H.

Oscarizado por sua atuação em Gandhi, o inglês Ben Kingsley vive o agente do Mossad que participa da intriga. Entre seus filmes mais recentes estão A Experiência e Noite de Reis.

CAÇA AO TERRORISTA

Título Original: The Assignment
País de Origem: EUA
Ano: 1997
Duração: 115min
Diretor: Christian Duguay
Elenco: Aindan Quinn, Donald Sutherland e Ben Kingsley.
FridoDeluxe


ESte filme é dificil encontrar em locadoras, mas num sebo é bem possível.
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RESILIÊNCIA.


Resiliência

RESILIÊNCIA

Professora Sandra Maia Farias Vasconcelos, Dr.

Há mais de quarenta anos, a ciência tem-se interrogado sobre o fato de que certas pessoas têm a capacidade de superar as piores situações, enquanto outras ficam presas nas malhas da infelicidade e da angústia que se abateram sobre elas como numa rede engodada. Por que certos indivíduos são capazes de se levantar após um grande trauma e outros permanecem no chamado fundo do poço, incapazes de, mesmo sabendo não ter mais forças para cavar, subir tomando como apoio as paredes desse poço e continuar seu caminho?

As experiências e estudos feitos têm mostrado algumas explicações científicas sobre esse fato. A biologia defende o ponto de vista de que cada ser humano é dotado de um potencial genético que o faz ser mais resistente que outros. A psicologia, por sua vez, dá realce e importância das relações familiares, sobretudo na infância, que construirá nesse individuo a capacidade de suportar certas crises e de superá-las. A sociologia vai fazer referência à influência do entorno, da cultura, das tradições como construtores dessa capacidade do individuo de suplantar as adversidades. A teologia traz um aporte diferente pela própria subjetividade transcendente, uma visão outra da condição humana e da necessidade do sofrimento como fator de evolução espiritual: o célebre “dar a outra face”.

Mas foi o cotidiano das pessoas que passam por traumas, que realmente atravessam o vale das sombras, o que realmente atraiu a curiosidade de cientistas do mundo inteiro. Não são personagens de ficção que se erguem após a grande queda; são homens, mulheres, crianças, velhos, o individuo comum do mundo que retoma sua vida após a morte de um filho, a perda de uma parte de seu corpo, a perda do emprego, doenças graves, físicas ou psíquicas, em si mesmo ou em alguém da família, razões suficientes para levar um individuo ao caos. Esses que são capazes de continuar uma vida de qualidade, sem auto-punições, sem resignação destruidora, que renascem dos escombros, esses são seres resilientes.

A resiliência é um termo oriundo da física. Trata-se da capacidade dos materiais de resistirem aos choques. Esse termo passou por um deslizamento em direção às ciências humanas e hoje representa a capacidade de um ser humano de sobreviver a um trauma, a resistência do individuo face às adversidades, não somente guiada por uma resistência física, mas pela visão positiva de reconstruir sua vida, a despeito de um entorno negativo, do estresse, das contrições sociais, que influenciam negativamente para seu retorno à vida. Assim, um dos fatores de resiliência é a capacidade do individuo de garantir sua integridade, mesmo nos momentos mais críticos.

Não se é resiliente sozinho, embora a resiliência seja íntima e pessoal. Um dos fatores de maior importância é o apoio e o acolhimento, feito em geral por um outro individuo, e essencial para o salto qualitativo que se dá. Alguns autores nomearam essas pessoas: Flash chamou-o mentor de resiliência; Cyrulnik chamou-o tutor de resiliência; muito antes Bolwby chamou-o figura de apego. Denominações a parte, a resiliência ganha hoje seu espaço na pesquisa em ciências humanas, médicas, sociais, administrativas etc.

Mas não se forma um mentor/tutor/figura de apego. Não se pode dizer que alguém vai ser a partir de agora esse individuo que vai chegar para operar o milagre. A resiliência é, na verdade, o resultado de intervenções de apoio, de otimismo, de dedicação e amor, idéias e conceitos que entram sorrateiramente nas ciências como causa e efeito, intervenção e resultado, hipótese e tese de que as relações intra e interhumanas são relações que ultrapassam o rigor do empirismo para encontrar o acaso.

http://www.reacao.com.br/programa_sbpc57ra/sbpccontrole/textos/sandravasconcelos-resiliencia.htm
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A arte de ser flexível promovendo a resiliência

A arte de ser flexível promovendo a resiliência

O conceito de Resiliência não tem sido muito difundido no Brasil em estudos ou produções acadêmicas, embora que na Europa e em certa medida, também na América do Norte exista um número bastante considerável de estudos que o incluem.
Considerando que, dado o seu potencial, é um conceito que pode ser muito significativo para a área da Educação e da Psicologia da Educação, no Brasil.
Com freqüência os meios de comunicação nos informam sobre os altos níveis de ansiedade, estresse tensão que sofrem os seres humanos na atualidade. Ultimamente as depressões os sofrimentos similares, afetam cada dia mais as pessoas.
Os problemas econômicos, de saúde, familiar ou profissional, estão na lista de fatores que incidem diretamente nas condutas negativas de ruína dos indivíduos. As decepções geradas pela incapacidade de resolver as contradições, conduzem o indivíduo ao sentimento de impotência diante as adversidades que lhe são impostas.
Estes desafios e dificuldades que cotidianamente apresentam para os seres humanos, onde a concorrência e a procura por espaços profissionais e pessoais se tornam ainda mais acirradas, onde as perspectiva externas se chocam com as probabilidades reais de realização do sujeito. Este precisa ser formado e se autoformar, para se preservar psicologicamente, para reagir e organizar o seu mundo, suas indigências, suas prioridades, seus anseio e suas ações, de modo a não deixar sobrepujar por contingências e conjuntura a que não possa, em dado momento e em determinadas situações, controlar e dar respostas exigidas. Esta formação neste contexto exprimiria a sua resiliência, isto é, sua capacidade de responder de forma mais consciente aos desafios e dificuldade, de reagir com flexibilidade e capacidade de recuperação diante destes desafios e circunstancias desfavoráveis, tendo uma atitude otimista, positiva e perseverante e mantendo um equilíbrio eficaz durante e após os embates. Um atributo de personalidade que, ativada e desenvolvida, possibilita ao sujeito superar-se e às pressões de seu mundo, desenvolver um autoconceito realista, autoconfiança e um senso de autoproteção que não desconsidera a abertura ao novo, à mudança, ao outro e à realidade subjacente.
Devemos tomar em conta que a resiliência é uma capacidade inata para fazer as coisas corretamente, para transformar comportamentos e impetrar trocas. Portanto, poderíamos dizer que todos somos resilientes, pois há condições e fatores que transformam circunstâncias de pressão, hostilidade e se tornam em um aspecto que nos faça seguir adiante.
Pode-se refletir que a resiliência tem a ver com o vínculo afetivo de cada dinâmica familiar ou social. Necessita-se que sejamos queridos e que possamos contar com pessoas que nos satisfaçam quanto às necessidades básicas e que nos façam sentir únicos, úteis e importantes.
Afrontar com situações muito difíceis provoca crises na pessoa e em seu grupo familiar: doenças graves de familiares próximos, separação ou morte dos pais, desemprego, miséria, a vida numa comunidade violenta (crianças que presenciam assassinatos, que foram assaltadas ou seqüestradas), perdas significativas (perder pessoas queridas, perder a casa em conseqüência de incêndio, inundação ou deslizamento, ter que sair do país como refugiado). Situações de vida como essas são potencialmente traumáticas. No entanto, as pessoas resilientes conseguem "atravessar" esses períodos complexos sem se desestruturar, como uma árvore flexível cujos galhos se dobram num vendaval, mas não se quebram. As crises representam um enorme desafio: é essencial ter flexibilidade para instituir novas soluções para as dificuldades que surgem, ter determinação e força para enfrentar os problemas, saber buscar e solicitar auxílio hábil.
Os profissionais que pesquisam os "ingredientes básicos" da resiliência articulam que esta força interior é, em parte, inata: há pessoas que, por herança genética e por temperamento são mais resilientes que outras. No entanto, a resiliência também pode ser desenvolvida no transcorrer da vida, especialmente durante a infância e a adolescência: para isto, é basilar que os adultos importantes para a criança e para o jovem tenham sabedoria para escutá-los e compreender o que sentem ante as circunstâncias que enfrentam; encorajem a expressão dos sentimentos de tristeza, raiva e medo; ofereçam o apoio indispensável para que eles se sintam seguros, conquanto incentivem sua independência e iniciativa para criar saídas e soluções para os problemas. Desta maneira, a auto-estima sai fortalecida e a resiliência aumenta: em vez de se sentir traumatizada e derrotada pela vida, o indivíduo se sente mais competente para afrontar os desafios inerentes às crises. Assim sendo, a qualidade do auxílio proporcionado e do relacionamento que se desenvolve são "ingredientes" indispensáveis para o desenvolvimento da resiliência.
Recusar que a resiliência é um fenômeno que pode ser promovido é ignorar todos os estudos alusivos ao comportamento humano que oferecem extrema acuidade ao meio em que os indivíduos vivem e privilegiar o senso comum fundamentado na premunição e no destino. É acreditar que cada um ao nascer já trás consigo toda a sua trajetória histórica definida. Partindo desta pressuposição, nenhuma tática poderia influenciar o indivíduo a transformar a sua realidade.
Costa (2000) é um dos estudiosos que acredita que a resiliência não é privilégio de alguns exclusivamente. Não é o episódio de uns nascerem resilientes e outros não.
O estudo sistemático da resiliência nas pessoas e nas organizações revelou que ela não é uma qualidade única e extraordinária, característica intransferível de um grupo especial de pessoas. Não. A resiliência é antes de tudo a resultante de qualidades comuns que a maioria das pessoas já possui, mas que precisam estar corretamente articuladas e suficientemente desenvolvidas. (p.12).
Promover, deste modo, a resiliência em um grupo, incidi em conhecer a sua história, procurar analisá-lo no contexto, para então interferir de maneira apropriada, indagado as razões capazes de motivá-lo e fortificá-lo.

Bibliografia

COSTA, Adalvo da Paixão Antonio. O conteúdo afetivo no currículo escolar. Revista de Educação da FAESA. V.1, nº 1. ago. 2000/ fev. 2001, p. 81-93
COSTA, Antonio Carlos Gomes. Resiliência. Pedagogia da presença. São Paulo: Modus Faciend,1995.
FLACH, Frederic. A arte de ser flexível - Resiliência. 1ª ed. São Paulo: Saraiva, 1991.

MONTEIRO. Denise Schulthais dos Anjos et al. Resilência e Pedagogia da Presença: intervenção sócio-pedagógica no contexto escolar. In.: BELLO, José Luiz de Paiva. Pedagogia em Foco, Vitória, 2001. www.pedagogiaemfoco.pro.br/fundam01.htm Acesso em 05 de set. 2003.
TAVARES, José (org). Resiliência e educação. São Paulo: Cortez, 2001.
Yunes, M. A. M. (2001) A questão triplamente controvertida da resiliência em
famílias de baixa renda. Tese de Doutorado. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, SP.

Rosley Sulek Buche Barros
Pedagoga, especialista em Psicopedagogia

Endereço: Rua Professor Francisval de Brito, 275 - Cidade Alta
Cuiabá - MT
CEP. 78030-470

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sexta-feira, 27 de junho de 2008

Viagem ao Centro da Terra - O Filme. Trailler.

Trevor (Brendan Fraser) e seu irmão Max costumavam trabalhar juntos como geólogos, até que Max desapareceu sem deixar vestígios em uma pesquisa na Islândia dez anos atrás. Trevor nunca mais foi o mesmo, assim como seu sobrinho Sean (Josh Hutcherson), agora um problemático e rebelde garoto de 13 anos. Quando surge a oportunidade para visitar o topo da montanha na qual Max desapareceu, Trevor aceita, esperando saber mais sobre o destino do irmão. Mas, como terá de tomar conta de Sean durante o verão, o protagonista não tem escolha a não ser levá-lo junto.


Elenco:
Brendan Fraser Josh Hutcherson
Anita Briem Giancarlo Caltabiano
Garth Gilker

Direção: Eric Brevig
Produção: Beau Flynn

Cary Granat

Charlotte Clay Huggins
Fotografia: Chuck Shuman
Trilha Sonora: Andrew Lockingto


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A Verdade, é mutável ou adaptável á realidade de cada um?

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ªMago da Luz é participante do Yahoo!Resposta
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psicomotricidade.

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Globo Repórter Desafios da Educação.

nilsonvoliveira


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Emprego de A a Z: F de Formação.

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Produção de Voz Aspectos Fisiológicos.

graduacaounitins


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O que é Sociologia?

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HISTÓRIA E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO



HISTÓRIA E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO - O DEBATE TEÓRICO METODOLÓGICO A PARTIR DE UMA LEITURA MARXISTA – PRIMEIRAS APROXIMAÇÕES

Valdir Picheli

Doutorando com pesquisa na área de História da Educação

Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas

INTRODUÇÃO

A análise das metodologias explicativas da História e da História da Educação, em particular, constitui um tema crucial. Questões tradicionais dessa ciência, já há algum tempo, foram colocadas sob suspeita, trazendo à tona antigos questionamentos do tipo: constitui a História uma ciência? Pode a escrita histórica revestir-se de objetividade? É possível uma história com pretensões à apreensão da totalidade do fenômeno social?

É muito forte hoje, inclusive nos círculos dos historiadores profissionais, a tendência que considera a História escrita sob o rigor da ciência, algo que já se exauriu. Por isso, sua finalidade, antes de se revestir de perspectivas que busquem a compreensão do fenômeno social, hoje teria como pretensão proporcionar o deleite, o prazer, o idílio folhetinesco. A descaracterização da história enquanto ciência do social, de acordo com os "bruxos" do pós-modernismo, guarda coincidências com o discurso subsumido na desreferenciação do sujeito. De forma inexorável isso seria a marca do "fim da História" exemplificado pela síntese do progresso tecnológico com o liberalismo econômico, por um lado e, por outro, o predomínio de uma visão caleidoscópica do real, que ao afirmar o singular propõe ainda o esgotamento ontológico das vanguardas revolucionárias, quer na política, quer nas artes.

É nesse sentido que se coloca a importância da retomada do percurso analítico das principais correntes interpretativas da História. Esse tratamento deve nos permitir um posicionamento crítico em relação ao debate historiográfico, facilitando, assim, uma delimitação mais conseqüente do trabalho de pesquisa em História e, no nosso caso particular, em História da Educação. Desse modo, ao contrário do que sugere Le Goff de que o que se deve esperar é que a ciência histórica possa evitar melhor, de agora em diante, as tentações da filosofia da história, que renuncie às pretensões da maiúscula - a história com H (LE GOFF, 1990: p.57), é de extrema importância relembrarmos a imperativa afirmação de Marx e Engels na Ideologia Alemã: conhecemos apenas uma única ciência, a ciência da história (MARX e ENGELS,1993: p.23).

Assim, o texto que se segue procura uma síntese crítica dos debates de ordem teórico-metodológico que tem ocorrido entre aqueles que estão envolvidos em projetos de pesquisas em História da Educação. Por isso, privilegiamos um recorte temático que abrangesse, essencialmente, a tônica das últimas discussões que tem aflorado com certa constância no meio acadêmico. De uma maneira genérica, pode-se afirmar, que esse debate tem privilegiado uma grande polêmica, que em última análise confronta os dois paradigmas primordiais de toda a História do pensamento, a saber: racionalismo e irracionalismo.

HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO E MÉTODO EM HISTÓRIA

A leitura recente de uma série de apontamentos de pesquisadores de programas de pós-graduação em História da Educação de todo o Brasil é um bom começo para aqueles que pretendem tomar ciência de como se apresenta o estado da arte no momento atual. Tal leitura nos revela uma gama extremamente diversa dos mais variados temas de pesquisa no interior da Educação, e como a questão metodológica tem se apresentado aos respectivos pesquisadores. Com algumas poucas exceções, foi possível notar que a maioria dos depoimentos colhidos apresentava uma rudimentar confusão no tratamento da questão metodológica, referindo-se ao método como procedimentos de pesquisa. Também ficou perceptível nesses depoimentos o quanto a falta de cuidado em relação à metodologia por vezes se desdobra numa verdadeira "salada mista" conceptual, na qual, cabem, como parceiros, Marx, Kosik, Foucault, Le Goff etc. Por outro lado, há também aquelas referências particularistas que procuram inserir a construção metodológica da pesquisa como uma explicitação do próprio EU do historiador.

A incursão nestes relatos nos revelou também pesquisadores que, com certo arrojo intelectual, se recusavam (ao menos até aquele momento) a entrar no alegre coro da pós-modernidade e a sua melopéia que nos encaminha ao barranco de cegos em que se precipita a civilização ocidental. Em tom de ironia, por exemplo, Maria Luisa Santos Ribeiro, cita um samba de Paulinho da Viola que diz: "faça como o velho marinheiro que durante o nevoeiro leva o barco devagar". As colocações da pesquisadora Zeila B. F. Demartini parecem contemplar a serenidade sugerida no antigo samba. Trabalhando com fontes orais, a pesquisadora tem o cuidado de salientar que

...acreditamos que, na medida em que transcrevemos o que foi gravado, passamos a trabalhar com um tipo de documento que, se é designado oral, dada a sua origem, passa a partir daí a carregar uma grande ambigüidade, pois o que se escreve a partir das falas não consegue registrar o clima e todos os sentimentos e aspectos culturais que envolvem a situação de entrevista (INEP: p.42).

Para afirmar mais à frente que:

...não concordamos com os autores que, ao recorrerem aos relatos orais, especialmente a histórias de vida, afirmam que a análise já está praticamente concluída quando se encerram as entrevistas. A nosso ver, além do trabalho de crítica metodológica que deve ser feito, o material transcrito guarda elementos que mesmo várias escutas atentas não permitem captar (idem: p.42).

Com mais contundência, Ester Buffa, numa citação implícita a Hegel, apresentou seu depoimento contrário aos estudos que se pretendem "novos" nos seguintes termos: ...por mais sedutores que sejam esses estudos, não se pode admitir que a descrição pormenorizada da árvore impeça a compreensão da floresta como um todo (...) estudamos o singular visando compreendê-lo no todo (idem: p.69). Nessa ótica a pesquisadora justificou seu objeto de estudo que trata da educação brasileira a partir da cidade paulista de São Carlos. Sem descartar o singular (São Carlos), o trabalho de pesquisa da autora, procurava dar conta das relações econômicas, culturais, políticas, urbanas, educacionais do Brasil.

Finalmente, é preciso salientar a fala da pesquisadora Zaia Brandão alertando sobre os riscos da interdisciplinaridade entre os educadores. Há, por parte da pesquisadora, como se evidencia, uma clara preocupação com um ecletismo inconseqüente: suponho que o apelo ético-crítico da interdisciplinaridade e a tendência da área da educação a mimetizar campos disciplinares mais prestigiosos podem estar obscurecendo os limites epistemológicos pertinentes a essa prática...(idem: p.124).

Porém, ao expor o eixo de sua concepção a respeito das fontes documentais, Zaia Brandão, recorreu a Foucault e Le Goff que tratam os documentos enquanto monumentos. É necessário precisar com um pouco mais de rigor a origem desse tratamento, uma vez que seu uso tem sido cada vez mais generalizado na pesquisa histórica.

Essa relação (documento/monumento) foi apresentada pela primeira vez por Foucault. Para ele, a história tradicional (aquela que se escreveu antes do século XVIII) ...se dispunha a ‘memorizar’ os monumentos do passado, transformá-los em documentos e fazer falarem estes rastros que, por si mesmos, raramente são verbais, ou que dizem em silêncio coisa diversa do que dizem (FOUCAULT, 1987: p.08). Com essa crítica, Foucault propõe o abandono da crítica documental, o monumento falaria por si mesmo. A história nada mais significaria que apenas o ato de memorizar e levar adiante as impressões próprias do monumento, perfazendo, então, aquilo que com freqüência têm sido chamada pelos historiadores da Nova História de tradição. Essa forma de escrever a História possibilitaria o desvelamento daquilo que é muito caro ao pensamento de Foucault: "as descontinuidades", as "multiplicidades das rupturas", ou seja, aquilo que o trabalho de conceitualização não consegue fazer emergir na análise historiográfica.

Foucault, portanto, é crítico da História entendida como ciência. Abomina a crítica documental:

...a história mudou sua posição acerca do documento: ela considera como sua tarefa primordial, não interpretá-lo, não determinar se diz verdade nem qual é seu valor expressivo, mas sim trabalhá-lo no interior e elaborá-lo: ela o organiza, recorta, distribui, ordena e reparte em níveis, estabelece séries, distingue o que é pertinente do que não é, identifica elementos, define unidades, descreve relações. O documento, pois, não é mais, para a história, essa matéria inerte através da qual ela tenta reconstituir o que os homens fizeram ou disseram, o que é passado e o que deixa apenas rastros: ela procura definir, no próprio tecido documental, unidades, conjuntos, séries, relações (idem: p.07).

Ou seja, é possível perceber que a preocupação legítima exposta inicialmente por Zaia Brandão se perde diante do que está explícito na visão de Michel Foucault sobre a História. Mas é preciso recolocar as questões: que balizas distanciam os tênues limites da interdisciplinaridade eclética das descontinuidades? Ou ainda, como se assegurar da precisão dos "limites epistemológicos" diante das multiplicidades heterotópicas particulares e particularistas sugeridas pela epistemologia de inspiração em Nietzsche?

Há um ponto primordial a enfatizar na discussão de acordo com o que foi dito até aqui. Os questionamentos, tais como se apresentam acima, só podem ser melhor esclarecidos a partir de uma ampla análise que resgate a epistemologia das correntes interpretativas da História.

Uma análise nessa direção está presente no texto "História e Paradigmas Rivais" de Ciro Flamarion Cardoso, que procurou apresentar o embate, no qual estão envolvidas a principais correntes interpretativas da História, a partir da oposição entre os paradigmas iluminista e pós-moderno.

O autor salienta que o Iluminismo se insere na tradição renascentista que afirmou a perspectiva da razão como possibilidade do progresso (emancipação) humano, enquanto o pós-modernismo seria a expressão crítica de tal tendência ao enfatizar o "colapso da civilização", negando, portanto, quaisquer tendências racionais ou cientificistas. Entretanto, se observarmos melhor a História da Filosofia até os dias atuais, com certeza, poderemos notar que esse embate não se reveste de total novidade. Nietzsche, por exemplo, desloca esse embate para a Grécia clássica. Para ele, toda a luminosidade do homem grego é perceptível na sua submissão às forças díspares que encarnavam a natureza presentes no Olimpo. A "idade do ouro", para os gregos, era aquela em que a vida humana se organizava em torno do mito. A desarticulação desse mundo teria se dado justamente com o surgimento das sistematizações históricas:

pois este é o modo como as religiões costumam morrer: ou seja, quando pressupostos míticos de uma religião, sob os olhos rigorosos, razoáveis, de um dogmatismo bem-pensante, são sistematizados como uma soma acabada de acontecimentos históricos e se começa angustiosamente a defender a credibilidade dos mitos, mas a rebelar-se contra toda sobrevivência e propagação dos mesmos, quando, portanto, o sentimento pelo mito morre, e em seu lugar se introduz a pretensão da religião a ter bases históricas (NIETZSCHE, 1991: p.11).

Sócrates teria sido o ponto de inflexão desse abandono de uma vida conduzida pelo mito. Sócrates o "não-místico" que, com altivez, à alternativa de ter seu nome maculado, sob a acusação de corrupção da religião, junto aos gregos, solicitou a própria condenação à morte perante o tribunal ateniense, acabou por tornar-se o novo ideal, nunca antes contemplado, da nobre juventude grega (idem: p.13). Assim, os desdobramentos da influência do espírito socrático se fizeram sentir na valorização da forma sintética, sistematizada, racional das coisas. Assim:

o pensamento filosófico cresce com mais viço do que a arte e obriga-a a se agarrar ao caule da dialética (...) Sócrates, o herói dialético do drama platônico, lembra-nos por afinidade de natureza, o herói euripidiano, que tem de defender suas ações com argumentos e contra-argumentos e por isso tantas vezes corre o perigo de perder nossa compaixão trágica (p.13).

Desde aí, segundo Nietzsche, a humanidade teria sucumbido à ilusão do conhecimento, do saber, da ciência. A dimensão que se vislumbra, portanto, é a de um conflito de paradigmas rivais que transcende a época do Iluminismo e o pós-modernismo. Trata-se, na verdade, de um histórico conflito entre as perspectivas racionalista e irracionalistas.

A apresentação da discussão metodológica feita por Ciro Flamarion Cardoso, portanto, se reveste de muita argúcia e pertinência. Apropriadamente Ciro faz uma síntese rápida da visão marxista da História que se inclui no paradigma iluminista e aponta, inclusive alguns pontos de convergência desta com a escola dos Annales: preocupação com a estrutura, a ideologia (mentalidades), as condições materiais e a ambição por uma ciência da totalidade. A pós-modernidade, também sintetizada rapidamente por Ciro, se encontra no paradigma oposto ao do Iluminismo: o irracionalismo. Seria oportuno, contudo, alçar a discussão proposta por Ciro Flamarion Cardoso, para além do choque dos paradigmas Iluminista e pós-moderno, tentando recuperar esse embate na história do confronto entre o racionalismo e o irracionalismo. A importância dessa operação se justifica tendo em vista que pensadores como Foucault, Lyotard, Deleuze, Derrida etc., influências marcantes entre os "novos historiadores", são tributários a Nietzsche, crítico da modernidade e de toda a tradição civilizatória.

Ao invés disso, Ciro Flamarion Cardoso, chama a atenção para aquilo que ele chamou de "excessos unilaterais"(p.23). Reconhecendo a importância das pesquisas relacionadas à Nova História por ter possibilitado a ampliação considerável dos objetos e estratégias de pesquisa e a reivindicação do individual, do subjetivo, do simbólico como dimensões necessárias e legítimas da análise histórica (CARDOSO, 1997: p.23), Ciro acredita que,

é inevitável que surjam, a curto ou médio prazo, um ou mais paradigmas explicativos globais, já que as razões que os suscitaram no passado, os graves problemas sociais e mundiais sem resolver, exigirão que se renovem os horizontes utópicos orientadores, amanhã, de lutas sociais menos parcializadas e mais coerentes do que as de hoje (idem, p.23).

Sem negar a importância que representam para a síntese histórica os novos objetos e as novas problematizações, é preciso salientar que estes não são atributos exclusivos dos "novos historiadores". A própria preocupação metodológica marxiana com a totalidade da praxis humana inviabiliza a exclusão de quaisquer que sejam as inquietações ou atributos pertinentes ao Homem. Uma afirmação, nesse sentido, não quer dizer que o diverso, o fragmento, o subjetivo tenham um ethos particular desprendido de centralidade. Dessa maneira torna-se questionável o que propõe Ciro Flamarion Cardoso como recurso metodológico para a síntese histórica. O que se deve esperar? Uma síntese que englobe os paradigmas rivais? Ou o surgimento de novos "paradigmas explicativos globais"? Esses novos paradigmas incorporariam os trapos alvejados atirando pelo ralo a água fétida da bacia do irracionalismo? Talvez tenha faltado a Ciro, mais rigor no tratamento de um tema tão espinhoso do campo da filosofia. Não é possível tratar o embate racionalismo e irracionalismo, como um simples "modismo" ou uma "mera rivalidade ideológica".

É interessante observar como a difícil interlocução, no caso específico do marxismo (paradigma racionalista), com o Nova História foi tratado pelo historiador Guy Bois, no texto "Marxismo e História Nova". Para ele, a interlocução entre as duas práticas de pesquisa e síntese histórica passa pela confluência, mas também pelo "combate":

a união sem combate, bem como o combate sem união, são prejudiciais ao destino do materialismo histórico. Assim, para os marxistas, essa confrontação adquire o valor de um desafio. Eles não podem ignorar a amplitude do que está em jogo e não ver que, sob o aspecto de inovação técnica e fascínio pelas ciências humanas, se desenvolve um questionamento parcial ou total do marxismo, uma rejeição da história global e das pretensões de um enfoque científico. Cabe-lhes, pois, dar uma resposta que esteja à altura do desafio (BOIS, 1990: p.257).

Concluindo que: essa resposta deve ser buscada numa prática histórica que associe a maior abertura aos novos métodos (...) e aplicação, real e não formal, dos conceitos básicos do materialismo histórico (idem: p.257).

Guy Bois, portanto, apresenta-nos uma outra perspectiva. Não uma aposta em novos "paradigmas globais" ou "holísticos", mas a aplicação do materialismo histórico indisfarçadamente sobre aquilo que se convencionou denominar de novos objetos, novos problemas etc.

Para tanto, é pertinente lançar mão da exposição "Relendo a Teoria Marxista da História", feita por José Paulo Neto no IV Seminário Nacional de Estudos e Pesquisas "História, Sociedade e Educação no Brasil".

Nesse texto, José Paulo chama a atenção par uma operação teórica presente nas obras inseridas no interior da Nova história: o cancelamento do século XIX obnubilando grandes matrizes teóricas como Kant, Hegel, Marx, Nietzsche etc.

Mas, empreender uma síntese do materialismo histórico também apresenta suas dificuldades, já que existem inúmeros desmembramentos dessa teoria. Por isso, José Paulo Neto, fala em "teoria marxiana" sintetizando-a em cinco categorias: primeiro

"...processo objetivo, isso significa que se trata de uma processualidade que porta em si mesma uma especificidade primariamente independente das representações que dela façam os sujeitos; segundo, esse processo é contraditório, já que ele é marcado pela tensão entre os interesses sociais que circunscrevem os diferentes sujeitos em presença; terceiro, é um processo com sujeitos, seus sujeitos reais não se plasmam como personalidades singulares, mas como grupos sociais vinculados por interesses comuns; quarto, projetos que são conduzidos por sujeitos determinados, isto é, tais sujeitos não se constituem aleatoriamente, mas segundo imperativos e possibilidades que se colocam concretamente nos espaços e tempos precisos; quinto, são sujeitos conscientes, ou seja, esses sujeitos não atuam cegamente mas direcionados pelo maior ou menor grau de conhecimento que têm dos limites e possibilidades da sua ação. E seis, é um processo que é marcado pela ação dos sujeitos que têm finalidades, têm intenções , sendo, pois, um processo tencionado por sujeitos com suas próprias teleologias (NETO, 1998: p.55).

José Paulo Neto deixa claro também a matriz paradigmática da teoria elaborada por Marx e Engels, associando-a à tradição de investigação sobre a verdade aristotélica. A este respeito é conveniente recorrer ao próprio Marx no "Posfácio da Segunda Edição" de O Capital:

é, sem dúvida, necessário distinguir o método de exposição formalmente, do método de pesquisa. A pesquisa tem de captar detalhadamente a matéria, analisar as suas várias formas de evolução e rastrear sua conexão íntima. Só depois de concluído esse trabalho é que se pode expor adequadamente o movimento real. Caso se consiga isso, e espelhada idealmente agora a vida da matéria, talvez possa parecer eu se esteja tratando de uma construção a priori(MARX, 1983: p.20).

OS ANNALES: HISTÓRIA E A HISTÓRIA INERTE

Também muito influente na análise historiográfica tem sido a contribuição da "Escola dos Annales". A discussão sobre o método de investigação e exposição histórica da "Escola dos Annales" não pode ser reduzida a uma única visão. Entretanto, o texto "Os Annales: a Renovação Teórico-Metodológica e ‘Utópica’ da História pela Reconstrução do Tempo Histórico" de José Carlos Reis, é muito significativo. Como raramente encontramos à disposição uma discussão de âmbito teórico-metodológico na tradição que se reivindica herdeira da "Escola dos Annales", esse texto, torna-se primordial e, ao mesmo tempo revelador das implicações historianovistas.

De início, José Carlos Reis, já define o pressuposto que, na sua visão, estabelece a condição de "novo" ou "ultrapassado" para esta ou aquela corrente interpretativa. Ao contrário, de algo que indique a busca do conhecimento do objeto (verdade), esse pressuposto se insere no campo da "representação do tempo histórico". A partir daí, a própria elaboração discursiva do texto de José Carlos Reis se aproxima da tradição nietzschiana. Como Nietzsche, o autor revela sua propensão anti-histórica. Para ele, o "eterno" é a única condição possibilitora do conhecimento. Há, portanto, um reatamento com a dimensão mítica da realidade em oposição ao mundo desvelado pela razão pós socrática. Da mesma maneira que Nietzsche saudava o mundo governado pelo mito como a "Idade de Ouro" grega, José Carlos Reis, enfatiza, de forma reacionária, a época em que as musas geriam os atos humanos: o poeta ouvia as musa; o historiador quer a ‘verdade’ e interroga os que viram os fatos ou escreve sobre o que ele próprio viu (REIS, 1998: p.27).

Nessa toada, a afirmação metodológica exposta por José Carlos Reis, é tributária de um outro importante pensador que tem servido como referência para a produção "inovadora" em História. Esse pensador é Kant. Do mesmo modo que Michel Foucault, José Carlos Reis, valoriza em seus procedimentos metodológicos, não a busca do essencial, mas o mundo das representações sobre o objeto:

como a ‘intuição a priori’ kantiana que põe o universo como exterior ao sujeito e o organiza como sucessão e simultaneidade, é a ‘representação do tempo histórico’ presente no historiador que o leva a objetivar o mundo humano de uma certa maneira, a organizá-lo de certo modo, a distinguir e selecionar certos objetos, a estabelecer determinadas técnicas, a construir determinados conceitos, a optar por certos valores, a organizar a ação e a inércia (idem: p.28).

O pensamento de José Carlos Reis é, portanto, uma absoluta negação da forma dialética materialista. Trata o ato de pensar como algo absoluto que determina e formula as bases da investigação científica. Procura conferir ao seu "tempo histórico" um tom de inércia e imutabilidade. Chega ao ponto de elevar o idealismo à potência de dois, já que, para ele, a percepção é a base instituidora da representação do real sendo esta representação o elemento de organização da própria percepção. Dessa forma, não há nenhuma maneira do sujeito apreender o real estando preso eternamente às suas próprias representações num processo de circularidade inextinguível.

O desdobramento desse raciocínio, no qual as representações do "tempo histórico" assumem a condição de agente da própria história, coloca em perspectiva aquilo que o autor denomina de "nova utopia" inerente ao trabalho da Escola dos Annales. O que vem a ser essa "nova utopia"? Rompendo com a visão histórica pautada na idéia do movimento, a utopia se apresenta como a possibilidade do tempo inerte:

como um ‘nó-górdio-passado-presente’, a sociedade será considerada como coisa, permanência, continuidade inerte, repetição constante do mesmo, tendência à rotina e ao repouso do cotidiano. Sem utopias finais, sem Razão absoluta final que a obrigue a acelerar-se. Este nó passado/presente deverá ser desatado como se desmonta uma bomba, i.e., de forma lenta, gradual, técnica, informada, serena e prudente (idem, p.33).

É reveladora a filiação política dessa maneira de pensar. Mas, o autor tem razão ao colocá-la no âmbito do utópico. De fato, não são as formas de se escrever a História que determinam seus desdobramentos. A crença de que uma visão reacionária da História possibilitará um desenrolar dos fatos humanos sem os abalos próprios de uma sociedade organizada a partir de balizas conflituosas, só faz reafirmar mais uma vez a concepção idealista do mundo. É essa forma de pensar que permite, ainda que démodé, que se retome as tintas sarcástica do velho Engels:

se a humanidade chegasse, em algum tempo, a um tal grau de progresso que só atuasse com verdades eternas, com produtos do exercício do pensamento que pudessem reivindicar uma validez soberana e títulos incondicionais de verdade, teria alcançado o ponto em que se teria esgotado a infinidade do mundo intelectual, tanto em relação à possibilidade, efetuando-se assim o famoso milagre da contagem inumerável (ENGELS, p. 73).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Uma conclusão sobre um tema tão controverso é impossível e também não conveniente. Alguns aspectos da discussão, entretanto, devem ser ressaltados. Em primeiro lugar, é preciso de um modo contundente propor no espaço das ciências humanas a reflexão sobre a temática da metodologia das pesquisas e de suas conseqüentes sínteses. Isso se justifica pelo fato de as correntes ditas "Novas" negarem a possibilidade de tal discussão como algo extemporâneo ao fazer do pesquisador. Também é preciso propor o confronto metodológico reafirmando o materialismo histórico e dialético. Uma conciliação entre os paradigmas rivais é improvável, o que não quer dizer que a temática suscitada como novidade deva ser excluída da perspectiva materialista. Ao contrário, a vasta obra de Marx, Engels e vários marxistas comprovam que a pesquisa dialética não exclui os temas da subjetividade quer social, quer do indivíduo.

BIBLIOGRAFIA

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SAVIANI, Dermeval. "O Debate Teórico e Metodológico no Campo da História e sua Importância para a Pesquisa Educacional" in: SAVIANI, Dermeval; LOMBARDI, José Claudinei e SANFELICE, José Luis (orgs.). História e História da Educação. O Debate Teórico-Metodológico Atual. Campinas, SP: Autores Associados, HISTEDBR, 1998, pp. 07-15.

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