quinta-feira, 24 de outubro de 2013

A ORIGEM ETIMOLÓGICA DA HERMENÊUTICA- por Marcel Alcleante Alexandre de Sousa

A ORIGEM ETIMOLÓGICA DA HERMENÊUTICA- por Marcel Alcleante Alexandre de Sousa


As palavras gregas hermeneuein (verbo interpretar) e hermeneia (substantivo interpretação) fazem alusão ao deus mensageiro Hermes. O deus Hermes foi, para os gregos, quem descobriu a linguagem e a escrita. A interpretação, o qual o termo grego se refere, tem a função intermediaria entre o que está além do entendimento do homem e possibilita a sua apreensão. A hermenêutica tem por finalidade possibilitar ao estranho, algo familiar, pois sua tarefa é tornar o que está distante, próximo. Assim, hermeneuein ehermeneia são entendidas como: dizer; explicar e traduzir. Em contraposição ao seu antigo uso, na modernidade, a hermenêutica é concebida por seis momentos os quais estão baseados nos princípios exegéticos da teologia e o que há de alheio na literatura.

A tarefa hermenêutica da interpretação acontece quando o que está distante do presente é apresentada por meio do interesse de alguém. O seu significado como DIZER é puramente o ato de exprimir. A hermeneia é o dizer algo. Ao se pensar numa interpretação a partir da verbalização é notável a busca em entender, por primeiro, algo, para em seguida poder pronunciá-lo. A interpretação oral tem um víeis filosófico e analítico o qual, por essa via acontece, a aproximação do que estava distante.

O ato de EXPLICAR é a tarefa interpretativa de procurar dá conta do que estava confuso. Neste momento a hermenêutica é um discurso. Como preleção, a explicação tem um encadeamento de ideias ordenadas para tornar compreensível alguma coisa. Esse aspecto da explicação é baseado num julgamento objetivo que possibilita conhecer algo.

Já o TRADUZIR tem uma relação com os aspectos culturais da língua que pode ser uma barreira entre a escrita originária e do texto para com a realidade em que foi apresentado. O traduzir percorre caminhos entre dois mundos. Nesta perspectiva, aproximar o que não é comum a uma língua semelhante a do leitor é possibilitar uma compreensão. O centro da hermenêutica é o traduzir.

Os sentidos hermenêuticos dizer, explicar e traduzir são apresentados como orientações antigas da interpretação. Com a modernidade, seis momentos hermenêuticos são apresentados: interpretação bíblica, métodos para a filologia, como ciência do entendimento das línguas, como domínio dos aspectos antropológicos e métodos para trabalhar a compreensão dos mitos e símbolos.

A teoria da exegese está relacionada ao modo mais tradicional de interpretação teológica, a hermenêutica. As orientações necessárias para um comentário correto dasEscrituras são possíveis pela hermenêutica. Isso acontece porque os textos, enquanto obscuros, necessitam da colaboração de artifícios para torná-los claros.

O método filológico refere-se a interpretação percorre um caminho ligado ao racionalismo buscando meios de se desligar de crendices. Desse modo, acontece uma familiaridade com os textos por meio da razão. Através das técnicas de leitura bíblica, foram desenvolvidas modelos gramaticais convenientes às regras da filologia.

A hermenêutica como ciência da compreensão linguística tem características superiores a momentos fundamentados em regras de interpretação. Este momento aponta uma característica geral da hermenêutica. Sendo assim, os princípios que regem esta definição moderna dá início à hermenêutica que serve de fundamento a qualquer natureza textual. Esse momento é puramente a procura de uma compreensão linguística.

O seu sentido ligado ao entendimento da arte e coisas relacionadas ao homem é defendido por Dilthey como tarefa interpretativa das coisas intrínsecas, no tempo e espaço, ao homem. Isso significa que a hermenêutica tem uma função histórica, ou seja, compreender o que é ser mesmo o ser humano.

A hermenêutica como fenomenologia do Dasein e da compreensão existencial. Para Heidegger a existência do homem está baseada na compreensão e na interpretação. É considerado um momento moderno da hermenêutica por conter uma <<ontologia da compreensão>>. A linguagem, por meio da tarefa hermenêutica, é o ponto que conduz ao Ser.

Por fim, a hermenêutica como interpretação de textos, tem a função de esclarecer o que não se apresenta claro. Se há nos símbolos representações não verdadeiras, a hermenêutica procura resgatar os seus verdadeiros significados. É o momento de interpretar o que está obscuro e irrefletido.

Etimologicamente a hermenêutica tem seu significado na dimensão mitológica grega e nos termos hermeneuein e hermeneia. Seja referente ao deus Hermes como aos termos gregos, a hermenêutica pretende aproximar o que esta distante. Logo, dizer, explicar e traduzir assumem o gesto de transmitir uma mensagem a alguém. As duas origens da hermenêutica percorrem caminhos que aproximam o que não é acessível.

Referência
PALMER, Richard. Hermenêutica. Trad. De Maria Luísa Ribeiro Ferreira, Lisboa: 70, 1969.

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Marcel Alcleante Alexandre de Sousa é graduando do curso de Licenciatura Plena em Filosofia pela UEPB.

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