quinta-feira, 11 de abril de 2019

Fontes de Antiguidade Oriental



Índia
A civilização indiana foi contemplada com algumas boas traduções em português. A coletânea 'O Hinduísmo', de Louis Renou, é uma excelente fonte dessa tradição. Raul Xavier, escritor brasileiro, também fez traduções pioneiras dos Vedas, Upanishads e do Kama Sutra. O Budismo foi contemplado com coletâneas excelentes, como a de Ananda Coomaraswamy, 'O Pensamento vivo de Buda', e 'Textos Budistas e Zen-Budistas', de Ricardo Gonçalves. Muito da literatura indiana foi traduzida para o português de forma fragmentada, mas ainda há um longo caminho a percorrer. Nesse sentido, elaborei também a coletânea 'Cem textos de História Indiana' e 'Cem textos de História Asiática', com fragmentos dessa ampla literatura. A página Shri Yoga Devi tem feito um excelente trabalho de tradução e publicação de obras da tradição indiana, dos quais indicamos alguns links.


Sugestões Bibliográficas:
ALBANESE, Marilia. Índia Antiga. São Paulo: Folio, 2009.
ALLCHIN, Bridget. Índia Antiga. São Paulo: Abril/Time-Life, 1998.
AUBOYER, Jeannine. A vida cotidiana na Índia Antiga. Lisboa: Livros do Brasil, 1969.
CARDOSO, Ciro. “Varnas e Classes sociais na Índia Antiga” in Sete Olhares sobre a Antiguidade. Brasília: UNB, 1998
CARRIERE, Jean. Índia: um olhar amoroso. Rio de janeiro: Ediouro, 2003.
COURTILIER, Gaston. As antigas civilizações da Índia. Rio de janeiro: Otto Pierre, 1979.
DANIELOU, Alain. Shiva e Dionisos. São Paulo: Martins Fontes, 1998.
GATHIER, Emile. O pensamento Hindu. Rio de Janeiro: Agir, 1996
GOSVAMI, Satsvarupa. Introdução a Filosofia Védica. São Paulo: Bhaktivedanta, 1994.
IONS, Veronica. Mitos e Lendas da Índia. São Paulo: Melhoramentos, 1993.
JOHNSON, Gordon. Índia: Ontem e hoje. São Paulo: Folio, 2011.
LEITE, Edgard. “Da Civilização do Indo ao Império Maurya; novas abordagens no Estudo da índia Antiga” in Phôinix ano V, 1999.
LEITE, Edgard. Religiões Antigas da Índia. Rio de Janeiro: Barroso, 2001.
LEMAITRE, Solange. Hinduísmo: o sanatama dharma. Rio de Janeiro: Flamboyant, 1958.
RAVIGNANT, Patrick. A sabedoria da Índia. São Paulo: Martins Fontes, 1986.
RENOU, Louis. O Hinduísmo. Lisboa: Arcádia, 1971.
SCHULBERG, Lucile. Índia Histórica. Rio de Janeiro: José Olympio, 1973.
TINOCO, Carlos. O pensamento védico. São Paulo: Ibrasa, 1996.
WHEELER, Mortimer. Índia e Paquistão. Lisboa: Verbo, 1970
WHEELER, Mortimer. Vale do Indu. Lisboa: Verbo, 1975.
ZIMMER, Henrich. As filosofias da antiga Índia. São Paulo: Palas Athena, 1989.
ZIMMER, Henrich. Mitos e símbolos na arte e civilização da Índia. São Paulo: Palas, 1998.

Sugestões de Fontes
BEISERT, Michael. Livros e fontes Budistas - Acesso ao Insight Net.
BUCK, William. Mahabharata. São Paulo: Cultrix, 1995
BUCK, William. Ramayana. São Paulo: Cultrix, 1995
BUENO, André. Cem textos de história Asiática. União da Vitória, 2011. Disponível em: http://asiantiga.blogspot.com/ 
BUENO, André. Cem textos de história indiana. União da Vitória, 2011. Disponível em: http://www.historiaindiana.blogspot.com/
BUENO, André. Textos de história da Índia Antiga. Rio de janeiro, 2015. Disponível em: http://orientalismo.blogspot.com.br/p/textos-de-historia-da-india-antiga.html
CARRIERE, Jean. O Mahabharata. São Paulo: Brasiliense, 1991.
KAUTILYA, Artashastra. Brasília: UNB, 1994.
LIN, Yutang. Sabedoria de Índia e China. Rio de janeiro: Pongetti, 1958.
RENOU, Louis. Hinduísmo. Rio de janeiro: Zahar, 1969.
TINOCO, Carlos. As Upanishads. São Paulo: Ibrasa, 1996.
XAVIER, Raul. Milinda Panha. Rio de Janeiro: Livros do Mundo Inteiro, 1972.
XAVIER, Raul. Os Upanichadas. Rio de Janeiro: Livros do Mundo Inteiro, 1972.
XAVIER, Raul. Os Vedas. Rio de Janeiro: Livros do Mundo Inteiro, 1972.

fonte; http://antigoriente.blogspot.com/


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Karma e os Quatro Princípios da Era de Kali

Karma e os Quatro Princípios da Era de Kali

passarosNanda-nandana Dasa

Para evitarmos a degradação do mundo, bem como avançarmos espiritualmente, há quatro princípios fundamentais a serem seguidos, com benefícios imediatos para todos.

Para começarmos a tirar o máximo proveito de nossa vida espiritual, temos que aprender quais atividades causam mais prejuízo ao nosso karma e criam as reações mais densas. Atividades piedosas ou religiosas, bem como ações realizadas para ajudar outros, conferem bons resultados futuros àqueles que as fazem. Esses resultados podem ser experienciados como nascimento em uma família rica e aristocrática ou sendo belo, inteligente, talentoso, saudável, gozador de uma situação confortável e assim por diante. Em decorrência de atividades ímpias, o sujeito talvez tenha que sofrer reações miseráveis, como ser doente, feio, carente de instrução, nascer em uma família pobre ou um país assolado por conflitos bélicos, não ter comida o suficiente etc. Mesmo neste planeta, podemos ver que certas áreas são como o inferno, ao passo que outras se assimilam ao paraíso. As pessoas podem sofrer misérias infernais ou desfrutar de prazer celestes – onde somos colocamos depende de nosso karma.
Ao longo da literatura védica, podem-se encontrar prescrições para atos virtuosos e alertas contra atividades pecaminosas. Atividades pecaminosas são de diferentes tipos, a saber, físicas, mentais e verbais. A Manu-samhita (12.5-9) explica: “Cobiçar a propriedade alheia, pensar dentro do coração o que é indesejável e aderir a falsas [ideologias] são os três tipos de ações mentais pecaminosas. Abusar de outros através de mentiras, diminuir os méritos alheios e falar inutilidades são os três tipos de ações verbais nocivas. Pegar o que não lhe foi dado, ferir sem a sanção da lei e ter relações ilícitas com a mulher alheia são os três tipos de atos corpóreos perversos.”
Diferentes partes da literatura védica descrevem em detalhes os resultados que são produzidos a partir de atividades específicas. Conhecer isso é encorajado pelos Vedas, dado que, mediante isso, pode-se entender a seriedade da lei do karma, para a qual inexiste escapatória. “Em decorrência de apego aos objetos dos sentidos, e em decorrência da não execução de seus deveres, os tolos e os mais baixos da humanidade obtêm os nascimentos mais vis. Sobre em quais ventres essa alma individual entra neste mundo e em consequência de que atos, aprende amplamente as particularidades disso e a ordem dos nascimentos.” (Manu-samhita 12.52-53)
Depois desse verso da Manu-samhita, há uma longa lista de diferentes nascimentos que são obtidos devido à realização de certos atos. Apresentaremos apenas um exemplo a seguir: “Homens que se deleitam em causar dor se tornam animais carnívoros; aqueles que comem alimentos proibidos, vermes; ladrões, criaturas que consomem sua própria espécie.” (Manu-samhita 12.59)
Podemos ver, desta forma, quão implicadoras podem ser algumas ações. Como isso funciona é explicado resumidamente nestas palavras: “Com qualquer disposição mental que alguém realize uma ação, ele colhe seu resultado em um corpo futuro possuidor dessa mesma qualidade”. (Manu-samhita 12.81)
Isso significa que, se queremos desfrutar de determinado sentimento ou atividade que não é condizente com a conduta humana, talvez não sejamos qualificados para a vida humana. Portanto, na hora da morte, podemos ser forçados a entrar novamente em espécies inferiores, nas quais poderemos desfrutar das atividades que são próprias daquela espécie particular de vida.
Se, por exemplo, somos cruéis e afeitos ao consumo de carne, podemos nascer como um tigre, que desfruta de sangue caçando outros animais. Isso é natural para o tigre. Contudo, o tigre talvez não consiga sempre pegar sua presa, razão pela qual pode ficar com fome por dias. Quando de fato captura a criatura, no entanto, o tigre serve como um elemento necessário no equilíbrio ecológico da natureza para ajudar a impedir a superpopulação de vários tipos de animais. A natureza funciona de maneira neutra, e toda espécie animal tem um propósito específico. É assim que as diferentes variedades de entidades vivas agem como convenientes servos da natureza. Portanto, se somos seres humanos que agem pecaminosamente ou sem a devida responsabilidade humana, as leis da natureza nos colocarão em um nascimento inferior, no qual não seremos uma perturbação para o restante da natureza. Ao contrário, seremos servos humildes ao agirmos de acordo com os instintos que são naturais às espécies em que nasçamos. Isso não é meramente um tipo de punição, mas também misericórdia, haja vista que, se trabalhamos nossas propensões animalescas enquanto em formas subumanas, então, ao entrarmos na espécie humana, seremos capazes de utilizá-la de modo apropriado. O perigo é que, uma vez nas formas inferiores de vida, talvez demorem muitas vidas antes de novamente se ter um novo nascimento humano. Caso, entretanto, nossas atividades nesta vida humana sejam excessivamente atrozes e abomináveis, nós não apenas teremos um nascimento baixo, senão que também seremos submetidos a condições infernais. Assim como, de alguma forma, nascemos neste planeta, podemos muito facilmente nascer em sistemas planetários infernais – tudo depende de nosso karma, ou o que desejamos e merecemos.
Em consequência do bom karma, pode-se ir para o céu, e, em consequência do karma negativo, pode-se ir para o inferno, mas, quando o bom ou mau karma se esgota, o indivíduo retorna a este sistema planetário intermediário de modo a começar tudo mais uma vez. Com a evidência védica de céu e inferno, fica claro que ambos existem dentro deste universo. A existência em ambas as regiões, por conseguinte, é temporária. “Meu caro rei Parikshit, na providência de Yamaraja, há centenas e milhares de planetas infernais. Os indivíduos impiedosos que mencionei – bem como os que não mencionei – têm todos de entrar nesses vários planetas de acordo com o grau de sua impiedade. Quem é pio, em contraste, entra em outros sistemas planetários, a saber, os planetas dos semideuses. Malgrado isso, tanto os piedosos quanto os ímpios são novamente trazidos para a Terra depois que os resultados de suas atividades piedosas e ímpias se exaurem”. (Srimad-Bhagavatam 5.26.37)
A fim de garantirmos que não seremos forçados a entrar em um nascimento inferior e a fim de purificarmo-nos de quaisquer atos pecaminosos que tenhamos cometido consciente ou inconscientemente, “penitências têm sempre que ser realizadas visando a purificação, dado que aqueles cujos pecados não foram expiados nascem com marcas infames.” (Manu-samhita 11.54)
Tal penitência para purificação do karma se baseia em manter controle sobre os próprios sentidos, corpo e mente. Isso é encorajado em toda era e em toda filosofia religiosa e é uma meta que todos, cedo ou tarde, têm que tomar para si. “O estudo do Veda, prática de austeridades, obtenção de verdadeiro conhecimento, a subjugação dos órgãos, não violência e serviço ao guru são os melhores meios para o auferimento da bem-aventurança suprema. Caso perguntes se, entre todos esses atos virtuosos, algum é considerado o mais eficaz para a obtenção da suprema felicidade por parte do homem, a resposta é que o conhecimento da alma é considerado o mais excelente de todos, visto que é a primeira de todas as ciências e visto que a imortalidade é alcançada através disso. Entre os seis tipos de ações enumeradas acima, a realização de atividades ensinadas no Veda tem que ser tida como o que existe de mais eficaz para garantia da felicidade neste mundo e no próximo.” (Manu-samhita 12.83-86)
Essa é uma descrição parcial do importante processo de como as pessoas podem se purificar de qualquer mau karma que tenham acumulado e obter a felicidade em sua próxima vida. Contudo, nesta era de Kali, há quatro princípios especialmente recomendados que têm que ser seguidos para a purificação, a saber, veracidade, austeridade, limpeza e misericórdia. Podem parecer muito simples, e de fato são quando comparados às regras que yogis e ascetas tinham que seguir anos atrás. Todavia, simplesmente seguir esses quatro princípios é considerado um feito colossal para as pessoas médias desta era. O motivo disso é que são ligados aos quatro tipos de atividades a que as pessoas desta era mais são viciadas. Por conseguinte, se alguém pode seguir esses princípios, fará grande progresso espiritual, além de evitar algumas das reações cármicas mais densas, as quais implicam o sujeito em muitos ciclos futuros de nascimentos e mortes.
Também devemos nos lembrar de que regulações como yamas e niyamas, que são delineadas no processo de yoga, não são regras que visam suprimir nosso estilo ou limitar nosso envolvimento com coisas que gostaríamos de fazer, tampouco se destinam a nos forçar a adotar hábitos que nos são artificiais ou anormais. São, na verdade, um estado natural de ser para aqueles que são autorrealizados espiritualmente. Uma vez que a pessoa se ilumine, elevar-se-á ao nível de percepção em que essas qualidades se manifestarão automaticamente em seu caráter. Caso isso não aconteça, evidencia-se o quanto o sujeito permanece apegado ao prazer sensual ou absorto em consciência materialista.
Veracidade
O primeiro princípio é o da veracidade, que se traduz em ser honesto, aberto e franco, sem mentiras, enganações ou roubos. Portanto, a regra mais importante a se seguir para preservar a veracidade é não se envolver com jogos de azar. Isso significa não se envolver com possibilidades desnecessárias de ganhar algo sem esforço. Jogar inclui apostar em jogos ou corridas, envolver-se em atos ilegais ou imorais ou até mesmo investir em especulações financeiras dúbias ou questionáveis. Caso você ganhe dinheiro ou lucre de alguma forma, pode ser que você experimente uma sensação muito prazerosa. Quando, porém, você começa a perder o seu dinheiro, você é tomado de ansiedade. Logo a mente se absorve por completo em nada além de fazer planos para conseguir dinheiro através de quaisquer meios necessário. Em semelhante situação, você se desequilibra mental e emocionalmente, tornando-se incapaz de fazer boas escolhas, e quando você fica desesperado por dinheiro, ninguém pode confiar em você inteiramente. E se você perde todo o seu dinheiro ou se seu negócio vem a falir, você talvez perca também seus amigos. Algumas pessoas ficam tão desorientadas quando perdem seu dinheiro ou negócio que pensam em suicídio ou realmente se matam. Tais situações devem ser evitadas através do afastamento de jogos ou de riscos desnecessários.
nao se envolver com jogos de azarA regra mais importante a se seguir para preservar a veracidade é não se envolver com jogos de azar.
Mantendo a mente pacífica e contente com o que você consegue através de meios honestos, a veracidade se torna algo fácil de se obter. Quando você não tem nada a esconder, você pode ser realmente honesto e digno de confiança, em consequência do que a mente fica pacífica e pronta para cultivar conhecimento espiritual. Se a mente fica excessivamente agitada com pensamentos de especulações comerciais, não há chance de a pessoa se sentir contente ou feliz, o que dizer de desenvolver consciência espiritual. E ocupar-se em mentir, roubar ou enganar produz reações cármicas danosas, que se tornam obstáculos definitivos no desenvolvimento material ou espiritual.
Veracidade também significa conhecer a verdade, e o Vedanta-sutra explica que a Verdade Absoluta é a fonte a partir da qual tudo mais emana. Por conseguinte, para ser veraz, o sujeito deve conhecer a Verdade Última, como explicada na literatura védica, e explicá-la a outros, permitindo que todos se beneficiem dessa maneira.
A Prática de Austeridades
Austeridade significa muitas coisas. Significa, é claro, ser austero e não se entregar aos ditamos dos sentidos. É similar a estar em uma dieta em que não se pode atender os anseios da língua, senão que é preciso distinguir com inteligência entre o que é bom e o que não é bom comer a fim de alcançar a meta, seja perder peso, seja permanecer saudável. Para fazer isso, a pessoa tem ter algum entendimento de que não é apenas o corpo, mas, sim, que é a consciência interna e que pode controlar os sentidos e tolerar as várias demandas corpóreas e dificuldades sem se perturbar. A austeridade sobre a qual falamos também significa ser grave, sóbrio, mentalmente equilibrado e determinado a progredir, especialmente no âmbito espiritual. Dar-se à companhia de pessoas de igual mentalidade pode ajudar significativamente nesse empreendimento. A melhor regra a se seguir para permanecer austero é a completa evitação de drogas.
Drogas dizem respeito a qualquer coisa que perturbe a condição física normal da pessoa, bem como sua estabilidade mental. Tais coisas incluem cocaína, heroína, LSD, maconha, bebidas alcóolicas, cigarros, café etc. A cafeína no café estimula o sistema nervoso e pode fazer o sujeito sentir-se nervoso, irritado e facilmente agitado. E todos nós sabemos os malefícios do tabaco no corpo.
As substâncias intoxicantes definitivamente fazem as pessoas perderem seu senso de austeridade. Quando alguém se droga, ainda que levemente, começa a pensar em termos de confortos corpóreos e adota a atitude de que, “se é prazeroso, faça”. Se alguém fica excessivamente intoxicado, pode começar a fazer muitas coisas displicentes que normalmente não faria. Ou o indivíduo pode se ver como melhor do que de fato é. Na manhã seguinte, após uma noite arruinando-se, talvez sequer se lembre do que fez. Talvez esteja mais preocupado com simplesmente conseguir uma aspirina para melhorar sua dor de cabeça.
se é prazeroso façaQuando alguém se droga, ainda que levemente, começa a pensar em termos de confortos corpóreos e adota a atitude de que, “se é prazeroso, faça”.
O uso de intoxicantes não apenas gera mau karma em decorrência do deliberado mau uso do corpo e da mente, como também abre caminho para a realização de mais atos tolos, que criarão karmasainda piores. Poderíamos discutir muitos problemas que as pessoas têm devido ao uso de drogas ilícitas e de álcool e devido a dirigirem embriagadas, mas todos nós já ouvimos sobre isso antes. Em geral, as pessoas recorrem a drogas ilícitas e bebidas alcóolicas como uma muleta ou um escape em razão de não serem capazes de lidar com a vida como ela é. Pode ser que queiram uma alternativa, mas tais prazeres baratos e efêmeros pioram tudo, dado que se tornam dependentes de tais meios baixos para a obtenção de prazer ou para a evitação de sofrimento. Intoxicar-se causa muitas reações, com as quais se tem de lidar quer nesta vida, quer na próxima.
Algumas pessoas dizem precisar de certas drogas para ajudar em sua percepção espiritual, mas as supostas visões espirituais que as pessoas dizem ter sob o efeito do LSD e de outras drogas psicodélicas não são de modo algum espirituais. Essas drogas talvez mostrem que existem diferentes níveis de consciência, mas não podem realmente levá-lo lá. É como, apesar de poder olhar para dentro da janela de uma casa, não ser capaz de entrar. Psique significa “mente”, e o uso de substâncias psicodélicas é algo muito longe de entrar no stratum espiritual. Tais experiências associadas a drogas acontecem dentro da mente ou em um nível sutil, mas não tocam a alma. Portanto, as drogas podem ser um grande obstáculo para alguém que quer progredir espiritualmente porque mantém o sujeito atraído a permanecer nos níveis mental e físico de consciência. Também podem criar dependências químicas, o que é perigoso por várias razões. Muito embora o sentimento experimentado durante a intoxicação de certas drogas possa fazer o sujeito pensar que se trata de algo espiritual, trata-se simplesmente de uma ilusão para aqueles que querem ser enganados.
Recomenda-se a todo aquele que está tentando progredir espiritualmente nesta vida que se submeta à penitência e austeridade de evitar todo tipo de intoxicante. É claro que, se alguém não é muito avançado espiritualmente, isso pode parecer uma tarefa difícil. No entanto, quanto mais avançadas as pessoas se tornam em seu entendimento e em suas práticas espirituais, mais toda forma de intoxicação se torna desprezível. Intoxicação de nenhum tipo será algo tentador para alguém crescendo em força espiritual e interior. Afinal, o mundo da intoxicação significa literalmente envenenar o corpo e a mente com toxinas. Que tipo de pessoa permanecerá atraída por isso caso lhe seja ofertada uma forma superior de prazer e felicidade? Semelhante felicidade espiritual é obtida mantendo a mente e os sentidos sob controle, e não cedendo a seus caprichos ou permitindo que enlouqueçam mediante intoxicação. Quanto mais austero alguém se torna, mais determinado será, e os obstáculos que um dia foram grandes problemas deixarão de ser qualquer tipo de ameaça. Esse é o começo do qualificar-se a fim de perceber a felicidade interior natural.
Limpeza Interna e Externa
Como diz o ditado, “a limpeza está perto da divindade”, e, dentro de nossa temática, isso não significa apenas manter a casa limpa e organizada e banhar-se diariamente, senão que também significa manter a mente límpida e livre de pensamentos inúteis e baixos. Não é possível permanecer em um caminho espiritual, tentando se livrar do karma, enquanto a mente está sempre fazendo planos para gratificar os sentidos. E o tipo mais intenso de gratificação sensorial é a vida sexual. Para muitos, o pensamento sobre sexo é um fato muito motivador. Muitíssimas músicas são compostas descrevendo as glórias do sexo e a tração entre os sexos. Muitas atividades são baseadas no prospecto de encontrar alguém com quem desfrutar de afeição e sexo. Com efeito, a sociedade moderna gira em torno dessa avidez por sexo.
O problema com esse tipo de meditação sexual é que, quanto mais alguém pensa nisso, mais anseia dedicar-se a isso, em consequência do que mais adere ao conceito corpóreo de vida. Para aqueles que são sérios quanto ao caminho espiritual, semelhante meditação tem que ser reduzida ao mínimo, se não evitada completamente. Pensar em sexo e buscar por outros com o objetivo de satisfazer os próprios desejos não é um caminho para manter a mente e o coração limpos. Por conseguinte, deve-se controlar a mente através da devida meditação espiritual e através da evitação do sexo ilícito. Isso não significa que não se deva ter nenhum envolvimento com sexo, senão que, caso isso seja preciso, o melhor é casar-se e criar uma família íntegra em consciência espiritual. De outro modo, simplesmente se permanece como um animal buscando comer, dormir, acasalar-se e defender-se.
coração limposBuscar por outros com o objetivo de satisfazer os próprios desejos não é um caminho para manter a mente e o coração limpos.
A vida humana começa quando o indivíduo se pergunta quem ele é e dá início à busca por respostas. Se alguém permanece interessado apenas nas propensões animalescas, como o sexo, então, muito embora possa estar em uma forma humana, ele faz mau uso da mesma e não é nada mais do que um animal refinado de duas pernas.
Na Bhagavad-gita (7.11), Sri Krishna diz: “Eu sou a vida sexual que não é contrária aos princípios religiosos”. Entende-se, portanto, que o sexo pode ser utilizado de uma maneira espiritual caso esteja de acordo com os princípios religiosos. Contudo, o sexo ilícito, que é o sexo fora do casamento, com o marido ou mulher de outrem ou para fins irrisórios, como simplesmente experienciar a sensação de formigamento dos genitais, gera um karma muito negativo, para não falar das muitas doenças que podem ser contraídas em decorrência de semelhante conduta frívola. Tais enfermidades são uma maneira da natureza nos aconselhar a sermos cuidadosos, mas muitos não ouvem e várias doenças se espalham pela sociedade em razão disso.
Ademais, quando há sexo ilícito, facilmente pode haver crianças indesejadas. Crianças indesejadas e sem amor crescem um ambiente desarmônico e frequentemente desenvolvem uma mentalidade igualmente desarmônica e áspera. Podemos facilmente ver isso na sociedade contemporânea, mas também encontramos a causa disso mencionada na Bhagavad-gita (1.40-41): “Quando a irreligião é preeminente na família, as mulheres da família se poluem, e da degradação feminina, vem progênie indesejada. Um aumento de população indesejada decerto causa vida infernal tanto para a família quanto para os destruidores da tradição familiar.”
“Destruidores da tradição familiar” diz respeito àqueles que advogam o abandono dos padrões religiosos e morais em prol da dita liberdade de ocupar-se em sexo ilícito e outras atividades frívolas. Portanto, homens e líderes irresponsáveis que promovem a promiscuidade sexual na sociedade ou tentam tirar vantagem de mulheres independentes também têm que compartilhar as consequências da quebra dos valores morais da sociedade. “Pelas más ações daqueles que destroem a tradição familiar e, deste modo, originam crianças indesejadas, todas as espécies de projetos comunitários e atividades para o bem-estar da família entram em colapso.” (Bhagavad-gita 1.42) Assim, a prática de limpeza mental e física evitará preventivamente que as pessoas se impliquem nesse tipo de problema. Como alguém que viveu em Detroit, vi os males e as dificuldades que podem surgir da geração de filhos indesejados em consequência de sexo ilícito.
Apontemos, no entanto, que os ensinamentos védicos nunca recomendaram a mera repressão dos desejos sexuais. Isso não é muito efetivo porque as pessoas sempre terão tais desejos a menos que experimentem um despertar espiritual superior. Tal gosto superior vem de um estágio elevado de prática espiritual em yoga e do processo védico de autorrealização espiritual. Quando alguém alcança esse nível superior de consciência e continua progredindo dessa maneira, os desejos sensuais gradualmente caem, como folhas mortas de uma árvore, até que a ideia de prazer sexual se torna insignificante. A pessoa, então, facilmente se eleva acima desses desejos básicos. Além disso, nessa plataforma de experiência espiritual, pode-se entrar em níveis de autorrealização que transcendem o alcance de quem permanece absorto em sexualidade. A pessoa, deste modo, experiencia uma bem-aventurança interior, como descrito no capítulo quatro, que em muito supera o que se pode sentir no prazer sexual.
Mostrar Misericórdia
O quarto princípio que alguém tem que seguir no esforço por livrar-se do acúmulo de mau karma e para o avanço espiritual é ser misericordioso. Misericórdia significa mais do que “ser bonzinho”. Misericórdia significa ser amável para com todas as entidades vivas, incluindo os animais, as aves, os insetos etc., e não apenas os seres humanos. Isso porque a entidade viva, dependendo de sua consciência, pode obter um corpo material em qualquer uma das 8.400.000 espécies de vida. Por conseguinte, para desenvolver e manter a qualidade da misericórdia, a pessoa tem que seguir o princípio de não comer carne. Isso inclui não comer carne, peixe, ovos ou insetos. Deste modo, aqueles que são sérios quanto ao caminho espiritual mantêm-se livres de muitíssimas reações cármicas desnecessárias. É claro que aqueles que não se importam comem caprichosamente qualquer coisa que queiram, independente de quão baixo possa ser fazê-lo.
Afirma-se que o consumo de carne é, com efeito, a forma mais grosseira de ignorância espiritual. O ponto é que matar outras entidades vivas para o prazer da língua é uma atividade cruel e egoísta a qual exige que a pessoa seja quase completamente cega para a realidade espiritual do ser vivo situado dentro do corpo. Isso também faz com que o sujeito conserve um coração frio e seja menos sensível em relação ao bem-estar e aos sentimentos alheios.
estimaçãoNossa compaixão deve incluir todos os seres vivos, e não apenas seres humanos e cães de estimação.
Ademais, como previamente explicado, de acordo com a lei do karma, qualquer dor que causemos a outros teremos de experimentá-la no futuro. Diante disso, um homem sábio não quer machucar nem mesmo um inseto, o que dizer de matar um animal a fim de saborear carne e sangue. Segundo as referências védicas, a reação pecaminosas de matar um animal é recebida por seis tipos de participantes, a saber, (1) aquele que mata o animal, (2) aquele que defende ou divulga o consumo de carne, (3) aquele que transporta a carne, (4) aquele que manuseia ou empacota a carne, (5) aquele que prepara ou cozinha a carne, e (6) aquele que a come.
A reação pecaminosa compartilhada por esses seis participantes do abate animal é bastante severa. Com efeito, a Bíblia compra a matança de vacas a matar um homem: “Quem mata um boi é como o que tira a vida a um homem.” (Isaías 66.3) Também se explica no Sri Chaitanya-charitamrita (Adi-lila, 17.166): “Matadores de vacas são condenados a aprodrecerem em vida infernal por tantos anos quantos forem os pelos do corpo da vaca.” Alguém inteligente tentará evitar esse destino.
Podemos começar a entender agora o quão negro é o futuro de alguém que possui ou administra algo como um comércio que vende hambúrgueres ou cachorro-quente. Ele não é apenas responsável pelos animais que são mortos, cozinhados e então vendidos pelo seu estabelecimento, senão que também é responsável por aqueles que ele contrata para ajudá-lo.
Por exemplo, digamos que alguém inicie uma loja para venda de frango frito e dê seu nome ao estabelecimento: Frango Frito do Pedrinho. Ele contrata pessoas para trabalharem na empresa e procura bons fornecedores de frango para fritar e vender aos consumidores finais. Seu negócio se mostra lucrativo e, deste modo, começa a estabelecer uma rede de lojas. Ele contrata mais pessoas, anuncia nacionalmente seu negócio e vende franquias. Todas as pessoas envolvidas, desde os empregados até os divulgadores, são responsáveis pela criação de um grande negócio de venda de frangos mortos para pessoas que os comem. As pessoas que os estão comendo poderiam ficar satisfeitas comendo outra coisa, mas, pela conveniência ou pela propaganda, convenceram-se de que o Frango Frito do Pedrinho é o melhor.
É claro que ninguém se importa com as galinhas. A verdade, no entanto, é que são criadas em espaços tão abarrotados que não podem sequer se mover apropriadamente, e bicam-se umas às outras e sofrem de muitas doenças. Quando as galinhas são levadas para abate, são penduradas de ponta-cabeça e cortam-se suas gargantas para drenas o sangue. Enquanto algumas vezes apenas parcialmente mortas, são escaldadas em água fervente e, em seguida, depenadas e preparadas para serem despedaçadas. Os baixos padrões dos abatedouros, que frequentemente ignoram regulações federais, resultam na embarcação de carcaças que podem ter ficado no chão por algum tempo e terem sido contaminadas por fezes de roedores, baratas, sujeiras e ferrugem. As galinhas que o Pedrinho compra para suas lojas é apenas uma pequena porcentagem dos bilhões de aves abatidas todos os anos apenas no Brasil, junto de milhões de mamíferos.
Há quem diga, é claro, que é preciso comer carne para se obter proteínas. A carne animal pode ser uma fonte de proteínas, mas é uma pobre fonte de vitaminas, minerais e carboidratos. Eles ignoram o fato de que abundam proteínas em alimentos como sementes, castanhas, arroz, milho, farinha integral e produtos lácteos, como leite e queijo. Além disso, um punhado de amêndoas cruas, ou seja, cerca de dez, pode fornecer tanta proteína quanto trezentos gramas de carne, além de ser mais facilmente assimilada pelo corpo. A carne que é comida não é sempre completamente digerida dado que os humanos, que são considerados herbívoros, produzem ácidos estomacais vinte vezes mais fracos do que aqueles encontrados em carnívoros. Os carnívoros também têm um trato intestinal apenas três vezes o comprimento de seu corpo para permitir que a carne, que se decompõe rapidamente, passe sem demora. Os seres humanos têm um trato intestinal doze vezes o comprimento de seu corpo. Em virtude disso, um pedaço de cadáver levará mais tempo para passar e rapidamente estará decomposto, criando muitos resíduos venenosos dentro do corpo. Essas toxinas exigirão mais dos rins e ampliarão as chances de câncer e pressão alta. Eis por que, a pacientes que sofrem de câncer do cólon ou de pressão alta, a maioria dos médicos recomenda a abstenção de carne vermelha.
O consumo de carne também amplia a quantidade de gordura saturada no corpo, gordura essa que causa um acúmulo de placas de gordura nas paredes das artérias. Isso aumenta o potencial para problemas como infarto, endurecimento das artérias e derrame. Tais considerações não incluem todas as substâncias químicas usadas na carne, o que amplia consideravelmente as chances de doenças no corpo, sobretudo quando combinadas com coisas como cerveja, vinho e outras bebidas e álcool.
Infelizmente, não são muitas pessoas que pensam sobre essas coisas, e o negócio do Pedrinho continua prosperando. Todavia, conforme o tempo passa, esse empreendedor exitoso envelhece, adoece e, por fim, morre. Ele administrou seu império de venda de galinhas mortas muito bem, e o mesmo continuará por muitos anos após sua partida. Os estabelecimentos do Frango Frito do Pedrinho anunciam que muitos milhões de frangos são abatidos e vendidos todos os anos, graças ao trabalho duro do Pedrinho. Agora, porém, ele não está mais por perto para desfrutar dos lucros, senão que foi embora encontrar-se com seu destino.
É realmente muito lamentável que Pedrinho não conhecesse a lei do karma, pois terá de arcar com a maior parte da responsabilidade por todos os frangos que foram mortos, bem como os milhões de frangos que continuarão sendo mortos no futuro, em razão do negócio que ele começou. De acordo com a lei do karma, para sofrer a dor que ele causou em outros, ele está destinado a nascer de modo a ser similarmente abatido inumeráveis vezes. Em tal caso, é impossível saber quando ele novamente terá um nascimento humano. Seu futuro e o futuro de outros como ele é extremamente trevoso.
O único momento em que o consumo de carne pode ser considerado é quando é uma emergência e não há absolutamente nenhuma outra coisa se comer de modo a permanecer vivo. Em outras situações, não há razão para se comer carne quando tantos outros tipos de alimento estão prontamente disponíveis. É por isso que a Manu-samhita recomenda: “A carne jamais pode ser obtida sem ferir outras criaturas vivas, e ferir outros seres sencientes é danoso à obtenção da bem-aventurança celeste. Portanto, que haja abstenção do consumo de carne. Tendo considerado bem a origem repulsiva da carne e a crueldade envolvida em prender e matar seres corpóreos, que haja completa abstenção do consumo de carne.” (Manu-samhita 5.48-49)
Karma da Nação
Quando a maioria das pessoas em um país se influenciam pelo comercialismo e são viciadas às quatro atividades mais carmicamente nocivas – comer carne, intoxicar-se, fazer sexo ilícito e envolver-se com jogos de azar – haverá certamente reações a serem experimentadas no futuro. Essa é a lei universal. Não existe quantidade ou intensidade de planejamento econômico, corrida armamentista, arranjos na agricultura ou mesmo previsão do tempo que possa ajudar a evitar reações cármicas inesperadas.
Entendendo a lei do karma e aderindo aos quatro princípios que são especialmente recomendados para esta era – a saber, veracidade, limpeza, austeridade e misericórdia –, o povo de um país certamente se tornará forte, possuidor de bom caráter moral, interessado no bem-estar alheio e terá um estado mental firme bem como um destino mais grandioso do que de qualquer outra nação. Todos nós queremos tornar o nosso país e este mundo um lugar melhor, e há um método que nos permitirá isso, o qual estamos revelando neste texto. Porém, é preciso entendermos que é fundamental aplicarmos o método e não apenas nos atermos aos planejamentos óbvios, como fazem os políticos, consultores econômicos, o poder judiciário etc. Existe o aspecto sutil se desenrolando, o qual é determinado pelas decisões e atividades de todo e cada indivíduo. Em razão disso, aqueles que dedicam parte do seu tempo para entender a lei do karma e tentam se conduzir apropriadamente por certo podem ser entendidos como sujeitos que estão trabalhando por um futuro melhor, não apenas para si mesmos, mas para um país melhor e, com efeito, por um mundo melhor.
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fonte: https://voltaaosupremo.com/artigos/artigos/karma-e-os-quatro-principios-da-era-de-kali/

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