sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Desembarque espanhol UNOPAR e UDIMA

Desembarque espanhol Desembarque espanhol UNOPAR e UDIMA

Acordo entre universidades de Madri e de Londrina inaugura atuação de estrangeiros no ensino a distância na América Latina, com a oferta de pós-graduação em 357 polos brasileiros

Meire Bicudo

O presidente da Udima e a reitora da Unopar: consórcio com seis instituições
As fronteiras do ensino a distância estão cada vez menores. Além de não representarem mais obstáculos para a atuação de instituições de ensino superior em diversos estados, agora as barreiras dos continentes também estão sendo quebradas, com a chegada dos espanhóis ao mercado brasileiro.

Apesar de o presidente fundador da Universidade a Distância de Madri (Udima), Roque De Las Heras, ter declarado no Paraná que a instituição "não vai entrar no mercado brasileiro e a Unopar não vai entrar na Espanha, todos vão colaborar com todos", acordo inédito assinado entre as duas instituições prevê a geração de aulas a partir da Espanha para os alunos brasileiros, com direito a dupla certificação e a possibilidade de trabalho dos brasileiros em qualquer país da União Europeia.

O acordo foi assinado durante a 1ª Reunião Internacional de Ensino a Distância, realizada em setembro, em Londrina, cidade de 500 mil habitantes no interior do Paraná.

Denominado Consórcio Universitário para Inovação e Desenvolvimento (Cuid), o acordo entre a Universidade do Norte do Paraná (Unopar) e a Universidade a Distância de Madri tem o objetivo de garantir a expansão do ensino a distância em toda a América Latina.

O consórcio prevê ainda a participação de outras instituições de ensino superior da América Latina, como a Universidade Del Mar (Udelmar), do Chile, a Instituicion Universitária (Ceipa), da Colômbia, e a Universidade Abierta para Adultos (Uapa), da República Dominicana. "O objetivo é nos conhecermos. Estamos valorizando esse contato com as mais diferentes universidades e com o que elas fazem. Teremos ainda reuniões para ver o que um pode oferecer ao outro," disse Roque de Las Heras.

De qualquer forma, já ficou estabelecido que o objetivo do consórcio é compartilhar os trabalhos desenvolvidos pelas instituições participantes na área da educação superior, levando o ensino a distância a um maior número possível de pessoas.

As aulas serão geradas a partir da Universidade de Madri, que é conhecida especialmente por seus projetos de MBAs, e caberá à Unopar disponibilizar sua tecnologia para a transmissão de aulas para as cinco universidades participantes, explica o chanceler da Unopar, Marco Antonio Laffranchi.

O início das atividades está previsto para março de 2010, com a oferta de cursos para pós-graduação e MBA. A Unopar possui um satélite internacional com alcance até o México, podendo chegar aos Estados Unidos.

De acordo com o chanceler Marco Antonio Laffranchi, a instituição possui nove salas de geração, sendo sete em Londrina, uma em São Paulo e outra em Brasília. O próximo passo é montar uma sala Madri, de onde serão geradas as aulas do consórcio.

Foi justamente essa infraestrutura o que chamou a atenção da Universidade de Madri. Durante a estadia no Brasil, o presidente Roque De Las Heras destacou que a intenção da visita foi a de unir esforços entre as diferentes universidades iber o-americanas, utilizando as tecnologias da Unopar no ensino a distância com os conhecimentos e a experiência da Espanha na área.

A intenção é expandir o ensino a distância na América Latina, utilizando um sistema que leva o ensino a um maior número de pessoas, pelo menor custo, sem excluir ninguém.

Em relação ao Brasil, Laffranchi disse que já estuda a implementação dos cursos gerados da Espanha nos 357 polos da Unopar espalhados pelo país, mas ainda resta descobrir um meio de superar a barreira do idioma, que pode ser a tradução simultânea das aulas. Mas Heras defende o aprendizado da língua espanhola. "Temos interesse no mercado brasileiro, mas existe a barreira do idioma. Uma das coisas que vamos trabalhar é o aprendizado de espanhol. Além disso, a Unopar tem grande experiência em determinados campos, uma grande atuação com a qual todos nós temos a aprender."

Heras destaca que a parceria deverá envolver todas as universidades participantes, já que acredita ter o que aprender com todas. "O que pretendemos é que cada uma das seis universidades envolvidas apontem o melhor que têm para buscarmos um ensino de excelência. Queremos o que elas têm de melhor em seus países. A Unopar detém a tecnologia da transmissão e grande experiência adquirida em tão poucos anos que permitiu chegar com seu ensino aos lugares mais remotos de uma nação tão extensa como o Brasil", diz.

A base do convênio é formada pela Unopar e Udima, mas as outras instituições também são fundamentais no projeto, defende Heras. Será analisado o que cada uma tem, que tipo de material pedagógico, os livros. A colaboração tem de ser com respeito aos outros. Ninguém vai ser dominante, todos deverão colaborar. A tecnologia utilizada será da Unopar; 50% do material da pós-graduação será fornecido pela Udima e os outros 50% virão de cada uma das universidades envolvidas.

Com relação a novos convênios, o fundador da Universidade de Madri destaca que inicialmente o projeto é trabalhar com universidades que participam do acordo. "Haverá abertura para todas as outras que quiserem participar do projeto.
Serão realizadas reuniões anuais e a internet vai ajudar na comunicação e intercâmbio de ensino e pesquisa de todas as universidades participantes. Também teremos nesse projeto o intercâmbio dos alunos de um país com outro. Eles poderão escolher matérias das outras universidades conveniadas. Os professores de uma universidade poderão dar aulas em outra instituição de um país diferente, fazendo também projetos de pesquisa de forma conjunta. As possibilidades de intercâmbio serão todas aquelas que surgirem com o desenvolvimento do projeto", explica.

Interesse antecipado

O interesse dos espanhóis pelo mercado latino-americano foi antecipado pela revista Ensino Superior na edição 131.

Segundo relatou o repórter Arnaldo Comin, de Madri, a Espanha é reconhecida hoje como um polo internacional de ensino a distância e tem conquistado alunos de outros países justamente pelo poder de alcance da língua espanhola, idioma falado por mais de 400 milhões de pessoas ao redor do mundo mas que, no caso brasileiro, acaba por se tornar um obstáculo.

As quatro principais universidades atuantes no ensino a distância na Espanha - Uned, UOC, UB e IUP - atendem quase 250 mil estudantes por ano, principalmente em cursos de graduação e extensão universitária.

Os másteres e pós-graduações, modalidades que os espanhóis da Udima estão trazendo para o Brasil, representam justamente as áreas que mais têm impulsionado a educação a distancia na Espanha.

Estimativa do Instituto Universitario de Posgrado (IUP) aponta que 22% da formação contínua na Espanha é realizada via educação a distância, um crescimento de 46% entre 2006 e 2008. No segmento de másteres, a modalidade corresponde a um terço da oferta total de cursos.

Os espanhóis já estão familiarizados com ensino para alunos latino- americanos. O IUP, por exemplo, atende a alunos provenientes de 47 países, sendo 50% latino-americanos, região onde possuem 12 filiais. Outra característica do mercado de ensino a distância espanhol é a crescente mudança de público, que está deixando de ser proveniente de uma faixa etária mais velha, assim como ocorre no Brasil, para se tornar cada vez mais jovem e primeira opção de estudantes universitários iniciais.

Além da forte atuação nos cursos de pós-graduação, outra área de larga atuação dos espanhóis no ensino a distância no mundo é o ensino profissionalizante, alavancado pela necessidade de atender à formação de mão de obra especializada, principalmente onde empresas multinacionais também já marcam presença.


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FONTE: http://revistaensinosuperior.uol.com.br/textos.asp?codigo=12467

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