domingo, 11 de outubro de 2009

Paulo Freire parece mais não era comunista.



Bom dia, a todos vocês que visitam este espaço. Hoje gostaria de falar sobre um assunto, que me chamou a atenção. Uma aluna de um curso superior me dizia que tinha a impressão pelo que passavam pra ela na faculdade. De que Paulo Freire era comunista.
Veja abaixo um trecho extraído do site do Filosofo de São Paulo, Paulo Ghiraldelli Jr.

Os comunistas odeiam utopias. Não foi à toa que Engels se insurgiu contra elas. As utopias são do campo da esperança e os comunistas gostam do campo do conhecimento. As utopias são feitas por aquilo que os filósofos modernos, desde Hobbes e Descartes, temem: a imaginação. Contra o Renascimento, os modernos abominaram a imaginação e a substituíram pelo entendimento iluminador que, depois, se transformou em iluminista. Antes conhecer do que imaginar. Antes propor o caminho reto do que criar utopias. Os marxistas se fizeram herdeiros aferrados dessa tradição iluminista, praticamente cientificista.

As utopias, como o próprio nome diz, não estão em lugar algum no campo do existente. Não são pensadas para serem realizadas. As melhores utopias são apenas propostas negativas, de denúncia da sociedade existente. Rousseau com o seu Emílio irritou Durkheim exatamente porque, como o sociólogo dizia, e com razão, era algo irrealizável. Diferente de Durkheim, Marx estava preparado para conviver com as utopias, mas os marxistas nunca as engoliram, pois, como frutos de uma árvore demasiadamente enraizada no século XIX, eles cultuaram o cientificismo, herdeiro do iluminismo estreito. Ao contrário da ciência, o cientificismo odeia a imaginação. Assim, uma boa parte do pensamento de esquerda, ainda hoje, apegado ao cientificismo do século XIX, não tolera quando se lida com a imaginação. Nisso, este tipo de esquerda se aproxima do pensamento da direita...(Paulo Ghiraldelli Jr.)

Então você estudante em especial de pedagogia, pesquise sériamente, questione tudo, e você professor universitário quando falar sobre algo tenha certeza ou melhor conhecimento sobre.

Veja abaixo um trecho de uma entrevista.

Paulo Freire


[Às] classes dominantes não importava que eu não tivesse um rótulo porque elas davam um. Para elas eu era comunista, inimigo de Deus e delas. E não importava que eu não fosse. Perfila quem tem poder. Quem não tem poder é perfilado. A classe dominante tinha poder suficiente para dizer que eu era comunista. É claro que havia um mínimo de condições objetivas para que eles pudessem fazer essas acusações. A fundamentação básica para que eu fosse chamado comunista eu dava. Eu pregava uma pedagogia desveladora das injustiças; desocultadora da mentira ideológica. Que dizia que o trabalhador enquanto educando tinha o dever de brigar pelo direito de participar da escolha dos conteúdos ensinados a ele. Eu defendia uma pedagogia democrática que partia das ansiedades, dos desejos, dos sonhos, das carências das classes populares. Essa pedagogia era mais perigosa do que o discurso sectário stalinista. Isso é óbvio. Do ponto de vista dos que deram o golpe de Estado, me pôr na cadeia foi uma atitude ideologicamente correta. Eu era aquilo que eles diziam que eu era. Eu não só era membro do PC, mas eu era um subversivo. Eles diziam que eu era um subversivo internacional. Eu não cheguei a tanto, mas era um cara de sonhos revolucionários."

Trecho extraído de entrevista a Mário Sérgio Cortella e Paulo de Tarso Venceslau na Revista Teoria e Debate nº 17 (1º trimestre de 1992). Clique aqui para ler a entrevista na íntegra.

Pesquise você e tire sua conclusão, pois dizer que Paulo Freire era comunista, é um reducionismo de todo sua obra e vida. Ele era um andarlilho utópico.

Fontes:
http://ghiraldelli.wordpress.com/2009/08/13/freire-carnoy/
http://www2.fpa.org.br/portal/modules/news/article.php?storyid=1023

Obrigado por sua visita, volte sempre.

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4 comentários:

ALUISIO CAVALCANTE JR disse...

O que acredito que ocorra é que muitas pessoas falem sobre Paulo Freire, mas não conhecem a sua obra ou o momento histórico vivido por ele.
Muito interessante a reflexão trazida, e também muito oportuna nestes dias em que se comemora o dia do professor.
Uma semana leve para ti.

Blog do João Maria andarilho utópico disse...

Muito obrigado, mas muito obrigado mesmo aro professor Aluisio poeta.
Vindo de vc fico muito feliz, pois vc veste a camise do professor, valeu. tenha uma semana leve também

Alcir Martins disse...

MUITO BOM O BLOG! ESTAREI ACOMPANHANDO, COLEGA...

Relamente, Paulo Freire foi (É) muito mais desafiador ao status quo que qualque rrótulo que tentem lhe impor... mas assim, meio de "batepronto", lembro de que o próprio Paulo afirmou-se, diversas vezes Marxista (não vinculou-se aos PC's stalinistas, em tempos de guerra fria, até pq Paulo era muito mais radical na sua concepção de homem e mundo)...Em certa feita ele dizia que "quanto mais conhecia o evangelho mais Marxista se tornava e quanto mais conheci ao Cpaital, mais cristão ficava".

Abraço!
E boas reflexões!

Blog do João Maria andarilho utópico disse...

Obrigado, por aconpanhar e por seu comentário.

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