Denize Teresinha Sucharski
Denize Teresinha Sucharski
PEDAGOGA, especialista em -Organização
do trabalho Pedagógico -Neuropsicologia Educacional.
Leia mais em:
http://www.webartigos.com/artigos/a-importancia-dos-conhecimentos-basicos-sobre-o-sistema-cognitivo-cerebral-na-formacao-do-pedagogo/67141/#ixzz2hDi4uX4B
RESUMO
O Brasil esta em 53º lugar no
ranking mundial, segundo o Programa Internacional de Avaliação de Alunos
(PISA), 2010. Resultados que demonstram a necessidade de uma reavaliação dos
programas curriculares e metodologias de ensino. Este trabalho propõe incluir
nas grades curriculares dos cursos de formação de professores, conhecimentos
básicos sobre o sistema cognitivo cerebral, desenvolvendo novas habilidades e
competências aos educadores para melhor compreenderem como seus alunos
aprendem, memorizam e fixam a aprendizagem nos primeiros anos escolares.
Palavras-chaves: Cérebro.
Aprendizagem. Formação docente.
¹ Pedagoga e Tutora em EaD do
Instituto Superior de Educação da América Latina (ISAL) e Faculdade São Braz,
Especialista em Noergologia, Neuropsicologia Educacional e Organização do
Trabalho Pedagógico
.
INTRODUÇÃO O tema abordado neste
trabalho visa abrir uma relação entre aprendizagem da criança nos primeiros
anos escolares, seu desenvolvimento cognitivo e os conhecimentos do professor
que fará a mediação do processo cognitivo do aluno.
Os conhecimentos adquiridos pelo
professor durante sua graduação sobre o cérebro do seu aluno.
O cérebro humano e sua ligação
com o pensamento são elementos fundamentais para a compreensão da aprendizagem.
Fundamentado no estudo dos neurônios, pode-se entender como uma criança
aprende, como cérebro executa suas funções relativas à recepção e transmissão
de informações, processamento e utilização destas informações.
A Evolução das idéias sobre a
relação entre cérebro, comportamento e cognição é abordada por Fuentes (2008),
no livro "Neuropsicologia - Teoria e Prática". Junto com outros
autores, Fuentes, explica que o papel da Neuropsicologia é avaliar e tratar as
disfunções do sistema nervoso. Não se tratando apenas do funcionamento, mas,
também das disfunções do cérebro, o desenvolvimento desta ciência vem ocorrendo
há vários séculos, Fuentes (2008), afirma:
Partindo da busca pela
compreensão sobre a relação entre o organismo e os processos mentais, até o
estágio atual, em que buscamos compreender como o sistema nervoso modula nossas
funções cognitivas, comportamentais, motivacionais e emocionais. (Fuentes,
2008, P.16) Objetivando compreender o processo de ensino/aprendizagem na escola
básica, esta proposta, buscará entender se os conhecimentos do sistema nervoso
correspondente ao processo cognitivo do cérebro que efetiva a aprendizagem
humana, esta sendo estudado pelos professores e tentar estabelecer relações com
teorias sobre aprendizagem, refletindo a formação docente.
Ensinar ciência, ou seja,
conhecimentos sistematizados, organizados e com fins previamente definido, é
objetivo de todo educador. O grande desafio é fazer seu aluno entender sua
mensagem e ser transformado por ela.
Pesquisas da Neurociência no que
se refere ás funções do cérebro indicam caminhos desafiadores para compreender
o micro sistema neuronal. Estão nos neurônios e em sua rede de ligações as
respostas das indagações que levarão à compreensão dos processos cognitivos do
homem. Cientistas como o anatomista Franz Gall no século XVIII, já acreditavam
que o cérebro era uma máquina sofisticada que produz comportamento, pensamento
e emoção, como nos explica, no primeiro capitulo do livro Neurociência da Mente
e do Comportamento, LENT(2008). A autora, Suzana Herculano Houzel, faz uma
breve viagem na história lembrando a relação entre o cérebro e a mente. Ao
citar Franz Gall, Hauzel confirma que desde que se reconheceu que o córtex
cerebral tem zonas anatomicamente definidas, passou a ser possível elencar
locais das diferentes funções mentais, sendo Gall um dos primeiros a postular
27 zonas afetivas e intelectuais.
Embora Gall apresente resistência
por parte da igreja e da comunidade científica, serviu de subsídio para a
hipótese de que sendo o cérebro dividido em regiões específicas e cada uma com
sua função, certamente se lecionada, causaria determinada deficiência. Segundo
Hauzel, nascia nesse momento um dos métodos da Neurociência experimental que
conhecemos hoje. "Com as teorias de Frans Gall, pode-se dizer que iniciava
a era do "localizaciononismo".
Em 1861 foi o francês Paul Broca
que comprovou esta teoria, afirmando que a linguagem humana tinha uma
localização precisa no córtex cerebral, como prossegue Hauzuel, em sua viagem.
Muitos outros anatomistas desvendaram regiões do cérebro e a conclusão que se
pode tirar para dar a introdução a este trabalho é que o cérebro comanda todas
as funções do corpo, as emocionais e físicas. Assim, justifico esta proposta,
para que os professores que estarão junto às crianças nas séries iniciais da
sua vida acadêmica, conheçam como se dá a aprendizagem no complexo sistema
cerebral de seus alunos.
Obviamente não se propõe que o
professor saia do curso de Pedagogia um verdadeiro anatomista, porém, deve
estudar noções preliminares do sistema nervoso, suas funções psíquicas e
fisiológicas, conhecer a base que fundamenta a Neurociência cognitiva.
Conhecer sobre os neurônios, que
são células especializadas e contam mais de cem bilhões, participam em cada
função, uma gama de elementos para que a informação recebida pelo aluno chegue
a ser memorizada e faça sentido. Toda essa complexidade neuronal envolve desde os
cinco sentidos, até outros componentes humorais e hormonais, como os
neurotransmissores e as neuroglias. O mais fascinante de todo este sistema
complexo de funcionamento cerebral é o fato de que esta diretamente ligado às
emoções, ao pensamento.
Noções básicas de Neurociência,
ainda são inexistentes nos currículos dos cursos de formação de professores. O
cérebro ainda é um ilustre desconhecido dos nossos professores, e a ligação
pensamento-cérebro mais ainda. Esta é uma proposta de tentativa para desenvolver
os caminhos das possibilidades para aplicar os conhecimentos da aprendizagem
cerebral para melhoramento do processo ensino/aprendizagem.
1. A ESCOLA E O CÉREBRO A escola
pode ser o espaço para aprender, porém sabe-se que não corresponde ao único
lugar em que o indivíduo recebe informações. Antes mesmo das primeiras
experiências com a aprendizagem sistematizada as crianças estão aprendendo. A
observação do mundo ao redor, os símbolos expostos a olhos vistos em todo
espaço urbano. Para Robert Lent (2005), o cérebro possuí aproximadamente cem
bilhões de neurônios com aptidões para desenvolver cada célula centenas e até
milhares de outras ramificações. A cada momento, acrescenta informações, estas
células incrivelmente ágeis criam e processam conteúdos segundo a maior ou
menor riqueza de conhecimentos que já possuí.
A aprendizagem é um processo
interativo, que envolve o aprendiz, o educador e o meio, este último sendo o
mundo que os sentidos observam e registram durante todos os segundos que o ser
está desperto. Para Lent (2005), a aprendizagem é um processo de aquisição de
informações e difere da memória que é a capacidade de armazenar informações que
possam ser recuperadas. Segundo este autor, recebemos um número imenso de
informações e nem todas são necessárias e devem ser descartadas, afirmando
assim que o esquecimento faz parte do processo de aprendizagem. A seleção do
que lembramos ou esquecemos nem sempre é voluntária e na maioria das vezes não
sabemos o porquê de certas lembranças virem à tona em detrimento de outras.
O Plano Nacional de Educação, Lei
n. 10.172 de 9 de Janeiro de 2001, ao tratar dos objetivos e metas de Ensino
Superior, item 12 do currículo da formação docente, nestes termos:
Incluir nas diretrizes
curriculares dos cursos de formação de docentes temas às problemáticas tratadas
nos temas transversais, especialmente no que se referem às abordagens tais
como: gênero, educação sexual, ética (justiça, diálogo, respeito mútuo,
solidariedade e tolerância), Pluralidade cultural, meio ambiente, saúde e temas
locais.
A Resolução CNE/CP Nº 1, de
15/5/2006(1), institui Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de
Graduação em Pedagogia, licenciatura. Nesta proposta do MEC, vamos encontrar as
diretrizes para formar professores, que abrangem aspectos sobre avaliação, meio
ambiente, sócio-cultural, inclusão, ética, etc. Porém, não há nenhuma citação
específica que defina uma disciplina sobre os aspectos neuropsicológicos da
criança.
A proposta deste artigo é que
haja uma reflexão sobre o que a Neurociência cognitiva propõe e realizar uma
ponte com os cursos de formação para docentes, envolvendo os professores nestes
conhecimentos de maneira mais específica.
2. A MEMÓRIA E A COGNIÇÃO Os
neurocientistas buscam compreender através de experimentos clínicos as memórias
que se manifestam independente da vontade. As lembranças surgem sem uma espécie
de esquema, de ordem lógica. Para Lent, (2005), no capítulo 18, ainda é um
mistério para a ciência, a aquisição, a seleção, a retenção e a evocação de
eventos.
Mediante este processo de
memorização, a aquisição consiste na entrada da informação conduzida pelos
neurônios (segundo suas especificidades) até a memória. São estes eventos
(sons, objetos, acontecimentos, pensamentos, emoções, odores, movimentos, etc.)
que memorizamos. A partir de então, estes eventos deverão passar para o segundo
estágio, a seleção. "Na seleção estão contidos os processos individuais de
critérios, que estão ligados a fatores emocionais, de atenção ou de hábitos,
histórica ou culturalmente herdado". Lent, (2005 pág. 590).
Estes fatores são elementos
fortemente aceitos pelos cientistas como influenciadores das escolhas do que
será guardado ou rechaçado. Ainda não há possibilidade científica de definir o
que move uma recordação, não existindo um padrão lógico que a determine. Depois
de selecionado o evento será conduzido para armazenamento por tempo
indeterminado, pode ser por segundos ou anos.
Após selecionar o evento que será
arquivado, a memória entrará no estágio de armazenar a informação, chamado de
retenção. Segundo Lent (2005), esta retenção pode ser temporária e levar a
informação para três caminhos, a consolidação, o esquecimento, ou a evocação e
posteriormente sua utilização. O professor precisa saber sobre este processo
gigantesco que se desenvolve no cérebrodo seu aluno, deve entender o
funcionamento para aplicar estratégias adequadas para a aprendizagem do seu
aluno.
A aprendizagem está diretamente
ligada à memória, pois desta dependerá a retenção do conteúdo. Porém, só
memorizar não transforma este conteúdo numa aprendizagem, é necessário que
estes elementos façam sentido para o indivíduo.
Segundo Bock (1999), são
considerados dois tipos de aprendizagem: a mecânica e a significativa. A
mecânica é o tal "decoreba", não se faz relações com nenhum conceito
anterior. A aprendizagem significativa, além de fazer relações com
conhecimentos anteriores, dá-lhes maior significação. Para reter algo na
memória, uma informação deverá estar associada a fatores que o sistema neuronal
considerou importante para serem guardados. Bock (1999), entre outros autores,
do livro "Psicologias - Uma introdução ao estudo de Psicologia". Faz
uma abordagem sobre a teoria cognitivista, utilizando conceitos de David
Ausubel. Nesta abordagem, os autores, definem a diferença entre cognição e
aprendizagem.
Inicialmente, vale a pena
esclarecer o conceito de cognição. Cognição é o
"processo através do qual o
mundo de significados tem origem. À medida que o ser se situa no mundo,
estabelece relações de significação, isto é, atribui significados à realidade
em que se encontra. Esses significados não são entidades estáticas, mas pontos
de partida para a atribuição de outros significados. Tem origem então a
estrutura cognitiva (os primeiros significados), constituindo-se, nos pontos
básicos de ancoragem dos quais derivam outros significados. (Bock, 1999, p.117)
Segundo a teoria de David Ausubel, afirma Bock (1999), "o cognitivismo
está preocupado como processo de compreensão, transformação, armazenamento e
utilização das informações, no plano da cognição". Já a aprendizagem, é o
processo de organização e de integração do material à estrutura cognitiva.
Afirma ainda estes autores, que a abordagem cognitivista, diferencia a
aprendizagem mecânica da aprendizagem significativa.
Estes fatores variam de indivíduo
para indivíduo e como já dito acima, se consolidam pela atenção dada à
informação, para Lent (2005), elementos de distração junto com uma informação
cooperam para o esquecimento. Fatores emocionais são igualmente considerados agentes
fixadores de informações, pois sempre fixamos melhor quando algum evento vem
ligado a uma carga emocional, seja ela de teor positivo ou negativo. Aprender
significa reter na memória algo que faça sentido.
Dentro do processo da
aprendizagem, pode-se dizer que a retenção do conteúdo se efetivará quando os
eventos ocorridos em sala de aula ou fora dela, forem fortemente acatados pela
rede de neurônios como eventos importantes, seja ela qual for.
Devido a este sistema, que muitas
vezes é involuntário e ainda bastante incompreendido por parte dos educadores,
é que se propõem este direcionamento de pesquisa.
2.1 AS DIFERENTES VISÕES DOS
PROCESSOS DE AQUISIÇÃO DO CONHECIMENTO Muito já se escreveu e se discutiu sobre
a educação nas fases iniciais. Piaget, biólogo Francês, se dedicou em
compreender como se desenvolve o conhecimento humano. Pesquisou sobre este
assunto de 1896 a 1980, deixando noções importantes, como ponto de partida para
muitos métodos de ensino aplicados nas escolas. Sua teoria abordava basicamente
os períodos de desenvolvimento humano no aspecto mental e orgânico. Piaget
decidiu entender como as crianças desenvolviam a compreensão e a aprendizagem
das coisas Para Goulart, (2000), a fundamentação da teoria de Piaget vem de
três linhas de pensamento, o Inatismo, onde se destacam pesquisadores como,
Konrad Lorenz e Noam Chomsky. O Empirismo, dentre estes, os mais conhecidos são
J. B. Watson e B. F Skinner, representantes do comportamentalismo. E o
Construtivismo. Alega a psicóloga e pedagoga Ires Barbosa Goulart, que Piaget,
observou mais de cinqüenta anos a psicologia infantil para deduzir que a
criança constrói gradativamente seus conhecimentos no decorrer de suas faixas
etárias, primeiramente pela ação do próprio sujeito em seguida esta ação se
converte num processo de construção interna, o que ele chamou de esquema. Este
Esquema, segundo Piaget, corresponde a uma organização interna do indivíduo,
conforme seu grau de amadurecimento físico e psicológico. A interação da
criança com o meio externo vai construindo sua forma de ser e pensar e
conseqüentemente de entender o mundo.
Esta teoria do desenvolvimento
humano, segundo Bock (1999), deu para criança um lugar adequado, pois, ate
então a criança era considerada um adulto em miniatura.
Mas será que para os novos
descobrimentos da ciência, observada por aparelhos capazes de captar através de
processo químico as imagens do pensamento, confirmam estas idéias? Ou seja, os
neurônios de uma criança aprendem gradativamente, constrói significativamente
seus conhecimentos através da interação como meio, respeitando as faixas
etárias que favorecem determinados aspectos. Como podemos explicar certos
avanços no processo de aquisição de conhecimento e de memorização por parte de
crianças ainda nos primeiros meses de vida? A Revista Veja de 18 de Fevereiro
de 2009(2), na edição 2100, publicou uma reportagem sobre o instinto matemático
dos animais e dos bebes. O autor do texto, Jerônimo Teixeira, cita a psicóloga
americana, Karen Wynn, que mostra bebês com capacidade de raciocínio lógico.
Em 1992, a psicóloga Karen Wynn
fez uma descoberta surpreendente: bebês de 4 meses são capazes de reconhecer
quantidades pequenas - uma duas ou três unidades - e também de fazer somas e
subtrações. Em sua experiência, a pesquisadora usou um teatrinho de bonecos e
uma câmera que registrava os movimentos de olhos dos bebês. A criança via, por
exemplo, um boneco no palco, que em seguida seria escondido por uma tela. Então
a mão da pesquisadora aparecia colocando outro boneco atrás da tela. Quando a
tela era erguida novamente, o bebê não mostrava surpresa ao ver dois bonecos em
cena. Mas, quando aparecia um terceiro boneco, colocado ali às escondidas, os
olhos da criança fixavam o grupo por mais tempo, demonstrando sua surpresa. Em
linguagem numérica, diríamos que o bebê não conseguia entender como 1 + 1 podia
ser igual a 3. A pesquisa de Wynn foi reproduzida diversas vezes, com variantes
e complicadores - e os resultados sempre confirmaram o achado original: os
bebês sabem identificar a formação de conjuntos de até três unidades.
(Teixeira, 2009, RV ed2100) Segundo Wynn, a dificuldade da matemática na escola
esta na forma abstrata de aprender. Há disponível na internet o primeiro
capítulo do livro de Karen Wynn sobre a mente dos bebês. (3). Como acontece a
aprendizagem em qualquer idade sobre qualquer conhecimento? Afinal, o que é o
cérebro humano? Qual sua verdadeira capacidade? Os professores podem utilizar
estes conhecimentos para aperfeiçoar o ensino básico? Outro pensador que
atribuiu ao próprio sujeito a construção da aprendizagem, no entanto, somente
com sua interação com o meio social, foi Lev Semenovick Vigotski nasceu em 1896
e morreu trinta e sete anos depois. Segundo Bock (1999), o enfoque
interacionista do desenvolvimento estudado por Vigotski é um legado de
concepções importantes para a compreensão da aprendizagem. Bock afirma:
Vigotski foi um dos teóricos que
buscou uma alternativa dentro do materialismo dialético para o conflito para as
concepções idealistas e mecanicistas na Psicologia.
Ao Lado de Luria e Leontiev,
construiu propostas teóricas inovadoras sobre a relação pensamento e linguagem,
natureza do processo de desenvolvimento da criança e o papel da instrução no
desenvolvimento. (Bock,1999,P.107) Com relação ao processo ensino/aprendizagem,
Vigotski afirma que a aprendizagem é um fenômeno que acontece de dentro para
fora, o indivíduo aprende em contato com outros indivíduos, afirma também que a
escola não ensina tudo. Vigotski defende que a criança possui duas situações de
aprendizagem que denominou de zona real e zona proximal. A criança ao chegar à
escola possuí conhecimentos adquiridos mediante suas experiências vividas com
os outros, bem como características genéticas, isso tudo vem com o aluno (z.
real). Na escola ela se depara com outro tipo de conhecimento, o conhecimento
sistematizado, onde vai desenvolver de acordo com sua interação com o meio,
novos conhecimentos, que ele denominou de zona proximal.
Nesta concepção interacionista do
desenvolvimento, onde o aprendizado acontece, segundo Vigotski, conforme a
interação do sujeito com o meio externo.
Uma questão pertinente vem à
tona, como os neurônios de uma criança aprenderia, mesmo que gradualmente,
recebendo apenas informações pelos órgãos sensoriais externos (visão, audição,
tato, olfação, gustação) sem estar inserida em qualquer tipo de relações com
outros seres humanos? Caso submetida ao contato, apenas com um aparelho capaz
de produzir sons, imagens, odores, sensações de calor, frio ou algum tipo de
toque na pele, aprenderia da mesma forma? Será que uma criança sendo ensinada
por programas de computadores, por métodos adequados de alfabetização, leitura,
raciocínio lógico, aprenderia de maneira reflexiva, ou este aprendizado se
daria maquinalmente? Será que estes conteúdos teriam significados? Ou ela seria
apenas um robô, cujos neurônios registraram as informações recebidas? Podemos
imaginar esta criança, quem sabe, nos surpreendendo quando exposta ao convívio
com serem humanos, processando relações, interagindo diante deste convívio. São
perguntas que devemos fazer para entender a teoria de Vigotski com relação aos
novos conhecimentos da Neurociência, que defende a inteligência humana de forma
dinâmica, capaz de criar novas conexões e estabelecer relações entre novas
informações e antigas memórias.
3. ESTIMULANDO OS NEURÔNIOS
Sprenger, (2008), em seu livro "Como Ensinar para o Aluno Lembrar",
escreve que pesquisadores da Neurociência cognitiva, descobriram alguns fatores
que conduzem à aprendizagem: freqüência, intensidade, treinamento conectado,
adaptabilidade, motivação e atenção. Com relação à freqüência, Sprenger, afirma
que a repetição faz uma espécie de treinamentos aos neurônios, exemplifica que
uma criança quanto mais ler, melhor será sua leitura, comparando a musculatura,
quanto mais exercitada melhor disposição para exercícios físicos. Quanto à
intensidade, comenta sobre o rigor aplicado a qualquer aprendizagem, os
neurônios se afiam diante da prática intensa de estudos, ou como diz sempre o Professor
Dr.
Romanelli, "neurônio que não
é usado atrofia e morre".
Treinamento conectado refere-se à
rede neuronal esta interligada e a aprendizagem será conectada a outras
memórias. Com relação à adaptabilidade, Marille Sprenger , diz que o professor,
deve monitorar os avanços dos alunos, ajustarem o ensino com a aprendizagem
para atender suas necessidades. E finalmente a autora se refere à motivação e
atenção, como um elemento ligado a freqüência e a intensidade, diz a consultora
de desenvolvimento profissional Americana Sprenger, (2008), "é fundamental
manter os alunos interessados, usar estratégias para despertar a
motivação".
Estes caminhos que apresentam a
autora acima citada percebem-se a capacidade dos neurônios de aprender através
de exercícios, de técnicas direcionadas. Sabe-se que além de conhecimentos
novos, somos capazes de estabelecer novas idéias, ou ampliar idéias já
adquiridas sobre as coisas. Isto que nos torna humanos, diferentes de uma
maquina de computador. Todas estas questões permeiam a aprendizagem humana de
forma espetacular, somos seres pensantes, autores e transformadores de
informações a cada minuto. Mas, poderemos realizar este feito apenas recebendo
informações? Ou como sugere Vigostki, pode-se desenvolver a aprendizagem
somente em contato com o outro? Emilia Ferreiro, uma psicopedagoga argentina,
na década de oitenta, desenvolveu teorias sobre o aprendizado que foram muito
valorosas para a educação. Emília foi orientada por Piaget em Genebra, na
Suíça, onde fez seu doutorado e a influência de Piaget foi visível nos seus
fundamentos. Bock(1999), afirma que embora o compromisso de Emília Ferreiro,
tenha sido com as sociedades marginalizadas da América Latina, analisando o
fracasso escolar ligado aos problemas sociais das classes marginalizadas, ela
contribui para de desenvolver a compreensão da alfabetização como um processo
particular, em que a criança aprende do seu modo, e não necessariamente como
professor ensina que a compreensão do conteúdo ensinado é percebido pelo aluno
de acordo com sua compreensão de mundo. Ela sugere que o professor entenda a
criança com suas particularidades, em suas elaborações pessoais, escute suas
falas. Esta educadora nos fez compreender que a criança não "erra", e
sim entende do seu jeito. Assim o processo de alfabetização recebeu grande
contribuição. Seu método continua sendo muito utilizado na maioria das escolas
de ensino básico no Brasil.
Outro pesquisador muito
conhecido, Daniel Goleman (1995), famoso psicólogo americano, com seu livro
"Inteligência Emocional", escreve no prefácio para edição brasileira
que a aprendizagem se efetivará melhor quando os professores souberem a
importância do fator emocional. Afirmando que este livro era resultado de suas
análises com relação aos altos índices de violência e um malestar social geral
que observava nos Estados unidos da América.
Ao se referir aos professores
afirma que:
Aos professores, sugiro que
considerem também a possibilidade de ensinar às crianças o alfabeto emocional,
aptidão básica do coração. Tal como hoje ocorre nos Estados Unidos, o ensino
brasileiro poderá se beneficiar com a introdução no currículo escolar, de uma
programação de aprendizagem que, além das disciplinas tradicionais, inclua
ensinamentos para uma aptidão pessoal fundamental - a alfabetização emocional.
(Goleman, 1995. P. 11) Goleman, (1995), ao desenvolver a importância da
inteligência emocional para a aprendizagem, apresentou novo enfoque que a
neurociência vem comprovando dia após dia, as emoções ligadas ao aprendizado.
Quando relata neste livro sobre a evolução do cérebro, Daniel Goleman, fala dos
milhões de anos que o cérebro humano levou para chegar ao estágio atual. O
cérebro se desenvolver das partes inferiores para as superiores, lembrando uma
lei universal do mais simples ao mais complexo. Sobre a fisiologia cerebral
vamos embasar mais adiante.
Não é o objetivo deste trabalho,
elencar todos os nomes que desenvolveram pesquisas sobre a aprendizagem, apenas
nos deter em alguns que consideramos ter melhores relações com nossos propósitos
de desenvolver idéias sobre os principais pontos do processo da aprendizagem.
Incluir nas grades curriculares
dos cursos de formação de docentes alguns conhecimentos sobre o sistema
cerebral facilitará, sem sombra de dúvida os futuros professores a
compreenderem melhor os caminhos para o bom desempenho de suas funções
educativas.
4. CONSIDERAÇOES FINAIS Incluir
nas grades curriculares dos cursos de formação de docentes alguns conhecimentos
sobre o sistema cerebral facilitará, sem sombra de dúvida os futuros
professores a compreenderem melhor os caminhos para o bom desempenho de suas
funções educativas.
Sabe-se que ainda há um longo
trecho a ser percorrido até que a Educação básica atinja metas satisfatórias no
Brasil, a burocracia e os ranços criaram raízes fortes e o ensino básico
estabeleceu-se de forma praticamente determinante. Em uma pesquisa que
realizei, participando de um curso de aperfeiçoamento para Pedagogos da rede
municipal (1), cujo tema foi exatamente observar a participação dos docentes
diante uma proposta de estudos continuados, descobri que há uma espécie de
resistência quanto às novas propostas de estudos e mais ainda com relação à
pesquisa. Devo admitir que os professores já graduados estão acomodados.
Partindo deste ponto de vista,
propor mudanças no currículo dos cursos que formarão novos professores deverá
proporcionar gradualmente as mudanças que são tão necessárias quanto
desafiadoras ao processo ensino/aprendizagem do ensino básico.
Diante os resultados das últimas
avaliações do ensino básico, tias como SAEB, ENEM, acredita-se que a educação
precisa de reformulações. A questão não deve estar apenas no âmbito das
políticas sociais, mas esta nestes resultados, todo o processo, incluindo o
currículo de formação de docentes. Temas atuais precisam estar presentes na
vida do professor, como as novas tecnologias que fazem parte da vida do
educando, como o próprio educando que é uma máquina complexa, mais avançada que
um super computador com alta capacidade de armazenagem de informação.
A criança da atualidade esta
inserida no meio social da era tecnológica, ela convive com novos hábitos, como
o uso de novos aparelhos eletrônicos e a internet, que a torna um agente
interativo em tempo real com todo o resto do mundo.
Independente de classe social, o
aluno esta imerso neste novo contexto, vem para sala de aula habituado a
realizar muitas tarefas ao mesmo tempo e rapidamente. O aluno acessa milhares
de canais de informações por minuto quando esta na frente de um computador, seu
cérebro esta sendo estimulado em todos os momentos pelo uso de celulares, jogos
eletrônicos de ultima geração que apresentam desafios espetaculares e ainda
mais que isso, ele cria seu mundo através de sites pessoais na internet e se
comunica com quem desejar o tempo que puder. Assiste a filmes e televisão. Não
há mais censura nem limites. É comprovado que este aluno surge como elemento
novo, habituado a fazer a estimular seus neurônios com tantas ações ao mesmo
tempo. Utiliza muito mais suas capacidades que alunos da década passada.
A conseqüência deste novo
comportamento é um novo professor. Se o aluno muda e o professor não,
certamente haverá um grande problema no processo ensino/aprendizagem. Se a
sociedade esta se transformando, se adaptando a tantas mudanças e a escola
permanece com idéias do século dezenove, haverá um colapso onde a educação
sairá grande perdedora.
REFERÊNCIAS BOCK. A. M. B.
FURTADO. O; TEIXEIRA. M.L.T. Psicologias- Uma Introdução ao Estudo de
Psicologia.
Ed. 13ª. Saraiva. São Paulo,
1999.
FUENTES, D. [et al}.
Neuropsicologia- Teoria e Prática. Porto Alegre: Artmed, 2008.
GOLEMAN, D. Inteligência
Emocional - Teoria Revolucionária que Redefine O Que É o Ser. Objetiva.
Rios de Janeiro, 1995.
GOULART, I.B. Piaget -
Experiências básicas para utilização pelo professor. Vozes Ltda. Petrópolis,
1983.
LENT R. {ET al}. Neurociência da
Mente e do Comportamento. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan.
2008.
LENT R. Cem milhões de Neurônios
- Conceitos Fundamentais de Neurociência. São Paulo: Atheneu, 2005.
SPRENGER, M. Memória - Como
ensinar para o aluno lembrar. Artimed. Porto Alegre, 2005.
Sites Internet (1).
Obrigado pela visita, volte sempre.
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