segunda-feira, 20 de dezembro de 2021

Empresa de Senador amigo de Sérgio Moro fabricará as urnas eletrônicas para 2022

Há pouco tempo, milhões de brasileiros foram às ruas para pedir maior transparência nas urnas eletrônicas

Vocês sabiam que em 2022 teremos um novo modelo de urna eletrônica? Sabiam também que esse novo modelo está sendo desenvolvido por uma empresa brasileira que pertence a um Senador da República ligado a Sérgio Moro?

A licitação

Em julho de 2020, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) confirmou que a Empresa Positivo saiu vencedora da licitação realizada para a fabricação de novas urnas eletrônicas, modelo 2020 (EU 2020). [1]

Na oportunidade, o Tribunal afirmou que tais urnas não seriam utilizadas nas eleições de 2020.

A homologação da licitação ocorreu de comum acordo entre os Ministros Luís Roberto Barroso, Luiz Edson Fachin e Alexandre de Moraes. À época, ficou consignado que os novos modelos seriam utilizados somente nas eleições de 2022. A propósito, no próximo pleito, o Presidente do TSE será o Ministro Edson Fachin e, como vice, o Ministro Alexandre de Moraes.

O objetivo do TSE é adquirir 180 mil urnas para substituir modelos de 2006 e 2008. Além disso, o preço selecionado pelo Tribunal foi de R$ 799,9 milhões.

As urnas brasileiras são realmente seguras?

O Brasil vive um fenômeno de imbecilização coletiva. Infelizmente, o que acontece no Big Brother Brasil e em A Fazenda têm mais relevância do que os acontecimentos políticos. Contudo, é bom saber que essa realidade está mudando. Hodiernamente, sabemos os nomes dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, bem como dos Senadores do CPI da Covid-19.

Há pouco tempo, milhões de brasileiros foram às ruas para pedir maior transparência nas urnas eletrônicas. Isso porque, ao que consta, não é possível, por exemplo, atestar em quem o eleitor votou. O voto é computado, por certo, mas não pode ser auditado. É importante lembrar que esse modelo que o Brasil adota somente é utilizado em mais dois países, Butão e Bangladesh.

Ora, por qual razão países de primeiro mundo não utilizam as urnas brasileiras, já que as autoridades desta nação afirmam categoricamente que tais aparelhos são os mais seguros do mundo?

A empresa que fabricará as urnas eletrônicas [2]

A empresa paranaense Positivo Tecnologia venceu a Licitação 43/2019 do TSE. A disputa contou também com o consórcio SMTT, formado pelas empresas Smartmatic e Diebold.

A empresa brasileira, ao contrário da adversária, estreará no segmento.

Fundada em 1988 pelo hoje Senador da República Oriovisto Guimarães (Podemos -PR), a empresa ficou famosa pela fabricação de computadores.

Com sede em Curitiba, a empresa tem fábricas no Paraná, na Bahia e no Amazonas.

Desde 2012 que a empresa do Senador vem se relacionando com o Poder Público, vencendo uma série de licitações de órgãos da Administração Pública. Fornece milhares de computadores para os Estados.

É importante esclarecer que a disputa licitatória arrastou-se por entre os anos de 2019 e 2022, uma vez que ambas as concorrentes não cumpriam as especificações técnicas do edital, conseguindo na Justiça o direito de apresentar novas propostas. A empresa paranaense, então, sagrou-se vencedora após apresentar o melhor desempenho técnico e também oferecer a proposta mais barata.

A Positivo será responsável pelo desenvolvimento do hardware e software das urnas eletrônicas; além de fornecer suprimentos, certificados e documentação.

Há conflito de interesse?

Não causa estranheza e espanto no nobre leitor saber que o maior e principal instrumento da cidadania está nas mãos de um Senador da República?

O Senador Oriovisto Guimarães não está mais à frente da Empresa. [3] Em 2010, o então Presidente do Conselho de Administração da Positivo Informática doou sua participação aos filhos. A transferência ocorreu a título de doação antecipada aos herdeiros, Giem Raduy Guimarães, Lucas Raduy Guimarães e Sofia Guimarães Von Ridder.

Para não ficar de fora, Oriovisto Guimarães permaneceu com apenas uma ação, a qual lhe garantia o exercício do cargo na companhia.

Oriovisto Guimarães ao lado de Sérgio Moro. Twitter/Reprodução

Recentemente, o Senador externou o seu apoio à candidatura de Sérgio Moro à Presidência da República.

Infelizmente, essa história está muito longe de ter um final feliz!

Em um país em que pairam dúvidas sobre o processo eleitoral, com indícios de fraudes e sem auditagem voto a voto, saber que as urnas eletrônicas serão fabricadas por um Senador do Paraná, do mesmo Partido que Sérgio Moro, que é amigo do candidato e está fazendo campanha para 2022, é ampliar a desconfiança brasileira.

É um caso de polícia! Essa licitação jamais deveria ter escolhido a empresa de um Senador ligado a um candidato à Presidência da República. Ainda que Oriovisto não esteja à frente da empresa, por ser Senador da República, sua família tem o controle da organização.

O que deve ser feito?

Não se pode atribuir ao acaso essas “coincidências”. Existe um claro conflito de interesse, apto a ensejar a anulação deste contrato, devendo se escolher outra empresa para a fabricação das urnas eletrônicas e, dessa vez, que seja uma organização que não tenha ligações com políticos, especialmente com candidatos à Presidência da República.

É um escárnio! Os brasileiros não merecem tamanha promiscuidade politiqueira.

Não há outra saída! A empresa do Senador Oriovisto Guimarães, amigo de Sérgio Moro, deve ser impedida de fabricar as urnas eletrônicas para as eleições de 2022.


[1]TSE confirma empresa Positivo como vencedora para aquisição de novas urnas eletrônicas. Tribunal Superior Eleitoral, 2020. Tribunal Superior Eleitoral;

[2] Quem é a empresa paranaense que fornecerá urnas eletrônicas para a eleição de 2022. Gazeta do Povo;

[3] Presidente do Conselho da Positivo doa ações para os filhos. Portal G1.

“Tudo o que ouvimos é uma opinião, não um fato. Tudo o que vemos é uma perspectiva, não a verdade”.

Marco Aurélio

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Fonte https://revistaesmeril.com.br/empresa-de-senador-amigo-de-sergio-moro-fabricara-as-urnas-eletronicas-para-2022/


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