Algumas curiosidades sobre a Coleção Vaga-Lume
A coleção Vaga-Lume fez (e ainda faz) parte da infância e adolescência de muita gente. Eu mesmo fui um que, com ela, aprendi a gostar de ler. Lá nos longínquos anos 80 a consumia vorazmente, tinha alguns e emprestei vários na biblioteca da escola ou da cidade. Ainda hoje me lembro de querer ser detetive quando crescesse (ou mensageiro de hotel) por causa de histórias como O Escaravelho do Diabo ou O Mistério do Cinco Estrelas.
Aqui vão algumas curiosidades bem interessantes sobre a série:
1. A série Vaga-Lume foi lançada pela Editora Ática na virada de 1972 para 1973, e é composta de romances voltados ao público infantojuvenil.
2. A editora não divulga números, mas estima-se que somente a obra A Ilha Perdida, de Maria José Dupré, já ultrapassou a marca de 2,2 milhões de exemplares vendidos.
3. A série ajudou, e muito, a fortalecer e consagrar a Editora Ática, que recentemente informou que pretende relançar a coleção em formato digital.
4. Um dos maiores sucessos da série, O Escaravelho do Diabo, de Lúcia Machado de Almeida (1910-2005), foi lançado primeiramente em 1956 como um folhetim da revista O Cruzeiro.
5. Inicialmente, a série se caracterizava pela presença de obras já consagradas, de autores idem. Já na segunda década após seu lançamento, tanto os textos quanto os autores passaram a ser inéditos.
6. Um destes autores inéditos era Marçal Aquino.
7. Quando foi convidado para escrever por Fernando Paixão, editor da série na época, Marçal era repórter do Jornal da Tarde e nunca havia escrito uma linha sequer para o público infantojuvenil.
8. Em contrapartida, outro escritor da série, Marcelo Duarte, nunca publicou nenhum livro de ficção fora da coleção Vaga-Lume. O jornalista, escritor e dono da Editora Panda Books publicou seus cinco livros de ficção na série, e vendeu mais de 240 mil exemplares.
9. Em 1980, quando foi informado pelos editores responsáveis pela Coleção Vaga-Lume sobre a tiragem pretendida para seu livro, um atordoado escritor de pseudônimo Marcos Rey não acreditou. Os editores da Ática reiteraram: 120 mil exemplares.
10. Marcos Rey, pseudônimo de Edmundo Nonato, era nesta época um escritor já reconhecido de contos e romances adultos, porém estava acostumado com tiragens que não ultrapassavam três mil exemplares.
11. A aposta em Marcos Rey foi alta – e certeira. O Mistério do Cinco Estrelas, de 1981, vendeu mais de 2,5 milhões de exemplares. O autor escreveu o livro em dois meses.
12. Atualmente, porém, os mais de 15 livros lançados por Marcos Rey estão fora da coleção Vaga-Lume.
13. Um dos criadores da série, Jiro Takahashi, hoje editor do selo Prumo, da Editora Rocco, afirma que o sucesso da coleção se deu por conta de uma série de fatores, sendo o principal deles o baixo preço dos livros. Altas tiragens permitiam preços muito baixos, que por sua vez facilitavam a adoção das obras por escolas.
14. Outro ponto importante para a aceitação em sala de aula eram os encartes chamadosSuplementos de Trabalho, que traziam atividades didáticas ligadas ao livro.
15. Milton Rodrigues Alves, um dos ilustradores da série, conta que, para ilustrar O Caso da Borboleta Atíria, passou muitas e muitas horas em um Museu de Zoologia. “Não tínhamos internet, e a melhor maneira de saber a forma de um Dynastes Hercules era indo ao Museu”, conta Milton.
16. O Escaravelho do Diabo, de Lúcia Machado de Almeida, em breve sairá das estantes diretamente para as telas de cinema. A obra está em fase de pré-produção, e terá direção de Carlos Milani. O filme já tem até um site: www.oescaravelhododiabo.com.br
17. E O Escaravelho do Diabo não é o único. O Mistério do Cinco Estrelas (1981), O Rapto do Garoto de Ouro (1982) e Um Cadáver Ouve Rádio (1983), todos de Marcos Rey, tiveram seus direitos adquiridos pela produtora RT Features, e começam a ser filmados no final de 2013. A previsão de estreia é julho de 2014.
Vi lá no Homo Literatus
fonte: https://pausadramatica.com.br/2013/11/19/algumas-curiosidades-sobre-a-colecao-vaga-lume/
COLEÇÃO VAGALUME | Todos os livros que encantaram gerações
A Coleção Vagalume foi uma série literária que marcou mais de uma geração de leitores, fez muita gente se apaixonar pela leitura, e por isso mesmo ela é lembrada até hoje.
A série foi criada na década de 1970 pela Editora Ática, e era orientada para o público infanto-juvenil. O primeiro livro publicado foi A Ilha Perdida, de Maria José Dupré, em janeiro de 1973. Contribuiu também o fato dos livros terem um preço convidativo e de terem serem sido adotados por escolas. Muita gente deve se lembrar de exemplares da coleção Vagalume na biblioteca da escola, especialmente nos anos 1970, 1980 e 1990.
Importante lembrar que o grande idealizador do projeto foi o editor e professor Jiro Takahashi, que também participou da criação das coleções “Para Gostar de Ler” e “Nosso Tempo”.
Vários autores tiveram livros publicados pela Coleção Vagalume: Marcos Rey, Lúcia Machado de Almeida, Marçal Aquino, Luiz Puntel. No vídeo a seguir, acompanhe uma apresentação das principais histórias publicadas pela Coleção Vagalume, que chegou à marca de 8 milhões de exemplares vendidos contando histórias de mistério, investigações, viagens e descobertas.
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TODOS OS LIVROS DA COLEÇÃO VAGALUME
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A ilha perdida (Maria José Dupré)
Cabra das Rocas (Homero Homem)
Coração de Onça (Ofélia Fontes e Narbal Fontes)
Éramos Seis (Maria José Dupré)
O Escaravelho do Diabo (Lúcia Machado de Almeida)
O Gigante de Botas (Ofélia Fontes e Narbal Fontes)
O Caso da Borboleta Atíria (Lúcia Machado de Almeida)
Cem noites Tapuias (Ofélia Fontes e Narbal Fontes)
Menino de Asas (Homero Homem)
Tonico (José Rezende Filho)
Spharion (Lúcia Machado de Almeida)
A Serra dos Dois Meninos (A. Fraga Lima)
O Mistério do Cinco Estrelas (Marcos Rey)
Zezinho, o dono da porquinha preta (Jair Vitória)
O Feijão e o Sonho (Orígenes Lessa)
Aventuras de Xisto (Lúcia Machado de Almeida)
O rapto do Garoto de Ouro (Marcos Rey)
Xisto no espaço (Lúcia Machado de Almeida)
Tonico e Carniça (Francisco de Assis Almeida Brasil e José Rezende Filho)
Um Cadáver Ouve Rádio (Marcos Rey)
Xisto e o Pássaro Cósmico (Lúcia Machado de Almeida)
A Primeira Reportagem (Sylvio Pereira)
Sozinha no Mundo (Marcos Rey)
Os Pequenos Jangadeiros (Aristides Fraga Lima)
Os Barcos de Papel (José Maviael Monteiro)
Deus me Livre! (Luiz Puntel)
O Mistério dos Morros Dourados (Francisco Marins)
Dinheiro do céu (Marcos Rey)
Perigos no Mar (Aristides Fraga Lima)
A Grande Fuga (Sylvio Pereira)
Bem-vindos ao Rio (Marcos Rey)
Pega Ladrão (Luiz Galdino)
Açúcar Amargo (Luiz Puntel)
O Outro Lado da Ilha (José Maviael Monteiro)
Enigma na Televisão (Marcos Rey)
Os Passageiros do Futuro (Wilson Rocha)
Meninos sem Pátria (Luiz Puntel)
A Montanha das Duas Cabeças (Francisco Marins)
O Ninho dos Gaviões (José Maviael Monteiro)
Garra de Campeão (Marcos Rey)
A Vida Secreta de Jonas (Luiz Galdino)
Aventura no Império do Sol (Silvia Cintra Franco)
Quem Manda já Morreu (Marcos Rey)
A Turma da Rua Quinze (Marçal Aquino)
Na Barreira do Inferno (Silvia Cintra Franco)
Um Leão em Família (Luiz Puntel)
Corrida Infernal (Marcos Rey)
Na Mira do Vampiro (Lopes dos Santos)
A Árvore que Dava Dinheiro (Domingos Pellegrini)
A Maldição do Tesouro do Faraó (Sérsi Bardari)
O Desafio do Pantanal (Silvia Cintra Franco)
Na Rota do Perigo (Marcos Rey)
Ameaça nas Trilhas do Tarô (Sérsi Bardari)
O Jogo do Camaleão (Marçal Aquino)
Tráfico de Anjos (Luiz Puntel)
Um Rosto no Computador (Marcos Rey)
O Fantasma de Tio William (Rubens Francisco Lucchetti)
Confusões & Calafrios (Silvia Cintra Franco)
Um Gnomo na Minha Horta (Wilson Rocha)
Office-boy em Apuros (Bosco Brasil)
Doze Horas de Terror (Marcos Rey)
O Segredo dos Sinais Mágicos (Sérsi Bardari)
A Aldeia Sagrada (Francisco Marins)
O Mistério da Cidade-Fantasma (Marçal Aquino)
Agitação à Beira-mar (Leusa Araujo)
O Brinquedo Misterioso (Luiz Galdino)
Um Inimigo em Cada Esquina (Raul Drewnick)
O Diabo no Porta-malas (Marcos Rey)
O Fabricante de Terremotos (Wilson Rocha)
Viagem pelo Ombro da Minha Jaqueta (Lô Galasso)
Em Busca do Diamante (Francisco Marins)
A Vingança da Cobra (Marcos Bagno)
Vencer ou Vencer (Raul Drewnick)
O Primeiro Amor e Outros Perigos (Marçal Aquino)
O Super Tênis (Ivan Jaf)
A Charada do Sol e da Chuva (Luiz Galdino)
Terror na Festa (Janaína Amado)
Gincana da Morte (Marcos Rey)
Jogo Sujo (Marcelo Duarte)
Missão no Oriente (Luiz Puntel)
O Preço da Coragem (Raul Drewnick)
A Magia da Árvore Luminosa (Rosana Bond)
Segura, peão! (Luiz Galdino)
A Grande Virada (Raul Drewnick)
A Guerra do Lanche (Lourenço Cazarré)
O Robô que Virou Gente (Ivan Jaf)
Nas Ondas do Surfe (Edith Modesto)
Operação Nova York (Luiz Antonio Aguiar)
Correndo Contra o Destino (Raul Drewnick)
Deu a Louca no Tempo (Marcelo Duarte)
Tem Lagartixa no Computador (Marcelo Duarte)
Crescer é uma Aventura (Rosana Bond)
S.O.S. Ararinha-azul (Edith Modesto)
Manobra Radical (Edith Modesto)
Na Ilha do Dragão (Maristel Alves dos Santos)
O Ouro do Fantasma (Manuel Filho)
A Noite dos Quatro furacões (Raul Drewnick)
O Grito do Hip-Hop (Fátima Chaguri e Luiz Puntel)
O Segredo dos Índios (Edith Modesto)
O Senhor da Água (Rosana Bond)
A Chave do Corsário (Eliana Martins)
Morte no Colégio (Luis Eduardo Matta)
Salvando a Pele (Mário Teixeira)
O Mestre dos Games (Afonso Machado)
Ponha-se no Seu Lugar (Ana Pacheco)
Os Marcianos (Luiz Antônio Aguiar)
DICA DE LEITURA
Título: Enigma na Televisão
Autor: Marcos Rey
Páginas: 144
Editora: Global
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SINOPSE – Um mistério e tanto nesta narrativa policial envolvente, criada pelo consagrado Marcos Rey. Muitos crimes, muitos suspeitos, muitas pistas… Tudo começa com o assassinato do famoso ator Fabio Rocha da TV Mundial. Na areia, um grupo crescente de curiosos, jornalistas e policiais cercavam um corpo caído. Fabio fora assassinado na madrugada com golpes de punhal ou faca, arma não encontrada no local. Seu relógio de ouro estava no pulso, seus valiosos anéis nos dedos e muito dinheiro na carteira. Não fora latrocínio. A partir daí, outros crimes, envolvendo outros atores e um repórter, são cometidos. Já não era apenas na televisão que o pânico crescia. Todos se sentiam ameaçados. Para desvendar o enigma da televisão, só mesmo um jovem e corajoso jornalista.
Os editores | Jiro Takahashi
Ponte entre autores e leitores
A “Teoria do Degrau” e a Mudança de Gostos na Leitura de Quadrinhos
Quem lê quadrinhos há muitos tempo, como eu, que leio há mais de vinte anos, sabe que nossos gostos e preferências de leitura vão mudando ao longo do tempo. Por isso resolvi trazer da literatura a “teoria do degrau” para discutirmos um pouco o avanço – ou regressão – desses gostos e hábitos.
Quando eu falo de Teoria do Degrau, não falo aqui daquela Teoria da Escada que envolve a sexualidade e nem na Teoria da Escada Ponteana do Direito, mas sim, na Teoria do Degrau da literatura. Essa Teoria diz que nos utilizamos de paraliteraturas ou leituras mais acessíveis para galgarmos degraus rumo a leituras mais profundas. Bom, em primeiro lugar eu não quero, aqui, tratar do quadrinho como uma leitura menor e que dá acesso a grandes leituras dos clássicos da literatura mundial. Isso seria paternalista e condescendente com os quadrinhos da minha parte. O que eu quero falar mesmo se refere a como, através dos quadrinhos, acabamos buscando leituras mais complexas dentro do próprio meio. Alguns, claro. Outros preferem ficar no rasinho, porque se forem pro fundo podem correr o risco de se afogar ou de sua mãe ralhar com eles.
Falando sobre os best-sellers, Sandra Reimão, professora da USP, colocou duas formas de encarar esse tipo de leitura: “Uma primeira, que poderia ser chamada ‘teoria do degrau’ concebe a literatura trivial como uma primeira etapa, um degrau de preparação de leitor para torná-lo apto a enfrentar textos da literatura de proposta”.
Bem, tendo exposto isto, eu gostaria de comparar esses degraus como uma evolução de gosto natural do amadurecimento humano. Vou usar o meu exemplo. Comecei lendo Turma da Mônica e Disney na infância, na Pré-Adolescência eu lia Asterix, na Adolescência eu lia Marvel e DC Comics, durante a faculdade comecei a ler Vertigo e na idade adulta o que me atrai mais são os quadrinhos independentes, nacionais e com temas mais profundos. Grant Morrison tentou fazer uma comparação parecida em seu Flex Mentallo, só que desta vez associando as Eras dos Quadrinhos com a maturidade humana (no sentido biológico, claro!).
Dito isso, cito novamente Sandra Reimão e sua outra colocação: “A teoria do degrau se opõe ao que podemos chamar de ‘teoria do hiato e regressão’, ou seja, a afirmação de que há um hiato intransponível entre a alta literatura e a de mercado, e que esta última jamais poderá ser via de acesso à literatura maior, uma vez que a literatura de entretenimento não só não se sedimenta, como também é um instrumento de regressão de espírito , não é capaz de conduzir a uma consciência crítica autônoma, mas eternamente repete e justifica o status quo”.
Começo dizendo que eu odeio essa separação entre alta e baixa literatura, mesmo o termo paraliteratura eu acho bastante equivocado. Acho que o gosto de quadrinhos e a vontade da pessoa em evoluir nas suas leituras e buscar mais para sua vida depende de duas coisas: disposição, ou seja, a vontade de mudar – no caso de pessoas que tiveram acesso à educação de qualidade, ou seja, a maioria das pessoas que tiveram acesso a este texto -, ou então de ter educação de qualidade e uma cultura de que precisamos sempre nos aprimorar e vencer nossas próprias barreiras – e isso é difícil de achar nas populações de baixa renda, pois como dizem, não basta só dar o peixe, tem de ensinar a pescar e muito, mais muito mais do que isso, tem de ser construída a cultura da pescaria na cabeça das pessoas e sobre essa cultura da pescaria também tem de ser inserida na mente das próprias pessoas do Projeto Pescar, que muitas vezes não a têm, e reproduzem processos e conhecimentos sem refletir sobre eles.
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