segunda-feira, 30 de maio de 2011

Antes de começar a meditar


Antes de começar a meditar


Por Swami Ashokananda *

* Swami Ashokananda: (1893-1969) foi, durante os últimos trinta e oito anos de sua vida, o diretor da Vedanta Society of Northern California. Nascido e educado no que agora é Bangladesh, foi mestre de escola por pouco tempo, durante o qual se esforçou por colocar em prática os princípios de Swami Vivekananda de servir a Deus no homem, na comunidade de sapateiros. Uniu-se à Ordem Ramakrishna em1920 e prestou serviços principalmente como editor de sua revista Prabuddha Bharata, tendo se distinguido por seus editoriais, antes de ser destinado a San Francisco. Ali reavivou o monastério, fundou um convento e começou o que agora são as Sociedades Vedanta de Berkeley e Sacramento.



Eu creio que através da meditação, que é o ininterrupto fluxo de um mesmo pensamento em Deus, pode-se alcançar facilmente o Altíssimo. E é a mente que eventualmente sucumbe ante um pensamento a que é sujeita sem interrupção por um tempo prolongado. Se continuarmos infundindo na mente certo tipo de consciência - qualquer que seja a condição da mente em um princípio, espiritual ou não, cheia de amor para Deus ou com desejos intranqüilos – com o transcurso do tempo a mudança desejada se operará.



Sri Ramakrishna teve grande insistência quanto a isso. Para mim levou muito tempo assimilar um de seus ensinamentos sobre o tema, mas quando compreendi, e espero realmente tê-lo feito, encontrei nele uma grande esperança e segurança. Ele costumava dizer que a mente é como um tecido novo que toma a cor da tinta na qual foi mergulhada. A princípio, pensei que ele queria dizer que a mente deve tornar-se absolutamente pura antes de ser mergulhada no pensamento de Deus etomar sua cor. Não via nada de particularmente alentador nisto, porque o grande problema de quase todos os aspirantes espirituais é precisamente alcançar a pureza da mente. Tal purificação equivale a três quartas partes da batalha, pois quando isso acontece, a realização espiritual vem espontaneamente. Certamente, à medida que refletia sobre o exemplo de Sri Ramakrishna, comecei a compreende-lo de outro modo. Ao comparar a mente com um tecido novo, ele falava da mente comum, a mente que está tão atolada de pensamentos e sentimentos mundanos e contraditórios, e que é tão adversa ao pensamento de Deus. Não era a mente purificada a que ele assemelhava ao tecido novo, mas a mente em qualquer condição em que pudesse se encontrar. Vi que queria dizer que mesmo essa mente comum, se fosse mergulhada no pensamento de Deus, tomaria a cor espiritual.



Eis aqui uma verdade psicológica, maravilhosamente alentadora e de grande ajuda, mas com freqüência esquecida pelos aspirantes espirituais. Em certa ocasião um homem veio ante Sri Ramakrishna e lhe disse: “Eu não posso controlar minha mente; não sei como”. O Mestre, assombrado, disse: “Por que não pratica abhyasa-yoga?”. O trazer a mente novamente de vez em quando ao pensamento de Deus, isso é o que abhyasa-yoga significa. Esta prática é particularmente exaltada no Bhagavad Gita. Importa muito que a mente ande errante, no princípio, se de novo pode direciona-la a Ele? Se pudéssemos nos lembrar disso, venceríamos a metade da batalha, mas desgraçadamente, com freqüência não o fazemos e logo pensamos em outras coisas e esquecemos por completo a busca espiritual. Sendo este o caso, poderíamos discutir proveitosamente certos pontos relativos aos meios de autocontrole e meditação.



Qual é a condição adequada da mente para a meditação? É conhecida por todos vocês, creio, como quietude. Esta não é uma calma forçada, mas uma calma resultante da cessação da maioria dos desejos ardentes. As coisas que perturbam a mente, surjam de dentro, surjam de fora, estão vinculadas com nossos desejos secretos básicos. Sempre estamos tratando de realizar certos fins. Embora nos esforcemos desesperadamente, com freqüência fracassamos e o fracasso exaspera a mente. Mesmo quando o triunfo seja já nosso, nos apresentam resultados estranhos. Devido a que os objetos de nossos desejos às vezes nos iludem enquanto os estamos desfrutando, nos sentimos desiludidos e enganados, e quando não somos assim frustrados, nos apegamos aos objetos de desfrute, em cujo caso, posto que o desfrute não pode intensificar-se continuamente, vem a saciedade. Todas as reações mantêm a mente constantemente inquieta, ora de modo prazeroso, ora de modo desagradável. Assim nos damos conta de que os pensamentos que impedem a nossa mente de permanecer na presença de Deus estão unidos com os objetos de nossos desejos, e que somente quando conseguimos nos desfazer de nossos desejos predominantes, a mente se torna comparativamente tranqüila.



Chamamos este estado de calma relativa, o começo de pratyahara (retiro da mente), uma condição na qual a mente, embora às vezes inquieta está, em outras ocasiões, tranqüila – inquieta quando estabelece contato com os objetos de desejo, mas de outra maneira bastante tranqüila. Este é um estado muito favorável. Se descobrir que sua mente se mantém naturalmente quieta quando você não está em contato com coisas perturbadoras, que você gosta de estar só e que tem uma sensação de serenidade, então reconhece tal condição como a mais desejável. Nesta condição deveria se esforçar o melhor que pudesse em praticar meditação. Não deveria descuidar dela nunca. A mente é uma entidade muito mutável. Não pense que uma condição que tenha desejado continuará existindo simplesmente pelo fato de que a alcançou uma vez. Algo pode surgir de dentro e vir de fora para distrai-lo, e às vezes poderá tomar sua mente por cinco anos ou até dez para aquietar-se novamente, do mesmo modo que o mar leva alguns dias para recuperar a calma depois de uma tormenta.



Não quero dizer que nunca estaremos absolutamente seguros. É indubitável que há uma condição mental em que não se necessite abrigar temor algum, mas esse é um estado muito elevado. Quando uma pessoa alcança esse estado concentrado é que queimou as pontes que deixou para trás: alcançou uma condição em que as coisas deste mundo já não podem atrai-lo. Sua mente já não voltará jamais ao mundo que deixou para trás. Está segura.



Suponhamos que alcançamos esse estado em que a mente, embora às vezes inquieta está, em outras ocasiões, tranqüila. Que devemos fazer, então, se quisermos ter bom êxito na meditação?



1. A princípio temos que fazer um propósito firme de sermos muito regulares em nossa prática. Sempre corremos para atender a nossas necessidades corporais urgentes, sem se importar com o que estiver acontecendo. Deveríamos ser igualmente fiéis com a prática da meditação. A meditação deveria ser tão essencial a nossa vida como o é o respirar. Em meu país, quando uma pessoa está muito ocupada, costuma dizer: “Não tenho tempo nem para respirar”. Com certeza, respira. E assim deveria ser com a meditação. Mesmo quando, a princípio, o desejo de pratica-la possa parecer artificial, diga-se, dite: “Tenho que meditar”.



Sri Ramakrishna elogiava, freqüentemente, os muçulmanos por sua pontualidade na oração. Onde quer que um muçulmano se encontre, quando chega a hora da oração suspende tudo, lava as mãos e o rosto e logo, estendendo seu tapete na margem do caminho, ora pelo menos durante quinze minutos. Nunca deixa de fazer isto. Não há justificativa alguma para que alguém diga que não tem tempo para meditar. Ocasião extraordinária poderia surgir pela qual, com efeito, alguém não tivesse tempo, mas dizer: “Estou muito ocupado para lhe dedicar tempo”, ou “estou tão cansado ao entardecer que me é impossível meditar” é mera evasão. Nada impede, a quem assim raciocina, que dedique um pouco de sua energia ao entardecer. Mas ele se desgasta todo durante o dia fazendo outras coisas, às vezes realmente danosas, e quando chega o entardecer, dá-se uma falsa justificativa para não meditar. Pergunte-lhe sobre isso e dirá: “Preciso dormir mais. Estou cansado. Quando me levanto, tenho que ir depressa ao escritório. A que horas o faço?”.



Há uma canção que se refere a um homem que, depois de passar toda sua vida tolamente, no fim se deu conta de seu erro e disse: “Tive tempo para tudo o mais, oh Senhor, mas não tive tempo para pensar no Senhor!”. Se fixem nesta peculiaridade da mente humana: há tempo e lugar para tudo o mais em nossa vida, mas não temos sequer quinze minutos diariamente para a meditação! Se vocês me disserem que não têm nem tempo, nem a energia, pensam que vou acreditar em vocês? Eu lhes direi que estão se enganando. Onde há vontade, há um caminho. Se estiverem resolvidos a isso, sempre poderão encontrar tempo para meditar.



Aqui gostaria de fazer uma sugestão, pois sei que o desencorajamento faz sua aparição com muita facilidade. Às vezes, na meditação, a mente se comporta maravilhosamente: acalma-se e se concentra em seguida e vocês se sentem animados. Mas se em outras ocasiões se porta mal, se recusa, se nega a aquietar-se e se mantém intranqüila com toda a espécie de pensamentos, então poderão se ver tentados a dizer: “De nada me serve meditar; por mais que eu queira, não alcanço nada”. Quero lhes dizer isto: a menos que tenham nascido com uma mente de qualidades maravilhosas e em um estado muito avançado de desenvolvimento espiritual estarão propensos, como qualquer outro homem que tenha querido percorrer o caminho, a estas flutuações da consciência. Não permitam que isso os desanime e não pensem que são ineptos para meditar, somente porque sua mente não é suficientemente espiritual. Alguns perguntam: “Como posso aproximar-me de Deus com este estado inferior de minha mente?”. Se vocês sentirem frio, seguramente não diriam: “tenho frio, deixem que me aqueça antes de aproxima-me do fogo”. Em troca, afirmariam, sem dúvida: “tenho frio, me aproximarei do fogo a fim de me aquecer”. Por outro lado, se vocês crêem que carecem de espiritualidade, então esse é o melhor dos momentos para pensar em Deus.



Não permitam que sua mente os desvie. A mente pode engana-los de muitas diferentes maneiras: às vezes tentará diretamente e de novo os desviará mesmo em nome da religião. Essa resistência para meditar porque não são “o suficientemente espirituais” é um truque que a mente joga a vocês. Qualquer que seja sua condição mental, mesmo se sua mente está cheia de pensamentos baixos, tratem de pensar em Deus. Supostamente poderiam ser incapazes de pensar ou meditar nEle como vocês desejam, mas não importa, sigam querendo. Um cavalo bravo coiceia, corcoveia e trata de tirar o cavaleiro, mas se este consegue se manter firme na montaria, o cavalo se aquieta, reconhecendo que encontrou seu amo. A mente se comporta da mesma maneira. Tratará de desaloja-lo, mas ao descobrir que não pode se safar de você, se tornará sua escrava. Esse é o segredo da mente, por isso não se preocupem com sua condição atual. Proponha-se a domina-la, pois esta determinação, que implica concentração, já é em si mesmo uma vitória.



2. Em seguida, devem ter uma hora fixa para a meditação. Em minha opinião, uma pessoa deveria meditar não menos que duas vezes ao dia. Se não puderem faze-lo assim, meditem pelo menos uma vez, seja pela manhã ou à noite. Na Índia pensamos que há quatro horas auspiciosas para a meditação: cedo pela manhã – pelo menos uma hora antes do amanhecer, quando está escuro – é uma hora muito boa. Depois falaremos mais sobre isto. A segunda hora auspiciosa é ao meio-dia. Não sei se alguma janela fica fechada em uma cidade, mas indubitavelmente nas aldeias, especialmente em um país tropical, todo fica silencioso nesta hora e a natureza parece ter-se detido. Faz tanto calor que até os pássaros ficam silenciosos e se escondem entre as folhas das árvores. As pessoas ficam quietas – freqüentemente descansam há essa hora – e há um período de calma bem definido; pelo menos eu costumava senti-lo em meu país, onde muitos utilizavam o meio-dia para a meditação e o culto religioso.



A terceira hora auspiciosa para a meditação é cedo à noite. Neste país (Inglaterra), desgraçadamente, é difícil meditar a essa hora, pois geralmente está destinada para a ceia. Certamente o anoitecer é uma das melhores horas para meditar. Se lhes for possível, vocês podem praticar a meditação pouco antes da ceia, mas não é aconselhável meditar imediatamente depois de cear, pois a digestão pode ser interrompida e a saúde afetada.



A quarta hora é a meia-noite. Nesta parte do mundo não há muita tranqüilidade nem sequer às doze horas, mas creio que alguém encontra certa quietude. Onde seja um lugar regularmente tranqüilo, a meia-noite é maravilhosamente adequada para a meditação. Com efeito, muitos pensam que a meia-noite é a melhor de todas as horas para esse propósito.



A meditação matutina tem uma determinada vantagem sobre a vespertina, porque ao despertar, a mente está quieta depois do descanso da noite. Todas as impressões do dia anterior estão apagadas, como se depois de aulas anteriores alguém tivesse vindo e apagado completamente o quadro-negro. Logo, também, a natureza está tranqüila cedo pela manhã e a cidade não despertou, nem se colocou em movimento. Por conseqüência, fica mais fácil aquietar a mente. Existe outra vantagem: ao meditar antes que o dia desponte dá um ímpeto e uma direção espiritual à mente. Mesmo quando ela tenda a perder algo de sua força espiritual e seu entusiasmo, na medida em que o dia avança, estes permanecerão durante muitas horas e os sustentarão através da maior parte do dia.



Deveria mencionar aqui que alguns acham que sua meditação tem mais êxito à noite que pela manhã. Há alguns que “despertam” gradualmente na medida em que o dia avança. Pela manhã se sentem, no entanto meio sonolentos, mas até o entardecer estão despertos totalmente, com sua mente clara e aguda, comportando-se maravilhosamente. Essas pessoas encontram mais êxito, sem dúvida, na meditação vespertina ou noturna.



Se não puderem aproveitar nenhuma destas horas, que são especialmente adequadas para a meditação, deveriam, então, escolher a mais conveniente para vocês e fazer todo o esforço para mantê-la. A observância de horas regulares é muito importante, porque a mente funciona de acordo com o hábito. Se lhe faz pensar e sentir de certa forma em uma hora fixa durante muitos dias, de modo consecutivo, então, espontaneamente pensará e sentirá da mesma maneira quando essa hora chegar. Se meditarmos em Deus em uma hora específica, sempre que essa hora se aproximar, sem nenhum esforço de nossa parte, nossa mente se encherá da consciência de Deus. Esta é uma vantagem nada desprezível que se deriva da regularidade da prática.



3. Assim como se deve ter horas regulares de meditação, assim também deve se ter um lugar fixo no qual meditar. Aqui entra a grande vantagem dos templos e igrejas, uma vez que esses lugares são utilizados para pensar em Deus. O mesmo ar neles se carrega de sua presença e de uma sensação de pureza. As pessoas se sentem elevadas em somente transpor o umbral destes lugares consagrados.



Uma atmosfera similar a de um templo ou uma igreja pode ser criado em um simples canto da alcova pessoal. Em qualquer parte onde um pensamento intenso é sustentado sem interrupção, o lugar se carrega com a qualidade do mesmo. Provavelmente isto se deve a que a atmosfera e o ambiente material estão conectados com o corpo, o qual vibra de acordo com o corpo, o qual vibra de acordo com os pensamentos da mente. Se nossos pensamentos são puros, nossos corpos igualmente alcançam uma pureza que pode chamar-se vibração espiritual e, naturalmente, com essa mudança no corpo, a atmosfera exterior também muda. Dessa maneira o lugar fixo onde você medita se carregará de energia; estará tão permeado de uma qualidade espiritual, que sua mente se encherá com o pensamento de meditação quando chegar a este lugar. Se aquietará como por um toque mágico e estará consciente de uma presença palpável. Que grande vantagem! Você pode, na verdade, produzir este aparente milagre mediante a prática de manter aparte um lugar determinado, consagrado aos pensamentos de Deus.



4. Quando medimos a força dos sutis inimigos que se agarram a nossa mente – as paixões, os impulsos, as cobiças e os desejos – estes recursos que lhes recomendo parecem oferecer uma proteção muito fraca. Admito isto. Quando expresso “se agarram”, quero dizer que até os melhores dentre nós não escapam de sua influência. Se diz que ninguém fica totalmente liberado disto até que efetivamente tenha tocado os pés do Senhor.



Assim como no inverno o jardim fica limpo de ervas e ramos secos, mas com a primeira chuva da primavera as diminutas sementes que ficaram na terra brotam para cobri-la de verde, assim também muitos pensamentos, impressões e desejos sutis jazem ocultos em nossa mente, esperando brotar a primeira oportunidade. Portanto, temos que ser muito cuidadosos. Sabemos que todos estes impulsos errôneos estão em nossa mente e que facilmente cobririam toda nossa consciência, se não os restringíssemos. Nosso problema é manter uma grande parte de nossa mente – e por graus, uma parte cada vez maior – livre do predomínio dos impulsos e desejos errôneos, de maneira tal que a mente assim liberada, possa pensar em Deus.



Enquanto isso, que deveríamos fazer para vencer nossos desejos e impulsos adversos? Às vezes sucumbem ante um ataque direto, mas um ataque pelo flanco é geralmente melhor. Lutar de modo direto contra um estado da mente para domina-la pode causar mais mal do que bem, pois com isso, às vezes a mente se enreda mais e mais. O procedimento mais sábio e eficaz é não se permitir abrigar o pensamento sobre a condição mental que se quer erradicar. Lembrem este fato psicológico: quanto mais pensarem em uma determinada condição mental, mais a fortalecerão.



Há um conto sobre um monge que costumava sentar-se sob uma árvore, à margem do caminho, para orar e meditar. Uma mulher de má reputação passava freqüentemente por ali e ele lhe dizia: “Você deveria abandonar sua má vida e tratar de ser boa. Se não o fizer, coisas terríveis lhe acontecerão depois da morte”. Cada vez que o monge via a mulher, a molestava de forma semelhante. Com o passar do tempo, ambos morreram e os mensageiros da morte vieram reclamar seus espíritos. Diz-se que um mensageiro luminoso traz uma carruagem dourada para levar a pessoa boa ao céu, enquanto que um mensageiro obscuro é o que vem quando morre uma pessoa má. Aconteceu que o mensageiro obscuro veio pelo monge e o mensageiro celestial pela mulher.



O monge ficou assombrado. “Creio que há um erro”, manifestou. “Não – respondeu o mensageiro – não há nenhum erro. Tudo está correto”. “Mas como pode ser?”, perguntou o monge. O mensageiro respondeu gravemente: “Mesmo quando parecia que você meditava, estava sempre pensando na mulher e suas más ações. Não estava sua mente ocupando-se continuamente do mal? Mas a mulher pedia ajuda a Deus, dizendo: ‘Senhor, sou fraca: salve-me!’. Sua mente não se ocupava mais de Deus do que a sua?”. O monge não pode dar nenhuma resposta.



Neste caso é uma ilustração extrema, mas contém uma profunda verdade psicológica. Assinala um fato fundamental a respeito da ação mental, um fato do qual podem servir-se bem em sua luta pela conquista de vocês mesmos. Quando permitimos à mente ocupar-se de alguma qualidade indesejável, certamente cria-se uma nova impressão que é muitas vezes mais forte que a original. O continuar reconhecendo esta qualidade somente a fará mais e mais forte, até que, talvez, se torne um complexo.



Não estou dizendo que não devam restringir sua mente, que a deixem desejar sem controle ou, como se diz, permitir-lhe ser “natural”. Nem tampouco quero dizer que devam ignorar suas fraquezas. Mas, na verdade, às vezes é mais seguro não trabalhar diretamente com estas. A melhor estratégia é adestrar a mente para que se mantenha em um novo nível. Primeiro, desvie-a do pensamento da fraqueza para algum tema agradável; logo elevem-na gradualmente a uma consciência superior. Este método de auto-restrição não reprime a mente, mas melhor, a tira de associações perigosas, admitindo pensamentos desejáveis, ao invés dos indesejáveis.



Se na atualidade vocês têm uma falha séria que pareça quase impossível erradicar, devem ter-lhe dado força e apoio ao pensar nela e ao cair nela. Tirem-lhe esse apoio e a falha se enfraquecerá e, finalmente, morrerá por falta de alimento. Não digo que isto seja fácil de fazer, mas com a prática vocês podem formar o hábito e é uma maneira segura de alcançar o progresso espiritual. Depois de negar sustento aos seus pensamentos indesejáveis durante algum tempo, provavelmente descobrirão que enquanto alguns deles sucumbem, outros permanecem. Não se preocupem demais. Os deixem ficar, enquanto não ganharem força. Mantenha-os encurralados e eventualmente eles também morrerão.



5. As más companhias são uma das mais potentes causas de conflitos e perturbações mentais. Estaria muito bem misturar-nos com toda espécie de gente se pudéssemos permanecer não afetados em sua companhia, mas isto raramente acontece. Não sei se alguém pode faze-lo. As relações e associações apropriadas são, por conseguinte, muito importantes na vida espiritual. Se vocês participam da companhia de pessoas impuras e estão em freqüente contato com coisas erradas, não serão capazes de manter sob controle os pensamentos que estão tratando de restringir; estes crescerão e, finalmente, dominarão por completo sua mente.



6. Uma certa quantidade de ascetismo é absolutamente necessária para o progresso espiritual. Alguns de vocês, nada ansiosos por meditar, poderiam dizer: “Deixaremos isto para a vida seguinte”, ou “o faremos dentro de uns anos”. Muitos pensam que a juventude é o tempo de gozar a vida e que está bem praticar a religião quando tenha começado a envelhecer. Em outras palavras, quando o mundo se tenha azedado, então irão à igreja mostrando uma cara larga e acreditando que, com isso, já tem religião. Isso não é, nem pode ser religião.



Que é o que levamos a Deus, nesse caso? Um corpo e uma mente gastos, com cicatrizes por todos os lados. Acreditam vocês que agradam a Ele? Não costumamos levar ao seu altar frutas carcomidas por vermes, ou flores murchas, mas oferendas em perfeito estado. Da mesma maneira, deveríamos entregar-lhe o melhor de nós. A oferenda de uma mente fresca e pura é o que mais o satisfaz. Quem pensa que a religião é exclusivamente para os velhos, comete um profundo erro. Os jovens, especialmente, deveriam tratar de ser espirituais, pois a vida religiosa começa cedo e as práticas espirituais que mencionei, se empreendem enquanto a mente está fresca e pura. Então, ao manter uma vigilância estreita sobre a mente, esta pode conservar-se intacta. Sob nenhuma circunstância deveríamos permitir à mente que seja afetada pelo mundo. A juventude é a época propícia para se pôr a trabalhar nisso.



Sri Ramakrishna disse, uma vez, a um jovem estudante universitário: “Quando um homem faz um ladrilho, coloca sua marca da fábrica enquanto está fresco. Depois, quando o ladrilho é sacado ao sol e cozido no forno, a marca se torna permanente. Da mesma maneira, se puder fixar em sua mente, enquanto está fresca, a marca de Deus, esta nunca poderá se apagar, mas, afortunadamente, permanecerá para sempre”.



Pratiquem o ascetismo – quanto mais, melhor – e isto não significa fazer cara azeda, como se tivessem mordido uma maçã ácida. A prática do ascetismo deveria proporcionar um prazer similar ao de montar um cavalo brioso. Obtenham a inteireza para controlar as forças de seu corpo e sua mente e não ser dominado por elas. Este ascetismo é necessário, pois sem ele a meditação é impossível.



7. Todas as coisas que lhes expus até agora são preliminares. Deveriam ser praticadas a cada dia de nossas vidas e não simplesmente no começo de nossa busca espiritual. Aquele que os pratica corretamente pode, à vontade, retirar sua mente completamente, porque alcançou um controle enorme sobre ela. Mas enquanto não se estabelecerem plenamente nestas práticas, muitos de vocês descobrirão que, na meditação, a mente leva algum tempo para alcançar o estado de quietude. A este fato devia se prestar cuidadosa atenção. Se vocês andam de um lado para outro, fazendo e pensando muitas coisas antes da meditação, que êxito podem esperar?



Durante algum tempo antes da meditação vocês deveriam estar tranqüilos e sentir que não têm relação alguma com o mundo, que não têm nada que ver com ele. Estou de acordo que, como esposos, esposas, mães, pais, filhos e assim sucessivamente, vocês precisam atender ao cumprimento de seus muitos deveres e que há mil coisas que exigem sua atenção. Certamente, ao aproximar-se de Deus, sabem vocês o que deveriam fazer? Ir ante Ele, como se o mundo nunca tivesse existido; como se não houvesse nenhum marido, esposa, pais, amigos, pátria; nada em absoluto. Esta seria a atitude correta na hora da meditação.



Aproximem-se da meditação com uma sensação de eternidade. Quem tem melhor resultado na meditação? Quem, na hora de pratica-la, pode se sentir absolutamente desligado. Vocês compreendem o que isso significa? Imaginem o que é a eternidade. Está mais além do tempo e, conseqüentemente, mais além de todo fenômeno; é uma condição – se assim podemos chamá-la – em que nenhuma destas coisas relativas existem. Quando decidem pensar no Senhor eterno executam, prontamente, um esforço por ir mais além de toda relação. Deveriam dizer: “Não tenho corpo, não tenho mente. Tempo e espaço desapareceram. O universo inteiro se desvaneceu. Unicamente Deus é”. Somente então a mente terá essa percepção sutil que a capacitará para sentir a graciosa presença de Deus. Por isso, antes de entrar no lugar de meditação, vocês têm que deixar fora tudo o que é relativo.



Em nossos monastérios, os monges que são muito estritos não permitem aos visitantes falar de suas esposas, esposos ou filhos, nem de coisas mundanas, por mais importantes que pareçam ser. Não é que desaprovem que uma pessoa cumpra com seu dever, mas que eles sabem que a mente, para ser espiritual, tem que participar do caráter do eterno. Seguramente deve existir algum tempo durante o dia em que vocês se sintam absolutamente desligados, porque ser assim é sua natureza verdadeira. Embora na aparência estejam relacionados com as pessoas, vocês sabem que estas relações são transitórias. A natureza verdadeira de vocês é o desligamento e é nesta condição de não-relação com o mundo que devem iniciar a meditação.



8. Chegando às condições que especifiquei, pode ser alcançado um progresso espiritual verdadeiro e apreciável. Mas aqui devo lhes dizer que todas as práticas espirituais, incluindo a meditação, dependem de uma coisa: um grande desejo pela verdade. Vocês possuem esse desejo? Poderão dizer: “Eu não o sinto. De que me serve, então , a meditação?”. O apetite da mente por Deus pode ser estimulado deliberadamente. Quando, por qualquer meio, se faz com que a mente deseje a Ele, o sentimento não é menos real que se tivesse vindo espontaneamente. Se vocês esperam que o tempo lhes traga um desejo natural, poderá nunca chegar. Posto que este desejo é essencial, acreditem vocês. No começo sua mente flutuará. Mas não se desanimem por estas atitudes instáveis da mente e, sobretudo, não se deixem vencer.



Suponham que vocês são um jovem em quem outro jovem da vizinhança quer surrar. Não tem nenhum direito de faze-lo e vocês sabem que ele é, na realidade, um covarde. Qual é o curso apropriado a seguir? Se submeterão ao abusivo valentão, pensando que vocês são de natureza fraca e que lutar com ele é inútil? Não, mas deliberadamente farão surgir o sentimento de hombridade dentro de vocês. Dirão: “Recuso-me a permitir que este sujeito abuse de mim”. Na outra vez em que se confrontarem com ele, esse sentimento poderá declinar um pouco, mas mesmo assim muitos conseguirão olhar o fanfarrão nos olhos e eventualmente serão suficientemente valentes como para desafia-lo. Se encherão de virilidade e dirão: “Esta é minha natureza verdadeira. Sou realmente forte!”.



Estamos atuando de maneira similar a cada momento. Ao adquirir uma habilidade e obter conhecimento na escola ou colégio, conseguimos bom êxito por meio do esforço repetido. A princípio, o que estamos tratando de adquirir não nos é nada natural, mas uma vez dominado, então parece uma parte essencial de nós. Isto é mais certo mesmo na vida espiritual e nós temos que nos esforçar. No princípio tudo parece difícil e assim dizemos: “Qual é, na realidade, minha natureza? Talvez simplesmente eu não seja nada religioso. Talvez não esteja destinado a ser espiritual”. Confesso que houve momentos em que eu também pensei o mesmo. Cheguei a considerar certa obstrução como demasiado grande para mim e uma impossibilidade de vence-la. Então me lembro que eu não era, na realidade, o corpo e a mente, mas o espírito. Que a realização de meu ser espiritual era meu destino. Eu bem sabia que se não vencesse a obstrução, então somente estava propondo a tarefa para o futuro. Por que não atuar de imediato e acabar com isso? Posso dizer, com sinceridade, que minha boa fortuna consistiu em aferrar-me a este pensamento. Certamente, às vezes, me sentia tentado a claudicar, mas logo pensava: “Não posso escapar de meu destino espiritual. Portanto, melhor fazer agora!”.



Um grande desejo e uma grande fé são muito importantes na prática da meditação, pois sem um desejo intenso por Deus e fé nEle, a meditação se torna um esforço mediano e com resultados estéreis. Quando não se coloca interesse no que se está fazendo, se torna em uma mera formalidade e o esforço é abandonado logo.



Se vocês acreditam em um Deus pessoal, dirijam suas orações a Ele. Por “Deus pessoal” não quero dizer um Deus com corpo, mas Deus com consciência-de-si, que é nosso pai, mãe, amigo e senhor, que é o onipresente criador do universo. Ele nos escuta quando lhe oramos. Podemos nos aproximar dEle com toda a confiança, igual a quando as crianças se aproximam de seus pais. O crer em um Deus pessoal e ama-lo fará com que a meditação se torne muito fácil para vocês. Mantenham-se no pensamento dEle, cada vez mais. Façam obras para Ele. O bom êxito na vida espiritual consiste em concentrar tudo o pensamento, todo o sentimento, até a última gota de energia, em Deus.



9. Como o farão? Quando falarem, falem de Deus. Quando caminharem, vão a seu templo. Quando trabalharem manualmente, façam algo em seu servoço. Cada uma das funções do corpo e da mente, de algum modo, deve ser dirigido para Ele. Se têm que ir a um escritório em vez de a um templo, então façam de seu escritório o templo de Deus! Se seu trabalho é honrado, isto é factível. Se é desonesto, então mudem de trabalho. Se mudar significa enfrentar a fome, enfrentem-na!



Valor! É o que se necessita. Tenham sempre em mente isto: aquele que criou o mundo está por detrás dele e nunca nos deixará sofrer a fome. Se na realidade queremos a verdade e por isso estamos dispostos a descartar o errado e o falso, nunca perderemos nada por seguir a verdade. Em outras palavras, não é que as coisas acontecerão tal e como nós o desejamos, mas que acontecerão com o mínimo de sofrimento e um máximo de benefício.



Se seu trabalho é honrado vocês poderão, certamente, concebe-lo como um trabalho para Deus. Seja que se encontrem em um escritório ou que estejam desempenhando as tarefas do lar, seja qual for a natureza de seu trabalho, meditem em Deus. Ofereçam-lhe o que fizeram durante o dia, mesmo que aparentemente tenham feito ao seu patrão. Quem escreveu vinte cartas e levou a ele? Pois as levem, mas vocês fechem os olhos e ofereçam todas ao Senhor. Dessa maneira vocês darão um novo rumo a seus pensamentos. Sim, é uma maneira diferente de fazer as coisas. Poderá lhes parecer um pouco estranho, no princípio, mas façam-no de todos os modos. Pouco a pouco lhes será revelado um significado mais profundo e vocês verão que esta prática não é o que pensaram a princípio. Se tornará grandemente efetiva.



Deste modo, sempre que fizermos algo para os demais ou para nós mesmos, podemos pensar que o fazemos para o Senhor. Tudo na vida pode ser transformado, desta maneira, em atividade espiritual. Poderá fazer quem, consciente e deliberadamente, for capaz de fazer coisas diretamente para Deus. Quando afortunados são! Essa é a razão pela qual as pessoas celebram elaborados cultos religiosos. Por isso cultivam flores e as oferecem ante ao altar; por isso queimam incenso e acendem velas. Talvez vocês não gostem dessas práticas. Mas de que maneira vocês passariam as horas do dia? Não se dão conta de que o tempo e a energia são mal gastas em servir o pequeno eu? Não seria melhor oferecer a Ele o que vocês fazem? Deste sentimento proveio o ritualismo. É por este sentimento que os templos, onde as pessoas levam suas oferendas para oculto, foram construídos em todo o mundo.



Certamente não estou insistindo em que todos devam praticar o ritualismo. Cada qual fará seu culto de acordo com seu temperamento espiritual. Mas de alguma maneira terão que descobrir como trazer seus próprios pensamentos, emoções e ações para o serviço do Senhor. Quanto mais o fizerem, mais próximos estarão dEle. Então, quando se sentarem para meditar, tudo o mais será esquecido e somente Deus encherá seu coração.



10. Possivelmente vocês estão acostumados a se convencer da realidade das verdades espirituais por meio da razão. Mas contato que vocês não tenham experimentado estas verdades, permita-me lhes dizer que a maior bênção para vocês seria encontrar alguém que tivesse realizado. A prova das verdades espirituais não está na razão, na argumentação ou em qualquer outra espécie de demonstração exterior. Sua prova está na sincera convicção transmitida mediante as palavras de um homem que realizou o que expressa. Mesmo que outros possam diferir, acredito que esta é a única prova objetiva na que se pode confiar.



Se essa pessoa iluminada me dissesse: “Filho meu, você não é, na realidade, este corpo e essa mente: o espírito é sua verdadeira natureza, o imortal e eterno ser é seu verdadeiro ser. As coisas passageiras não lhe pertencem. Trate de penetrar na profundidade, trate de realizar seu verdadeiro ser”, eu me sentiria obrigado a aceitar suas palavras e a agir de acordo com elas. Ao ouvi-lo, algo em sua voz penetraria até o mais profundo de meu coração; eu não poderia resistir. Quanto eu desejaria que todos vocês pudessem encontrar alguém de cujos lábios saíssem palavras semelhantes! Então não seriam capazes de coloca-las em dúvida ou desdenha-las e a convicção sobre a verdadeira natureza de vocês e sobre a gloriosa meta aumentaria em seu interior. Talvez, por um tempo, o fracasso poderia lhes causar decepção, mas eventualmente vocês diriam: “Muito bem, tentarei de novo”. E obteriam a vitória.



Disse-lhes, agora, que é o que deveria se fazer como preparação para a meditação. Sua mente pode ser levada cada vez mais perto de Deus, ao tomar as diversas medidas que enumerei. Como conclusão, permitam-me realçar alguns pontos: desempenhem qualquer trabalho que lhes seja requerido, mas dirijam-no ao Senhor; então sua mente não será perturbada. Sejam desapegados. Identifiquem-se com a eternidade; então a meditação será muito fácil. Não permitam à sua mente que divague; de outra maneira, os pensamentos mundanos entrarão nela e a nublarão; isto nunca deve ser permitido. Antes de começar a meditar, pensem nas coisas que lhe sugeri.



Quando em sua mente não penetrar nenhuma coisa estranha, se tornará calma. Então, no templo de seu coração, começarão a ver a face radiante do Senhor. Ao meditar nela, a verão mais e mais bela e mergulhados em sua infinita beleza, esquecerão tudo o mais. Estarão, por fim, totalmente absortos n´Ele.

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Resenha do livro o que é Educação


Resenha do livro o que é Educação



BRANDÃO. Carlos Rodrigues. O que é Educação. 41°Ed. São Paulo, Brasiliense 2007.

O autor é natural do Rio de Janeiro graduado em psicologia pela PUC, tem o mestrado em Antropologia pela UNB e o doutorado em Antropologia USP. Foi professor universitário na UNB (Universidade de Brasília) da UFG (Universidade Federal de Goiás) e pela UNICAMP (Universidade Federal de Campinas).

Entre suas principais obras são: Os Deuses do Povo: Uma introdução às religiões, Diário de Campo: Antropologia como alegoria, Educação como cultura, Educação Popular, Identidade e Etnia, O que é folclore entre outros.

A presente obra visa fazer uma discussão sobre o conceito de educação saber que a inventou, e desmistificar a idéia que só existe o processo educacional somente na escola. O escrito se desdobra em nove capítulos.

O primeiro capítulo, Educação? Educações aprender com o índio, (p.7 -12)  argumenta que em nenhum lugar dá para escapar da educação, que esta se apresenta em toda parte da vida que pode ser na casa, rua, igreja, escola que tanto pode ser para ensinar, para aprender e ao mesmo tempo ensinar e aprender, e questiona o conceito de educação, para colocar em seu lugar a palavra educações no plural, por não é só em um lugar que se aprende e ensina, mas em todos os lugares. E diz que a educação é a construção social de um determinado povo, que tanto pode ajudar para a sua autonomia como também para aceitar a submissão a outros povos. E cita o exemplo de uma carta famosa de um índio americano que escreveu para os colonizadores que ofereciam uma educação, para seus filhos, e dizia que agradecia, mas que a educação dos colonizadores não correspondia à realidade que eles precisavam dos homens de sua aldeia, pois se tornavam inúteis, e em contra partida ofereceu a educação a sua educação para os filhos dos colonizadores para se tornarem verdadeiros guerreiros. E conclui que a educação é uma construção do imaginário dos grupos sociais para transformá-los em algo melhor naquilo que se considera ideal.

No segundo capitulo, Quando a escola é na aldeia, (p.13-26) a educação existe em lugares em que não há escola, por isso em lugares em que há redes de estrutura sociais a transmissão de conhecimento de uma geração para outra. Os antropólogos tiveram um olhar sobre a relação que os nativos tinham entre si ensinando seus valores para as gerações mais novas, eles não utilizavam a palavra educação para designar esse fenômeno de transmissão de conhecimento de uma geração mais velha para a mais nova, mas sim de ritual de passagem. Aqueles que sabiam ensinavam, quem não sabia ficava atento observava e imitava aos mais velhos, pois o que aprendia eram as atividades no cotidiano, com objetivo de formar os mais novos para assumirem as funções sociais de sua tribo.

No terceiro capitulo, Então surge a escola, (p.27- 35)diz que quando os povos tradicionais começam a separar um saber que tem um sentido que se faz, e que em seguida se tem consciência que se faz, começa a transmitir o que se sabe para os outros, ou seja, ensinar o saber adquirido por várias gerações e passa para novas gerações, em que "todos" se transformam como educador, e apresenta como algumas tribos africanas transmitiam o seu conhecimento para os mais novos, e diz que vários grupos dividem e hierarquizam os vários tipos de saber, e diz que a educação está presente em todo canto do mundo, presente nas relações sociais entre as pessoas que são perenes e persistem nas sociedades humanas. E diz que a escrita surgiu nos povos enriquecido com um poder muito centralizado como exemplo dos egípcios ou dos astecas, mas que com o passar do tempo a educação mostrou sinônimo de diferença de classes como pode se observado na Grécia, e em Roma, e ai surgiu possivelmente à invenção da escola.

No quarto capítulo, Pedagogos, mestres-escola e sofistas, (p. 36- 47) apresenta como era a experiência educacional na Grécia Antiga que era o problema da aprendizagem dos ofícios simples no período da paz e na guerra. Nesse sentido houve a transição entre os saberes da agricultura, do artesanato da subsistência e da arte, tudo misturado com os princípios da honra e a solidariedade ligada com a fidelidade da polis. Nesse contexto existe uma diferença entre a educação do homem livre, e do escravo. O escravo aprendia os saberes fora da escola, já os homens livres tinham sempre um professor particular que o ensina como devia ser sempre livre. Durante um determinado período a educação era somente o privilegio da nobreza guerreira, e se aprendia as tradições escutando as declamações poéticas de Homero. Os pobres não podiam levar seus filhos à escola, por não ter condição financeira para pagar ao professor. Com o tempo a educação clássica deixa de ser assunto para alguns privilegiados para ser uma questão da polis. E Brandão conclui esse capitulo dizendo que a grande contribuição que a civilização grega apresentou para a civilização ocidental e que esta esqueceu com o tempo é que a educação existe em toda parte, e que vai muito além da escola convencional, e diz que são as pequenas relações sociais existente entre vários membros da sociedade é que vai construído a educação.

No quinto capítulo, A educação que Roma fez, e o que ela ensina, (p.48-53) faz um paralelo entre a educação grega e a educação romana, dizendo que os primeiros latinos eram camponeses e viviam em comunidade, e que a iniciação das crianças e dos adolescentes era aprender os valores dos antepassados, que chamavam de educação doméstica, que se aprendia em casa, com intuito de chegar à formação de uma consciência moral. No inicio da formação da cidade de Roma não existia um cuidado na educação física e intelectual de seus cidadãos ociosos que pensavam primeiramente somente em governar e guerrear. Com enriquecimento da nobreza romana, essa se afasta do labor da terra e se ocupa somente pela política. E dessa maneira pouco a pouco o ensino que era pastoril camponês passa a ser a formação para ser guerreiro, e ai surge uma oposição entre o ensino dos pais e dos mestres-pedagogos que convivem com os educandos e os acompanham durante um determinado período de sua vida para a formação de seu saber. E conclui que a educação romana influenciada em parte pelo espírito grego vai ajudar os filhos dos soldados e funcionário romanos a controlar os vencidos e impor sobre eles a vontade, e a visão de mundo do dominador.

No sexto capítulo, Educação: Isto e aquilo, ao contrário de tudo, (p.54-60) Brandão refleti sobre a palavra educação confrontando com conceito dos dicionários e chega à conclusão que eles tentam explicar o que a educação serve. Faz uma comparação com a legislação brasileira no final da ditadura que diz que o objetivo da educação é preparar para o trabalho, e conseqüentemente exercer sua cidadania, e após analisar a legislação educacional, apresenta outra interpretação da educação que pode se manifestar como uma ideologia que atende interesses econômicos de um determinado grupo social. E conclui esse capitulo dizendo que a definição, e a legislação sobre a educação é feita como uma maneira de camuflar os interesses de uma determinada classe social que tem o poder econômico, como político.

No sétimo capitulo, Pessoas "versus" sociedade: um dilema que oculta outros, (p. 61-72) inicia a sua explicação sobre o conceito de educação de uma maneira filosófica se ela é inata, vem de dentro da pessoa, ou se ela externa o meio que forma a pessoa. E resolve o dilema dizendo que a educação é uma construção social que foi pensada por uma pessoa ou instituição com o objetivo de atender uma necessidade do coletivo, para que individuo obtenha tudo que precise para construir sua subjetividade. Ou seja, o intuito da Educação é formação integral desse ser humano. E volta a discussão que essência da educação é a humanização desse(a) homem e mulher para manutenção da comunidade como era feito na Grécia Antiga, e em Roma, e diz que a educação é uma parte real da vida de como esse ser humano deve existir. E conclui que a educação humanística visa retornar o sentido de educação que era pensando pelos gregos e romanos, uma educação voltada para a comunidade.

No oitavo capítulo, Sociedade contra Estado: Classe e educação, (p.73-97) Brandão diz que a educação é uma prática social, em que o fim desta é determinado pelas pessoas que estão a sua frente, por isso esta pode ser usada como um mecanismo de dominação por determinados grupos sociais. E retorna a idéia de capítulos anteriores em diz que a educação não é uma propriedade individual, mas é da comunidade, ou seja, é o resultado de uma consciência vivida por uma determinada comunidade humana, que pode ser da família, de uma classe, ou de um grupo de profissionais. Por isso o surgimento de vários tipos de educação e sua evolução depende dos fatores sociais que determinam o desenvolvimento e as transformações da educação. E questiona sobre qual seria o ideal de perfeição da educação, e esse ideal é determinado pelas necessidades que pequenos grupos sociais têm para a sua sobrevivência, pois cada sociedade determina a função de seus membros. E apresenta mais uma variável da educação que esta pode ser uma possibilidade de mudança, pois a sociedade não é parada está em constante mudança e a leis precisam ser mudada, como a sociedade muda. E conclui fazendo uma reflexão sobre as leis que regem a educação no país, que diz algo, e que na pratica ocorre tudo ao contrario. Por isso que há uma predominância de uma educação autoritária na sociedade desigual.  

No nono capítulo, A esperança na educação, (p.78-110) faz uma reflexão dos capítulos anteriores, e reforça a idéia que a educação se dá fora do poder de controle do sistema escolar, e que é preciso reinventar a educação no dia-a-dia, algo que as pequenas comunidades sabem fazer se reunir para reinvidicar seus direitos que muitas vezes o Estado ignora. Questiona a estrutura escolar dos pedagogos que dizem que a educação só se dá pela escola, e se esquecem que a educação é vida, está muito além da escola. E conclui dizendo que somente o educador "deseducado" é que pode transforma essa realidade educacional, e dar um novo sentido para educação com a valorização do cotidiano de seus alunos.

A leitura da obra é um subsidio importante para todos os professores e graduandos (as) de todas as licenciaturas.

No plano estrutural do texto o autor utiliza o método etnográfico para descrever as diferentes experiências pedagógicas para questionar o conceito de educação baseado na estrutura escolar; e usa a teoria marxista para fundamentar a sua tese.

A linguagem do autor é simples e acessível para qualquer estudante que pretende pesquisa sobre o conceito de educação.

Assim, a obra é uma leitura importante para todos os educadores, tem uma visão diferente da educação que tenta fugir das estruturas, no entanto a única limitação do livro é que o autor vê a educação influenciada pela concepção durkheimiana em que uma geração mais velha é que ensina a mais nova, e impede a possibilidade de um velho aprender com o mais jovem, um adulto apreender com uma criança. Tirando essa limitação o livro é de uma grande valia para o estudo sobre a educação.
http://www.artigonal.com/ensino-superior-artigos/resenha-do-livro-o-que-e-educacao-2560528.html


   

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domingo, 29 de maio de 2011

Por que existe tanta injustiça no mundo?

Por que existe tanta injustiça no mundo?


 
Todo ser humano tem um senso de justiça e igualdade, que quando ameaçado causa muito desconforto. Gostaríamos que todos tivessem as mesmas oportunidades, o mesmo acesso a educação e aos recursos. Contudo, quando observamos o mundo, vemos tantas disparidades que fica difícil de acreditar que possa existir um “Deus”, que esteja tomando conta de tudo isso e que seja tão parcial. Por que tanta violência contra pessoas indefesas? E os animais? E o tráfico de drogas e os crimes hediondos como pode tudo isso?

Segundo a tradição védica, essa percepção de que o mundo é injusto é uma visão distorcida da realidade, que é compreensível devido as limitações do ponto de vista de um ser humano e a chave para o entendimento do equilíbrio do universo é a chamada “Lei do Karma”.

Os Vedas estabelecem a Lei do Karma que, resumidamente, diz que nada no universo está livre de causa e efeito ou ação e reação. O nascimento de uma pessoa em uma determinada família, país, época e etc é resultado das ações de outras vidas e aquilo que é feito nessa vida, quando não colhido nessa, é carregado para a próxima, nenhuma ação passa impune ou sem os devidos méritos.

Se for questionado se isso não é uma crença, a resposta é sim, é uma crença, pois, levando em consideração que ninguém tem acesso a experiência pré-nascimento ou pós-morte, o que acontece antes e depois não pode ser provado nessa vida. E esse, afinal de contas, é o papel dos Vedas, preencher essa lacuna nos assuntos onde não temos acesso, de modo que assim os Vedas são vistos como um meio de conhecimento para o ser humano.

Já que dizer que não existe “nada” também não pode ser provado, para uma pessoa que não tem acesso aos Vedas, existem duas crenças para se escolher. Entretanto, a lógica também nega a possibilidade de descontinuidade do indivíduo. Se o objetivo da vida for a morte, a anulação completa, por que uma pessoa iria nascer em primeira instância? Para ir da morte para morte? Se objetivo da vida fosse a morte, não seria necessário nascer. E qual seria o propósito de tudo aqui, se no final a gente fosse jogar tudo fora?O resultado de todo uma vida simplesmente desaparece?

A lógica não suporta a crença da “descontinuidade” e por fim, na prática, nossa experiência também não. Toda ação gera um resultado, essa é nossa experiência, e tudo que começa, tem uma causa, nada está realmente está sendo criado, tudo está a todo tempo se transformando, essa não é nossa experiência? Por que nossa vida seria diferente? A experiência também não é harmônica com a idéia de que a vida termina em um “abismo para não existência”. Existem ainda algumas experiências particulares de “mediuns” e pessoas especiais que afirmam ter algum contato com o pós-morte ou com suas vidas anteriores, que reforça ainda mais a idéia que a história do indivíduo não começa nem termina aqui.

Voltando ao nosso assunto principal que é o sentimento de parcialidade e desigualdade, se pudéssemos correlacionar uma injustiça que uma pessoa sofre com uma causa, uma ação do passado dessa mesma pessoa, não iríamos ter o mesmo senso de desigualdade, mesmo diante das maiores atrocidades e sofrimentos que uma pessoa possa passar. Ninguém tem pena de um prisioneiro quando se entende porque ele está preso. Por mais que possamos ter compaixão por ele e de verdade não desejar o seu mau, o entendimento de toda a situação faz com que o que poderia ser um sentimento de injustiça e parcialidade seja balanceado.

Agora se tirarmos uma foto da sociedade e vermos que simplesmente uns tem liberdade e outros são obrigados a viver na prisão, naturalmente, concluiremos que existe o caos e a desarmonia.

Sendo assim, devido as nossas limitações de conhecimento sobre o presente, o passado e o que dirá o futuro, é compreensível considerar esse universo um ambiente injusto e desarmônico. Entretanto, com auxílio da visão dos Vedas, que aponta para Lei do Karma, com apoio da lógica, que diz que é incoerente uma vida sem continuidade e da nossa experiência, que nega que qualquer evento desse universo possa estar livre de causa e efeito, a visão de que todos estão plantando e colhendo os frutos das suas ações se estabelece como verdadeira, e então é possível relaxar e se sentir seguro, mesmo com todas as diferenças da nossa sociedade.

 
Através de uma foto simples, de uma patinador dançando no gelo, podemos inferir uma desarmonia, que dá margem a insegurança e ao medo, mas somos capazes de acomodar essa percepção, na visão do movimento como um todo, o que gera admiração e a apreciação da beleza assimétrica presente em um instante como esse.

Nesse universo não existe o bem, o mau, nem ao menos a injustiça, são apenas a curvas da dança do Senhor “Shiva”, todas as pessoas estão colhendo o que plantaram e estão plantando o que vão colher amanhã, assim, posso apreciar as diferenças desse universo, tomar para mim a responsabilidade dos meus atos e colocar “Deus” no seu devido lugar, como aquele que dá o fruto das ações.



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sexta-feira, 27 de maio de 2011

DMN - H. Aço

Enviado por em 28/02/2008
Vídeo postado pelo portal Movimento Hip Hop.


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Linguagem do Corpo: Cristina Cairo




Enviado por em 10/07/2009
Patricia Rizzo da Jovem Pan Online entrevista a psicóloga Cristina Cairo. Acesse: http://www.jovempan.com.br

Resumo do Livro: LINGUAGEM DO CORPO (Cristina Cairo) - Ed. Mercuryo

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Linguagem do Corpo: Cristina Cairo



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Patricia Rizzo da Jovem Pan Online entrevista a psicóloga Cristina Cairo. Acesse: http://www.jovempan.com.br


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Interpretação de sonhos, linguagem do inconsciente



Enviado por em 15/10/2008

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quinta-feira, 19 de maio de 2011

Filosofia oriental

Filosofia oriental

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Gravura de Confúcio o fundador do confucionismo muito difundido entre países asiáticos.
A filosofia oriental é filosofia que foi desenvolvida de uma forma geral nos países da Ásia oriental, Oriente Médio e regiões. Ou seja, Índia, Irã (Pérsia), China, Japão, e Coreia. Muitos filósofos (logicamente os filósofos ocidentais) preferem chamar de "Pensamento Oriental", já que o termo "filosofia" surgiu na Grécia e se restringiria ao pensamento filosófico que se desdobrou dali (no Ocidente).

Argumentos contra a designação de "filosofia oriental"

Muitos tem argumentado contra a distinção entre filosofia oriental e ocidental pois tal distinção seria arbitrária e puramente geográfica e até mesmo eurocêntrica. Ela abrange três tradições filosóficas quais sejam a indiana, a chinesa e a persa que são distintas entre si assim como entre a chamada filosofia ocidental.
Outro argumento é que esta distinção dicotômica seja simplista ao ponto de estar inacurada. Além do que não leva em conta a enorme quantidade de interações ocorridas no interior da tradição filosófica euroasiática.

Percepção de Deus e dos Deuses

Por conta da influência do monoteísmo das religiões Abrahamicas a filosofia oriental tem sido mostrada essecialmente com a questão da natureza do Deus e sua relação com o Universo.

Tipos

Ver também

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Seicho-No-Ie

Seicho-No-Ie

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Símbolo Oficial da Seicho-No-Ie
Seicho-No-Ie (生長の家 em japonês)(Lar do Progredir Infinito, numa tradução livre) é uma filosofia/religião de origem japonesa. Monoteísta, enfatiza o não sectarismo religioso, as práticas de gratidão à família e a Deus, e o poder da palavra positiva que influencia na formação de um destino feliz.

História

Surgiu em 1º de março de 1930 como revista de Cultura Moral 生長の家, cresceu no pós-guerra no Japão, sofreu perseguição militar[1] e foi transformada em religião. Nesta época, a sociedade japonesa viu desmoronar a religião oficial do Estado, baseada na crença na divindade do imperador e uma das bases da ideologia militarista. Nesse vácuo ideológico e espiritual surgiram ou cresceram inúmeras seitas e religiões, entre elas a Perfect Liberty, a Igreja Messiânica Mundial (Johrei) e a Seicho-No-Ie. Esta última contribuiu para a revitalização da religiosidade, incentivando seus adeptos à prática de suas religiões de origem.
A Seicho-No-Ie foi fundada por Masaharu Taniguchi (1893–1985) e se mundializa a partir da II Guerra Mundial. Seu conjunto doutrinário incorpora elementos do cristianismo, do budismo e do xintoísmo - três grandes religiões presentes no Japão, representadas no seu símbolo oficial respectivamente pela cruz verde no centro, pela "suástica" branca intermediária (Lua) e pelo círculo vermelho externo com suas 32 flechas (Sol).
Argumenta-se que a Seicho-no-Ie, na contramão de suas consortes, estava em sintonia com a ideologia do nacionalismo oficial japonês. A professora Leila Marach Albuquerque afirma que a Seicho-no-Ie foi elaborada à luz da ideologia familista do Império japonês (ALBUQUERQUE, 1999, p. 32). Pela grande população de imigrantes japoneses, as novas religiões chegaram quase que simultaneamente ao Brasil. Em pouco tempo conseguiram grande número de adeptos, não só entre os descendentes de japoneses mas entre toda a população em geral.
A Seicho-No-Ie em particular conseguiu grande número de adeptos. Entre os instrumentos de disseminação de sua crença, a revista Acendedor e o Preceitos Diários (calendário com mensagens) se tornaram bastante populares nas grandes cidades brasileiras, principalmente nas décadas de 60 e 70 do século XX.
Atualmente (2006), a Seicho-No-Ie conta com divulgação por meio de publicações como as revistas Fonte de Luz, Pomba Branca, Mundo Ideal e Querubim, além do jornal Círculo de Harmonia, programas de TV, rádio e website.
Sua origem cerimonial está ligada, principalmente, ao Xintoísmo, sendo também seus rituais o batismo, casamento e culto aos antepassados, do qual é talvez o melhor representante fora do Japão. Vale ressaltar que na Seicho-No-Ie há muita liberdade de adaptação de cerimonias ligadas à cultura local. Diferentemente de muitas religiões tradicionais, onde a conduta dos adeptos é condicionada pelo medo, Nakajima (apud TANIGUCHI (2005) p. 7) explica que A Seicho-no-iê rejeita o "tem de ser assim", isto é considera que nada deve ser forçado e ensina a viver naturalmente a vida como ela é. Ensinamentos como "O ser humano é filho de Deus", "O mundo fenomênico é projeção da mente" e "Grande harmonia" são interpretados de várias maneiras, em conformidade com pessoa, tempo e lugar[2].
A partir da década de 90 a Seicho-No-Ie lança oficialmente uma nova bandeira, o "Movimento Internacional de Paz pela Fé" (Internacional Peace by Faith) que tem como objetivo, através da fé em Deus único e universal, despertar a paz em cada pessoa e, assim, concretizá-la no mundo.
O conjunto doutrinário da Seicho-no-Ie reúne tradições xintoístas, cristãs, budistas, dentre outras. Predomina, a exemplo da outras Novas Religiões Japonesas, elementos da religiosidade nipônica, que valoriza todas as formas de vida, preza pelo respeito ao próximo, gratidão aos pais e cultua os ancestrais.

Principais Ensinamentos da Seicho-No-Ie

A Verdade essencial da Seicho-No-Ie é: "O Homem é Filho de Deus" e, sendo assim, é herdeiro de todas as dádivas dele. Basta apenas que se conscientize disso para manifestar no mundo fenomênico (mundo material) a sua perfeição.
Para isso, há várias práticas adotadas pelos praticantes da Seicho-No-Ie, sendo as mais importantes:
  • Prática da Meditação Shinsokan (que, numa tradução livre, significa "ver e contemplar Deus").
  • Leitura de Sutras Sagradas e palavras da Verdade;
  • Prática de atos de amor e caridade;
A Seicho-No-Ie também estuda as "leis mentais", das quais se destaca a lei "Os semelhantes se atraem" (Lei da Atração).
Normas Fundamentais dos Praticantes da Seicho-No-Ie:
  • 1ª) Agradecer a todas as coisas do Universo;
  • 2ª) Conservar sempre o sentimento natural;
  • 3ª) Manifestar o amor em todos os atos;
  • 4ª) Ser atencioso para com todas as pessoas, coisas e fatos;
  • 5ª) Ver sempre a parte positiva das pessoas, coisas e fatos, e nunca as suas partes negativas;
  • 6ª) Anular totalmente o ego;
  • 7ª) Fazer da vida humana uma vida divina e avançar crendo sempre na vitória infalível;
  • 8ª) Iluminar a mente, praticando a Meditação Shinsokan todos os dias sem falta.

Doutrina

A Doutrina da Seicho-no-iê é alicerçada nas escrituras de Masaharu Taniguchi, sendo as mais importantes entre os adeptos, a "Sutra Sagrada Chuva de Néctar da Verdade" (Seikyo Kanro-no-Hou) e a Coleção "A Verdade da Vida" (Seimei no Jissô), composta por 40 volumes, que sintetiza as pregações de Taniguchi. Estas obras são publicadas no Japão pela Nippon Kyobunsha Co. Ltd. e, no Brasil, pela Seicho-no-iê do Brasil.
  • Verdade Vertical: Só Deus e o que Ele cria existem verdadeiramente, ou seja, não tem início nem fim, é eterno, infinito (Ele é o Bem, o Criador, a Verdade, Jissô (Imagem Verdadeira), etc.). Como o homem (na sua essência espiritual) também é criação de Deus, ele possui a mesma natureza infinita de Deus. Daí vem a principal convicção do adepto da Seicho-No-Ie: "O Homem é Filho de Deus".
  • Verdade Horizontal: O mundo fenomênico é projeção da mente humana; o mal não existe, ou seja, tem início e fim, é efêmero, não é eterno, é finito (ele é apenas criação da mente humana). Da mesma forma, a doença, a morte, o envelhecimento e os pecados também não existem porque são derivações desse mesmo mal (ilusões da mente humana); Todas as coisas perceptíveis aos cinco sentidos e também ao sexto sentido não são existências reais porque não têm a mesma natureza perfeita de Deus. Elas são, portanto, projeções da mente humana (ilusão) que constitui a causa dos sofrimentos humanos[3].
  • JISSÔ: A realidade absoluta, transcendental, o ser verdadeiro, absoluto, eterno e perfeito, constituído de Idéia de Deus; a Essência do ser.

Número de membros no Brasil

Segundo o departamento de comunicação da Seicho-No-Ie, em São Paulo, a doutrina conta com cerca de 3,5 milhões de membros no Brasil, além de um número incalculável em mais de 40 países no mundo todo. A doutrina encontra-se ramificada por todos os estados da Federação, além do Distrito Federal, onde possui um templo em estilo japonês.
No site oficial da organização estão cadastrados 1.400 (mil e quatrocentos) locais de culto. Mas como algumas regionais estaduais não cadastram todos os locais de culto, esse número pode ultrapassar os 6.000 (seis mil).

Seicho-No-Ie em Angola

Aguardando informações;

Seicho-No-Ie em Portugal

Aguardando informações;

Referências

  1. TOKUHISA, Katsumi. Conforme a Atitude mental - Vol. 1. São Paulo: Seicho-no-ie do Brasil, 1991. ISBN 978-85-7156-310-0
  2. TANIGUCHI, Masaharu. O que é a Seicho-no-Iê. São Paulo: Seicho-no-ie do Brasil, 1995. ISBN 978-85-7156-316-2
  3. TANIGUCHI, Massaharu. Sutra Sagrada - Chuva de Néctar da Verdade. 42. ed. São Paulo: Seicho-no-ie do Brasil, 2008. ISBN 978-85-7156-381-0

Ligações externas



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O PROFESSOR REFLEXIVO E SUA MEDIAÇÃO NAPRÁTICA PEDAGÓGICA: FORMANDO SUJEITOSCRÍTICOS. (monografia)

pedagogia estagio

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Inteligências múltiplas: quais são e como abordá-las na escola?

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