A DIDÁTICA E METODOLOGIA DO ENSINO
Introdução
A orientação educacional visa a proporcionar ao aluno completa integração com a Escola, tanto no âmbito educacional quanto no social.
Seu objetivo maior é enfatizar o crescimento individual, ajudando o aluno a construir e assumir sua personalidade, encontrando uma forma de expressá-la socialmente, e possibilitar-lhe um clima propício ao seu desenvolvimento. É criar condições para que o aluno assimile profundamente todas as informações – considerando-se a necessidade de receber o ensinamento de forma significativa –, levando-o à especulação, ao confronto.
O que se pretende é dar ao aluno condições para uma formação plena: além da informação, da construção e da troca de conhecimento, o aluno tem oportunidade de participar de atividades culturais e esportivas, descobrindo sua criatividade, suas tendências, seus gostos e desenvolvendo-os plenamente.
Dessa forma, propicia-se ao aluno – levando-se em conta suas dificuldades e seus anseios – um contato profundo e constante com o mundo que o cerca, capacitando-o a estabelecer um vínculo significativo com a realidade e a transpor barreiras, a fim de preparar-se solidamente para a vida futura.
O papel da Didática na formação de professores foi muito bem tratado por Cipriano Luckesi e alguns conceitos que seguem são um resumo de seu pensamento sobre o tema.
A didática para assumir um papel significativo na formação do educador não poderá reduzir-se e dedicar-se somente ao ensino de meios e mecanismos pelos quais desenvolver um processo de ensino -aprendizagem, e sim, deverá ser um modo crítico de desenvolver uma prática educativa forjadora de um projeto histórico, que não será feito tão somente pelo educador, mas, por ele conjuntamente com o educando e outros membros dos diversos setores da sociedade.
A didática deve servir como mecanismo de tradução prática, no exercício educativo, de decisões filosófico- políticas e epistemológicas de um projeto histórico de desenvolvimento do povo. Ao exercer seu papel específico estará apresentando-se como o mecanismo tradutor de posturas teóricas em práticas educativas.
Existem alguns erros básicos que alguns professores cometem ao dar uma aula. Um deles é explicar o assunto dado enquanto os alunos ainda estão copiando o que está no quadro negro. Esses e outros erros são comuns de acontecer e pioram o rendimento geral da turma. O aluno não consegue assimilar tudo que o professor passa e aí começam os problemas: aulas muito longas, mal dadas e cansativas; cursos que possuem aula no período integral começam a ficar desestimulantes. Professores brilhantes mas, que não conseguem ensinar o conteúdo de uma matéria de maneira clara, rápida e simples; os alunos começam a achar a disciplina difícil e, conseqüentemente, culpam os professores por não conseguirem acompanhar as matérias, tentam estudar por conta própria, deixando de lado o diálogo aberto com o mestre. Isso mostra claramente que um erro leva a outro. O diálogo pessoal entre professor/aluno, às vezes, é mais importante até que o fato do aluno saber de cor uma matéria, pois nada substitui a maior experiência. Idéias e dicas importantes podem surgir até mesmo de uma simples conversa e esta liquida qualquer tipo de antipatia que possa ser criada em virtude de aulas ruins.
Mas isso está mudando, em todos os setores da educação. Os professores estão se qualificando cada vez mais e se você for um mal professor tome cuidado: quando acabar a burocracia para contratação de novos professores no setor público o seu emprego estará por um fio e os alunos pedirão seu afastamento.
Para uma aula ser proveitosa para ambos, eis umas dicas:
· As aulas devem ser curtas e extremamente objetivas.
· Antes de cada aula, dê uma visão geral do que vai ser ensinado, sem medo de adiantar assuntos que os alunos desconhecem.
· Faça analogias com outros assuntos, instigando o aluno a pensar antecipadamente.
· Explique os assuntos numa seqüência lógica e didática.
· Mostre para a turma qual a utilidade e a freqüência de uso de cada item, fórmula, lição… explique a finalidade de cada item na sua vida profissional, para motivá-los.
· Utilize os mais variados recursos computacionais, slides, retroprojetores, laboratórios, Internet…
· Programe o que vai ser ensinado, planejando o que vai ser desenhado, quadro a quadro.
· Evite aulas técnicas demais. Conduza-a de uma maneira que os alunos entendam, pois eles, supostamente, nunca viram o assunto antes.
· Evite muita álgebra, exemplos numéricos são mais didáticos que letras. Evite também o excesso de exemplos e exercícios repetidos. Faça exercícios variados, que estimulem a criatividade e que tenham aplicação na prática.
· Controle o desempenho e a freqüência de cada um, seja amigo, saiba o nome deles. Muitos podem ser parceiros no futuro.
· Revise sempre o que foi dado. Revisões rápidas são importantes porque mostram a evolução da disciplina.
· Procure passar sua experiência prática profissional.
· Encontre seu jeito pessoal de se expressar.
· Procure passar formação humanística.
O aluno no processo educacional é visto como um fator essencial para a construção do conhecimento, e não só como um mero recebedor de conteúdos. A busca pelo saber não está ligado exclusivamente no ato de ouvir, copiar e fazer exercícios, pois neste aspecto metodológico os alunos devem permanecer calados e quietos em suas carteiras, entretanto, é possível realizar vários tipos de propostas que pressupõem a participação ativa do aluno e não se limitar apenas aos aspectos intelectuais ou a memorização de conteúdos julgados como relevantes, segundo Reznike e Ayres (1986 apud CANDAU, 1988, p. 121), “Quando falamos em reavaliação crítica, estamos atendendo não só para o processo em si do ato educativo, mas também para tudo aquilo que os alunos já trazem enquanto vivência, enquanto formação cultural”.
Partindo desse pressuposto podemos dizer que o educando pode despertar a sua criticidade a partir do momento em que se deixa envolver pelas questões políticas, sociais e culturais relevantes que existem no meio em que vive, e leva essas discussões para dentro da sala de aula, interagindo com os demais, formando inúmeras opiniões com relação ao contexto social, político e cultural no qual está inserido.
Professor: sujeito ou objeto da história?
A priori podemos definir o educador como sujeito da história ou objeto da mesma, onde ele se torna sujeito a partir do momento em que participa da história de desenvolvimento do povo, agindo juntamente com os demais, engajado nos movimentos sociais, construindo aparatos de ensino como fonte inovadora na busca pelo conhecimento. Conforme Luckesi (1982 apud CANDAU, 1982, p.27), “[...] compreendo o educador como um sujeito, que, conjuntamente com outros sujeitos, constrói, em seu agir, um projeto histórico de desenvolvimento do povo, que se traduz e se executa em um projeto pedagógico”.
Deixando claro que o educador e a educação não mudam totalmente e nem criam um modelo social, ambos se adequam em busca de melhorias para alguns problemas existentes no meio, até porque nossa sociedade é regida por diretrizes vindas do centro do poder. Já como objeto da história o educador sofre as ações dos movimentos sociais, sem participação efetiva na construção da mesma, para Luckesi (1982) esse tipo de professor não desempenha o seu papel, na sua autenticidade, diríamos que o educador é um ser humano envolvido na prática histórica transformadora. A partir disso podemos dizer que o professor pode ser um formador de opiniões e não somente um transmissor de idéias ou conteúdos.
Relação professor-aluno
Já tratamos das personagens aluno e professor anteriormente. Entretanto, ambos foram mencionados de forma isolada e peculiar. Este subtema surge com o propósito de levantar uma análise crítica em referência à relação professor-aluno em ambiente didático, estabelecendo conexões histórico-sociais que até hoje semeiam e caracterizam a educação brasileira, a maior delas tida como a Pedagogia Tradicional, a qual é encarada por Freire (1983) como uma educação de consciência bancária.
O professor ainda é um ser superior que ensina a ignorantes. Isto forma uma consciência bancária. O educando recebe passivamente os conhecimentos, tornando-se um depósito do educador. Educa-se para arquivar o que se deposita (FREIRE, 1979, p. 38).
Acerca desse questionamento de Freire (1979) está explícita também a relação de submissão dos alunos em relação à autoridade do professor, autoridade esta que muitas vezes é confundida com autoritarismo, e que associada às normas disciplinares rígidas da escola – a qual também possui papel fundamental na formação, uma vez que esta é a instituição que delimita as normas de conduta na educação – implicam na perda de autonomia por parte do aluno no processo ensino-aprendizagem.
Para ilustrar este fato, recorremos ao baú de nossas memórias, pois acreditamos que a maioria já deva ter presenciado esta situação bem característica da Pedagogia Tradicional, que consiste em descrever um ambiente de sala de aula ocupado pelo professor e seus respectivos alunos.
Esta situação é verídica até os dias de hoje em nossas escolas, inclusive, na maior parte delas, já que nessas classes de aula sempre encontramos as carteiras dos alunos dispostas em colunas e bem ao centro da sala fica a mesa do professor, que ocupa o centro para privilegiar o acesso a uma visão ampla de todo o corpo estudantil, impondo a estes sua disciplina e autoridade, uma das razões que leva o aluno a ver o professor como uma figura detentora do conhecimento, conforme argumenta Freire (1983), em suas análises sobre a consciência bancária, expressão já descrita anteriormente no início deste subtema.
É necessário refletir acerca deste cenário real, pois que estamos discutindo a didática no processo de ensino-aprendizagem e para isto torna-se imprescindível a compreensão dos fatos e a disposição da sociedade, principalmente os órgãos de ensino a repensarem seus métodos de parâmetros educacionais, a fim de promover uma educação renovada em aspectos sociais, políticos e culturais concretizados por Freire em seu livro Educação e Mudança, onde ele afirma que o destino do homem deve ser criar e transformar o mundo, sendo o sujeito de sua ação.
O processo de ensino-aprendizagem
Vários são os fatores que afetam o processo de ensino-aprendizagem, e a formação dos educadores é um deles e que tem papel fundamental no que se refere a este processo. Essa formação tem passado por um momento de revisão no que se diz respeito ao papel exercido pela educação na sociedade, pois é percebível a falta de clareza sobre essa função de educador (VEIGA, 2005)
Ainda hoje existem muitos que considerem a educação como um elemento de transformação social, e para que esse quadro modifique-se, faz-se necessário uma reflexão pedagógica, na qual busque questionar essa visão tradicional(FREIRE, 1978).
Deste modo, fica evidente que a formação dos educadores nesse contexto é entendida meramente como conservadora e reprodutora do sistema educacional vigente, ficando notório que esses educadores são tidos apenas como aliados à lei da manutenção da estrutura social, ou seja, um suporte às ideologias da superestrutura e não como um elemento mobilizador de sua transformação.
Destas análises emerge com clareza o papel conservador e reprodutor do sistema educacional, verdadeiro aliado da manutenção da estrutura social, muito mais do que elemento mobilizador de sua transformação (CANDAU, 1981).
Muitos desses educadores sentem uma sensação de angústia e questionamento da própria razão de ser do engajamento profissional na área educativa, segundo Candau (1981).
Relação teoria e prática e a Educação Física
“A teoria e a prática são bastante dissociadas, porque a realidade não permite a aplicação do conteúdo aprendido”.
“Existe uma grande distância entre os conhecimentos adquiridos durante o curso e o que o aluno encontra na prática, sendo necessário uma revisão daquilo que é ensinado”.
“Há uma grande distância entre teoria e a prática e deve ser uma preocupação constante a possível aplicação da teoria”.
(AZEVEDO, 1980, p. 66-67).
A relação teoria e prática na formação do educador são mais uma das problemáticas, que também está evidente nesse processo, e que trata da formação dos profissionais de educação, quando nos referimos ao estabelecimento de uma relação harmoniosa entre teoria e prática.
Convém afirmar que essa relação entre teoria e prática não é objeto de preocupação única e exclusivamente dos educadores, pois é sabido que para que ocorra uma boa aprendizagem é necessário fazer uma reflexão crítica acerca desses fatores no âmbito escolar, essa visão dicotômica está em sua forma mais radical isolados ou até mesmo opostos, já em uma visão mais associativa, teoria e prática são pólos separados, mas diferentemente da visão dicotômica, não são opostos (CANDAU, 2005).
Na verdade a prática deveria ser uma aplicação da teoria. Se considerarmos que a diferença básica entre os seres humanos e os outros seres vivos conhecidos se prende às possibilidades de suas consciências, fica claro que toda atividade será mais ou menos humana na medida em que vincula ou desvincula a AÇÃO À REFLEXÃO (CANDAU, 2005).
Só ao humano é permitida a percepção de si mesmo, dos outros, dos seus próprios atos, do mundo e de toda a realidade que o caracteriza, ao mesmo tempo em que pode ser modificada artificial e intencionalmente por ele.
É neste momento que percebemos a relação Teoria/Prática. É inevitável a separação das duas. O que seria uma sem a outra?
Delimitando nossa área de análise à realidade brasileira, podemos dizer que no caso da Educação Física, esta tem sido incapaz de justificar a si mesma, quer como disciplina formal e predominantemente educativa, quer como atividade que auxilie alguns aspectos do desenvolvimento humano fora da escola e, em especial, no esporte de alta competição ou de rendimento e até mesmo em exercícios físicos relacionados à estética e a saúde.
Estas dúvidas surgem porque muito pouco se têm estudado sobre a cultura corporal que fundamente a Educação Física; a fim de chegarmos a um senso crítico bem apurado que nos dê status profissional e mercado de trabalho, o desejo de todos. Mercado este saturado e ao mesmo tempo carente de verdadeiros profissionais de Educação Física que conseguem colocar em prática os conhecimentos teóricos adquiridos ao longo de suas formações acadêmicas e após a mesma com dedicação e estudos constantes. Esta associação da PRÁXIS (Relação Teoria/Prática), seria o possível sucesso de qualquer profissão sendo que na Educação Física não seja diferente onde podemos visualizar que qualquer prática humana, sem uma teoria que lhe dê suporte, torna-se uma atitude tão estéril, apenas imitativa quanto uma teoria distante de uma prática que a sustente (PEREIRA, 2003).
Estes princípios de teoria e prática são de suma importância no contexto de ensino-aprendizagem, já que foi constatada essa deficiência por parte de nossos educadores, a prática sempre deve ser retificada para melhor adequar-se às exigências teóricas. Nesse sentido, todos os componentes curriculares devem trabalhar a unidade teórico-prática.
A metodologia utilizada pelo educador é de suma importância nessa relação ensino-aprendizagem, sendo notório que existe certa dificuldade por parte tanto de professores quanto alunos em fazer uma correlação entre o conteúdo e a metodologia.
Essa situação torna-se mais agravante, a partir do momento em que, mesmo tendo todas essas referências o educador não consegue detectar que sua ação pedagógica nada mais é que uma proposta ideológica imposta por uma política de educação para a elite social.
Vale ressaltar que existe uma relação de subordinação por parte dos métodos/metodologia em face aos conteúdos, o que deveria ser pelo menos equivalentes, no entanto no contexto vigente o que se percebe é uma ênfase primordial na transmissão de conteúdos culturais universais nas escolas.
No entanto, entende-se que esses conteúdos programáticos deveriam estar atendendo às necessidades concretas de vida dos alunos, fazendo uma relação entre conteúdo e contexto o qual estão inseridos.
Diante dessa problemática, entende-se que a metodologia utilizada assume uma importância fundamental no processo de ensino-aprendizagem.
Aspectos socioculturais e sócio-econômicos da educação
Se analisarmos as transformações ocorridas na humanidade nos últimos tempos, poderemos nos impressionar com tamanha evolução tecnológica, que afeta não somente os setores econômicos como também os socioculturais, e em especial, à ciência, onde esta última concerne em suas origens a educação, e que segundo Chassot (2003), “[...] essas mudanças poderão/deverão, ainda, transformar em um futuro muito próximo o nosso fazer Educação, especialmente a profissão de Professor (a)”.
Desde a tecnologia molecular à robótica, grandes são os feitos dessa nova moeda corrente que está em constante desenvolvimento, possuindo em sua essência não somente benefícios prestados à humanidade, como também, em seu lado mais obscuro, o qual prefere passar ignorado aos olhares sociais, a promoção da exclusão social, que extingue profissões e que aqui será ressaltada com ênfase ao âmbito educacional, o qual está em constante debate.
Chassot (2003) em seu livro Alfabetização Científica: Questões e Desafios para a Educação, aborda de forma clara esse novo entrave do ensino brasileiro ao eleger a internet como elemento da globalização que mais acelera o processo de escoamento de informações, estabelecendo um paradoxo entre a educação de algumas décadas anteriores ao momento atual, traçando todo um contexto histórico-social relativo aos elementos de aprendizagem do estudante brasileiro, principalmente no que se refere às modificações na escrita, indo desde as memoráveis lousas (pedras de ardósia) ao surgimento da caneta esferográfica e até ao que hoje denominamos como mais eficiente meio de trabalho e de normatização do meio educacional, o computador, que, acoplado a uma rede mundial de informações conecta milhões de usuários instantaneamente, tornando-os mais próximos quanto os próprios vizinhos de bairro, fazendo da internet um recurso para ser um facilitador do fornecimento de informações (CHASSOT, 2003)
Agora, com um clicar podemos mandar dezenas de cartas, até com mais de uma centena de páginas, para os mais distintos continentes e quase no mesmo instante elas poderão ser lidas e respondidas pelos destinatários (CHASSOT, 2003, p. 401).
É interessante expor esses questionamentos acerca de nosso ensino-aprendizagem, ao passo que a tecnologia privilegia sim o progresso da educação e da ciência, mas esta também promove a alienação no processo cognitivo e a defasagem de uma das personagens sociais de fundamental importância no contexto social, o professor, o qual, em sua maior parte, não possui condições econômicas de acompanhar este processo acelerado de informatização, encontrando-se cada vez mais desatualizado e restringindo-se às condições de mero transmissor de conteúdos, fugindo à sua competência de formador de opiniões (CHASSOT, 2003).
O Conhecimento neste mundo capitalista é uma propriedade que precisa ser comprada e é caro. A socialização da informação não é feita, como se apregoa, com a internet. Ela ajuda a aumentar os excluídos. Para enriquecer culturalmente, precisamos gastar (CHASSOT, 2003, p. 92).
Devemos atentar que, quando Chassot (2003) declara sobre a exclusão através do acelerado processo de escoamento das informações, não somente o professor torna-se um elemento de transgressão como também os próprios alunos, especialmente aqueles de baixas classes sociais, que em sua maioria não dispõem dos artefatos tecnológicos, o que nos leva a considerar uma revisão da didática que deve ser aplicada em conjunto com estes novos parâmetros educacionais de informação, na busca da construção do conhecimento e formação de consciência crítica de nossos alunos.
De acordo com o exposto, faz-se a seguinte interrogação: Como a didática pode contribuir para que a Escola possa ser geradora e transformadora e não repetidora de conhecimentos?
Eis que surge Chassot (2003) com uma sugestão para este problema, apoiando a prática da “rodinha da novidade”, a qual daria o livre arbítrio aos alunos e alunas para que contassem aquilo que foi significante nas suas descobertas, tais como o comentário dos filmes que assistiram, os livros que leram, os sites que visitam com freqüência e que merecem destaque por seu valor educacional. Dessa forma, professores e professoras tornam-se os mediadores, reforçando as sugestões que parecem ser as mais relevantes, abolindo a ditadura do livro-texto como a fonte do conhecimento quase exclusiva, buscando outros abastecimentos mais atualizados e mais pertinentes de conhecimento para a construção da cidadania crítica, uma vez que, hoje, o que está em jogo é nossa capacidade de transmitir a informação e a seleção desta para com ela fazer formação e transformar a educação num ato político.
Processos avaliativos no contexto educacional
Quando falamos de processos avaliativos no contexto educacional, abre-se um grande leque onde o professor e aluno caminham juntos.
O professor tem que se adaptar ao meio e tentar transmitir sua didática, partindo de um princípio onde o meio em que o aluno vive deve ser levado em conta, assim buscando sua cultura e sua realidade. Daí então o professor começa a apresentar para o aluno o mundo que ele não conhece (CANDAU, 1999).
O processo avaliativo está inteiramente ligado ao sucesso e ao fracasso, devido ser um ato seletivo onde o aluno pode ser aprovado ou reprovado. Até porque esse é um ato em que a tendência observada é a supervalorização (CANDAU, 1999).
Um aluno que, não teve uma base educativa, não pode ser comparado com um aluno que teve uma boa preparação escolar; o que também se atribui a um fracasso na escola são os alunos de classes sociais desfavorecidas, no qual estes por si só já se sentem excluídos e que o resultado inevitável do ano letivo será a reprovação, ocasionando um problema ainda maior, quando é notório que esses educandos somente ocuparão uma carteira na escola (MELLO, 1991).
Isso não quer dizer que a permanência do aluno na escola não seja positiva, pelo contrário, esta permanência é importante, pois, o aluno tem uma chance de aprender com o seu próprio ritmo, afastando o fantasma da reprovação que por pressão do trabalho ou por falta de estímulo o educando abandona a instituição de ensino; o que não é correto é o aluno passar sem aprender.
Visando assim a escola fica apenas com o papel político de garantir um lugar no status quo.
Convém destacar que esse processo avaliativo é importante e necessário à prática de ensino, mas os educadores não podem se ater a um único método de avaliação e sim inovar com criatividade, vendo também as especificidades de cada educando, a partir do princípio da individualidade incluindo também o contexto social.
Considerações finais
A didática para assumir um papel significativo na formação do educador não poderá reduzir-se e dedicar-se somente ao ensino de meios e mecanismos pelos quais desenvolvem um processo de ensino-aprendizagem, e sim, deverá ser um modo crítico de desenvolver uma prática educativa forjadora de um projeto histórico, que não será feito tão somente pelo educador, mas, por ele conjuntamente com o educando e outros membros dos diversos setores da sociedade.
A didática deve servir como mecanismo de tradução prática, no exercício educativo, de decisões filosófico-políticas e epistemológicas de um projeto histórico de desenvolvimento do povo. Ao exercer seu papel específico estará apresentando-se como o mecanismo tradutor de posturas teóricas em práticas educativas. Os métodos avaliativos constituem uma importância do professor no papel de educador, qualificando seus métodos de forma que o educando tenha seus princípios individuais respeitados, já nem sempre a realidade é igual para todos no que diz respeito ao contexto social (OLIVEIRA, 1998).
Portanto, é necessário redesenhar o educador, tornando-o um indivíduo compromissado com um defensor de uma idéia mais igualitária, pois sabe que o estudante na escola pública nada mais é que o povo na escola. Este novo educador seria aquele que encara a educação como uma problematizarão, que propõem aos homens sua própria vida como um desafio a ser encarando, buscando a transformação.
Referências
CANDAU, Vera Maria (org.). A Didática em Questão. 17ª ed. Petrópolis: Vozes, 1999.
CANDAU, Vera Maria (org.). Rumo a uma Nova Didática. 16ª ed. Petrópolis: Vozes, 2005
CHASSOT, Attico. Alfabetização Científica: Questões e Desafios para a Educação. Ijuí: Unijuí, 2003.
DIDÁTICA: banco de dados. Disponível em: http://www.centrorefeducacional.com.br/didat.htm. Acesso em 16 de mar. 2008.
FREIRE, Paulo. Educação e Mudança. 23ª Ed. Rio de Janeiro: Editora Paz e Terra, 1979.
LUCKESI, Cipriano. O educador: quem é ele. ABC Educatio .Outubro,2005.
MELLO, Guiomar Namo de. Políticas públicas de educação. Estud. av., São Paulo, v. 5, n. 13, Dec. 1991 .
OLIVEIRA, M. Rita Neto Sales. Histórico da Didática. In: ________________ O Conteúdo da Didática: um discurso da neutralidade científica. Belo Horizonte: UFMG, 1988, pg. 33 – 47.
PEREIRA, Otaviano. O que é teoria. São Paulo: Brasiliense, 2003.
SILVERA, Maria Aparecida. O revela da competência no acontecer humano.Universidade Metodista de São Paulo , São Bernardo do Campo,2007.
Autores: Sidneia Rosana Ferreira
Sidnei Rogério Ferreira
A didática para assumir um papel significativo na formação do educador não poderá reduzir-se e dedicar-se somente ao ensino de meios e mecanismos pelos quais desenvolver um processo de ensino -aprendizagem, e sim, deverá ser um modo crítico de desenvolver uma prática educativa forjadora de um projeto histórico, que não será feito tão somente pelo educador, mas, por ele conjuntamente com o educando e outros membros dos diversos setores da sociedade.
A didática deve servir como mecanismo de tradução prática, no exercício educativo, de decisões filosófico- políticas e epistemológicas de um projeto histórico de desenvolvimento do povo. Ao exercer seu papel específico estará apresentando-se como o mecanismo tradutor de posturas teóricas em práticas educativas.