sábado, 6 de setembro de 2014

Entenda o que é Mestrado e Doutorado



Seleção contêm várias etapas. Conheça algumas dicas para se sair bem!


Ingressar num programa de pós-graduação stricto sensu não é tarefa nada fácil. Basta verificar a lista de pré-requisitos descritos nos editais, bem como as inúmeras etapas de seleção dos candidatos. São provas escritas, exames orais, análises de currículos, prévias de projetos de pesquisa, entrevistas pessoais e cartas de recomendações. Um processo longo, cansativo e concorrido. Mas que, segundo especialista, não é nenhum bicho-de-sete-cabeças.
Normalmente, as vagas para os cursos de mestrado e doutorado no país são abertas entre o fim e o início de cada ano. As regras do processo de seleção dos candidatos variam muito de instituição para instituição, mas é comum ser exigido além do diploma de graduação - para o mestrado - e do título de mestre - para o doutorado - conhecimentos na área do programa e experiência em projetos de pesquisas. "Profissionais com essas características ganham destaques entre os demais concorrentes", enfatiza a coordenadora da Pró-reitoria de Pesquisa e Pós-graduação da PUCRS (Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul), Vera Lúcia Strube de Lima. E é aí que a sua participação na iniciação científica da graduação pode fazer a diferença.
Para avaliar os conhecimentos dos candidatos grande parte das universidades aplica provas escritas, compostas por questões fundamentais referentes aos assuntos técnicos do programa. Em algumas áreas, inclusive, são realizados exames nacionais. ? o caso da área de Administração, com o teste da ANPAD (Associação Nacional dos Programas de Pós-graduação em Administração). "Sem essas informações os participantes terão dificuldades no decorrer do programa, até porque serão discutidos problemas mais profundos e não haverá revisões das matérias básicas", afirma a assessora da pró-reitoria de pós-graduação da USP (Universidade de São Paulo), Aline Maria da Silva. O conteúdo programático das provas é descrito no edital de cada programa.
análise de currículos também é praticada com bastante freqüência. Por isso, o candidato deve tomar muito cuidado com a elaboração. Esqueça o modelo que você sempre utilizou na busca de empregos. A coordenadora de apoio à pós-graduação do Decanato de Pesquisa e Pós-graduação da Unb (Universidade de Brasília), Dione Moura, recomenda que se use o modelo da Plataforma Lattes, do CNPQ (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico).
Nesse documento deve conter os dados gerais da formação e as experiências profissionais, assim como a publicação de artigos e as participações em eventos, congressos e projetos de pesquisa. "Se prioriza na seleção as pessoas que atuam profissionalmente na área do curso e que têm ou já tiveram algum envolvimento na área científica", alerta Dione.
Em alguns casos, o candidato deve anexar ao currículo, uma carta de intenções. "Em um formato de memorial, será possível apresentar os seus interesses e expectativa em relação ao curso e ao título. Poderão ser apresentados também os conhecimentos, experiências e vivências", descreve Vera Lúcia. "Nada de aproveitar essa carta para adular a instituição ou o coordenador. Isso pode se tornar um ponto negativo, ao invés de positivo", acrescenta.
Além de todos esses processos, é desejável ter o domínio de pelo menos uma língua estrangeira, no mestrado, e duas, no doutorado. Algumas instituições, inclusive, exigem a realização de exames de proficiência, como o Toefl, que analisa a capacidade de conhecimento da língua inglesa. "Isto porque, nestes cursos é muito comum a utilização de referências bibliográficas em outros idiomas", diz Aline Maria.

Apresentação de um pré-projeto

Muitas universidades exigem também a apresentação de pré-projeto de dissertação ou tese. E é aí que, de acordo com os especialistas, os candidatos encontram as maiores dificuldades. Ainda mais aqueles que não têm sequer uma idéia do que pesquisar.
A proposta deve se enquadrar nas linhas e áreas já trabalhadas pela universidade. Por tanto, ou você adapta o tema do seu trabalho científico à instituição ou procura uma instituição que tenha linha de pesquisa que englobe o assunto que se pretende estudar. "Esse tema também precisa ser aceito por um orientador. Por isso, para não perder tempo, é recomendável pedir sugestões a ele antes mesmo de candidatar-se a pós", orienta Aline Maria. (Clique aqui e saiba como definir um tema)
Não basta apenas escolher o tema, é preciso montar um pré-projeto, ou seja, um documento escrito que apresente a idéia do trabalho científico. Formatá-lo parece difícil, especialmente para aqueles que não tiveram oportunidade de vivenciar a iniciação científica na graduação. Mas não tem nenhum segredo. Algumas instituições explicitam, no edital do programa, item por item do que deve contar nesse documento.
Informações como tema, justificativa, metodologia, procedimentos, cronograma de atividades, resultados esperados, referenciais teóricos e bibliografia não podem faltar nesse documento. "Através desses tópicos serão analisados a viabilidade do projeto", alerta Dione. "Será dada prioridade às pesquisas inéditas", acrescenta. (Clique aqui e saiba como construir um projeto de pesquisa)

Prepare-se para a entrevista

Passar pelo nervosismo das entrevistas pessoais também faz parte do caminho dos profissionais que buscam vaga na pós-graduação. O contato direto com o coordenador do curso apesar de aumentar a tensão, possibilita que o candidato explore melhor seu currículo e deixe claro seu interesse pela vaga. Por isso, ir preparado para alcançar as expectativas do entrevistador pode ser um passo decisivo. "A avaliação dessa conversa está voltada à motivação do candidato", aponta Aline Maria.
Quando o programa é de dedicação exclusiva, é avaliada também a disponibilidade de horário do candidato e as condições financeiras dele se manter no curso, sem precisar, a princípio, de uma bolsa. "São poucas as vagas oferecidas aos cursos de mestrado e doutorado, por isso é preciso ter a garantia de que aquele que a conquistar chegue até o fim do curso", diz a coordenadora da UnB Dione Moura.
No caso de programas que pedem um pré-projeto, os especialistas dizem que é estritamente necessário que o aluno consiga defender com todas as forças a sua viabilidade de realização. "? extremamente importante demonstrar segurança e conhecimento sobre o projeto de pesquisa que será desenvolvido caso seja selecionado", afirma Vera Lúcia.

Processos facilitadores

Procurar conhecer melhor o mundo da pós-graduação, antes mesmo de encarar todos essas etapas de seleção, pode ser uma excelente estratégia de ingresso. Algumas instituições abrem vagas para alunos especiais, também chamados de ouvintes, que freqüentam as aulas com o objetivo de ter um primeiro contato com este ambiente.
Há uma pré-seleção destes estudantes, com critérios mais abertos, que variam conforme o programa. Em geral, é avaliada a atuação profissional e a experiência em pesquisa e docência do candidato. "Viver esse clima da pós pode dar ao candidato mais segurança na escolha do programa, do tema da pesquisa e do orientador", orienta Aline Maria.
Outra questão essencial é avaliar o curso que pretende fazer. "Isto é possível ao conhecer os temas a serem estudados, as publicações do departamento, quais são os pesquisadores, e procurar ler os autores trabalhados em cada área de pesquisa. Não dá para fazer a inscrição num mestrado ou doutorado por impulso, é preciso preparo", defende Dione.

Universia Brasil traz no perfil Pós-Universitário informações sobre programas de mestrado e doutorado ofertados por diversas instituições de Ensino Superior brasileiras. Confira!


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sexta-feira, 5 de setembro de 2014

Programação cata-treco-2014 Campinas-SP





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GRATIDÃO! UMA VIRTUDE DE POUCOS!



GRATIDÃO! UMA VIRTUDE DE POUCOS!

Por Fabio Campos

Texto base: Certa ocasião Davi perguntou: “Resta ainda alguém da família de Saul, a quem eu possa mostrar lealdade por causa de minha amizade com Jônatas”?". – 2 Samuel 9.1 (NVI).


Por que “gratidão” é para poucos? Podemos definir “gratidão” sendo um sentimento ou emoção em consequência do reconhecimento de uma boa ação praticada em auxilio ou favor de alguém. Trata do senso de “dívida” e assim querer agradecer alguém de alguma forma por ter feito algo muito benéfico. Uma breve reflexão: o número de pessoas é maioria ou minoria a qual você se lembra de que foram gratos por terem recebido o seu favor? Vide o tema de nossa reflexão: “Gratidão! Uma virtude de poucos”!

Lembro-me agora de várias pessoas que foram instrumentos de Deus para abençoar minha vida. Muitas mesmo! Cada uma tem o seu valor e a sua importância no seu devido contexto. Sem desmerecer a ninguém e devido ao tempo, não vou poder citar todas. Por isso quero inserir neste artigo apenas uma para trazer luz a nossa reflexão. Um irmão que foi fundamental nos meus primeiros passos na caminhada e vida cristã, Roberto Figueredo, o qual chamo afetuosamente por Betão. Sua esposa Sabrina também incluo neste reconhecimento.

Hoje não congregamos mais no mesmo ministério, mas nosso vinculo é fruto da oração de Nosso Senhor Jesus [em João 17] “... guarda-os para que sejam um”. Está além da placa denominacional! Vez e outra afirmo sua importância na minha vida. O rei Davi é uma das personagens bíblicas que me inspiram a ter este gesto. Não a menos ele foi chamado pelo próprio Deus de um “homem segundo o Seu coração”.

Uma das passagens bíblicas que me emocionam é a narrativa da amizade entre “Jônatas e Davi”. Jônatas foi filho do rei Saul; o rei tinha muita inveja de Davi por ter Deus o escolhido para ser rei de Israel ainda reinando no trono Saul. Por isso Saul planejou sua morte e Davi desconfiado disso pediu ao filho de Saul, Jônatas, para ajuda-lo a escapar de suas mãos. Isto aconteceu e Davi fugiu de Saul dentro de um pacto feito entre ele e seu amigo mais chegado que um irmão, Jônatas. Ambos amavam um ao outro como a si mesmo. E Jônatas pediu a Davi: “... trate sempre a minha família com bondade” (1 Sm 20). Passado alguns anos Davi se lembrou de seu juramento feito a Jônatas e do seu amor para com o seu amigo, e assim perguntou: "Resta ainda alguém da família de Saul, a quem eu possa mostrar lealdade por causa de minha amizade com Jônatas?" (2 Sm 9.1).

Nisto lembraram o rei Davi de que existia um sobrevivente. Seu nome era Mefibosete, filho de Jônatas, aleijado dos dois pés. Davi então mandou busca-lo e a ele disse: “Eu serei bondoso com você por causa de Jônatas, o seu pai”. E sucedeu que Davi deu de volta todas as terras que pertenciam ao seu avô Saul, dizendo que ele, Mefibosete, sempre seria bem-vindo à sua mesa. Dali em diante Mefibosete passou a ser tratado como filho do rei Davi, não por direito jurídico, simples e unicamente pela gratidão de Davi ao seu amigo Jônatas (2 Sm 9).

Temos muitos homens entre nós inteligentes, intrépidos na pregação e na evangelização, diligentes no ministério – mas poucos com gratidão no coração para com aqueles que fizeram parte da construção a qual hoje está construída. Partindo deste pressuposto podemos entender um pouquinho da ira de Deus para com aqueles que não “honram a seus pais”. A quem mais poderíamos ser gratos nesta terra? O ápice desta abominação a Deus Pai é dita pelo próprio Senhor Jesus, quando os religiosos dedicavam algo a Deus em detrimento das necessidades de seus pais (Mc 7.1-13). Isso é ingratidão e Deus não se agrada de tal coisa e nem a recebe como “boa-obra”.

É necessário trazermos constantemente a nossa memória de onde saímos e aqueles que nos ajudaram. Quando fazemos tal coisa ratificamos a “lealdade do próprio Deus” na vida destes, conforme disse Davi. Qual foi a última vez que você mandou uma mensagem a alguém reconhecendo aquilo que tal pessoa fez por você? Isso é importante para você e talvez o que a outra pessoa está esperando há tanto tempo com o coração triste. Não deixe de afirmar sua gratidão para com aqueles que te ajudaram. Isso é agradável a Deus e O glorifica.

Caro amigo, termino esta breve reflexão dizendo que a gratidão é para poucos. Ela não anda visando o futuro e nem observando o presente naquilo que outrem possa ainda lhe trazer por beneficio. Ela é grata pelo que já recebeu no passado, e por isso, não cobra e nem acusa falta, do que o outro, ainda possa lhe dar. Antes, só agradece sem a motivação de “ganhar mais ajuda”. Com a minha mente transformada pela Palavra de Deus e discernindo pela mente de Cristo (1 Co 2.15-16), posso dizer, ainda que em nosso meio, poucos têm esta virtude, a saber, “gratidão”!

Considere este artigo e arrazoe isto em seu coração,


Soli Deo Gloria!
Fabio Campos


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Hoje é dia jejum de ekadasi Parsva jejum de Ekadasi 20 dia 05/09/2014



Parsva jejum de Ekadasi 20

             Maharaja Yudhisthira perguntou ao Senhor Sri Krishna:

             - Qual é o nome do Ekadasi que ocorre durante o quarto-crescente do mês Bhadrapada (agosto/setembro)? Qual é a Deidade adorável deste Ekadasi, e qual é o mérito que a pessoa alcança por observá-lo? Bondosamente revele tudo isto para mim.

             O Senhor Supremo Sri Krishna respondeu:

             - Ó Yudhisthira, este Ekadasi chama-se Vamana Ekadasi, e ele concede tanto um grande mérito quanto a liberação última do enredamento material. Portanto, devido ao fato de que ele remove todas as reações pecaminosas da pessoa, ele também é chamado de Jayanti Ekadasi. Simplesmente ouvir as suas glórias livra a pessoa de todos os seus maus feitos passados. Tão auspicioso é este jejum que observá-lo concede o mesmo mérito daquele obtido pela execução de um Asvamedha-yagna. Não há melhor Ekadasi do que este, porque ele concede a liberação tão facilmente. Assim, se alguém deseja realmente libertar-se do mundo material, ele deve jejuar no Vamana Ekadasi.

             "Enquanto observa este jejum santo, o vaishnava deve amavelmente adorar o Senhor Supremo em Sua forma de Vamanadeva, a encarnação como um anão, cujos olhos são como pétalas de lótus. Por assim fazê-lo, ele adora todas as outras Deidades também, incluindo Brahma, Vishnu e Shiva, e na hora da morte ele indubitavelmente vai à morada do Senhor Hari. Em todos os três mundos não há jejum mais importante a ser observado. A razão deste Ekadasi ser tão auspicioso é que ele comemora o dia em que o Senhor Vishnu, dormindo, muda para Seu outro lado. Assim, este dia de jejum também é conhecido comoParivartini Ekadasi."

             Maharaja Yudhisthira então perguntou ao Senhor:

             - Ó Janardanapor favor esclareça a minha dúvida. Como é que o Senhor Supremo dorme e então vira sobre o Seu lado? Ó Senhor, quando Você está dormindo, o que acontece com todas as outras entidades vivas? Por favor, também me diga como Você prendeu o rei dos demônios, Bali Maharaja, e também como alguém pode satisfazer os brahmanas. Como a pessoa deve observar o voto de Caturmasya?  Bondosamente seja misericordioso comigo e responda estas perguntas.

             A Suprema Personalidade de Deus respondeu:

                   - Ó Yudhisthira, leão entre os homens, Eu narrarei com alegria para você um evento histórico que, simplesmente por ser ouvido, erradica todas as reações pecaminosas da pessoa.

             "Em tetra-yuga viveu um rei chamado Bali. Embora nascido em dinastia demoníaca, ele era muito devotado a Mim. Ele cantava muitos hinos védicos para Mim e executou um ritual Homa simplesmente para Minha satisfação. Ele respeitava os brahmanas duas vezes nascidos e ocupava-os na execução de sacrifícios diários. Entretanto, esta grande alma teve uma desavença com Indra e eventualmente venceu-o na batalha. Bali tomou todo o seu reino celestial, que Eu dei pessoalmente a Indra.  Portanto, Indra e todos os outros semideuses, junto com muitos grandes sábios, aproximaram-se de Mim e queixaram-se de Bali Maharaja. Curvando suas cabeças ao chão e oferecendo orações sagradas dos vedas, eles Me adoraram junto com o mestre espiritual deles, Brihaspati. Assim, Eu concordei em aparecer para o benefício deles como o anão Vamanadeva, minha quinta encarnação.

             O rei Yudhisthira perguntou:

             - Ó Senhor, como foi possível para Você com um corpo de anão vencer um demônio tão poderoso? Por favor explique isto claramente, porque sou Seu devoto fiel.

             O Senhor Supremo Sri Krishna respondeu:

             - Embora fosse um anão, Eu era um brahmana e aproximei-Me de Bali Maharaja
para pedir caridade em forma de terras. Eu disse:

             - Ó Bali, por favor, dê- Me simplesmente três passos de terra em caridade. Para Mim tal pedaço pequeno de terra será tão bom quanto os três mundos.

             "Bali concordou em satisfazer Meu pedido sem mais considerações. Mas assim que ele Me deu a terra, Meu corpo começou a expandir-se em uma gigantesca forma transcendental. Eu cobri toda a terra com Meu pé, toda Bhurvaloka com Minhas coxas, o céu  Svarga com Minha cintura, Maha-loka com Meu estômago, Jana-loka com Meu peito, Tapa-loka com Meu pescoço e Satya-loka com Minha cabeça e face. Eu cobri toda a criação material. Realmente, todos os planetas do universo, incluindo o sol e a lua, foram abrangidos pela Minha forma gigantesca.

             "Vendo este Meu passatempo surpreendente todos os semideuses, incluindo Indra e Sesa, o rei das serpentes, começaram a cantar hinos Védicos e a oferecer orações para Mim. Então peguei Bali pelas mãos e disse a ele:

             "- Ó impecável, Eu cobri toda a terra com um passo e todos os planetas com o segundo passo. Agora, onde Eu irei pôr Meu pé para medir o terceiro passo de terra que você Me prometeu?

             "Após ouvir isto, Bali Maharaja curvou-se e ofereceu-Me a sua cabeça. Ó Yudhisthira, Eu coloquei o Meu pé em sua cabeça e mandei-o para Patala-loka. Vendo assim ele humilhado, Eu fiquei muito satisfeito e disse a Bali que dali em diante Eu iria residir permanentemente em seu palácio. Depois disso, no ParivartiniEkadasi, o qual ocorre durante o quarto-crescente do mês Bhadra, Bali, o filho de Viricana, instalou a forma de Minha Deidade em sua residência.

             "- Ó rei," continuou o Senhor Sri Krishna, "até o Haribodhini Ekadasi, o qual ocorre no Quarto-crescente do mês Kartika, Eu continuo dormindo no oceano de leite. O mérito que alguém acumula durante este período é particularmente poderoso. A pessoa portanto deve observar o Parivartini Ekadasi cuidadosamente. Realmente, ele é especialmente purificador e, assim, limpa a pessoa de todas as reações pecaminosas. Neste dia, o devoto fiel deve adorar o Senhor Trivikrama,Vamanadeva, o qual é o supremo pai, porque neste dia Eu me viro para dormir do outro lado.



             Se possível, neste dia alguém deve dar a uma pessoa qualificada algum iogurte misturado com arroz inflado, bem como alguma prata, e então permanecer desperto por toda a noite. Esta simples observância libertará a pessoa do condicionamento material. Aquele que observar este sagrado ParivartiniEkadasi da forma que Eu descrevi irá certamente obter todos os tipos de felicidade neste mundo e o reino de Deus depois daqui. Aquele que simplesmente ouve esta narração com devoção irá para a morada dos semideuses e brilhará ali como a própria lua, tão poderosa é a observação deste Ekadasi. De fato, esta observação é tão poderosa quanto a execução de mil Asvamedha-yagna.

Assim acaba a narração das glórias do Parivartini Ekadasi, ou Vamana Ekadasi,  também chamado de Parsva Ekadasi do Brahma-vaivarta Purana.

- FIM –


Tradução: Ananya-Bhak Das. Fidelidade e correção: Advaya Das e Bhaktim Alina Duran. Digitação: Paramahamsa Das e Tulasi F.dos Santos.


Para fazer jejum na pratica procure um endereço perto de você na nossa Agenda

Para saber tudo sobre Jejum ou ekadasi clique nos links abaixo:
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Para ler mais ou baixar livros gratis sobre este conhecimento clique aqui


fonte:http://radioharekrishna.com/Parsva_Ekadasi_jejum_de_Ekadasi_20.html


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quarta-feira, 3 de setembro de 2014

O que é Etnocentrismo (Antropologia) Resenha


O que é Etnocentrismo (Antropologia)


Resenha por Iatala Mané (Guiné-Bissau) e Marcondes Lucena (Brasil)
Bibliografia: ROCHA, Everardo P. Guimarães. O que é etnocentrismo. 3ª ed. São Paulo, Brasiliense, 1986.


O Que é Etnocentrismo

            “Etnocentrismo é uma visão de mundo onde o nosso próprio grupo é tomado como centro de tudo e todos os outros são pensados e sentidos através dos nossos valores, nossos modelos, nossas definições do que é a existência” — assim define-se o etnocentrismo nas primeiras palavras do livro em questão (p. 5). Mas o que isso significa, na realidade?

            Bem, como sabemos, os seres humanos possuem um instinto nato que os habilita a identificar tudo quanto seja a eles estranho, ou diferente. Nós costumamos separar as coisas quase que geralmente em dois grupos distintos e bem contornados: o grupo do “eu” ou do “nós” e o grupo do “outro”. Essa separação ocorre, de acordo com o livro, devido a um “fenômeno onde se misturam tanto elementos intelectuais e racionais quanto elementos emocionais e afetivos”. (p. 5). E ainda afirma que os elementos intelectuais incluem uma dificuldade de se pensar a diferença, já os elementos emocionais se tratam de sentimentos como estranheza, medo, hostilidade etc.

            No plano histórico, o livro aborda o surgimento da visão antropológica do relativismo ou da relativização. Traça-se uma linha contextual, narrando os limiares das visões antropológicas que antecederam a visão de relativização. (pp. 26, 27) Inicia-se com o surgimento das teorias evolucionistas tal como uma tentativa de explicação racional para as diferenças entre as culturas. O evolucionismo é uma visão de mundo etnocêntrica por visualizar as demais culturas meramente como estágios de evolução correspondentes a estágios anteriores ao nosso. No entanto, as teorias evolucionistas são mais avançadas do que as visões etnocêntricas anteriores, segundo o livro, por tratar as demais culturas como “humanas”, embora “atrasadas” ou “menos evoluídas”. (p. 37) Os principais contribuintes dessa corrente foram James Frazer, Edward Tylor e Lewis Morgan.

            O evolucionismo acabou por contribuir para a relativização futura por tratar o diferente como humano, o que se trata de um paradoxo. E isso se deu, na realidade, pela dificuldade teórica dos evolucionistas em determinar um referencial seguro para se medir a “evolução” cultural. Além disso, o trabalho de campo ou pesquisa de campo deu ímpeto a novas análises antropológicas, visto que os cientistas que empregavam tal método podiam agora conviver diretamente com as culturas estudadas em questão. O antropólogo Bronislaw Malinowski foi um dos principais fundadores dessa forma de análise. Mas, antes dele, surgiram algumas escolas ou “doutrinas” antropológicas “intermediárias”, entre elas: os estudos realizados por Franz Boas (pp. 40-45), a escola personalidade e cultura (p. 55), o reducionismo (p. 56), os estudos de Julien Steward (p. 59), entre outros.

            O livro apresenta os estudos de Durkheim, Malinowski e Radcliff-Brown como importantes para o entendimento aprofundado da Antropologia, principalmente de sua linha relativista. (p. 63) Após abordar algumas partes importantes dos estudos acerca de tais pensadores, a obra finaliza abordando estudos sobre Claude Lévi-Strauss, fundador da teoria estruturalista. E afirma-se que o “etnocentrismo é exorcizado”  quando “a ida ao ‘outro’ se faz alternativa para o ‘eu’” (p. 109).

            A obra O Que é Etnocentrismo é muito importante para a nossa realidade mundial. Não somente como ferramenta teórica, mas também como útil para a realização de práticas políticas, reais. O conceito de superioridade ou inferioridade entre culturas deve ficar obsoleto ao se verificar todas as culturas numa perspectiva horizontal ao invés de uma esquematização vertical, onde o fator tempo e história são descontextualizados. Isso é muito importante visto que nem todas as culturas possuem uma concepção de tempo e história homogênea, se é que possuem tal concepção. Embora todos os povos ou etnias estejam sempre na mesma linha do tempo, elas não se inter-relacionam numa perspectiva de progressão onde um estágio é correspondente a outro estágio de outra cultura num fator tempo diferenciado. O processo de complexização das culturas é único entre elas mesmas, por isso deve ser relativizado.


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terça-feira, 2 de setembro de 2014

MYTHOS E LOGOS NO PENSAMENTO GREGO


MYTHOS E LOGOS NO PENSAMENTO GREGO


Todos os povos da antiguidade – assírios, sumérios, babilônios, persas, egípcios, hindus, chineses, romanos, gregos, hebreus – tiveram seus mitos। Povos descobertos mais recentemente – Astecas, Incas, índios brasileiros – também são ricos em acervo mítico. O que deixa os estudiosos admirados é o fato da mitologia grega sobressair-se a todas as demais. A admiração é explicável em virtude de ser justamente a partir desta forma mítica de compreender a realidade da natureza que nasce o pensamento ocidental. Em face da proeminência do mythos e do logos gregos sobre as demais manifestações do pensamento humano antigo é que se propõe, neste artigo, traçar o conceito de mythos e logos e a transposição de um para o outro na explicação da realidade no pensamento grego antigo.

O termo mito procede da língua grega (mu,qoj), podendo-se conceituá-lo como narrativa que objetiva explicar a realidade existente, sua origem e causa। Sua abordagem trata das questões referentes ao mundo, aos deuses e ao próprio homem. Este tipo de narrativa foi o primeiro esforço da humanidade para situar o homem no mundo, quanto a sua existência diante de tantos questionamentos que se lhe apresentam e que precisam de resposta. A princípio, perguntas a respeito da natureza como: “por que troveja?”, “por que chove?”, “de onde vem o vento?”, “como surgiu o mundo?”, “como surgiu o homem?”, e tantas outras questões, recebiam respostas que hoje não são admitidas. Na verdade, os homens da Antiguidade contentavam-se com aquelas respostas, tidas hoje como ingênuas, e com elas se acomodavam muito bem ao seu mundo.

Marilena Chauí apresenta o mito como “narrativa mágica ou maravilhosa, que não se define apenas pelo tema ou objeto da narrativa, mas pelo modo (mágico) de narrar, isto é, por analogias, metáforas e parábolas।” (Chauí, 1994 – pág. 32). É interessante este conceito, pois que chama a atenção não somente para a narrativa em si, mas também para o modo como era apresentada. Desde que era predominante oral, a narrativa prendia os ouvintes como uma armadilha das emoções. Para Vernant, mito é uma palavra formulada, seja de uma narrativa, diálogo ou da enunciação de um projeto (Vernant, 1992 – pág. 172). Turchi, citado por Battista Mondin, conceitua mito:

Em sua acepção geral e em sua fonte psicológica, o mito é a animação dos fenômenos da natureza e da vida, animação devida a alguma forma primordial e intuitiva do conhecimento humano, em virtude da qual o homem projeta a si mesmo nas coisas, isto é, anima-se e personifica-as, dando-lhes figura e comportamentos sugeridos pela sua imaginação; o mito é, em suma, uma representação fantástica da realidade, delineada espontaneamente pelo mecanismo mental (Mondin, 1981 – pág। 9 – 10).

Chama a atenção neste conceito o aspecto da animação। Na verdade, a narrativa mítica dava vida ao que era inerte. O ouvinte se sentia totalmente envolvido no seu enredo devido ao dado existencial transmitido pelo mito. Isto tornava o homem completamente ligado às personagens e aos fenômenos narrados no mito.

Ernst Cassirer diz que a mentalidade primitiva é caracterizada pelo seu sentimento geral da vida। O homem primitivo via a natureza de modo simpático. Ou seja, sentia-se envolvido nela e por ela. A natureza não era algo para ser explorado no sentido pragmático ou técnico. Era uma realidade a ser reverenciada, respeitada (Cassirer, 1972 – págs. 134 – 136).

Aranha e Martins (1992, págs। 62 – 68) dizem que o mito “é um modo ingênuo, fantasioso, anterior a toda reflexão e não-crítico de estabelecer algumas verdades...” O problema de algumas conceituações está na pressa do autor em adjetivar o seu objeto de estudo. Esquece-se de realizar apenas juízo de realidade e, firmado em um mero juízo de qualidade, afirma supostas realidades que são meros reflexos de seus condicionamentos culturais. O mito comporta várias possibilidades de interpretação. Partindo de qual ponto de vista o mito seria ingênuo? Considere-se que nos milênios futuros nossos conhecimentos terão uma consideração que provavelmente não nos agradaria conhecê-la. Medir o ontem pelo hoje é complicado, visto as circunstâncias de cada época comportarem as suas próprias justificativas. Neste aspecto, é interessante observar a valorização que muitos filósofos e estudiosos dão à elaboração mítica, considerando o mito como conservatório de uma inteligência que não teria a lógica do racional, mas que não deixaria de indicar caminhos de reflexão e que representaria uma via de compreensão da existência perfeitamente salutar. Sendo o mito “uma forma de se situar no mundo, isto é, de encontrar o seu lugar entre os demais seres da natureza”, como dizem as duas autoras, está ele em pé de igualdade com a razão, pois que esta também é uma forma encontrada pelo homem para se situar no mundo. A própria Pós-modernidade faz críticas ao império da razão, abrindo espaços para outras lógicas que comportam inclusive a realidade do Mito. Não seria mais viável dizer que cada forma de se situar no mundo possui a sua validade, desde que não leve o homem a extravagâncias comprometedoras de sua integridade?

“A verdade do mito não obedece à lógica nem da verdade empírica, nem da verdade científica। É verdade intuída, que não necessita de provas para ser aceita.” (Aranha & Martins, 1992, pág. 73). Essas duas orações oferecem base de crítica às duas autores quanto a erradicar o aspecto de ingenuidade da narrativa. Primeiro, o mito possui uma verdade; segundo, segue uma lógica, mesmo não se comprometendo com o empirismo, com o racionalismo ou com o cientificismo. Enquanto verdade intuitiva estabelece-se com plena autoridade e serve para se conhecer o ser humano do passado, como também do presente. Enfileiram-se nesta compreensão filósofos, teólogos, antropólogos e psicanalistas. A lógica dos arquétipos da humanidade expressa nos mitos é terreno amplo para se compreender o homem de todas as épocas. Seria o mito uma visão ingênua da realidade, ou será que ele precisa ser estudado levando-se em consideração, não a sua roupagem, e, sim, a sua essência?

Não se está dizendo aqui que o mito não foi usado indevidamente por muitos mentores da humanidade। Certo que sim! Mas isso não anula a validade do mito em si. A tendência de interpretar o mito como visão puramente fantasiosa da realidade talvez se deva à influência de filósofos gregos, juntamente com os Padres da Igreja e tantos outros filósofos, visto considerarem os mitos como simples fábulas। O fato é que, nos últimos tempos, além da visão de mito como visão fantasiosa da realidade, tem-se abordado o mito-verdade. Mais precisamente a partir do começo do século XX, autores como M. Eliade, Freud, Jung, Heidegger, Lévi-Strauss e Bultmann apoiaram a interpretação mito-verdade. Concordam estes estudiosos quanto ao fato de que o mito esconde, atrás de sua capa de imagens, verdades que foram apreendidas pelo homem primitivo e que o homem moderno, devido ao seu condicionamento epistemológico racionalista, não consegue divisar as mesmas verdades.

Um dos grandes ataques sofrido pelo mito foi deflagrado pelo Positivismo। Depois de toda a sua investida frustrada contra o pensamento mítico, chega-se à conclusão de que ingênuo é o próprio Positivismo, quando quis desterrar um fenômeno que faz parte da própria índole da natureza humana. Afinal, tudo o que pode, o ser humano faz para se situar significativamente no seu mundo. E se neste caso vale o mito, que o valha.

Pode-se concluir este ponto, dizendo-se que o mito é uma “primeira fala sobre o mundo” que ainda hoje permanece falando e continuará a exercer a sua influência sobre a humanidade। Pode não explicar a realidade no sentido empirista, cientificista ou racionalista, mas a explica de modo que, em sua função básica, continua acomodando o homem ao mundo. E aqui se apresenta um paradoxo: o mito de tantos ismos que acomoda o homem ao mundo, dando-lhe visões diversificadas da realidade.

O termo logos procede da língua grega (lo,goj). Dentre tantos significados, segundo Chauí,
Logos reúne numa só palavra quatro sentidos: linguagem, pensamento ou razão, norma ou regra, ser ou realidade íntima de alguma coisa। No plural, logoi, significa: os argumentos, os discursos, os pensamentos, as significações. Logia, que é usado como segundo elemento de vários compostos, indica: conhecimento de, explicação racional de, estudo de. (Chauí, 1994 – pág. 33).

Segundo Julían Marías, o logos diz o que as coisas são, e mantém estreita ralação com o ser tanto do ponto de vista da verdade como da falsidade। O homem é o animal que tem logos, sendo, portanto, o órgão da verdade (Marías, 1969). Aster apresenta-se bem convicto quanto à natureza da palavra logos. Diz este autor que se for o caso de ressaltar algum conceito e pensamento especificamente grego, só pode sê-lo o conceito de logos. Logos é a palavra prenhe de sentido, o discurso racional como fenômeno primitivo do mundo como forma fundamental do pensar e do realizar (Aster, 1945). Abbagnano trabalha o conceito de logos desde o seu uso por Heráclito. Este considerava o logos como sendo a própria lei cósmica: “Todas as leis humanas alimentam-se de uma só lei divina: porque esta domina tudo o que quer, e basta para tudo e prevalece a tudo” (Fr. 114, Diels). Essa forma de entender o logos parece coadunar-se bem com o pensamento estóico. Abbagnano chega a afirma que a doutrina do logos foi sempre religiosa (Abbagnano, 2000). Neste sentido também trabalha Aster sobre Heráclito, citando: “El sabio es unicamente uno. Quiérase o no, há de llamársele Zeus” (Aster, 1945). Por esta via de interpretação, vê-se claramente que logos passa pela mesma realidade que mito: Cumprem função religiosa.

Destes conceitos apresentados, o conceito de Chauí consegue, de modo sintético, com os quatro sentidos do logos: “linguagem, pensamento ou razão, norma ou regra, ser ou realidade íntima de alguma coisa”, expressar a realidade do logos não deixando brechas para maiores ou menores explanações a serem acrescentadas, considerando-se que toda a história da filosofia é por si mesma a história do logos e já lhe conceitua extensivamente।

É consenso entre os estudiosos que a passagem do pensamento mítico para o pensamento racional não se deu da noite para o dia। Houve mesmo um período em que os dois tipos de abordagem coexistiram na sociedade grega, do mesmo modo que na contemporaneidade pode-se divisar estas duas realidades. Segundo Vernant, é no princípio do século VI a. C., na Mileto jônica, que se pode fixar a data e o lugar de nascimento da razão grega. Três são os responsáveis por este surgimento do pensamento racional: Tales, Anaximandro e Anaxímenes. Portanto, são os Pré-socráticos os responsáveis, estes citados e outros, que vão contribuir para que o logos suceda ao mito. Toda as explicações teogônica e cosmogônica são substituídas por um discurso sem a ação de potências sobrenaturais como explicação para a realidade existente (Vernant, 1994 – págs. 73 e 74).

A abordagem elaborada por Marilena Chauí é por demais interessante, pois que apresenta duas visões de interpretação do fenômeno concernente à passagem do mito para o logos. A primeira interpretação diz que não houve continuidade entre a filosofia e o mito. Segundo Chauí, Burnet apresenta duas características do mito que se contrapõem à filosofia. Primeira,
“o mito pergunta e narra sobre o que era antes que tudo existisse, enquanto o filósofo pergunta e explica como as coisas existem e são agora; segunda, o mito não se preocupa com as contradições e irracionalidades de sua narrativa; aliás, usa contradições e irracionalidades para justificar o caráter misterioso dos deuses e suas ações; a filosofia afasta os mistérios porque afirma que tudo pode ser compreendido pela razão e esta suprime e explica as contradições।” (Chauí, 1994 – pág. 28) (Grifo da autora) .

Segundo Chauí, a interpretação contraposta é apresentada por Cornford। Segundo este, a filosofia nascente não fazia experimentos com a natureza e desconhecia a idéia de verificação e de prova. Na verdade, a filosofia tomou as formulações da religião e do mito e as colocou em forma de pensamento abstrato. O que vai ficar claro para Werner Jaeger é que a história da filosofia grega é um processo de progressiva racionalização do mundo presente no mito (Chauí, 1994 – pág. 29 – 33).

Esta abordagem é curiosa, pois que nos remete aos primeiros momentos do filosofar grego, quando as explicações apresentadas chamam à mente as figuras usadas nos mitos। É o caso de Tales de Mileto quando pensa em água como o princípio originário da realidade existente. De imediato vem à mente Homero com o deus Oceano dando origem a todas as coisas. Quando se pensa sobre o transcorrer das relações afetivas entre os deuses e os humanos expressas nos mitos, pode-se pensar em Empédocles elaborando os princípios do amor e do ódio como forças naturais, agindo sobre a realidade existente. Hesíodo e seu deus Eros não estariam em Empédocles? Parece evidente a interação entre mythos e logos a princípio.


Conceba-se a interação, mas se pense também como evidente as diferenças entre mythos e logos. O mito vincula-se à tradição oral; o logos à literatura escrita. No princípio mythos não contrasta com logos. Os valores semânticos são bastante aproximados. Os mythos são também hieroi logoi, discursos sagrados. O surgimento da oposição entre mythos e logos, marcando a concepção de realidade dos gregos, acontece justamente entre os séculos VIII e IV a. C. “Um primeiro elemento a se reter nesse plano é a passagem da tradição oral a diversos tipos de literatura escrita.”, diz Vernant. Acontece que a linguagem filosófica adianta-se no uso de abstrações dos conceitos e emprega um vocabulário ontológico. Vernant diz que o logos, no período citado, instaura-se “na e pela literatura” como discurso racional e não somente como palavra. Justamente neste nível de discurso racional demonstrativo é que vai se contrapor ao mythos. Isto do ponto de vista de quem elabora o logos. Mas acontece transposição na perspectiva do receptor do logos, o público que toma conhecimento do texto. Diz Vernant que a leitura supõe uma outra atitude de espírito. Ora, se diante do mito o espectador quedava-se como que enfeitiçado, diante do logos a atitude é de frieza racional, disposição para a “argumentação contraditória” (Vernant, 1992 – pág. 175). Não se depende mais da participação emocional, como acontece com o mito. O mito é dogmático na apresentação de sua verdade. O que deixava o ouvinte em estado de obrigação à crença em sua verdade. O logos é liberal, aberto ao debate, à dialética. Vernant conclui:

... Desse ponto de vista, tudo o que dava à palavra falada seu poder de impacto, sua eficácia sobre outrem, se acha dali em diante rebaixado à classe do mythos, do fabuloso, do maravilhoso, como se o discurso só pudesse ganhar na ordem do verdadeiro e do inteligível perdendo ao mesmo tempo na ordem do agradável, do emocionante e do dramático (Vernant, 1992 – pág. 175).

Pelo acima exposto, compreende-se que mythos e logos são realidades consideravelmente importantes para a compreensão do surgimento da filosofia grega. Não somente para esta, como também para todo o pensamento ocidental. Ainda mais quando se concebe a força destas duas formas de pensar a realidade influenciando até mesmo o homem contemporâneo, seja ele partícipe do senso comum ou mesmo alguém afeito aos temas que exploram a sua capacidade intelectual. Na verdade, mythos e logos vêm sustentar a convicção de que o ser humano busca responder aos seus questionamentos não meramente aprisionado a uma única forma de solução. Considere-se ainda que, sendo o homem quem tem sido, sua forma de elaborar estas duas realidades, mythos e logos, fá-las intercambiar-se sem se perderem em generalizações. A existencialidade humana vem-nos provar que o mythos pode estar no logos e o logos no mythos. O mythos, enquanto discurso, possui o seu logos específico. O logos, enquanto forma de acomodar o homem ao seu mundo, possui o seu dado mítico. A crença no logos como algo absoluto, radical para explicar o mundo traz em si a marca do mythos.

BIBLIOGRAFIAItálico
ASTER, Ernst Von. Historia de la filosofía. 2ª ed. Barcelona, Espanha. Biblioteca de Iniciación Cultural, 1945. 477 págs.
ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de filosofia. 4ª edição. São Paulo. Martins Fontes, 2000. 1014 págs.
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda & MARTINS, Maria Helena Pires. Temas de filosofia. 1ª ed. São Paulo. Editora Moderna, 1992. 232 págs.
CASSIRER, Ernst. Antropologia filosófica. São Paulo. Mestre Jou, 1972 – págs. 134 – 136.
Chauí, Marilena de Souza. Introdução à história da filosofia: dos pré-socráticos a Aristóteles, Vol. I. 1ª ed. São Paulo: Brasiliense, 1994. 390 págs.
MARÍAS, Julián. Historia de la filosofía. 21ª Edição. Madrid – España. Editorial Revista de Occidente, S. A., 1969.
MONDIN, Battista. Curso de filosofia. Vol. I. 8ª Edição. São Paulo. Paulus, 1981. 232 págs.
VERNANT, Jean-Pierre. As origens do pensamento grego. 8ª edição. Rio de Janeiro. Bertrand Brasil, 1994. 95 págs.
VERNANT, Jean-Pierre. Mito e sociedade na grécia antiga. Rio de Janeiro. José Olimpio, 1992. 221 págs.

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