O que é TCC?
É o trabalho de conclusão de curso que muitos universitários têm de enfrentar para receber o diploma
Antes de conseguir o diploma, muitos estudantes precisam enfrentar o último desafio: o trabalho de conclusão de curso (TCC). Além de cumprir todas as disciplinas obrigatórias do currículo, algumas graduações exigem ainda que o aluno apresente um projeto final que pode ser prático ou téorico. Em alguns casos, é necessário defender o estudo em uma banca, assim como é feito para conseguir a titulação no mestrado e no doutorado. Essa banca, geralmente composta por professores e especialistas da área, irá avaliar o aluno e dela depende a aprovação. É nessa hora que muitos ficam nervosos e colocam todo o trabalho a perder. "Não há o que temer. Você trabalhou muito, tem domínio daquele conteúdo e intimidade com o tema", explica a coordenadora de pesquisa e pós graduação da Universidade de Brasília (UnB), professora Dione Moura.
O trabalho de conclusão de curso é um processo demorado e exige dedicação. Dione avalia que o tempo mínimo para a execução de um bom projeto é de um ano. Vai desde a escolha do tema, com o qual o estudante deve ter afinidade, até as últimas revisões de normas e padronizações no texto. É o caso de Reinaldo Navarro, 27 anos, que acaba de se formar em arquitetura. Para concluir o curso ele preparou durante dois semestres um projeto de revitalização do estádio Serejão, de Taguatinga. "São duas disciplinas que chamamos de Diplô 1 e 2. Uma para os estudos preliminares e fundamentação teórica, e outra para a execução do projeto", explica Reinaldo. E ele garante que é trabalhoso. "Foram várias madrugadas sem dormir", lembra. O aluno propôs uma grande reforma, com aumento da área coberta, criação de bares, lanchonetes e instalações para a imprensa, além de melhorias no acesso da torcida ao local. "Ele fez um importante trabalho de pesquisa e se dedicou muito", avalia a professora e ex-coordenadora do curso de arquitetura, Gabriela de Souza Tenorio.
Uma figura fundamental durante a elaboração do TCC é o orientador. É ele quem vai dar as diretrizes para o aluno trabalhar. "Ele é praticamente o co-autor do projeto, responsabiliza-se pela pesquisa tanto quanto o estudante. Por isso é importante ter cuidado na hora de escolher que irá guiar a pesquisa", alerta Dione. O aluno Diego Iraheta, recém-formado em comunicação, diz ter levado em consideração o ritmo de trabalho e a especialidade do professor na hora da escolha.
Em parceria com a colega Ana Guerreiro, ele fez um programa de rádio com alunos cotistas da UnB. "Sabia que a minha orientadora era rígida e isso ia me dar uma maior disciplina para desenvolver o projeto. Além disso a área dela é o radiojornalismo. A convivência foi tanta que ela passou não só a me aconselhar no projeto, mas na minha vida pessoal e afetiva", brinca Diego. Com o projeto, os dois estudantes queriam dar voz a uma parcela da população que geralmente não possui representatividade nos meios de comunicação. "Sempre me interessei pelo tema, desde o ensino médio. Li muito, discuti com vários professores, pesquisei e acabei me tornando um defensor das políticas afirmativas", relata. A afinidade com o tema é essencial para o resultado final. O aluno deve escolher uma área pela qual tem interesse ou já desenvolveu algum projeto durante a graduação.
Alguns cursos exigem um formato diferente de apresentação. Os trabalhos de conclusão de curso de 15 estudantes de artes plásticas formam a exposição Identidades, em cartaz na galeria Espaço Piloto da UnB até 19 de agosto. Patrícia Gladys e João Angelini desenvolveram um trabalho em vídeo que é resultado de vários outros projetos desenvolvidos ao longo da graduação. "É uma continuação de trabalhos anteriores, carrega a memória dos outros", conta a estudante que montou o seu vídeo a partir de recortes em películas de filme. Além do produto, os alunos também tem que apresentar uma monografia.
"Pesquisei teóricos e artistas que desenvolveram trabalhos na área", conta João. Seu TCC é o último vídeo de uma série que trata da música como fenômeno visual. Alguns deles chegaram a ser premiados em mostras como o Festival do Minuto.
COMPRA DE MONOGRAFIA
Em uma rápida busca pela internet, é possível encontrar dezenas de sites de venda de trabalhos acadêmicos. São oferecidos desde monografias de conclusão de curso até teses de dissertação em pós-graduação. "Profissionalizar-se com um trabalho fraudado não é uma alternativa sem custos. O estudante corre o risco de ser descoberto posteriormente e ter o diploma cassado", alerta o professor Carlos Pio, do Instituto de Relações Internacionais da UnB. Em 2001, ele reprovou um grupo de 12 alunos de um curso de especialização após a constatação de plágio em um dos trabalhos. O professor Carlos Resende, avalia ser importante o papel do orientador para evitar casos como estes. "Ele deve acompanhar o trabalho do aluno capítulo por capítulo.
Se o estudante chegar com o trabalho todo feito, algo pode estar errado ", alerta. Para Carlos, o plágio envolve não apenas questões judiciais, mas também éticas. "Juridicamente, não é errado você vender o trabalho. Mas a partir do momento em que o aluno coloca o nome dele em algo que não fez, torna-se crime. Além disso, é uma quebra de acordos éticos com a instituição", afirma.
Dispensados
Mas nem todos os alunos são obrigados a passar pela a etapa antes de se formarem. No curso de relações internacionais, por exemplo, os estudantes precisam cumprir as disciplinas obrigatórias mas não é necessário apresentar monografia ou qualquer outro tipo de TCC para chegar ao diploma. Também na medicina, não há essa exigência. A monografia é optativa e exigida em apenas algumas disciplinas. A avaliação para concluir o curso se dá de outra forma. "No último ano os alunos passam por avaliações escritas e orais em cada uma das disciplinas do internato: pediatria, clínica médica, ginecologia, cirurgia e medicina social", explica a coordenadora do curso, Celeste Aída Silveira.
Alunos e professores avaliam que o TCC é uma parte importante da formação. "Você está expondo o seu trabalho, dando a cara a tapa para mostrar o que você aprendeu durante a graduação", reflete Reinaldo. Dione acrescenta que o projeto final pode ser uma forma de inclusão no mercado de trabalho. "Se o aluno se dedicar bastante, o trabalho se torna um portfólio profissional em que ele mostra que está qualificado para exercer a profissão", pondera. Mas para alguns, o projeto não é o fator determinante para decidir se o formando está ou não apto a receber o diploma. "A avaliação se dá ao longo do curso, não é um semestre que determina se você está pronto ou não. De qualquer forma é uma etapa e uma oportunidade para aprender como se faz um trabalho acadêmico", acredita Patrícia.
Odeio a Abnt
Um fantasma costuma atormentar a vida de quem está desenvolvendo a monografia: a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). É ela quem determina uma série de regras de padronização que devem ser seguidas à risca em textos acadêmicos e pesquisas. Existe até uma comunidade no site de relacionamentos virtuais, o Orkut, que congrega mais de 89 mil participantes que "odeiam a ABNT". "Não é um bicho de sete cabeças. Se o aluno ler com atenção a norma aprende e não erra mais", diz Dione. O professor Marcos Resende, que orienta trabalhos finais no curso de direito do Centro Universitário de Brasília (UniCeub), atenta também para a linguagem utilizada. "O português deve ser claro e fluido. É importante que o estudante aprenda a fazer um trabalho técnico, a monografia deve ser correta no conteúdo e na formalidade", avalia.
- Para saber mais: www.abnt.org.br.
Com fazer um bom trabalho
Escolha um tema com o qual você tenha afinidade ou interesse. Comece fazendo uma primeira investigação sobre o que já foi estudado e quais são as possibilidades de você oferecer novas reflexões sobre o tema. Converse com especialistas da área e leia pesquisas sobre o assunto.
Comece com antecedência. Um trabalho feito de improviso provavelmente não renderá bons resultados.
O orientador é uma figura de extrema importância durante o processo. Escolha alguém da área ou com quem tenha afinidade. Ele é tão responsável pela pesquisa quanto o aluno.
Estabeleça junto com o orientador um cronograma de trabalho para organizar melhor cada etapa do processo.
Tenha disciplina e regularidade no contato com o orientador.
- Faça um orçamento do que irá gastar. Livros, materiais de laboratório e até mesmo viagens de campo podem encarecer o custo do trabalho e impossibilitar sua realização.
Na hora da apresentação, mantenha a calma. Ninguém conhece mais o seu trabalho do que você mesmo. Fale pausadamente para demonstrar segurança. É importante também fazer um roteiro para não extrapolar o tempo da apresentação. Chegue com antecedência para preparar equipamentos como computador, slides e aparelhos de TV e vídeo.
[Correio Braziliense]
Antes de conseguir o diploma, muitos estudantes precisam enfrentar o último desafio: o trabalho de conclusão de curso (TCC). Além de cumprir todas as disciplinas obrigatórias do currículo, algumas graduações exigem ainda que o aluno apresente um projeto final que pode ser prático ou téorico. Em alguns casos, é necessário defender o estudo em uma banca, assim como é feito para conseguir a titulação no mestrado e no doutorado. Essa banca, geralmente composta por professores e especialistas da área, irá avaliar o aluno e dela depende a aprovação. É nessa hora que muitos ficam nervosos e colocam todo o trabalho a perder. "Não há o que temer. Você trabalhou muito, tem domínio daquele conteúdo e intimidade com o tema", explica a coordenadora de pesquisa e pós graduação da Universidade de Brasília (UnB), professora Dione Moura.
O trabalho de conclusão de curso é um processo demorado e exige dedicação. Dione avalia que o tempo mínimo para a execução de um bom projeto é de um ano. Vai desde a escolha do tema, com o qual o estudante deve ter afinidade, até as últimas revisões de normas e padronizações no texto. É o caso de Reinaldo Navarro, 27 anos, que acaba de se formar em arquitetura. Para concluir o curso ele preparou durante dois semestres um projeto de revitalização do estádio Serejão, de Taguatinga. "São duas disciplinas que chamamos de Diplô 1 e 2. Uma para os estudos preliminares e fundamentação teórica, e outra para a execução do projeto", explica Reinaldo. E ele garante que é trabalhoso. "Foram várias madrugadas sem dormir", lembra. O aluno propôs uma grande reforma, com aumento da área coberta, criação de bares, lanchonetes e instalações para a imprensa, além de melhorias no acesso da torcida ao local. "Ele fez um importante trabalho de pesquisa e se dedicou muito", avalia a professora e ex-coordenadora do curso de arquitetura, Gabriela de Souza Tenorio.
Uma figura fundamental durante a elaboração do TCC é o orientador. É ele quem vai dar as diretrizes para o aluno trabalhar. "Ele é praticamente o co-autor do projeto, responsabiliza-se pela pesquisa tanto quanto o estudante. Por isso é importante ter cuidado na hora de escolher que irá guiar a pesquisa", alerta Dione. O aluno Diego Iraheta, recém-formado em comunicação, diz ter levado em consideração o ritmo de trabalho e a especialidade do professor na hora da escolha.
Em parceria com a colega Ana Guerreiro, ele fez um programa de rádio com alunos cotistas da UnB. "Sabia que a minha orientadora era rígida e isso ia me dar uma maior disciplina para desenvolver o projeto. Além disso a área dela é o radiojornalismo. A convivência foi tanta que ela passou não só a me aconselhar no projeto, mas na minha vida pessoal e afetiva", brinca Diego. Com o projeto, os dois estudantes queriam dar voz a uma parcela da população que geralmente não possui representatividade nos meios de comunicação. "Sempre me interessei pelo tema, desde o ensino médio. Li muito, discuti com vários professores, pesquisei e acabei me tornando um defensor das políticas afirmativas", relata. A afinidade com o tema é essencial para o resultado final. O aluno deve escolher uma área pela qual tem interesse ou já desenvolveu algum projeto durante a graduação.
Alguns cursos exigem um formato diferente de apresentação. Os trabalhos de conclusão de curso de 15 estudantes de artes plásticas formam a exposição Identidades, em cartaz na galeria Espaço Piloto da UnB até 19 de agosto. Patrícia Gladys e João Angelini desenvolveram um trabalho em vídeo que é resultado de vários outros projetos desenvolvidos ao longo da graduação. "É uma continuação de trabalhos anteriores, carrega a memória dos outros", conta a estudante que montou o seu vídeo a partir de recortes em películas de filme. Além do produto, os alunos também tem que apresentar uma monografia.
"Pesquisei teóricos e artistas que desenvolveram trabalhos na área", conta João. Seu TCC é o último vídeo de uma série que trata da música como fenômeno visual. Alguns deles chegaram a ser premiados em mostras como o Festival do Minuto.
COMPRA DE MONOGRAFIA
Em uma rápida busca pela internet, é possível encontrar dezenas de sites de venda de trabalhos acadêmicos. São oferecidos desde monografias de conclusão de curso até teses de dissertação em pós-graduação. "Profissionalizar-se com um trabalho fraudado não é uma alternativa sem custos. O estudante corre o risco de ser descoberto posteriormente e ter o diploma cassado", alerta o professor Carlos Pio, do Instituto de Relações Internacionais da UnB. Em 2001, ele reprovou um grupo de 12 alunos de um curso de especialização após a constatação de plágio em um dos trabalhos. O professor Carlos Resende, avalia ser importante o papel do orientador para evitar casos como estes. "Ele deve acompanhar o trabalho do aluno capítulo por capítulo.
Se o estudante chegar com o trabalho todo feito, algo pode estar errado ", alerta. Para Carlos, o plágio envolve não apenas questões judiciais, mas também éticas. "Juridicamente, não é errado você vender o trabalho. Mas a partir do momento em que o aluno coloca o nome dele em algo que não fez, torna-se crime. Além disso, é uma quebra de acordos éticos com a instituição", afirma.
Dispensados
Mas nem todos os alunos são obrigados a passar pela a etapa antes de se formarem. No curso de relações internacionais, por exemplo, os estudantes precisam cumprir as disciplinas obrigatórias mas não é necessário apresentar monografia ou qualquer outro tipo de TCC para chegar ao diploma. Também na medicina, não há essa exigência. A monografia é optativa e exigida em apenas algumas disciplinas. A avaliação para concluir o curso se dá de outra forma. "No último ano os alunos passam por avaliações escritas e orais em cada uma das disciplinas do internato: pediatria, clínica médica, ginecologia, cirurgia e medicina social", explica a coordenadora do curso, Celeste Aída Silveira.
Alunos e professores avaliam que o TCC é uma parte importante da formação. "Você está expondo o seu trabalho, dando a cara a tapa para mostrar o que você aprendeu durante a graduação", reflete Reinaldo. Dione acrescenta que o projeto final pode ser uma forma de inclusão no mercado de trabalho. "Se o aluno se dedicar bastante, o trabalho se torna um portfólio profissional em que ele mostra que está qualificado para exercer a profissão", pondera. Mas para alguns, o projeto não é o fator determinante para decidir se o formando está ou não apto a receber o diploma. "A avaliação se dá ao longo do curso, não é um semestre que determina se você está pronto ou não. De qualquer forma é uma etapa e uma oportunidade para aprender como se faz um trabalho acadêmico", acredita Patrícia.
Odeio a Abnt
Um fantasma costuma atormentar a vida de quem está desenvolvendo a monografia: a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). É ela quem determina uma série de regras de padronização que devem ser seguidas à risca em textos acadêmicos e pesquisas. Existe até uma comunidade no site de relacionamentos virtuais, o Orkut, que congrega mais de 89 mil participantes que "odeiam a ABNT". "Não é um bicho de sete cabeças. Se o aluno ler com atenção a norma aprende e não erra mais", diz Dione. O professor Marcos Resende, que orienta trabalhos finais no curso de direito do Centro Universitário de Brasília (UniCeub), atenta também para a linguagem utilizada. "O português deve ser claro e fluido. É importante que o estudante aprenda a fazer um trabalho técnico, a monografia deve ser correta no conteúdo e na formalidade", avalia.
- Para saber mais: www.abnt.org.br.
Com fazer um bom trabalho
Escolha um tema com o qual você tenha afinidade ou interesse. Comece fazendo uma primeira investigação sobre o que já foi estudado e quais são as possibilidades de você oferecer novas reflexões sobre o tema. Converse com especialistas da área e leia pesquisas sobre o assunto.
Comece com antecedência. Um trabalho feito de improviso provavelmente não renderá bons resultados.
O orientador é uma figura de extrema importância durante o processo. Escolha alguém da área ou com quem tenha afinidade. Ele é tão responsável pela pesquisa quanto o aluno.
Estabeleça junto com o orientador um cronograma de trabalho para organizar melhor cada etapa do processo.
Tenha disciplina e regularidade no contato com o orientador.
- Faça um orçamento do que irá gastar. Livros, materiais de laboratório e até mesmo viagens de campo podem encarecer o custo do trabalho e impossibilitar sua realização.
Na hora da apresentação, mantenha a calma. Ninguém conhece mais o seu trabalho do que você mesmo. Fale pausadamente para demonstrar segurança. É importante também fazer um roteiro para não extrapolar o tempo da apresentação. Chegue com antecedência para preparar equipamentos como computador, slides e aparelhos de TV e vídeo.
[Correio Braziliense]
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