quinta-feira, 15 de maio de 2008

Senso Crítico




Senso Crítico
Sérgio Biagi Gregório

1. CONCEITO
Senso Crítico é a busca da verdade pelo questionamento do “eu” do “outro” e do “mundo”.
2. ESPÍRITO CRÍTICO E ESPÍRITO DE CRÍTICA
Espírito crítico é a atitude amadurecida do homem que busca com seriedade a verdade, suprema virtude da mente.
O espírito crítico pondera razões, confronta motivos, busca o desvelamento da verdade, que tranqüiliza as exigências da razão, dissipa as trevas da ignorância e promove o progresso da mente.
Espírito de crítica é o espírito de contradição.
O espírito de crítica é o indício de uma desorganização mental, de uma superficialidade irresponsável que conduz ao ceticismo, à inanição; nasce do nada e não conduz a coisa alguma, ou nasce da inquietação pessoal e conduz à inquietação de muitos (1).
3. O PAPEL DA FILOSOFIA
A tarefa da Filosofia é desenvolver no estudante o senso crítico, que implica a superação das concepções ingênuas e superficiais sobre os homens, a sociedade e a natureza; concepções essas forjadas pela “ideologia” social dominante.
O resultado desse processo é a ampliação da consciência reflexiva do estudante, voltada para dois setores fundamentais:
- a consciência de si mesmo: crítica de si próprio enquanto pessoa e de seu papel individual e social (autocrítica).
- a consciência do mundo: compreensão do mundo natural e social e de suas possibilidades de mudança (2).
4. ESTIGMA E PRECONCEITO
Nossas concepções ingênuas forjaram “ideologias” e estigmatizaram “povos”.
Não paramos para pensar se as atitudes de alguns indivíduos referem-se ou não à totalidade das pessoas. Exemplo:
- o judeu é ganancioso;
- o negro é indolente;
- os americanos são superficiais.
5. PASSAGEM DO ESPÍRITO NÃO CRÍTICO PARA O ESPÍRITO CRÍTICO
A lei de evolução é inexorável. Neste sentido, podemos passar de uma situação não crítica para uma que seja crítica, da seguinte forma:
- de forma espontânea: quando novas crenças se chocam com as antigas e requerem uma mudança;
- de forma provocada: quando deliberamos por nós mesmos uma mudança em nossos hábitos e atitudes (3).
6. PENSADOR CRÍTICO
O espírito crítico arranca o pensador das limitações da particularidade, situando-o no plano das intencionalidades globais, originárias e finais do movimento da existência.
Para J. Ladrière, a crítica é um recuo em direção ao momento originário da existência e também um mergulho na obscuridade do futuro, na tentativa de discernir as melhores possibilidades do devir.
A crítica consiste “num discernimento, num esforço de separar o que pode ser reconhecido como válido daquilo que não o é, a fim de reencontrar as orientações autênticas das intencionalidades constitutivas” (4).
7. SENSO CRÍTICO NA ÓTICA ESPÍRITA
Podemos vê-lo, dentro da ótica espírita, sob três aspectos:
1º) vias de inspeção: as informações nos chegam através das percepções sensoriais e das extra-sensoriais. Passam, primeiramente, pelo corpo físico; depois, pelo corpo perispiritual, e, por último, chegam ao Espírito propriamente dito. O senso crítico está localizado no Espírito, que faz a seleção de tudo o que lhe chega, enviando de volta, como crítica conceituada.
2º) herança e automatismo: o princípio inteligente estagiando no reino mineral adquiriu a atração; no reino vegetal, a sensação; no reino animal o instinto; no reino hominal, o livre-arbítrio, o pensamento contínuo e a razão. Hoje, somos o resultado de toda essa herança cultural.
3º) a evolução é do Espírito: a lei do progresso exige que o princípio inteligente vá-se despojando dos liames da matéria. Para que tenhamos um olhar crítico, devemos libertar-nos da obscuridade da matéria, consubstanciada no egoísmo, no orgulho e no interesse próprio (5).
O Espiritismo auxilia-nos a pensar criticamente, porque enfoca o ser no seu sentido global, ou seja, relaciona-o às existências anteriores.
SENSO CRÍTICO E ESPIRITISMO
Senso crítico - é a busca da verdade pelo questionamento do “eu”, do “outro” e do “mundo”. Tenciona-se, com isso, superar as concepções ingênuas formadas pela “ideologia” dominante.
O espírito crítico distingue-se do espírito de crítica. No primeiro, procura-se a verdade de forma amadurecida, ou seja, estimula-se o progresso mental, pela ponderação de razões e discussão de motivos. No segundo, desenvolve-se o espírito de contradição, não no sentido positivo, mas no sentido de que, uma vez estabelecida a inquietação pessoal, passa-se à inquietação de muitos. Há que se evitar a crítica contumaz e leviana.
O pensador crítico afasta-se das limitações particulares e impulsiona o seu pensamento para as generalizações da existência. Não perde tempo com questiúnculas, tratando, exclusivamente, dos aspectos relevantes da evolução do ser. Direciona seu entendimento não somente para o futuro obscuro, tentando captar o seu devir, como também para o passado, buscando suas origens. Neste vai-e-vem não esquece o presente, vivendo-o intensamente, com todas as forças de sua alma.
O senso crítico, segundo o espiritismo, é realizado pelo Espírito. Como se explica? Há percepção sensorial e percepção extra-sensorial. Nossa mente capta as sensações e transmite-as ao perispírito. Este, por sua vez, envia-as ao Espírito, que faz a crítica e retorna-as, em seguida, como crítica conceituada. A essência espiritual é a herança de todas as encarnações e, de acordo com nossas vivências anteriores, podemos ser mais ou menos ricos de inteligência e de moral.
O princípio inteligente, na sua escalada evolutiva, adquiriu a atração no reino mineral; a sensação, no reino vegetal; o instinto, no reino animal; o pensamento contínuo, a razão e o livre-arbítrio, no reino hominal. Disso resulta os automatismos de nossa existência, em que a linguagem, o tato e a locomoção são os aspectos positivos, e os vícios e defeitos, os negativos. Na presente encarnação, temos de nos esforçar para estimular os atos bons, reprimindo, em contrapartida, os maus.
A evolução é do Espírito. Para que possamos melhorar o nosso "olhar crítico", temos de nos despojar dos automatismos negativos. Essa atitude, tornando-se constante, libera a nossa mente para a compreensão das essências mais puras do nosso ser.
QUESTÕES
1) O que é senso crítico?
2) Qual a distinção entre espírito crítico e espírito de crítica?
3) Qual o papel da Filosofia?
4) Como se dá a passagem do espírito não crítico para o crítico?
TEMAS PARA DEBATE
1) É fácil adquirir o olhar crítico? Em caso contrário, o que dificulta tal aquisição?
2) O pensador crítico e as generalizações da existência. Comente.
3) Relacione senso crítico e Espiritismo.
4) Para que possamos melhorar o nosso “olhar crítico”, temos de nos despojar dos automatismos negativos?
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
(1) RUIZ, J. A. Metodologia Científica - Guia para Eficiência nos Estudos. São Paulo: Atlas, l979.
(2) COTRIM, G. Fundamentos da Filosofia para uma Geração Consciente. Elementos da História do Pensamento Ocidental. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 1990.
(3) BORNHEIM, G. A. Introdução ao Filosofar - O Pensamento em Bases Existenciais. 7. ed. Rio de Janeiro: Globo, 1986.
(4) LADRIERE, J. Filosofia e Práxis Científica. Rio de Janeiro: Francisco Alves, l978 ( Episteme).
(5) XAVIER, F. C. e VIEIRA, W. Evolução em Dois Mundos, pelo Espírito André Luiz, 4. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1977.
São Paulo, fevereiro de 1998
Fonte: href="http://www.ceismael.com.br/filosofia/filosofia034.htm">http://www.ceismael.com.br/filosofia/filosofia034.htm

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