Quantos gênios se perderam, quantos homens admiráveis se destruíram, por não saberem viver com a mesma inteligência que aplicavam em suas artes! Caravaggio comportou-se como um indigente, morreu como tal; Oscar Wilde jogou sua vida fora por um amor bandido; Nietzsche enlouqueceu. Da mesma forma, homens e mulheres que apreciamos por sua erudição e conhecimento parecem crianças diante da vida, apresentando uma imaturidade que jamais esperaríamos deles.
O fato é que muitas pessoas são inteligentes, o suficiente, para compreender a realidade, mas não para colocarem-se diante dela; são instruídas, esclarecidas e, não poucas vezes, materialmente bem sucedidas, porém, sua inteligência não é suficiente para lhes permitir gozar uma vida bem vivida.
A verdade é que ter conhecimento não garante saber passar bem pela existência. A pessoa pode ter lido muitos livros, estudado as ideias dos grandes pensadores, aprendido sobre a natureza e o comportamento dos homens e, ainda assim, sua própria vida ser um desastre.
Isso porque, mais do que entender a vida, é preciso saber vivê-la. O que falta para muita gente não é conhecimento, mas sabedoria existencial. Se, como tratei em um outro texto, inteligência é a capacidade de ler a realidade e compreendê-la, a sabedoria existencial significa, a partir dessa compreensão, saber posicionar-se diante dessa realidade.
O sábio existencial não é simplesmente carregado pela maré das circunstâncias, nem encalha no monte de problemas que surgem invariavelmente. Pelo contrário, toma o leme da própria vida nas mãos, decidindo como navegá-la e para qual destino ir. Em suma, ele sabe viver.
A sabedoria existencial é, no fim das contas, ser capaz de ajustar-se às circunstâncias, de fazer da vida algo útil e proveitoso. Quem a tem, enfim, faz tudo valer a pena, pois não se debate contra a vida, mas extrai o melhor dela, pois sabe encontrar nela sentido, satisfação, alegria e – o mais importante – uma razão para viver.
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