Cresce a influência do islã e da Rússia na direita europeia e norte-americana
O milionário muçulmano Zia Yusuf, que no ano passado arrecadou cerca de £ 32 milhões (R$ 229 milhões) após vender aplicativo de luxo Velocit Black fundado por ele, fez uma doação de centenas de milhares de libras para o partido Reform UK, do famoso ex-eurodeputado conservador Nigel Farage. Yusuf considera Farage como a única pessoa capaz de consertar o Reino Unido. Esta foi a maior doação feita ao partido até o momento e uma das “vantagens” dessa doação, segundo analistas, é a de que irá irritar a militância woke, que tinha buscando acusar Farage de islamofobia após algumas declarações polêmicas que ele fez.
Há algum tempo atrás, recordei aqui que Farage se tornou o porta-voz da luta contra a “cultura do cancelamento”, depois de ter virado alvo da polícia belga no episódio do evento NatCon (Nationalist Conservative), que reunia conservadores do mundo inteiro, além de uma influente parcela de propagandistas russos, o que não parece ter sido problema.
Ao mesmo tempo, a direita alemã começa a ver os imigrantes muçulmanos com melhores olhos do que os norte-americanos ou “atlantistas”. Pelo menos os islâmicos são “tradicionais”. O principal partido de direita alemão, o AfD (Alternativa para a Alemanha), vem se aproximando publicamente da Rússia, enquanto também flerta com o islã, com seus membros se convertendo à religião de Maomé. Uma diferença abissal com declarações anteriores, como uma de 2016, quando o AfD declarou que o islamismo era incompatível com a Constituição alemã. O que mudou em tão pouco tempo?
A Rússia sempre utilizou a população muçulmana, que se deixou utilizar-se por interesses em comum. Atualmente, uma das maneiras pelas quais a Rússia tem demonstrado necessidade de cooperação com o Islã, é através das raízes das terras do seu antigo e atual território. A principal plataforma politico-religiosa do momento para o Kremlin é o multiculturalismo religioso perenialista, capaz de unir as diferentes religiões existentes no extinto império que Putin quer restaurar. Para isso é preciso uma certa dose de relativismo político e explica o uso de agentes muçulmanos trabalhando para o Kremlin na Europa. Em uma eventual invasão russa a nações europeias, o incrível contingente de imigrantes muçulmanos injetados na Europa pode ser decisivo.
Eleição nos EUA
Os que pensam que a eventual eleição de Trump poderia mudar isso, podem estar bem enganados. O vice de Trump, J D Vance, já se mostrou abertamente pró-Rússia, o que não significa que conheça aprofundadamente todos os planos e projetos do Kremlin, é claro. Mas, da mesma forma, Trump já anunciou que negociaria com Putin, de quem é próximo, para o fim imediato da guerra. Não é preciso pensar muito para concluir que a única maneira de dar fim a esta guerra com apenas uma conversa será uma conciliação que dará à Rússia parte do território ucraniano. Alguns podem achar que isso está bom “pela paz”. Mas apenas alimentara o monstro insaciável da Rússia, que avançará com ainda mais ódio contra o Ocidente, pois sua guerra não é um “negócio”, como Trump pensa, que pode ser resolvida numa conversa. Trump, como empresário, pensará que teve êxito, pois o êxito no mundo empresarial se resume ao acordo. Já Putin, que acredita ser o condutor de toda a história do império russo, saberá que o acordo com Trump será apenas um passo atrás para pegar impulso.
Direita brasileira
Pior que a direita europeia, que se alinha aos seus próprios inimigos achando que os vencerá com a ajuda deles mesmos, só mesmo a direita brasileira, que ainda aposta no bolsonarismo, lutando para fazer memes contra o governo ou para ajudar na imagem pública de Bolsonaro e seus filhos, caçando gafes de Lula nas redes, rindo da esquerda. Mas esta é apenas a parte irrelevante da direita. A parte relevante, que está realmente trabalhando, é alinhada a Rússia da cabeça aos pés, entrincheirada em redações de jornais conservadores e canais do youtube, falando de história, civilizações etc, ou análises politicas do dia que, quando menos se espera, traz um convidado com as mãos sujas com o sangue das vítimas de Stalin e Hitler para servir a mesa dos seus seguidores incautos. Estes se deliciam com a refeição sem nem suspeitar do que estão comendo.
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