“Se você quiser construir um barco, reúna seus homens, mas não os mande para a floresta derrubar árvores, serrar os troncos, pregar as tábuas. Em vez disso, ensine-os a desejar o mar.” Antoine de Saint Exupéry.
A metáfora produzida pelo escritor francês ilustra bem o conceito de motivação. A palavra motivação é derivada da palavra em latim movere, que significa mover para realizar determinada ação. Ou seja, como seres humanos precisamos de motivos para realizar algo.
Nesse sentido, a motivação é de natureza individual. Portanto, líderes não motivam pessoas. Líderes podem e dever criar condições favoráveis para o que melhor das pessoas possa ser posto em prática.
Existem diferentes teorias sobre a motivação. Basicamente, as teorias são divididas em dois grupos: teorias de processo e teorias de conteúdo.
As Teorias de Conteúdo tem como foco os fatores que motivam as pessoas. Dentre as mais conhecidas abordagens estão a teoria da hierarquia das necessidades, desenvolvida por Maslow e a teoria de McClelland.
A teoria de Maslow procurou organizar as necessidades humanas em ordem hierárquica, conforme figura a seguir. Segundo o autor, as pessoas são motivadas pelo desejo de satisfazer cinco tipos de necessidades: básicas, segurança, sociais, estima e auto realização.
De maneira geral, as necessidades localizadas na base da pirâmide precisam ser primeiramente atendidas, antes do atendimento das necessidades que se encontram próximas ao topo.
Figura 6 – Hierarquia das Necessidades de Maslow
Necessidades Básicas: as necessidades básicas ou fisiológicas referem-se à sobrevivência. Neste grupo enquadram-se as necessidades de água, alimento e abrigo. Neste caso, aplicando-se ao mundo do trabalho a presença dos fatores, por si só, não é um fator motivacional; entretanto, por exemplo, se o salário recebido não for suficiente para arcar com as necessidades mais básicas a motivação será afetada.
Necessidades de Segurança: as necessidades de segurança referem-se às necessidades de proteção das pessoas, quanto a sua integridade física e psicológica. O emprego e a própria proteção contra sua perda encontram-se neste grupo.
Necessidades Sociais: as necessidades sociais envolvem a interação e relação com outras pessoas. Uma vez que, as necessidades básicas e de segurança estão satisfeitas os indivíduos procuram atender suas necessidades de afiliação, amizade e de aceitação por parte da comunidade, grupos ou equipes as quais pertence.
Necessidades de Estima: neste grupo estão incluídas as necessidades de reconhecimento por si mesmo e pelos outros. A realização pessoal, o desejo de status e poder se enquadram neste campo. Nesta categoria, as pessoas podem ser influenciadas pelo reconhecimento organizacional, materializado em recompensas adicionais ou pelo status conferido.
Necessidades de Auto Realização: neste grupo estão inclusas as necessidades de maximização das competências e aptidões pessoais. Localizado no topo da pirâmide este grupo de necessidades busca desafiar o indivíduo. O objetivo maior está voltado para a realização de grandes desafios ou contribuições, ultrapassando o atendimento das necessidades anteriores.
Outra Teoria de Conteúdo amplamente desenvolvida é a Teoria de McClelland. Segundo McClelland, as necessidades podem ser agrupadas em três grandes grupos: realização, filiação e poder, conforme pode ser visualizado na tabela abaixo:
Tabela 1: Teoria de McClelland
Necessidade | Descrição |
Realização | Necessidade de sucesso, conforme padrões de excelência. Foco na concorrência. |
Filiação | Necessidade de ser aceito e bem quisto pelos outros. Foco no relacionamento. |
Poder | Necessidade de exercer comando e influência sobre outras pessoas. |
Já as teorias de processo procuram explicar como funciona a motivação. Dentre as existentes, cabe destacar a Teoria da Fixação de Objetivos.
Segundo esta teoria, desenvolvida por Edwin Locke, os indivíduos reforçam sua motivação, por meio do estabelecimento, busca e alcance de objetivos.
Conforme os trabalhos desenvolvidos por Locke, há fatores que afetam o comprometimento com os objetivos, como destacado por Hitt, Miller e Colella na obra Comportamento Organizacional – Uma Abordagem Estratégica.
- O objetivo é estabelecido por uma pessoa que tenha autoridade para tal.
- Recompensas e punições são vinculadas ao alcance dos objetivos.
- O objetivo fomenta um sentido de realização pessoal e um potencial para o desenvolvimento.
- A pessoa que estipula o objetivo é percebida como confiável.
- A pessoa que estipula o objetivo é incentivadora, e promove a eficácia pessoal.
- Os trabalhadores considerados como padrões estão comprometidos com o objetivo.
- A pessoa que estipula o objetivo fornece uma argumentação racional para o mesmo.
Há ainda, segundo os mesmos autores, fatores que fazem crescer este desejo:
- Existe um elevado nível de eficácia pessoal na tarefa.
- Existem exemplos de modelos bem-sucedidos.
- A tarefa não é incrivelmente difícil.
- A expectativa de sucesso é elevada.
- Existe concorrência com outras pessoas.
Uma vez que tenhamos observado algumas das teorias de motivação, sejam estas de conteúdo ou processo, podemos ter a impressão de estarmos diante de questões apenas teóricas. Contudo, não há nada melhor para uma prática eficaz do que uma boa teoria. Ou seja, as teorias contribuem e facilitam nosso entendimento acerca da complexa natureza humana.
Em adição, de maneira prática, como líderes por meio da luz alçada pelas teorias, podemos estabelecer mecanismos e ações que impulsionem a motivação de nossas equipes.
Neste sentido, em acordo com as teorias descritas, ambientes de trabalho que proporcionem, entre outros fatores: recompensas individuais diferenciadas e vinculadas ao desempenho; condições para que indivíduos e equipes possam remodelar seus trabalhos; e objetivos claros e contrapartidas atreladas aos mesmos, tendem a proporcionar maior sucesso na influência e desenvolvimento das pessoas.
“Homens e Mulheres desejam fazer um bom trabalho. Se lhes for dado o ambiente adequado, eles o farão”. (Bill Hewlett – Fundador da HP).
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