Chanakya Pandita
Chanakya Pandita foi um brahmana erudito, perito nas artes da política e diplomacia e, por isso, foi também conhecido como Kautilya, que significa ‘diplomata’. Sua fama, seus pensamentos e máximas estão estabelecidos na herança cultural da Índia. Ele viveu no século III a.C., na Índia, totalmente dividida em pequenos reinos, inimigos entre si, e assim presa fácil para os exércitos conquistadores da época.
Naquele tempo, Alexandre, o Grande, da Grécia, vinha conquistando todos os reinos desde a Turquia, o Irã e o Afeganistão. Ele penetrou no subcontinente indiano pelo noroeste, até as margens do Rio Ganges.
Tinha, então, ligações com a corte da dinastia dos Nandas que governavam o território de Magadha (o atual estado de Bihar). Ao perceber que tanto o rei quanto seus ministros eram corruptos, viciados e desqualificados, resolveu procurar um líder ideal que pudesse suceder o trono.
E, na própria corte do rei Nanda, Chanakya Pandita encontrou alguém com tais qualificações. Chamava-se Chandra Gupta Maurya, filho do rei Nanda com uma de suas servas. Era inteligente, corajoso e fisicamente poderoso.
Conta-se que, certa vez, o rei Nanda ofendeu Chanakya Pandita. Este prometeu, então, não mais amarrar sua longa sikha (tufo de cabelo que os brahmanas deixam crescer na parte de trás da cabeça), até que a família real degradada fosse destituída do poder. O que conseguiu com muita habilidade política. Os próprios membros da corte eliminaram-se uns aos outros por causa de intrigas. Por fim, o trono ficou vago, para que o jovem Chandra Gupta assumisse.
Chanakya Pandita foi ministro do rei Chandra Gupta, mas ele não participava da vida palaciana. Optou por uma vida renunciada numa cabana, perto do palácio. E, quando o rei insistia em que aceitasse opulência material, ele ameaçava partir.
Instruído por Chanakya Pandita, Chandra Gupta reunificou o reino e enfrentou, com sucesso, o poderoso invasor grego Alexandre, o Grande. Assim, estabeleceu o primeiro grande império da Índia, que se estendia desde a Pérsia até o sul do atual estado de Karnataka.
Chanakya Pandita escreveu alguns livros. Um deles, o Artha Shastra, expõe as ciências política, social e econômica. Escreveu também o famoso Niti Shastra, que contém um código de ética, máximas sobre uma visão muito realista da vida e conselhos muito práticos.
A seguir algumas das máximas do Niti Shastra:
Um rei e um homem sábio nunca são iguais: um rei é adorado em sua própria pátria, mas um homem sábio é adorado em todos os lugares.
Os parentes não podem dividi-lo, um ladrão não pode roubá-lo, presenteá-lo não o diminui. Certamente, a maior riqueza é a jóia do conhecimento.
Ver a esposa de outrem como mãe, a propriedade de outrem como barro,
ver todos os seres como alguém vê a si mesmo, é essa a visão do sábio.
Não fale muito apressadamente antes de pensar no que vai dizer, veja o lado bom de seu inimigo e não busque falhas no seu guru.
Com perdão, misericórdia e amor, com verdade e com honestidade, com humildade e serviço, alguém pode governar o universo inteiro.
Perda da riqueza, angústia mental, ocorrência horrível em casa, o fato de ter sido enganado e desrespeitado, o homem inteligente não revela nenhuma destas coisas.
Os sentidos soltos são a senda do perigo, os sentidos controlados são a vereda da segurança. Siga o melhor caminho, para o seu próprio benefício.
Se sua mãe não vive em sua casa e sua esposa fala palavras odiosas, então, saia e vá para a floresta, pois, sua casa não é melhor que uma floresta.
A entonação é a beleza dos cucos, a fidelidade, a beleza das mulheres, o conhecimento é a beleza do feio, e o perdão, a beleza dos ascetas.
Olhos nenhum se podem comparar ao conhecimento: austeridade nenhuma se equipara à honestidade; miséria nenhuma se iguala ao apego; e felicidade nenhuma se iguala ao desapego.
Nunca confie em mulheres comuns, rios caudalosos, homens armados, políticos ou nos animais de chifres ou garras pontiagudas.
Um homem sábio pode buscar conhecimento e riqueza, como se estivesse imune à velhice e à morte, mas ele deve executar deveres religiosos, como se a morte estivesse a sua espreita.
Tire néctar, mesmo do veneno, ouro, mesmo de um lugar sujo, conhecimento, mesmo de um camponês, e uma boa esposa, mesmo de uma família comum.
“Isto é meu, aquilo é para os outros”, assim pensam os homens de mentalidade medíocre. Os homens de índole nobre consideram a Terra inteira como uma família.
Ouça agora a essência de toda a religião, e, ao ouvi-la, mantenha-a dentro do seu coração: não faça aos outros aquilo que você não gostaria que eles lhes fizessem.
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