Profissão mestre, por que não?
Marcos Pereira dos Santos (*)
Etimologicamente, a palavra “mestre”, segundo Closs (1977), deriva do latim magister, que significa professor, ou seja, aquele que professa algo, que se dedica à arte de ensinar.
Todavia, nos dias atuais, esse vocábulo tem apresentado outros inúmeros sentidos, tais como: alguém que concluiu um curso de mestrado em alguma área do saber e/ou que exerce a profissão de: mestre-escola, mestre de obras, mestre-cuca, mestre-sala, mestre de cerimônias etc.
Em termos educacionais, ser mestre não se restringe apenas a possuir um título/grau acadêmico de mestrado concedido por uma instituição de Educação Superior (VELLOSO e VELHO, 2001). Ser mestre não é apenas lecionar, transmitir aos alunos determinados conteúdos curriculares programáticos. É também saber caminhar com os educandos passo a passo, desvelando aos mesmos os segredos e percalços da caminhada da escola da vida e da vida na escola.
Ser mestre é ser ‘perito’ em determinado campo do conhecimento, instrutor, orientador, guia, conselheiro, mediador, pacificador, amigo e companheiro. É sonhar o sonho dos aprendizes e ser exemplo de dedicação, respeito, doação, ética, moral, humildade, paciência, justiça, amor ao próximo, dignidade etc. É ser um pouco de profeta, poeta, pai, mãe, irmão, terapeuta, psicólogo entre tantas outras coisas (...).
Ser mestre é ser muito mais do que apenas bacharel, licenciado, professor, docente ou educador. Ser mestre é saber compartilhar experiências e saberes, alegrar-se com as conquistas dos alunos e apoiá-los em seus momentos difíceis. É ser ensinante-e-aprendente, isto é, dodiscente (PIENTA et al, 2005). Mas, é também ser apóstolo, discípulo, missionário; e usar de autoridade quando necessário, sem autoritarismo.
Nesse contexto, o mestre que caminha à sombra do templo rodeado de discípulos não dá somente de sua sabedoria (conhecimento teórico e prático), mas também de sua fé e ternura. Se ele for verdadeiramente sábio, não os convidará a entrar na mansão de seu saber; mas, antes, os conduzirá ao limiar de suas próprias mentes. Sendo assim, pode-se dizer que mestre não é aquele que simplesmente apresenta um caminho novo, mas aquele que mostra como algo novo o jeito de caminhar.
Dizemos isso, porque há mestres de todo tipo: uns que nos falam e nós não ouvimos; alguns que nos tocam e não sentimos; outros que nos “ferem” e nem cicatrizes deixam. Mas, há também aqueles que marcam profundamente, com palavras e ações, a vida de seus alunos. Ser mestre é coisa séria! Uns são apenas homens; outros, professores; poucos são verdadeiramente mestres. Aos primeiros, escuta-se; aos segundos, respeita-se; aos últimos, segue-se.
De uma forma ou de outra, é necessário agradecer a todos: aos que se limitam a ser apenas professores ou somente mestres, nosso respeito; àqueles que simplesmente passam pela vida de seus alunos, nossa compreensão; e àqueles que são mestres por excelência, que dedicam parte de seu precioso tempo e contribuem com sua experiência de vida pessoal, acadêmica e profissional para a formação de cidadãos críticos, reflexivos, criativos, conscientes, responsáveis e comprometidos com a construção de uma sociedade cada vez mais justa, fraterna, equânime e democrática; nosso afeto.
Que possamos, pois, assumir com amor e afinco o grande desafio que constitui o ato de educar, de tudo contribuir no sentido da humanização da Ciência e de fazer dos educandos o centro de nossa missão como mestres, respeitando-os como seres únicos e ajudando-os a caminhar de modo independente pelas estradas da vida.
Face ao exposto, vê-se quão difícil e gratificante é a tarefa de ser mestre. É uma profissão de extrema importância. Ser mestre é fazer parte da história de ontem, de hoje e do amanhã. Enfim, ser mestre é ser um pouco de tudo isso e muito além disso (...). “É ser o início, o meio e nunca o fim” (SANTOS, 2012, p.92). Eis, portanto, o verdadeiro sentido de ser mestre.
A todos os mestres, educadores, docentes e professores do Brasil e do mundo, nossa solene e sincera homenagem. Que todos os profissionais da educação possam ser devidamente respeitados e valorizados, tanto pelas autoridades governamentais quanto pela própria sociedade em geral. Que o DIA DO PROFESSOR não fique restrito apenas à data de 15 de outubro. Trata-se apenas de um dia ‘comemorativo’ previsto em calendário escolar, e nada mais. Pensemos nisso!
Referências
CLOSS, D. Os graus de mestre e doutor nas instituições de ensino norte-americanas. Brasília: Editora da UnB, 1977.
PIENTA, A. C. G. et al. Educação, formação profissional docente e os paradigmas da ciência. In: Revista Olhar de Professor. Ponta Grossa: Editora da UEPG, v.8, n.2, p.93-106, jul./dez., 2005.
SANTOS, M. P. Operação docente. In: VÁRIOS AUTORES. Antologia de poesias, contos e crônicas. São Paulo: All Print Editora, p.91-92, 2012.
VELLOSO, J.; VELHO, L. Mestrandos e doutorandos no país: trajetórias de formação. Brasília: Fundação CAPES/Editora da UnB, 2001.
(*) Marcos Pereira dos Santos é doutorando e mestre em Educação, especialista em Educação Matemática, especialista em Gestão Escolar e licenciado em Matemática pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). Licenciado em Pedagogia pelo Centro Universitário Campos de Andrade (UNIANDRADE). Escritor, poeta, cronista, articulista e pesquisador da área educacional (Formação de Professores, Tecnologias Educacionais e Educação Matemática). Professor adjunto da Faculdade Sagrada Família (FASF), junto a cursos de graduação (bacharelado/licenciatura) e pós-graduação lato sensu, em Ponta Grossa – Paraná. Endereço eletrônico: mestrepedago@yahoo.com.br