quarta-feira, 31 de julho de 2024

Prof. Dr. Fernando Capovilla comenta sobre iniciativas para maior acesso a Libras no Brasil


Autor de mais de 60 livros e 400 trabalhos científicos, o Prof. Dr. Fernando Capovilla tem um extenso currículo que o credencia como um dos principais especialistas na área de desenvolvimento e distúrbios de comunicação e linguagem oral, escrita, e de sinais.

Capovilla é professor Titular da Universidade de São Paulo, presidente da Comissão de Alfabetização do Conselho Nacional de Educação, livre Docente em Neuropsicologia clínica (USP, 2001), PhD em Psicologia (Temple University of Philadelphia, 1984), Mestre em Psicologia da Aprendizagem e do Desenvolvimento (Universidade de Brasília, 1984) e já orientou 50 mestrados e doutorados (Nível 7 da Capes).

Foto: Reprodução da internet

Na entrevista a seguir, o professor recorda os trabalhos pioneiros que realizou a respeito da Língua de Sinais Brasileira (Libras), como estes influenciaram em legislações nacionais em favor das pessoas com surdez ou com deficiência auditiva no Brasil, relembra o processo de avaliação com 9.800 alunos surdos no País e comenta sobre seu trabalho com leitura labial em Português. Capovilla ressalta, ainda, sobre o histórico da comunicação por sinais no Cristianismo.  

O SÃO PAULO – Em 10 de novembro é comemorado o Dia Nacional de Prevenção e combate à surdez. Na avaliação do senhor, além de ser uma data para se alertar sobre hábitos que podem ser danosos à audição, este é um dia que deve envolver quais reflexões a respeito da condição das pessoas surdas no Brasil?

Fernando Cesar Capovilla – O Brasil tem atualmente uma população de 10 milhões de pessoas com surdez ou com deficiência auditiva. Apesar disso, foi apenas em 2001 que o primeiro dicionário da Língua de Sinais Brasileira (Libras) foi publicado. Até então apenas as igrejas mantinham viva a Libras como meio de educação e instrução e cultos e celebrações, nas missas e nos cultos e reuniões em Libras, e no ensino escolar em Libras. No que diz respeito aos sinais e à educação de surdos, as igrejas sempre estiveram à frente de seu tempo. Mas no tempo certo, que é o tempo de Deus. Nas universidades tudo demorou muito mais. A publicação de nosso DICIONÁRIO ENCICLOPÉDICO DA LÍNGUA DE SINAIS BRASILEIRA (LIBRAS) (Capovilla & Raphael, 2001) pela Editora da USP (finalista do Prêmio Jabuti, 2002) deu substância à Libras, permitindo a Lei nº 10.436/2002, que reconhece Libras como veículo de comunicação da população surda brasileira, na gestão Fernando Henrique Cardoso; e, na gestão Luiz Inácio Lula da Silva, o Decreto 5.626, de 2005, que prevê a inserção da Libras como disciplina curricular obrigatória nos cursos de formação de professores para o exercício do magistério, em nível médio e superior, e nos cursos de fonoaudiologia.  Na gestão Lula, nosso dicionário foi distribuído a todas as escolas brasileiras onde estivesse matriculado pelo menos um aluno surdo. Além disso, publicamos 8 volumes de enciclopédia (ENCICLOPÉDIA DA LÍNGUA DE SINAIS BRASILEIRA) com cerca de 8 mil páginas para permitir verter o currículo escolar para alunos surdos desde o início do Ensino Fundamental até o Ensino Superior. Publicamos dois outros dicionários, o NOVO DEIT LIBRAS, e o DICIONÁRIO DA LÍNGUA DE SINAIS DO BRASIL: A LIBRAS EM SUAS MÃOS, que ganhou o prêmio de 1º lugar da Associação Brasileira de Editoras Universitárias (Prêmio ABEU 2018). Todo esse trabalho foi importante para permitir, na gestão Dilma Rousseff, leis como a 13.005 de 25 de junho de 2014 que garante a oferta de educação bilíngue, em Língua de Sinais Brasileira (Libras) como primeira língua e na modalidade escrita da Língua Portuguesa como segunda língua, aos alunos surdos de 0 (zero) a 17 (dezessete) anos, em escolas e classes bilíngues e em escolas inclusivas, nos termos do art. 22 do Decreto nº 5.626, de 22 de dezembro de 2005, e dos arts. 24 e 30 da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência. Possibilitou, por fim, na gestão Jair Messias Bolsonaro, a Lei nº 14.191 de 3 de agosto de 2021 (derivada do  PL proposto pelo Senador Flávio Arns), que altera a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional), para dispor sobre a modalidade de educação bilíngue de surdos. Também temos auxiliado nas políticas em defesa da Libras e da educação bilíngue de surdos no Conselho Nacional da Educação.

Dito isso, aproveitamos para dizer que o “Dia Nacional de Prevenção e Combate à Surdez” deveria ser renomeado para “Dia Nacional de Prevenção à Perda Auditiva Adquirida e Congênita por Fatores Pré-Natais”. Isso porque a Surdez é um fenômeno de dois lados: (1) o lado médico, da deficiência auditiva a ser prevenida e mitigada (e é neste sentido que se inspira a campanha); e (2) o lado linguístico e cultural, o da língua de sinais e cultura surda (teatro em sinais, filme sinalizado, por exemplo). Esse lado cultural e linguístico jamais deve ser prevenido ou combatido, mas apoiado e fomentado, claro. Pois é cultura nativa essencial à educação da maior parte da população escolar surda brasileira. Como é claro que o nome da data comemorativa é feito no espírito louvável e humanitário de prevenção e combate à deficiência auditiva, sugeri ao deputado Diego Garcia, que é sensível aos temas da educação e da surdez, que propusesse ao Ministro da Saúde a mudança do nome do que se comemora no dia 10 de novembro para “Dia Nacional de Prevenção à Perda Auditiva Adquirida e Congênita por Fatores Pré-Natais”, deixando, assim, de lado o termo “Surdez” que, em inicial maiúscula, tem os dois sentidos, em especial o da coletividade de pessoas surdas com sua língua e cultura. O deputado prontamente atendeu à nossa solicitação e encaminhou o referido requerimento ao senhor ministro da Saúde, que deverá examiná-lo nos próximos dias.

Conte-nos sobre seu trabalho com língua de sinais e sobre a importância da Libras

Libras é a língua da população surda brasileira, aquela com que os surdos se comunicam, pensam, oram, sonham. Avaliando pessoalmente o histórico de 9.800 crianças surdas brasileiras, descobrimos que 95% delas nasceram em famílias de ouvintes que desconhecem Libras. Temos feito esforços para fomentar políticas públicas que determinem a criação de escolas de educação infantil sinalizadoras, que acolham as crianças surdas desde o teste da orelhinha e ensinem a auxiliar os pais e familiares a se comunicar com essas crianças surdas no cotidiano do lar. Isso é essencial para o bom desenvolvimento linguístico, cognitivo, emocional, bem como da personalidade e do comportamento social da criança surda. É também importante à felicidade e coesão da família de surdos. Durante 15 anos, avaliamos 9.800 alunos surdos de todo o Brasil, e descobrimos que quanto mais cedo essas crianças têm acesso a Libras, maior tende a ser seu desenvolvimento da linguagem. A criança que tem Libras como Língua Materna pode fazer uso dela para aprender a ler e escrever Português. Quanto maior a competência linguística em Libras, mais facilmente a criança poderá aprender o significado das palavras, de modo a poder ler com compreensão e escrever com significado. Nosso trabalho mostra que a criança surda aprende mais e melhor em escolas bilíngues, em que Libras é usada como veículo de educação e instrução, que nas demais escolas. Por isso, nosso trabalho foi usado como base para subsidiar a criação, na gestão Dilma Rousseff, das Escolas Bilíngues de Educação de Surdos, nas quais Libras é usada como veículo de educação e instrução para aprender Português escrito, e para favorecer a compreensão de todo o conteúdo curricular. Dada a importância de Libras, nos últimos 32 anos temos trabalhado intensamente na área, desenvolvendo pesquisas e publicações devidamente chanceladas pela Coordenação de Cursos de Libras da Federação Nacional de Educação e Integração de Surdos. Nessas três décadas, publicamos três grandes dicionários da Libras premiados nacional e internacionalmente com um total de 7 volumes (cerca de 7 mil páginas), além de uma grande enciclopédia de 8 volumes (com cerca de 8 mil páginas), e de softwares para tradução de sinais entre Libras e Português, dentre muitas outras coisas.

O evangelho de Marcos (7,32-35) descreve o episódio em que Jesus age na vida de um homem surdo e este passa a escutar. Esta passagem bíblica e outras indicam que o ideal da inclusão é parte do Cristianismo. De algum modo a práxis cristã lhe inspirou na escolha dessa atividade profissional e acadêmica que tornou o senhor tão consagrado?

Em Romanos 10,17 Paulo nos diz que “a fé vem por se ouvir a mensagem, e a mensagem é ouvida mediante a palavra de Cristo”. Mas o modo como a palavra de Cristo é recebida não tem a menor importância. O que importa é que seja a palavra dele, como registrada nas Escrituras. A fé vem por receber a mensagem contida nas palavras de Cristo. Essa mensagem pode ser lida diretamente das Escrituras, que é quando ouvimos mentalmente a voz interior proferindo aquelas palavras. Isso evoca a fé. A mensagem pode ser transmitida pela fala de um padre no altar ou de um leitor no púlpito, e recebida por audição ou pela visão pela igreja ou congregação. De fato, a palavra falada do padre ou leigo leitor ao proferir as palavras de Cristo contidas nas Escrituras pode ser recebida por surdos videntes que fazem a leitura orofacial visual dessa fala. Isso evoca a fé.

A palavra falada do padre ou leigo leitor ao proferir as palavras de Cristo contidas nas Escrituras pode, além disso, ser recebida por surdocegos que fazem a leitura orofacial tátil dessa fala, exatamente do mesmo modo que a surdocega Helen Keller fazia e milhões de surdocegos fazem hoje no mundo todo. Isso, certamente, evoca a fé. Nosso Senhor fala a todos, os alfabetizados e os analfabetos, os surdos e os ouvintes, os cegos e os videntes, e os surdocegos. Assim é o nosso Deus, que nos mandou pregar as boas novas a todos os povos e a todas as nações para que todos tenham acesso à salvação.

Em Marcos 16,15, Nosso Senhor nos exorta: “Ide por todo o mundo, pregai o Evangelho a toda criatura.” E em Marcos 13,10, Nosso Senhor diz que “importa que o Evangelho seja primeiramente pregado entre todas as nações.” Fica claro que essa pregação deve se dar na língua de cada um desses povos, como bem sabia Padre Anchieta, que cruzou o Atlântico e subiu a Serra do Mar de batina e agarrado às touceiras, tudo para aprender a língua Tupi dos indígenas, de modo a poder ensiná-los e alfabetizá-los em sua própria língua. De fato, nem todas as criaturas podem ler, nem todas podem ouvir. Há povos e culturas em que a língua falada não existe. Em vez dela, existe língua de sinais. Então, a fé vem do receber sinais. Por isso, desde sempre, o Evangelho nas missas e nos cultos vêm sendo ministrado em sinais. Mas como nem todos os surdos enxergam, a mensagem do Evangelho durante missas e cultos e pregações é ministrada em sinais táteis que são recebidos por surdocegos. Isso é certamente agradável ao Nosso Senhor. Não surpreendentemente a educação de surdos nasceu em mosteiros jeronimistas espanhóis que tinham quase um milhar de sinais monásticos para manter o silêncio beneditino.

O senhor e sua equipe avaliaram 9.800 alunos surdos de 7 a 40 anos de idade em todos os estados brasileiros, durante 20 horas por aluno. Essa pesquisa envolveu 15 anos de trabalho. Quais são as coisas mais importantes descobertas nesse trabalho? Como é possível usar as descobertas para ajudar na educação de crianças surdas no Brasil?

Descobrimos muitas coisas de imenso valor. Por exemplo:

(1) 95% dos surdos nascem em lares de ouvintes que desconhecem Libras, e se essas crianças não tiverem acesso a Libras na Educação Infantil, de nada adianta colocar intérpretes para elas quando forem matriculadas no Ensino Fundamental comum inclusivo;

(2) Quanto mais cedo a criança tem acesso a Libras, melhor se dá seu desenvolvimento, melhor a leitura com compreensão e a escrita com significado, e a idade ideal para ser imerso em comunidade linguística sinalizadora é de 12 a 18 meses, a idade aceitável é entre 1,5 a 3 anos de idade, a idade tolerável é entre 4 e 5 anos;

(3) Crianças surdas aprendem mais e melhor em escolas bilíngues para surdos do que em escolas comuns, mesmo com intérprete;

(4) Crianças com deficiência auditiva aproveitam o ensino nas escolas comum significativamente mais que as crianças surdas; para estas o ideal é uma escola bilíngue integral.

(5) Ao longo do Ciclo 1 (6 a 10 anos de idade) se observa que a criança surda precisará de Libras como principal veículo de Educação e Instrução. Mas à medida que os anos progridem, a carga do Português lido e escrito vai aumentando progressivamente. A criança que tem boa base em Libras pode se beneficiar de ter carga horária em Português cada vez maior, de modo que a partir do Ciclo 2 do Ensino Fundamental, Libras passa a ser usada mais como apoio.

Conte-nos sobre seu trabalho com leitura labial do Português. Como esse trabalho ajuda na educação, alfabetização, e inclusão das crianças?

Mapeamos todos os sons (fonemas) do Português, do mais comum ao mais raro. Mapeamos todas as formas de escrever (grafemas) cada um desses fonemas, da forma mais comum à mais rara. Descobrimos que, na leitura em voz alta, o leitor tende a pronunciar sempre os sons mais comuns para cada segmento das palavras (grafema). Quando as palavras escritas são comuns, há menos erros. Mas quando as palavras são muito raras, então a raridade da pronúncia de um dado segmento da palavra quase sempre provocará um erro de pronúncia. E nesse erro o leitor quase sempre pronunciará um som mais comum quando deveria ter pronunciado um mais raro. Por exemplo, como a pronúncia da letra “x” mais comum é aquela de “bexiga”, e a menos comum é aquela de “exército”, quando a criança em alfabetização tem de ler em voz alta a palavra “êxodo”, ela tende a pronunciar o “x” em “êxodo” do mesmo modo que ela pronunciaria o “x” em “bexiga”. Do mesmo modo, descobrimos que, na escrita sob ditado ouvido, o leitor tende a grafar os sons dos modos mais comuns (isto é, com os grafemas mais comuns para aqueles fonemas). Quando as palavras ouvidas e escritas são comuns, há menos erros. Mas quando as palavras ouvidas são muito raras, então será preciso escrever de ouvido. E nesse caso a raridade da escrita  de um dado segmento da palavra falada quase sempre provocará um erro de grafia. E nesse erro o escritor quase sempre grafará um som do modo mais comum quando deveria grafar de um modo mais raro. Por exemplo, como o som /z/ escrito com “x” é mais raro que o som /z/ escrito com “z”, a criança em alfabetização tende a escrever a palavra “exército” com a letra “z” em vez de com a letra “x”. Descobrimos um modo de prever e de evitar todos os erros de leitura e de escrita de palavras raras do Português. Fizemos o mesmo trabalho com o surdo vidente. Mapeamos todas as formas de boca na fala que ele vê na face das pessoas à sua volta. Descobrimos o grau de legibilidade orofacial visual de qualquer palavra do Português por parte de ouvintes. E como escrever cada forma de boca. Descobrimos um modo de prever e de evitar todos os erros de leitura e de escrita de palavras do Português por parte de surdos videntes. Isso é ciência rigorosa, útil, humanitária. E plenamente alinhada com os dois principais mandamentos que Nosso Senhor nos legou em Mateus 22: 37 e 39: (37) “Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento”. (39) “Amarás o teu próximo como a ti mesmo”.

(Entrevista concedida ao jornalista Daniel Gomes/ O SÃO PAULO)



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5:04 / 24:37 SON OF BHARAT - Full Film (हिंदी - English) ISKCON Srila Prabhupada's Biography by Sri Narendra Modi


1896 – Birth Srila Prabhupada was born Abhay Charan De on 1st September 1896 in Kolkata, West Bengal, India, at about 4pm to father Gaura Mohan De and mother Rajani Devi. 1918 – Marriage Enters married life with Radharani Datta. 1922 – Meets his future spiritual master Meets for the first time Srila Bhaktisiddhanta Sarasvati Thakura – his future initiating spiritual master – who asks him to preach Lord Chaitanya’s mission in the Western countries. 1925 – Visits his spiritual master Visits Vrindavan (the holy land where Lord Krishna spent his childhood) for the first time and hears more from Srila Bhaktisiddhanta Sarasvati Gosvami. 1933 – Receives initiation Receives formal initiation from his spiritual master Srila Bhaktisiddhanta Sarasvati Gosvami. 1935 – Visits his spiritual master Travelled to Vrindavan to see his spiritual master, Srila Bhaktisiddhanta Sarasvati Gosvami, who gave him two essential instructions: print books and build temples. 1944 – Publishes ‘Back to Godhead’ magazine Starts writing and publishing ‘Back to Godhead’ magazine. 1947 – Receives title ‘Bhaktivedanta’ Receives the honorary title of ‘Bhaktivedanta’ from his God-brothers in the Gaudiya Math. 1959 – Awarded sannyasa Awarded sannyasa (the renounced order of life) in Mathura by one of his God-brothers, His Holiness B.P. Kesava Maharaj. 1965 – Voyage to the USA Voyage to the USA aboard the Jaladuta ship lasting one month, during which time he suffers two heart attacks. 1965 – Arrives in America Historic arrival in America. The ship Jaladuta docks at Commonwealth Pier, Boston. 1966 – Incorporates the International Society for Krishna consciousness (ISKCON) 1968 – Bhagavad-gita As It Is abridged edition published by Macmillan 1970 – Establishes the Governing Body Commission (GBC) Srila Prabhupada establishes the Governing Body Commission, the ultimate managing authority of ISKCON. #dussehra #iskcon #Modi #srilaprabhupada 1972 – Establishes the Bhaktivedanta Book Trust (BBT) 1974 – Completes the translation of Sri Chaitanya Charitamrita into English 1975 – Opens Sri Sri Krishna Balarama Temple in Vrindavan Later to be his final resting place. 1977 – Departure from the material world At the age of 81, Srila Prahupada left the material world in Vrindavan, India.

O melhor entre os Bhãratas (Arjuna), quatro tipos de homens piedosos prestam serviço devocional a Mim


Bhagavad-gītā 7.16

catur-vidhā bhajante māṁ
janāḥ su-kṛtino ’rjuna
ārto jijñāsur arthārthī
jñānī ca bharatarṣabha

Sinônimos

catuḥ-vidhāḥ — quatro classes de; bhajante — prestam serviços; mām — a Mim; janāḥ — pessoas; su-kṛtinaḥ — os que são piedosos; arjuna — ó Arjuna; ārtaḥ — o aflito; jijñāsuḥ — o inquisitivo; artha-arthī — o que deseja ganho material; jñānī — o que conhece as coisas como elas são; ca — também; bharata-ṛṣabha — ó grande entre os descendentes de Bharata.

Tradução

Ó melhor entre os Bhāratas, quatro classes de homens piedosos passam a Me prestar serviço devocional — o aflito, o que deseja riquezas, o inquisitivo e o que busca conhecer o Absoluto.

Comentário

Ao contrário dos descrentes, estes são partidários dos princípios reguladores das escrituras e são chamados sukṛtinaḥ, ou aqueles que obedecem às regras e regulações das escrituras, às leis morais e sociais, e são de alguma forma devotados ao Senhor Supremo. Dentre estes, há quatro classes de homens — aqueles que às vezes estão aflitos; aqueles que precisam de dinheiro; aqueles que às vezes são inquisitivos; e aqueles que às vezes buscam conhecimento acerca da Verdade Absoluta. Estas pessoas aproximam-se do Senhor Supremo para serviço devocional sob diferentes condições. Estes não são devotos puros, porque em troca do serviço devocional procuram satisfazer alguma aspiração. O serviço devocional puro é sem aspiração e sem desejo de lucro material. O Bhakti-rasāmṛta-sindhu (1.1.11) dá a seguinte definição da devoção pura:

anyābhilāṣitā-śūnyaṁ
jñāna-karmādy-anāvṛtam
ānukūlyena kṛṣṇānu-
śīlanaṁ bhaktir uttamā

“É com atitude favorável e sem desejo de lucro ou ganho material alcançado através de atividades fruitivas ou especulação filosófica que se deve prestar serviço transcendental amoroso ao Supremo Senhor Kṛṣṇa. Isto se chama serviço devocional puro.”

Quando se aproximam do Senhor Supremo para Lhe prestar serviço devocional e purificam-se por completo, associando-se aos devotos puros, estas quatro classes de pessoas também se tornam devotos puros. Quanto aos descrentes, para eles o serviço devocional é muito difícil porque levam vidas egoístas, irregulares e sem metas espirituais. Mas mesmo alguns deles também se tornam devotos puros quando, por acaso, entram em contato com um devoto puro.

Aqueles que vivem atarefados com atividades fruitivas procuram o Senhor ao sentirem aflição material e nessa ocasião associam-se com devotos puros e, em sua aflição, tornam-se devotos do Senhor. Aqueles que estão simplesmente frustrados, também, às vezes chegam a associar-se com os devotos puros e se tornam inquisitivos, querendo saber sobre Deus. Da mesma forma, quando se frustram em todos os campos de conhecimento, os filósofos áridos às vezes querem aprender sobre Deus, e aproximam-se do Senhor Supremo para prestar serviço devocional e então transcender o conhecimento acerca do Brahman impessoal e do Paramātmā localizado e, pela graça do Senhor Supremo ou de Seu devoto puro, acabam chegando à concepção pessoal da Divindade. Em geral, quando os aflitos, os inquisitivos, os buscadores de conhecimento e aqueles que estão precisando de dinheiro livram-se de todos os desejos materiais, e quando compreendem deveras que a remuneração material nada tem a ver com o aperfeiçoamento espiritual, eles se tornam devotos puros. Enquanto não atingem esta fase de purificação, os devotos que prestam serviço transcendental ao Senhor estão infectados por atividades fruitivas, por busca de conhecimento mundano, etc. Logo, para chegar à etapa de serviço devocional puro, deve-se primeiro transcender tudo isso.




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Bhagavad-gītā 7.15 na māṁ duṣkṛtino mūḍhāḥ

Bhagavad-gītā 7.15

na māṁ duṣkṛtino mūḍhāḥ
prapadyante narādhamāḥ
māyayāpahṛta-jñānā
āsuraṁ bhāvam āśritāḥ

Sinônimos

na — não; mām — a Mim; duṣkṛtinaḥ — descrentes; mūḍhāḥ — tolos; prapadyante — rendem-se; nara-adhamāḥ — os mais baixos da humanidade; māyayā — pela energia ilusória; apahṛta — roubado; jñānāḥ — cujo conhecimento; āsuram — demoníaca; bhāvam — natureza; āśritāḥ — aceitando.

Tradução

Os descrentes que são grosseiramente tolos, que são os mais baixos da humanidade, cujo conhecimento é roubado pela ilusão e que compartilham da natureza ateísta dos demônios, não se rendem a Mim.

Comentário

Diz-se no Bhagavad-gītā que, pelo simples fato de render-se aos pés de lótus da Suprema Personalidade, Kṛṣṇa, é possível sobrepujar as estritas leis da natureza material. Neste ponto, surge a pergunta: Por que é que filósofos instruídos, cientistas, homens de negócios, administradores e todos os líderes dos homens comuns não se rendem aos pés de lótus de Śrī Kṛṣṇa, a todo-poderosa Personalidade de Deus? Mukti, ou ficar livre das leis da natureza material, é algo que os líderes da humanidade tentam alcançar, empreendendo diferentes esforços, traçando altos planos e perseverando durante muitíssimos anos e nascimentos. Mas se esta liberação é possível pela simples rendição aos pés de lótus da Suprema Personalidade de Deus, então, por que estes líderes inteligentes e trabalhadores não adotam este método simples?

Gītā responde a esta pergunta mui francamente. Aqueles líderes da sociedade que são de fato eruditos, tais como Brahmā, Śiva, Kapila, os Kumāras, Manu, Vyāsa, Devala, Asita, Janaka, Prahlāda, Bali e, mais recentemente, Madhvācārya, Rāmānujācārya, Śrī Caitanya e muitos outros — que são legítimos filósofos, políticos, educadores, cientistas, etc. — rendem-se aos pés de lótus da Pessoa Suprema, a autoridade todo-poderosa. Aqueles que não são verdadeiros filósofos, cientistas, educadores, administradores, etc., mas que em troca de ganho material, assumem tal posição, não aceitam o plano ou o caminho delineado pelo Senhor Supremo. Eles não têm nenhuma idéia a respeito de Deus; tudo o que fazem é fabricar seus próprios planos mundanos e em conseqüência complicam os problemas da existência material com suas vãs tentativas de resolvê-los. Porque é tão poderosa, a energia (natureza) material pode resistir aos planos não-autorizados dos ateus e frustrar o conhecimento das “comissões de planejamento”.

Os planejadores ateus são aqui descritos com a palavra duṣkṛtinaḥ, ou “descrentes”. Kṛtī refere-se a alguém que executou trabalho meritório. O planejador ateu é às vezes muito inteligente, e louvável também, porque é preciso inteligência para executar qualquer plano gigantesco, bom ou mau. Porém, como o cérebro do ateu é indevidamente utilizado em oposição ao plano do Senhor Supremo, o planejador ateu é chamado duṣkṛtī, o que indica que sua inteligência e esforços são mal dirigidos.

No Gītā, menciona-se claramente que a energia material funciona sob a completa direção do Senhor Supremo. Ela não tem autoridade independente e funciona como a sombra que se move conforme os movimentos de um objeto. Mesmo assim, esta energia é muito poderosa, e o ateu, devido a seu temperamento ímpio, não pode saber como ela funciona; nem pode conhecer o plano do Senhor Supremo. Sob a ilusão e sob os modos da paixão e da ignorância, todos os seus planos malogram-se, como aconteceu com Hiraṇyakaśipu e Rāvaṇa, cujos planos foram reduzidos a cinzas embora ambos materialmente tivessem a erudição de cientistas, filósofos, administradores e educadores. Estes duṣkṛtinas, ou descrentes, são de quatro tipos diferentes, como se delineia abaixo:

(1) Os mūḍhas são aqueles que são grosseiramente tolos, como burros de carga que trabalham arduamente. Eles querem gozar sozinhos os frutos de seu trabalho, e por isso negam-se a compartilhá-los com o Supremo. O exemplo típico do burro de carga é o asno. O dono deste animal humilde coloca-o para trabalhar mui arduamente. O asno na verdade não sabe para quem trabalha tão arduamente dia e noite. Ele fica satisfeito enchendo o estômago com um feixe de capim, dormindo só alguns instantes porque tem medo de ser espancado pelo dono e satisfazendo o apetite sexual com o risco de ser repetidamente escoiceado por sua parceira. O asno, às vezes, canta poesia e filosofia, mas esse seu zurrar só perturba os outros. Esta é a posição do trabalhador fruitivo tolo que não sabe para quem deve trabalhar. Ele não sabe que karma (ação) destina-se a yajña (sacrifício).

Com muita freqüência, aqueles que dia e noite trabalham mui arduamente para aliviar a carga dos deveres criados por eles mesmos dizem que não têm tempo para ouvir sobre a imortalidade do ser vivo. Para esses mūḍhas, os ganhos materiais, que são destrutíveis, são tudo o que existe na vida — apesar do fato de os mūḍhas gozarem só uma pequena fração do fruto do trabalho. Às vezes, em troca de ganho fruitivo eles passam dias e noites em claro e, embora possam ter úlceras ou indigestão, eles se satisfazem sem comer praticamente nada; estando só absortos a trabalhar arduamente dia e noite para o benefício de patrões enganosos. Não conhecendo seu verdadeiro dono, os trabalhadores tolos perdem seu precioso tempo servindo ao dinheiro. Infelizmente, eles nunca se rendem ao supremo senhor de todos os senhores, nem reservam tempo para ouvir as fontes apropriadas falarem a respeito dEle. Os porcos que comem excremento não se interessam por doces feitos de açúcar e ghī. Da mesma forma, o trabalhador tolo continuará a bombardear seus sentidos, ouvindo incansavelmente as notícias a respeito do efêmero mundo secular, mas terá muito pouco tempo para ouvir sobre a força viva eterna que movimenta o mundo material.

(2) Outra classe de duṣkṛtī, ou descrente, chama-se narādhama, ou o mais baixo da humanidade. Nara significa ser humano, e adhama, o mais baixo. Dos oito milhões e quatrocentas mil diferentes espécies de seres vivos, há quatrocentas mil espécies humanas. Destas, há inúmeras formas inferiores de vida humana que são na maioria incivilizadas. Os seres humanos civilizados são aqueles que têm princípios reguladores da vida social, política e religiosa. Aqueles que são social e politicamente desenvolvidos mas que não têm princípios religiosos devem ser considerados narādhamas. Tampouco a religião sem Deus é religião, porque o propósito de seguir princípios religiosos é conhecer a Verdade Suprema e a relação que há entre o homem e Ele. No Gītā, a Personalidade de Deus afirma claramente que não há autoridade superior a Ele e que Ele é a Verdade Suprema. A forma de vida humana civilizada serve para o homem reatar sua relação eterna com a Verdade Suprema, a Personalidade de Deus, Śrī Kṛṣṇa, que é todo-poderoso. Qualquer um que perca esta oportunidade é classificado como narādhama. As escrituras reveladas nos informam que quando no ventre da mãe (uma situação extremamente desconfortável), o bebê ora a Deus, pedindo-Lhe que o salve, e promete adorar só a Ele logo que sair. Orar a Deus quando está em dificuldade é um instinto natural de cada ser vivo porque todos estão eternamente relacionados com Deus. Mas após o parto, a criança esquece-se das dificuldades do nascimento e esquece-se, também, do seu libertador, estando influenciada por māyā, a energia ilusória.

É dever dos guardiães das crianças reviver a consciência divina que está latente nelas. Os dez processos de cerimônias reformatórias, como prescreve o Manu-smṛti, que é o guia para os princípios religiosos, servem para reviver a consciência de Deus no sistema de varṇāśrama. Entretanto, no momento atual nenhum processo é seguido estritamente em parte alguma do mundo, e por isso 99,9 por cento da população é narādhama.

Quando a população inteira se torna narādhama, naturalmente toda a sua aparente instrução se invalida ou desaparece devido à todo-poderosa energia da natureza física. Segundo o padrão do Gītā, erudito é aquele que vê em termos de igualdade o brāhmaṇa instruído, o cachorro, a vaca, o elefante e o comedor de cachorro. Esta é a visão de um verdadeiro devoto. Śrī Nityānanda Prabhu, que é a encarnação de Deus como mestre divino, libertou os narādhamas típicos, os irmãos Jagāi e Mādhāi, e mostrou como a misericórdia de um verdadeiro devoto é concedida aos mais baixos da humanidade. Assim, o narādhama que está condenado pela Personalidade de Deus pode reviver sua consciência espiritual somente pela misericórdia de um devoto.

Śrī Caitanya Mahāprabhu, ao propagar o bhāgavata-dharma, ou as atividades dos devotos, recomendou que as pessoas ouçam com submissão a mensagem da Personalidade de Deus. A essência dessa mensagem é o Bhagavad-gītā. Os mais baixos dentre os seres humanos somente podem ser salvos por este processo que consiste em ouvir com submissão, porém, se por infortúnio, eles se recusam até mesmo a dar ouvidos a essas mensagens, então, o que se dizer de renderem-se à vontade do Senhor Supremo? Os narādhamas, ou os mais baixos da humanidade, negligenciarão completamente o dever primordial do ser humano.

(3) A próxima classe de duṣkṛtī chama-se māyayāpahṛta-jñānāḥ, ou aqueles cujo conhecimento erudito foi anulado pela influência da energia ilusória material. Eles são na maioria indivíduos muito eruditos — grandes filósofos, poetas, literatos, cientistas, etc. — mas a energia ilusória os desorienta, e por isso eles desobedecem ao Senhor Supremo.

Há um grande número de māyayāpahṛta-jñānāḥ no momento atual, mesmo entre os estudiosos do Bhagavad-gītā. No Gītā, em linguagem simples e clara, afirma-se que Śrī Kṛṣṇa é a Suprema Personalidade de Deus. Não há ninguém igual ou superior a Ele. Ele é mencionado como o pai de Brahmā, o pai original de todos os seres humanos. De fato, diz-se que Śrī Kṛṣṇa é não só o pai de Brahmā, mas também o pai de todas as espécies de vida. Ele é a raiz do Brahman impessoal e do Paramātmā; a Superalma em cada entidade é Sua porção plenária. Ele é a fonte de tudo, e aconselha-se que todos se rendam a Seus pés de lótus. Apesar de todas essas afirmações claras, os māyayāpahṛta-jñānāḥ zombam da personalidade do Senhor Supremo e O consideram como um outro mero ser humano. Eles não sabem que a abençoada forma humana de vida, é traçada com base nas feições eternas e transcendentais do Senhor Supremo.

Todas as interpretações do Gītā, desautorizadamente feitas pela classe dos māyayāpahṛta-jñānāḥ, ou seja, daqueles que não pertencem ao sistema do paramparā, são os vários obstáculos no caminho da compreensão espiritual. Iludidos, esses intérpretes não se rendem aos pés de lótus de Śrī Kṛṣṇa, nem ensinam os outros a seguirem este princípio.

(4) A última classe de duṣkṛtī chama-se āsuraṁ bhāvam āśritāḥ, ou aqueles cujos princípios são demoníacos. Esta classe é declaradamente ateísta. Alguns deles argumentam que o Senhor Supremo jamais pode descer a este mundo material, mas não conseguem explicar de maneira convincente por que é que o Senhor não adotaria este procedimento. Também há aqueles que O consideram subordinado ao aspecto impessoal, embora o Gītā declare exatamente o oposto. Invejoso da Suprema Personalidade de Deus, o ateu apresentará um grande número de encarnações ilícitas, produzidas na fábrica de seu cérebro. Essas pessoas, cujo próprio princípio de vida é criticar a Personalidade de Deus, não podem render-se aos pés de lótus de Śrī Kṛṣṇa.

Śrī Yāmunācārya Albandaru, do Sul da Índia, disse: “Ó meu Senhor! Você não pode ser conhecido por quem está envolvido com os princípios ateístas, apesar de Suas qualidades, aspectos e atividades incomuns, apesar do fato de que todas as escrituras reveladas que estão no modo da bondade façam a descrição de Sua personalidade e apesar de Você ser reconhecido pelas autoridades famosas, célebres por seu profundo conhecimento da ciência transcendental e situadas nas qualidades divinas”.

Portanto, (1) as pessoas grosseiramente tolas; (2) os mais baixos da humanidade; (3) os especuladores iludidos; e (4) aqueles que, como se mencionou acima, professam o ateísmo, jamais se rendem aos pés de lótus da Personalidade de Deus apesar de todos os conselhos das escrituras e das autoridades.


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terça-feira, 30 de julho de 2024

O que é preciso para ser professor de curso técnico? João Maria responde.

CNE institui diretrizes para formação de professores de nível médio


Na quarta-feira (11), foi publicada no Diário Oficial da União (DOU), a Resolução CNE/CP nº 1, de 06/05/2022, que tnstitui as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de Professores da Educação Profissional Técnica de Nível Médio (EPTNM-Formação).

Confira a seguir a íntegra da Resolução:

CONSELHO PLENO

RESOLUÇÃO CNE/CP Nº 1, DE 6 DE MAIO DE 2022

Institui as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de Professores da Educação Profissional Técnica de Nível Médio (EPTNM-Formação).

A Presidente do Conselho Nacional de Educação, no uso de suas atribuições legais e regulamentares, tendo em vista o disposto no art. 9º, § 2º, alínea e da Lei nº 4.024, de 20 de dezembro de 1961, com a redação dada pela Lei nº 9.131, de 25 de novembro de 1995; e nos incisos IV e V e Parágrafo único do art. 61 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, e com fundamento na Resolução CNE/CP nº 2, de 20 de dezembro de 2019, e na Resolução CNE/CP nº 1, de 5 de janeiro de 2021, bem como no Parecer CNE/CP nº 15/2021, homologado por Despacho do Senhor Ministro de Estado da Educação, publicado no DOU de 5 de maio de 2022, resolve:

Capítulo I
Do Objeto e Princípios Gerais

Art. 1º A presente Resolução institui as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de Professores da Educação Profissional Técnica de Nível Médio (EPTNM-Formação), com seus Itinerários Formativos.

Art. 2º Nos termos da Resolução CNE/CP nº 2, de 2019, que define as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação Inicial de Professores para a Educação Básica e institui a Base Nacional Comum para a Formação Inicial de Professores da Educação Básica (BNC-Formação), e da Resolução CNE/CP nº 1, de 2021, que define as Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Profissional e Tecnológica, os cursos e programas destinados à formação inicial de professores para a Educação Profissional Técnica de Nível Médio devem considerar as competências gerais docentes e as competências específicas, referidas a três dimensões fundamentais, as quais, de modo interdependente e sem hierarquia, se integram e se complementam na ação docente:

I – conhecimento profissional;

II – prática profissional; e

II – engajamento profissional.

§ 1º Pela especificidade da Educação Profissional Técnica de Nível Médio, os cursos e programas devem ser organizados por Habilitação Profissional ou, de modo mais abrangente, por Eixo ou Área Tecnológica.

§ 2º Esta especificidade exige que o Professor da Educação Profissional Técnica de Nível Médio desenvolva:

I – competências pedagógicas, necessárias para conduzir jovens e adultos nas trilhas da aprendizagem, visando à constituição de competências profissionais em contextos cada vez mais complexos e exigentes;

II – competências específicas da sua atividade profissional, correspondente à Habilitação Profissional, Eixo ou Área Tecnológica em que exercer a docência, para poder fazer escolhas relevantes do que deve ser ensinado e aprendido para que o concluinte do curso possa responder, de forma original e criativa, aos desafios diários de sua vida profissional e pessoal, como cidadão trabalhador;

III – competências relacionadas com as bases científicas e tecnológicas, que fundamentam a atividade profissional correspondente à Habilitação Profissional, Eixo ou Área Tecnológica de sua docência; e

IV – atitudes e valores da cultura do trabalho, em função de vivência e efetiva experiência profissional no mundo do trabalho.

Capítulo II
Da Formação Inicial

Art. 3º A formação inicial de professores para atuação na Educação Profissional Técnica de Nível Médio deve ser realizada em nível superior:

I – em cursos de graduação de licenciatura;

II- em cursos destinados à Formação Pedagógica para licenciatura de graduados não licenciados;

III – em cursos de Pós-Graduação lato sensu de Especialização estruturados para tal;

IV – em programas especiais, de caráter excepcional; ou

V – outras formas, em consonância com a legislação e com normas definidas pelo Conselho Nacional de Educação.

§ 1º Os cursos de graduação de licenciatura para a docência na Educação Profissional Técnica de Nível Médio devem atender à Resolução CNE/CP nº 2, de 2019.

§ 2º Os cursos destinados à formação pedagógica para licenciatura de graduados não licenciados devem atender às disposições específicas do art. 21 (Capítulo VI, Da Formação Pedagógica para Graduados) da Resolução CNE/CP nº 2, de 2019, combinadas com o art. 53 da Resolução CNE/CP nº 1, de 2021.

§ 3º Os cursos de Pós-Graduação lato sensu de Especialização, devidamente estruturados para a Formação de Professores para a Educação Profissional Técnica de Nível Médio, devem ser organizados nos termos da legislação e das normas específicas.

§ 4º Programas especiais, de caráter excepcional, ou outras formas, devem ser devidamente autorizados pelos órgãos competentes do respectivo Sistema de Ensino.

§ 5º A formação em serviço deve ser propiciada pela instituição a profissionais sem licenciatura específica e experiência profissional comprovada na Habilitação Profissional, Eixo ou Área Tecnológica, bem como a profissionais com Notório Saber, para atender ao disposto no inciso V do art. 36 da LDB, e a Instrutores para atuação em cursos de Qualificação Profissional, inclusive Formação Inicial e Continuada de Trabalhadores, com apresentação de plano especial ao órgão supervisor do respectivo Sistema de Ensino, em atenção ao que indica o art. 61 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996 – LDB.

Art. 4º Aos graduados não licenciados que realizaram curso de Pós-Graduação lato sensu de Especialização nos termos da Resolução CNE/CES nº 1, de 2018, é assegurado o direito de requerer a expedição de Diploma de Licenciatura em Docência na Educação Profissional Técnica de Nível Médio, consoante o art. 53 da Resolução CNE/CP nº 1, de 2021 e por equivalência com o curso destinado à Formação Pedagógica, de acordo com as normas definidas no art. 21 da Resolução CNE/CP nº 2, de 2019, desde que atendidos, cumulativamente, os seguintes requisitos:

I – diplomação em curso de graduação de Bacharelado ou de Tecnologia;

II – certificação no curso de Pós-Graduação lato sensu específico de Especialização em Docência para a Educação Profissional e Tecnológica com o mínimo de 360 (trezentas e sessenta) horas, e

III – comprovação de, pelo menos, 400 (quatrocentas) horas de prática pedagógica em docência de componentes curriculares profissionais.

Art. 5º A diplomação em licenciatura, de que trata o art. 4º, permite contemplar, mediante comprovação, a atuação docente em componentes curriculares da Educação Profissional Técnica de Nível Médio, no âmbito do Eixo ou Área Tecnológica de competência associada à formação técnica de nível médio do profissional graduado.

Capítulo III
Da Formação Continuada

Art. 6º A Formação Continuada dos professores da Educação Profissional Técnica de Nível Médio é entendida como componente essencial da sua profissionalização, na condição de orientadores dos estudantes nas trilhas da aprendizagem e de agentes do desenvolvimento de competências para o trabalho, visando ao complexo desempenho da prática social e laboral.

Parágrafo único. A Formação Continuada destes docentes deve orientar-se pela Resolução CNE/CP nº 1, de 27 de outubro de 2020, que dispõe sobre as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação Continuada de Professores da Educação Básica e institui a Base Nacional Comum para a Formação Continuada de Professores da Educação Básica (BNC-Formação Continuada).

Art. 7º As instituições educacionais devem promover permanente formação em serviço de seus docentes, bem como propiciar sua participação em atividades, cursos e programas externos, entre outros, os de Atualização, Aperfeiçoamento, Especialização, Mestrado e Doutorado.

Parágrafo único. A Formação Continuada deve ter foco no desenvolvimento de metodologias inovadoras de ensino e aprendizagem, inclusive as que utilizam meios tecnológicos de informação e comunicação.

Art. 8º Cabe aos sistemas e às instituições e redes educacionais a organização e viabilização de ações destinadas à formação continuada, nos termos da Resolução CNE/CP nº 1, de 2020.

Capítulo IV
Das Disposições Finais

Art. 9º A experiência efetiva e atualizada como profissional no mundo do trabalho, referente à Habilitação Profissional, Eixo ou Área Tecnológica em que for exercer a docência, é requisito preferencial para atuar em curso de Educação Profissional Técnica de Nível Médio, nos termos das normas de cada Sistema de Ensino.

Art. 10. Os casos omissos serão dirimidos pelo Conselho Nacional de Educação, em regime de colaboração com os órgãos reguladores dos sistemas de ensino.

Art. 11. Esta Resolução entra em vigor partir de 1º de junho de 2022.

MARIA HELENA GUIMARÃES DE CASTRO

Para acessar a versão certificada, clique aqui.


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