quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Tipos de sujeito



fonte: http://www.graudez.com.br/portugues/ch04s02s01.html

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domingo, 9 de janeiro de 2011

sábado, 8 de janeiro de 2011

Mnemónica

Mnemónica

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Memorização dos meses do ano que contém 31 dias pelos punhos
Uma mnemónica é um auxiliar de memória. São, tipicamente, verbais, e utilizados para memorizar listas ou fórmulas, e baseiam-se em formas simples de memorizar maiores construções, baseados no princípio de que a mente humana tem mais facilidade de memorizar dados quando estes são associados a informação pessoal, espacial ou de carácter relativamente importante, do que dados organizados de forma não sugestiva (para o indivíduo) ou sem significado aparente. Porém, estas sequências têm que fazer algum sentido, ou serão igualmente difíceis de memorizar.
Note-se, além disso, que na linguagem de programação Assembly, são designadas como mnemónicas as palavras reservadas da linguagem, que constituem e especificam uma determinada sintaxe. Porém, a aplicação da definição anterior verifica-se, já que elas são pequenas (e incompletas) palavras para designar instruções de operação entre os registos do CPU. Exemplos: MOV (mover), ADD (adicionar, soma), MUL (multiplicação), JMP (jump, salto), etc. Podemos ver, também, em outras linguagens o uso das mnemônicas. Na linguagem Java, por exemplo, usa-se para adicionar uma espécie de memória para um botão ou aba i.e., um atalho que faz com que possuia mais agilidade ou facilidade para usar certas ferramentas de um programa arbitrário. Note que podemos identificar facilmente as mnemônicas pela marca que fica em baixo da letra (char). Um exemplo é a primeira guia da maior parte dos browsers que aparece: Arquivo. Percebe-se que essa palavra possui uma marcação em baixo de uma das letras (normalmente na letra 'A'). Esta é a sua mnemônica aplicada para ser usada como um atalho.
A palavra mnemónica partilha a etimologia de Mnemosine, o nome da deusa[1] que personificava a Memória na mitologia grega. A primeira referência a mnemónicas ocorre no método de loci, na obra De Oratore de Cícero.

Dias dos meses

Por exemplo, uma mnemónica amplamente difundida é aquela utilizada para averiguar quantos dias tem um mês utilizando os nós superiores dos dedos e os seus intervalos. A cada nó, intercalado com o intervalo com o próximo nó, é atribuído sequencialmente um mês, iniciando-se sempre no nó do indicador, em sequência até ao nó do dedo mínimo e continuando para a outra mão da mesma forma. Por serem doze meses, a contagem deverá terminar no nó do dedo anelar da segunda mão.
mão esquerda mão direita
Dedos m - A - M - I I - M - A
Meses Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
A seguinte tabela indica como deverá ser feita a contagem: para a linha dos dedos, vemos representados os nós dos dedos indicador (I), médio (M), anelar (A), e mínimo (m), bem como os seus intervalos, o hífen (-). Para os meses, iniciados em Janeiro (J), Fevereiro (F), Março (M), e assim sucessivamente.
O número de dias nos é dado da seguinte forma:
  • Se o mês em análise calha num nó do dedo, então terá 31 dias.
  • Se o mês em análise calha num intervalo, então terá 30 dias, à excepção de Fevereiro, que poderá ter 29 ou 28 dias, consoante seja ano bissexto ou não, respectivamente.
Repare-se, por exemplo, em Agosto: Por coincidir com o nó do dedo indicador da segunda mão, terá obrigatoriamente 31 dias.

Na física

Nt-mnemonic-rvi.svg
Na física, uma mnemónica bastante utilizada para a Lei de Ohm, consiste em memorizar a sigla RVI' (que se assemelha ao nome Rui), num triângulo equilátero dividido da forma ilustrada à direita. A Lei de Ohm pode ser aplicada para cada uma das grandezas, seleccionando uma dessas grandezas e construindo a equação na forma em que aparecem as outras duas. Por exemplo, para determinar:

Na química

Na química, uma mnemónica bastante utilizada para dizer que um sulfato sob determinadas circunstâncias passava a ácido sulfúrico era "bico de pato" - bICO termina da mesma forma que sulfúrICO e pATO da mesma forma que SulfATO. Na sequência da anterior, "Frederico no espeto", ajuda a memorizar que o cloreto passa a ácido clorídrico. E para terminar, "Osso de cabrito", um sulfito passa a ácido sulfuroso.
Alteração -> terminação do anião (para melhor decorar)
ico <- ato (bico de pato) oso <- ito (osso de cabrito) ídrico <- eto (Frederíco no espeto)

No Sistema Solar

Pode-se usar a frase que é usada em escolas para fazer as crianças memorizar os nomes planetas do Sistema Solar: Mercúrio, Vénus, Terra, Marte, Júpiter, Saturno, Úrano, Neptuno e Plutão*:

Minha velha(ou vó) traga meu jantar: sopa, uva, nozes e pão.
Ou ainda:
Minha Velha Tia Mandou Jogar Sal Úmido Nas Plantas.
Minha Vó Tem Matado Jacarés Sem Usar Nenhuma Pistola.
Minha Vó tem Muitas Jóias, Só Usa No Pescoço.
Meu Vestido Todo Molhado, Já Secou Um Novo Pedaço.
Meu Velho Tio Mandou Júnior Saborear Umas Nove Pizzas.
  • Considere que Plutão não é mais considerado um planeta.

Novas Frases

Meu Velho Tio Me Jurou Ser Um Netuniano

Referências

Veja também

Wikiquote
O Wikiquote possui citações de ou sobre: Mnemónica

Ligações externas









04 - Falta de Tempo de Estudo (4 de 13) 

05 - Aliado I (5 de 13)

 06 - Aliado II (6 de 13)

07 - Aliado III (7 de 13)

08 - Prazo pra ser aprovado (8 de 13)

09 - Inteligência (9 de 13)

10 - Memória (10 de 13)



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sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Aprendizagem acelerada



Aprendizagem acelerada
Brasílio Neto

Desde cedo, nos ensinam algumas regras sobre a escola. Algumas vêm de nossos pais, outras de nossos professores. Quando o ano letivo começa, já aprendemos ou vamos aprender logo na próxima aula que, ao estudar:

• Devemos fazer silêncio.
• Nada de botar música por perto, que atrapalha o estudo.
• É bom anotar e organizar todas as informações em listas.
• Nada de rabiscar ou escrever nos livros.
• E nem rabiscar nos cadernos. Um caderno limpo e caprichado é o primeiro sinal de um bom aluno.
• Participe ativamente das aulas. Quer dizer, quando o professor permitir. Qualquer ruído além disso é bagunça.
• Não invente. Faça exatamente o que o professor manda.
• Não tente entender as fórmulas. Basta decorá-las.
• Sua inteligência será medida pelas notas no seu boletim.
Não é de se espantar que com essa postura a descoberta de novas coisas, que deveria ser um prazer, inspira medo em alguns e enche a paciência de todos – alunos e boa parte dos professores.

Anos passam. Os alunos entram no mercado de trabalho e o que lhes é pedido? Pense em coisas novas. Crie. Aprenda coisas novas – rápido e as utilize no seu trabalho. Desafie as leis não-escritas. Não é porque seus superiores dizem algo, que aquilo está certo e é a única maneira de se trabalhar, é preciso aprender diariamente coisas novas sobre o mercado, sobre os concorrentes, sobre novas legislações.

Uma nova maneira de aprender – Não precisou muito para grandes empresas descobrirem que precisam desenvolver, treinar e ampliar os conhecimentos de seus funcionários sempre. Logo em seguida percebeu-se que o padrão de aprendizagem que a maioria traz dos colégios está longe de permitir algum progresso profissional.

É isso que Luiz Carlos Martins nos mostra no livro Aprendizagem Acelerada, publicado pela Suma Econômica. A obra relata diversas experiências e técnicas desenvolvidas para facilitar a maneira pela qual aprendemos. Muitos desses estudos invertem a seqüência de eventos a qual estamos acostumados: primeiro alguém pesquisa, os resultados são colocados em um livro didático, que é diagramado e impresso, é aprovado por um grupo de professores, distribuído para alunos que devem compreendê-lo e extrair dali informações.

Uma forma acelerada de ensino leva em conta, primeiro, a maneira pela qual a nossa mente trabalha, como aprendemos, e a partir daí desenvolver material didático apropriado, adaptar o professor a essa maneira mais natural de aprender e ensinar, e por aí vai.

Mas você pode aplicar as lições da aprendizagem acelerada mesmo sem nenhum material especial. Eis alguns exercícios que podem ajudar seus alunos a aprender de forma mais natural, fácil e rápida:

1 – ESCREVENDO TORTO POR LINHAS CERTAS

Você já escutou um caso interessante envolvendo pessoas de seu relacionamento (em outras palavras, ouviu uma fofoca) ao telefone? Em muitos casos, pode ser algo assim:

─ Anota aí o novo celular da Carminha: 99... Ah, você sabia que ela e o Fernando...

Após uns bons dez minutos, olhe para o papel em que você anotou o telefone da Carminha. Muito provavelmente ele vai conter o nome da Carminha, com o celular embaixo (e não ao lado), circundado ou sublinhado várias vezes. Em volta, alguns rabiscos que simbolizem a Carminha, o Fernando e outros personagens da história, e talvez algumas expressões do tipo "bandido!" aqui e ali.

Se é dessa maneira que você processou a informação do telefonema, porque seus alunos têm de estudar e compreender toda sua disciplina através de páginas e mais páginas de texto linear? No primário, muitos aprendem a resolver problemas matemáticos dividindo entre “raciocínio”, “cálculo” e “resposta”. Todos os três imaculadamente livres de rascunhos, quando fora da escola pesquisas e cálculos matemáticos são rabiscados e rasurados pela própria natureza.

Essa maneira de aprender e ordenar as coisas por meio de rabiscos, desenhos e setas que vêm e vão no papel foi identificada pela primeira vez em 1970 pelo inglês Tony Buzan. Uma das melhores características desses mapas é que eles podem ser expandidos ad infinitum (infinitamente), com o acréscimo de novas informações. Quantas vezes você não disse “Isso me lembra...”, pois é, você estava recorrendo ao seu mapa mental, que fez uma nova ligação naquele momento. Então, experimente, peça para os alunos registrarem uma informação sua de maneira livre, sem se preocupar que ela possa ser lida depois – basta que o conceito possa ser entendido por uma única pessoa – o aluno que o colocou no papel.

2 – MÚSICA NA SALA

Na década de 60, o psiquiatra e educador búlgaro Georgi Lozanov percebeu que a aprendizagem é facilitada com o ambiente e o estado mental correto do estudante. Assim, ele colocava uma música lenta e relaxante para os alunos antes de começar a aula (As Quatro Estações de Vivaldi era uma de suas preferidas), passava suas mensagens com uma música mais ativa e estimulante, e colocava um meio termo para quando os estudantes estivessem respondendo perguntas e exercícios, com ótimos resultados. Lógico, ele tinha a vantagem de não existir nenhuma Égüinha Pocotó naquela época, mas isso não vem ao caso.

O importante é você escolher determinado tipo de música e manter-se fiel a ele. Em casa, seus alunos também devem escolher dois ou três CDs e só tocar esses durante o estudo. Assim, ao ouvir aquelas primeiras notas, o pessoal automaticamente se coloca em um estado mais adequado ao estudo.

3 – EMOÇÕES

Outra maneira de fazer com que a compreensão dos conceitos e a aprendizagem seja mais rápida e eficiente é através do uso das emoções. Sempre nos lembramos do filme que nos fez chorar e temos um imenso estoque de piadas na nossa mente, por esse motivo: essas coisas nos emocionam, e somos movidos pela emoção. Então, apele para a imaginação de seus alunos contando histórias inerentes à sua matéria, faça com que eles vivenciem as questões.

Você pode aumentar o poder das emoções utilizando o poder das cores. Veja:

• Vermelho: induz ao movimento, à ação.
• Azul: relaxa e acalma.
• Verde: revitaliza e recarrega as baterias mentais.
• Lilás: estimula a imaginação.
• Amarelo: induz ao raciocínio e ao lúdico.

Um professor pode utilizar tais cores em suas turmas sem que ela sequer perceba. Que tal, por exemplo, colocar suas anotações em uma pasta com a cor do efeito desejado?

Para saber mais – Aprendizagem Acelerada, Luiz Carlos Martins, Suma Econômica



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segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Resumo. O Ensino da Linguagem Escrita:Myriam Nemirovsky

 


 

O Ensino da Linguagem Escrita:Myriam Nemirovsky


O livro de Myriam Nemirovsky destina-se aos professores, principalmente àqueles que têm como tarefa a alfabetização das crianças nos primeiros anos de escolarização. A autora define alfabetização como a “[...] responsabilidade da escola de aprendizagem da leitura e da escrita durante todos e em cada um dos níveis e ciclos educativos.” (p.07) Ressalta, ainda, que se trata de um processo contínuo que não se encerra nos primeiros anos de escolarização.
1 Antes de começar: Que hipóteses fazem as crianças sobre o sistema da escrita?
Baseada em Emília Ferreira, a autora traça os três níveis pelos quais passam todas as crianças no seu processo de alfabetização, lembrando-nos que a idade cronológica não é o fator que determina o nível de sua escrita, mas as características apresentadas pela sua escrita.
Nos diferentes níveis são encontrados fatores quantitativos e qualitativos. Os quantitativos são: sem controle da quantidade de letras, com controle da quantidade de letras, hipótese silábica (cada letra representa uma sílaba), hipótese silábico-alfabética (uma letra para cada sílaba alternando com uma letra para cada som), hipótese alfabética (cada letra representa um som). Os aspectos qualitativos são: sem diferenciação no traçado (traços contínuos ou descontínuos), com diferenciação no traçado (grafias, semiletras, letras), com valor sonoro convencional. No processo de alfabetização pode ser que a criança se encontre num determinado estágio referente ao aspecto quantitativo e em outro no aspecto qualitativo.
Essa classificação parte do princípio de que, como afirma Nemirovsky “[...] existem níveis prévios ao uso do sistema convencional de escrita – não determinados pela forma nem pelo método de ensino...” (p.18).
No processo de alfabetização o professor tem um papel de suma importância: cabe a ele a função de elaborar e por em prática as situações didáticas que contribuam “[...] no âmbito da instituição escolar, para a aprendizagem do sistema de escrita mediante a produção e a interpretação de textos.” (p.17).
2 Como organizar o ensino da linguagem escrita? Uma proposta de planejamento.
Na década de 1970 iniciou-se um processo de alfabetização. Nessa revisão deslocou-se o objeto de ensino da ação educativa colocando a centralidade do processo educativo na criança como produtora de seu caminho. No final da década de 1980, incorporou-se ao trabalho pedagógico uma preocupação maior com o processo de alfabetização, principalmente com a linguagem escrita. É nesse contexto que a autora elabora uma proposta de planejamento para o ensino da linguagem escrita cujo conteúdo apresenta nesta obra.
Sua primeira questão foi determinar a finalidade do ensino da leitura e da escrita que, para ela, “[...] consiste em formar sujeitos que sejam capazes de produzir e interpretar textos, sendo progressivamente, ainda, melhores usuários do sistema de escrita convencional” (p.22).
A base, portanto, do trabalho pedagógico deve ser diferentes textos com funções diferenciadas. A autora utiliza dois critérios para selecionar esses textos: a maior incidência de circulação na comunidade da qual a escola faz parte e as possibilidades que apresentam para o trabalho didático. Após a seleção dos textos, procede-se à escolha das propriedades a serem trabalhadas, assim elencadas por Nemirovsky:

Propriedades do texto
A que se refere
Função Qual a função do texto? Para que foi escrito?
Autor/autores Quem escreveu o texto? Quem é essa pessoa?
Público Potencial A quem se destina o texto? Qual seu leitor potencial?
Relações com a realidade O texto corresponde a fatos verídicos ou imaginários? Qual seu grau de relação com a realidade? É um texto científico? De ficção?
Extensão Qual o tamanho do texto? Breve, médio, mais longo?
Fórmulas fixas Como se inicia o texto? Qual o estilo (conto, carta, convite, etc.)?
Vocabulário Explorar a riqueza do vocabulário de cada texto.
Categorias gramaticais Quais categorias gramaticais se quer trabalhar? Em cada tipo de texto há uma incidência maior ou menor de categorias gramaticais.
Estrutura Qual a estrutura do texto?
Tipografia Quais os tipos de letras utilizadas? Quando é usada, no texto, um determinado tipo de letra?
Formato Qual a organização do texto no espaço gráfico?
Uso posterior da leitura
Modo de leitura
Qual o destinado que é dado ao texto após sua leitura? Por quê?
Qual o tipo de texto e por que o estamos lendo? Isso define as condições em que lemos.
Relação título-conteúdo Qual a relação entre o título do texto e seu conteúdo? O título tem dupla função: antecipar o conteúdo e chamar a atenção do leitor.
Relação imagem-texto Qual a relação da imagem com o texto? Para que se usa a imagem?
Suporte Onde é escrito determinado tipo de texto: tipo e tamanho da folha, encadernação, capa. Cada tipo de texto requer um suporte específico.
Tempos, modos ou formas verbais Quais os tempos, modos e formas verbais que predominam no texto?
Personagens Quem são os personagens do texto? Reais? Fictícios?
Temática Qual o tema central do texto?
Propriedades do sistema de escrita A que se refere
Diferença desenho-escrita Onde está a escrita? Onde está o desenho?
Propriedades qualitativas Quantas letras têm determinada palavra?
Propriedades quantitativas Quais letras têm determinada palavra?
Direcionalidade do sistema Direção da escrita: da esquerda para a direita, de cima para baixo.
Tipos de letra Imprensa ou cursiva; maiúscula ou minúscula.
Ortografia Priorizar, em cada produção, os aspectos ortográficos que pretende-se que o aluno melhore.
Pontuação Que pontuação usar? Quando? Por quê?
Separação entre palavras Refletir sobre os espaços vazios entre as palavras através da análise do texto.
Antes de se iniciar o trabalho acerca das propriedades do texto e do sistema de escrita deve-se considerar o tipo de texto escolhido e a etapa na qual se encontra a criança no processo de alfabetização.
Para planejar o trabalho didático Nemirovsky aponta quatro etapas: 1) Escolha do tipo de texto; 2) Definir as propriedades do texto que serão trabalhadas; 3) Escolher as propriedades do sistema de escrita que serão abordadas; 4) Elaborar a sequência didática com a previsão de atividades/situações a serem desenvolvidas. Situações pontuais, por exemplo, um fato social importante, envolvendo as situações planejadas, as imprevistas e situações de rotina devem ser consideradas para garantir um bom desenvolvimento do trabalho.
3 Quem participa da organização do ensino da linguagem escrita?
Para Nemirovsky, no processo de ler e escrever participam e interagem diferentes sujeitos envolvidos em contextos diversos.
O professor ocupa um papel de suma importância já que é ele “[...] que articula o trabalho educativo e coordena o processo de ensino” (p.47). Para a autora, a estratégia do professor alfabetizador deve partir de evidenciar seu próprio interesse pela leitura e pela escrita. Outra estratégia é o professor ler em voz alta, escolhendo textos que despertem interesse e emocione os alunos.
A interação entre os alunos é fundamental para a construção do conhecimento da leitura e da escrita, assim, a estratégia de trabalho em grupo é central. Mas, adverte a autora, o trabalho em grupo requer a atenção a quatro fatores na organização de atividades coletivas: 1) O professor deve organizar a constituição do grupo atentando para as necessidades, habilidades e dificuldades de cada; 2) Limitar o grupo em dois a três alunos para melhor desenvolvimento do trabalho; 3) Variar os critérios para selecionar os membros do grupo; 4) Para cada tarefa a ser desenvolvida constituir um novo grupo.
A interação entre alunos de turmas diferentes na escola também é uma experiência de trabalho em grupo que pode enriquecer o desenvolvimento da linguagem escrita. Nemirovsky descreve três sequências didáticas que ela vem desenvolvendo, com resultados positivos, quais sejam: trabalho com vocabulário, leitura em voz alta, escrita de ditado. Nesses grupos, os alunos maiores cumprem o papel de tutores e os menores de tutorandos.
A participação de outros membros da escola significa ampliar a participação de outros alunos e professores. Instrui-se os alunos para que comentem sobre o tema que estão desenvolvendo, peçam colaboração de materiais, leituras, dicas aos colegas de outras turmas. O professor, por sua vez, compartilhe com seus colegas o trabalho que está fazendo.
A participação das famílias dos alunos no processo de escolarização é fundamental. Reuniões entre pais e professores, regularmente, é uma estratégia positiva. Outra maneira de aproximar a família é abrindo horários específicos para que os familiares possam observar o trabalho realizado e, até mesmo, participarem de atividades, por exemplo, leitura de contos.
O último aspecto discutido neste capítulo é o da transcrição que significa a reescrita dos textos dos alunos que ainda não escrevem de acordo com as normais convencionais. Não são todos os textos das crianças que deverão ser transcritos, somente aqueles que serão compartilhados. Para a reescrita, se faz necessário observar determinados aspectos: a) Quem transcreve pode ser o próprio docente, um aluno que já usa convencionalmente a escrita ou algum familiar; b) A transcrição deve ser feita ao mesmo tempo em que a criança escreve, pois crianças muito pequenas não conseguem se lembrar, com clareza, o que escreveram; c) a transcrição pode ser na mesma folha em que o aluno redigiu seu texto e com o mesmo material ou escrever em outra folha e anexar à folha do aluno; ou ainda transcrever em uma folha transparente observando a mesma sequência e espaço utilizados pelas crianças.
Reconhece Nemirosvsky que não são em todos os lugares que se pode contar com a participação de todos os que estão, de alguma forma, envolvidos no processo de alfabetização das crianças. “Por isso, todos os professores que adotam esse enfoque em alfabetização devem ser reconhecidos por seu esforço e compromisso profissional” (p.76).
4 Com o que organizar o ensino da linguagem escrita?
Para uma concepção já superada de educação, os materiais didáticos são, em geral, aqueles que se utilizam estritamente no ambiente escolar e não guardam relação nenhuma com os objetos usados na vida social. Criticando essa idéia reduzida, Nemirovsky entende materiais didáticos como os “[...] objetos que são utilizados como apoio para ensinar, na medida em que possibilitam uma contribuição ao processo de aprendizagem” (p.79). Dentre essa variedade a autora destaca e discute três: materiais lúdicos, decorativos e impressos.
A respeito dos materiais lúdicos propõe que os jogos e os objetos utilizados na vida social sejam utilizados no processo pedagógico, nas escolas. Cabe ao professor analisar as propriedades de cada material e avaliar quais aspectos didáticos podem ser trabalhados.
Quanto à decoração que, em geral, é feita pelos docentes, Nemirovsky aconselha usar reproduções das obras de artistas, além de, em vários momentos, a própria produção dos alunos. Assim, o professor, por um lado, ganha tempo para desenvolver atividades relacionadas ao seu trabalho pedagógico e, por outro, possibilita aos alunos o contato com obras consagradas que lhe fornecerão o desenvolvimento mais aguçado da dimensão estética.
Referente aos materiais impressos a crítica da autora se dirige à perda de sentido da leitura e da escrita uma vez que se abstraem dos textos seus usos e funções sociais. Os textos, em sua maioria, são utilizados para responder algumas perguntas de interpretação ou de gramática. Desse modo, “durante a escolaridade, o aluno que utiliza esses materiais não assume a leitura de textos de forma verdadeira, nem sequer quando no livro escolar existem fragmentos de textos de uso social” (p.89). Para superar essa situação é sugerido que se utilizem materiais escritos de uso social: contos, receitas, enciclopédia, obras teatrais, anúncios publicitários, jornais, etc. Além disso, objetivando o aprendizado de que existe uma diversidade lingüística, é importante disponibilizar materiais escritos em diferentes línguas.
Encerrando, são discutidas duas idéias centrais: primeiro, a inserção, na escola, de materiais, livros, textos e práticas de uso social; segundo, “trata-se de fazer da escola uma instituição que represente os níveis mais altos de cultura, da arte, da tecnologia, da ciência, dos valores humanos.” (p.95).
5 Sequências Didáticas
Nemirovisky destaca que o que diferencia um projeto das outras propostas é o papel central que se atribui ao aluno em sua organização. A autora discorda tanto desta atribuição quanto do fato de caber ao aluno a função de estabelecer o projeto que vai ser trabalhado. Ela justifica afirmando que é o professor quem detêm os elementos necessários para definir o que será trabalhado em aula. Ainda que, supostamente, a origem de um projeto tenha sido a sala de aula o que leva à sua organização são a valorização e a relevância que o docente lhe atribui. Para a autora, o mais importante é discutir e analisar sobre o que e quais são os conteúdos de ensino a serem trabalhados. Em princípio, as temáticas sobre as quais os alunos trabalham fora da sala de aula não merecem constituir-se em conteúdos de ensino. O que se deve priorizar são as temáticas socialmente relevantes para sua participação na sociedade.
Nemirovisky alerta para a limitação dos temas caso leve-se em conta somente os assuntos sobre os quais os alunos manifestem interesse. O aluno pode interessar-se por temas que desconhece, dos quais não conceba sequer a existência? Partindo dessa perspectiva, a função do professor não é partir dos interesses dos alunos, mas gerar interesses neles.
Entendendo a seqüência didática como “organização do trabalho em sala de aula, mediante conjuntos de situações didáticas estruturadas e vinculadas entre si por sua coerência interna e sentido próprio, realizada em momentos sucessivos”, Nemirovisky afirma que planejá-la implica analisar seu andamento, fazer trocas, incorporar situações não previstas, modificar seu rumo. Porém, ressalta a autora, ao elaborá-la deve-se saber se a sequência será integradora ou globalizadora de diferentes áreas do conhecimento. Contudo, trata-se de não forçar situações para abarcar diferentes áreas do conhecimento em uma mesma sequência didática. É perfeitamente viável organizar sequências didáticas centradas em conteúdos de uma só área. Por outro lado, há casos nos quais a integração de conteúdos de ensino que correspondem a diferentes áreas do conhecimento pode ser pertinente. Contudo, se o objetivo da integração for promover a aprendizagem de conteúdos de diferentes áreas de conhecimento, é fundamental que as atividades desencadeiem múltiplas, rigorosas e sucessivas situações de análise, de comparação, de exploração, de verificação, de argumentação, acerca dos conteúdos que se quer ensinar. Resumindo, existem três possibilidades: 1) Seqüências didáticas centradas em aprendizagens de uma área do conhecimento. 2) Seqüências didáticas que podem integrar conteúdos de mais de uma área de conhecimento. 3) Seqüências didáticas centradas em determinada área do conhecimento que podem incluir uma fase em que se trabalham conteúdos de outra área do conhecimento.
Uma vez definida a forma e a temática da sequência didática, é imprescindível fazer um determinado recorte, estabelecendo certos limites que constituem o objeto de estudo. O critério básico para determinar o recorte pode ser: uma área de conhecimento, um tema específico ou uma tarefa em grupo. Sob essa perspectiva a autora apresenta nos capítulos 6 a 10 cinco exemplos de sequências didáticas.
6 Personagem Prototípico do Conto
A professora Carla trabalha com alunos de 3 a 4 anos. Seu objetivo foi fazer com que seus alunos avançassem na aprendizagem como bons ouvintes de contos. Para tanto ela partiu de algumas premissas: não permitia interrupções durante a leitura; não agregava explicações; sentavam-se cômoda e relaxadamente; atenuava a iluminação da sala; escolhia versões originais, de boa qualidade, com vocabulário realmente literário, bem estruturado – início, trama central e desenlace; presença de elementos fantásticos; não mostrava as imagens. Isto porque ela acreditava que o objetivo exclusivo da leitura de textos literários é o prazer. Inicialmente parecia. No entanto, ela foi incorporando, gradualmente, hábitos e promovendo mudanças que despertaram o interesse das crianças, além de impor algumas normas.
Quando todos estavam participando satisfatoriamente, Carla elaborou a sequência didática. Detectou o personagem de maior interesse das crianças: as fadas. Organizou a seqüência em três fases: 1ª) Leitura de contos com fadas. Comentários e análises desses personagens; 2ª) Escrita individual de contos nos quais apareçam fadas; 3ª) Edição de um livro de contos de fadas.
As atividades desenvolvidas foram: na primeira fase, leitura, seguindo suas premissas, e elaboração de um cartaz – o quadro das fadas – onde anotavam as características das fadas de cada conto. A segunda fase foi a da escrita dos contos. Como nenhum membro do grupo escrevia de maneira convencional – tinha desde uma escrita indiferenciada até escritas silábicas – a professora sentava-se junto a cada um para realizar a transcrição. Nesta fase a professora promoveu uma reflexão em relação ao tamanho das palavras, organizou um fichário com os nomes dos personagens, promoveu a leitura pelos autores e finalizou com a “reescrita” dos contos. À terceira fase coube a edição, a apresentação e o uso social do livro elaborado. A professora sabia que quanto mais relevante fosse essa fase, maior seria o entusiasmo com a proposta seguinte.
Análise da sequência didática: está centrada na linguagem escrita; o tipo de texto é o conto, com uma fase de trabalho sobre o sistema de numeração. Embora os alunos tivessem participado da elaboração de letreiros e cartazes isso não indica que tenham se constituído em objetos de reflexão e análise. Em relação aos contos, foram quatro as propriedades centrais: modo de leitura, as personagens prototípicas, a estrutura e o suporte.
7 Reunião de Pais
A professora Marta trabalha com uma turma de cinco anos. Seu objetivo foi realizar a primeira reunião com os pais, a fim de informá-los sobre a modalidade de trabalho, trocar pontos de vista, estabelecer algumas formas de intervenção e abordar algum outro tema que ela e os alunos achassem conveniente.
Junto com seus a alunos planejou a reunião. Pediu opiniões sobre o que eles gostariam que fosse contado a seus familiares, tomou nota das propostas dos alunos, e assim delimitou os temas centrais, horário e data da reunião. O passo seguinte foi a elaboração dos convites, a partir de modelos que foram lidos e analisados. O modelo escolhido foi escrito na lousa, após debates e sugestões foi reelaborado e copiado pelos alunos. Nesta ocasião a professora aproveitou para promover uma reflexão sobre tipos de letra.
Agora tinham que organizar a reunião. Decidiram que fariam uma exposição dos trabalhos plásticos realizados pela turma. Depois de rever todos os trabalhos, listaram as técnicas que conheciam, escolheram e revisaram os trabalhos, montaram a exposição, organizaram o espaço, fixaram cartazes explicativos sobre as técnicas plásticas, decoraram o espaço e preparam o lanche que serviriam aos participantes.
Análise da sequência didática: trata-se de uma tarefa complexa realizada pelo grupo. Em relação à linguagem escrita, abordou o texto epistolar, especificamente o convite; em relação às artes plásticas obteve um avanço nas distintas técnicas conhecidas; ainda que tenham feito certos cálculos matemáticos estes não caracterizaram situações didáticas geradoras de avanços; em relação ao texto epistolar foram três as propriedades centrais: modo de leitura, estrutura e léxico.
8 O Fundo do Mar
A professora Lúcia trabalha com uma turma do ensino fundamental. Ao propor a eles um estudo sobre o fundo do mar percebeu que não tinham conhecimentos anteriores e nem curiosidade sobre o tema; porém, ela decidiu prosseguir. Organizou um cartaz com duas colunas – o que sabemos e o que queremos saber - e como não houvesse iniciativa dos alunos, ela mesma começou com algumas anotações. A professora assumiu esse papel porque acreditava que “o papel do professor não pode limitar-se ao de um mero transmissor de informação”, pois uma coisa é ser mero transmissor e outra é negar aos alunos as informações que não têm. Ela cuidou de despertar o interesse da turma que acabou se envolvendo e à medida que coletavam os materiais, surgiam mais perguntas e mais informações que eram agregadas ao quadro inicial.
Quando ambas as listas tinham cerca de dez anotações, Lucia organizou a turma em duplas e trios, cada qual encarregado de verificar uma informação e responder a uma pergunta. Revisaram, selecionaram e distribuíram os materiais que já possuíam. As dúvidas e questões eram levadas para o círculo de discussão comum. Para expor os trabalhos, revisaram e organizaram, também, textos publicitários. Durante a exposição o quadro inicial foi colocado para que todos pudessem agregar informações e perguntas nas colunas.
Análise da sequência didática: quanto à linguagem escrita o tipo de texto trabalhado foi o expositivo, com uma parcial aproximação com texto publicitário; com relação ao tema, destacou-se a existência da vida marinha; em relação ao texto expositivo, foram quatro as propriedades centrais: modo de leitura, relação título/conteúdo como organizadores do texto; relação imagem/texto; e extensão dos textos.
9 Pintores
A professora Carmem trabalha em uma escola rural com alunos de 4 a 9 anos. Embora não tivesse nenhum conhecimento sobre os pintores consagrados, professora resolveu pôr em prática a proposta que fora apresentada em um seminário de formação docente. Considerando que o vínculo afetivo do docente com a temática é uma variável determinante, Carmem começou a buscar e revisar reproduções de obras de arte. Sentindo-se atraída por algumas obras de Pablo Picasso decidiu que trabalharia este pintor com seus alunos. Propôs o tema e durante as semanas seguintes desenvolveram dois tipos de atividades: reunir mais reproduções, além daquelas que ela havia levado; recolher e ler fragmentos de biografias sobre Picasso. Nas atividades de leitura a professora chamou a atenção para a freqüência de verbos e para o tempo verbal empregado nos textos. Trabalhou a estrutura das biografias,os sinais de pontuação, um fichário com o título das obras, reprodução das obras, sistema de medidas e proporção. Foram desenvolvidas diferentes atividades considerando a diferença de idade dos alunos. Finalizaram com uma exposição na qual os quadros pintados pelos alunos foram vendidos e o dinheiro arrecadado doado a uma ONG.
Análise da sequência didática: o tipo de texto trabalhado foi o biográfico; alunos avançaram em aspectos vinculados com a atividade plástica; aprenderam sobre um pintor consagrado; quanto à matemática houve avanços significativos referentes à reflexão sobre proporção e medição; com respeito às atividades de contar os cartões e colocar os preços nas reproduções, ambas foram excessivamente pontuais, sem um o rigor e a consistência necessários para considerá-los como aporte para o conhecimento; em relação ao texto biográfico, foram cinco as propriedades centrais: o suporte, a estrutura, variadas extensões, categorias gramaticais e tempos verbais.
10 Contos Clássicos
A professora Aline trabalha com alunos de 4 e 5 anos. Aproveitando-se do interesse de seus alunos pelos contos clássicos, a professora elaborou uma sequência didática acerca deste tema. Foram realizadas leituras de vários contos; às vezes essas leituras eram interrompidas e as crianças deveriam criar a continuação da história que no dia seguinte era comparada com a versão original. Foram feitas atividades envolvendo a análise dos títulos sem conhecer o conteúdo; leitura e análise do conto, sem conhecer o título; leitura e análise de diferentes versões de um mesmo conto estabelecendo-se quadros comparativos entre eles. Ao final dessas atividades os alunos escreveram o seu próprio conto que também foram lidos e comparados entre eles e com as versões “oficiais”. Trabalharam ainda a biografia dos diferentes autores de um mesmo conto e, no sistema de escrita, a separação das palavras e o uso de letras iniciais maiúsculas.
Análise da sequência didática: o a seqüência se sentou exclusivamente na linguagem escrita, o tipo de texto trabalhado foi o conto clássico; em relação ao conto, foram três as propriedades centrais: modo de leitura, autor e relação imagem/texto.
11 Sobre as Sequências Didáticas Apresentadas
A função dos diferentes tipos de texto é trabalhada nas cinco sequências didáticas, pois cada tipo de texto se lê e se escreve na escola com a mesma função que tem no uso social. No entanto, em certas ocasiões, podem-se complementar com momentos didáticos específicos. Também nas cinco sequências didáticas, propicia-se o avanço dos alunos em relação ao sistema de escrita.
A inclusão das cinco propostas tem por objetivo oferecer um panorama mais amplo para a análise, colocando em evidência as sustentações teóricas dessa proposta de alfabetização. Também objetiva oferecer modelos ao professor que encontra dificuldades para projetar seu trabalho e às vezes tem de escolher propostas já elaboradas para, progressivamente, ir avançando na elaboração de suas próprias sequência didáticas.
A escolha do conto como eixo articulador em duas sequências deve-se a que esse é um tipo de texto muito usado nas salas de aula. O elemento inovador consiste na maneira de aproveitar o conto na tarefa de alfabetização.
Concluindo, afirma Nemirovsky, cabe ao professor indagar sobre as opções com uma autêntica atitude reflexiva e comprometida, pois é no conjunto dessas ações que o trabalho docente torna-se um espaço de crescimento profissional e pessoal.
Maria Angélica Cardoso
Pedagoga, especialista em Formação Docente pela UNIDERP, mestre em Educação pela UFMS, doutoranda em Filosofia e História da Educação pela UNICAMP. Membro do Grupo de Pesquisa HISTEDBR
Luciana Cristina Salvatti Coutinho
Pedagoga pela Faculdade de Educação da Unicamp. Mestranda em Filosofia e História da Educação pela FE/Unicamp. Membro do grupo de estudos e pesquisas HISTEDBR.

 Fonte: http://www.professorefetivo.com.br/resumos/O-Ensino-da-Linguagem-Escrita.html

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Psicologia e Pedagogia: a resposta do grande psicólogo aos problemas do ensino PIAGET, Jean. Resumo

Psicologia e Pedagogia: a resposta do grande psicólogo aos problemas do ensino

PIAGET, Jean




A obra de Piaget sempre causa grande repercussão social, uma se destaca com a tendência universal do  homem se apropriar de condutas  progressivamente mais autônomas  e, portanto livres. Para ele as normas adquirem  a força de uma verdade moral, uma realidade externa que se impõe ao sujeito de modo coercitivo, independente de sua consciência. Esses fatores explicariam porque os fenômenos da natureza ou os fenômenos sociais adquirem uma conotação mágica e fatalista para os sujeitos.

Para Piaget, o verdadeiro terror é tentar julgar o desenvolvimento da educação e da instrução no decorrer dos últimos trinta anos, diante da despreocupação que como em 1935,  ainda  hoje  subsiste entre a extensão dos esforços realizados  e a ausência  de uma renovação fundamental dos métodos, dos programas, da própria posição dos problemas e por assim dizer da pedagogia tomada em seu conjunto como disciplina. Chega-se a á década de 40 ainda com a convicção de que a pedagogia irá alcançar, definitivamente, um estatuto científico mediante a integração   das contribuições da psicologia.

A psicologia da educação, entendida basicamente pelos três núcleos de conteúdos citados: as teorias da aprendizagem, o estudo e a medida das diferenças individuais e a psicologia da criança aparece nesta  época como  a “Rainha das Ciências”. Até 1960, respira-se um notável otimismo nos meios educacionais, existe a opinião generalizada de que as reformas empreendidas serão um instrumento eficaz para o desenvolvimento cientifico e para mudança social. O interesse generalizado pelos temas educacionais e o desenvolvimento considerável dos meios econômicos concedidos á pesquisa e ás reformas neste campo vão imprimir um grande impulso nas ciências da educação, entre   estas a psicologia  educacional.

Traçando  o desenvolvimento da educação e da instrução desde 1935 até aos nossos dias, constatamos um imenso progresso quantitativo da instrução  pública e um determinado número de progresso qualitativos locais, principalmente nos pontos em que mais foram favorecidos pelas múltiplas transformações políticas e sociais. Mas não podemos deixar de indagar  pó que a ciência da  educação tem avançado tão pouco em suas posições em comparação com as renovações profundas ocorridas na psicologia infantil e na própria sociologia, não que não seja merecido. E ainda compreender  a razão por que a imensa corte de educadores que trabalhavam e trabalham no mundo inteiro com tanta dedicação, e na maioria dos casos, competência, não foi capaz de produzir uma elite de pesquisadores que fizessem da pedagogia uma disciplina, ao mesmo tempo cientifica e viva, como ocorre  com todas as disciplinas aplicadas que participam simultaneamente da arte e da ciência, fica aí  um questionamento.

Apesar desses  problemas que ocorreu a partir de 1935, mas  a  questão atual è a situação do corpo docente com relação a pesquisa e aos obstáculos sociais que os impedem de dedicarem á pesquisa de conhecimentos elementares. São eles:


Primeiro, que a pedagogia é, entre outras, uma ciência e das mais difíceis, devido á complexidade dos fatores em jogo. Em segundo, o mestre-escola deve limitar-se a um programa e aplicar os métodos que lhe são ditados pelo Estado, não restando duvida que os ministérios de educação são sobretudo, constituídos por educadores, mas que apenas administram, não lhes restando tempo para  á pesquisa e freqüentemente  recorrem a consultar os Institutos de Pesquisas. Em terceiro comparam as sociedades pedagógicas com as sociedades médicas ou jurídicas, com as sociedades de engenheiros ou de arquitetos e por final , em quarto lugar  sem duvida o essencial, a preparação  de mestres não tem qualquer relação com as faculdades  universitárias, só os mestres secundários se formam na universidade.

A obra de Piaget sempre causa grande repercussão social, uma se destaca com a tendência universal do  homem se apropriar de condutas  progressivamente mais autônomas  e, portanto livres. Para ele as normas adquirem  a força de uma verdade moral, uma realidade externa que se impõe ao sujeito de modo coercitivo,independente de sua consciência. Esses fatores explicariam porque os fenômenos da natureza ou os fenômenos sociais adquirem uma conotação mágica e fatalista para os sujeitos.

E ai, perguntamos o autoritarismo é incompatível como desenvolvimento humano? O construtivismo piagetiano vê  o desenvolvimento da inteligência  enquanto uma construção progressiva de estruturas cada vez mais amplas e diferenciadas. O desenvolvimento do conhecimento evidencia que  ele não se reduz a estruturas inatas, nem á estimulação do meio,mas é uma construção do próprio sujeito. Essa construção é de caráter dialético, pois o  Homem transforma a realidade agindo diretamente sobre ela e, ao agir também se modifica: é o aspecto interacionista  da sua teoria. Pressupondo, uma concepção de que a  inteligência e a liberdade são dois pólos do mesmo processo: um é função do outro.

 Se no inicio esta ação, como o quer Piaget, é preciso liberdade para agir a fim de que a inteligência  se desenvolva e esta precisa se sentir livre de impedimentos para por em pratica os procedimentos de ação. A liberdade, enquanto uma conquista que um numa dialética constante  a ação e a cognição, será uma das marcas do desenvolvimento. Extrapolando esses conceitos para o contexto escolar, não estaríamos inconscientemente impedindo que o aluno desenvolva sua criatividade quando o proibimos de transgredir as formas pré-estabelecidas de conhecimento aceitas como únicas verdadeiras na escola?

Em condições nas quais o aluno é respeitado, portanto  isentas  de autoritarismo, observa-se  a forma como ele vai se apropriando dos mecanismo necessários à autonomia, que irão caracterizar no futuro seu comportamento de cidadão. Nota-se no inicio do desenvolvimento (período pré-operatório) que o real se impõe de forma absoluta. Assim, as limitações (restrições) do real são vistas com necessárias (pseudonecessárias) e as transformações  como impossíveis (pseudoimpossibilidade). No período operatório-concreto, a aquisição das primeiras operações, graças à reversibilidade do pensamento, produzem mudanças significativas.Algumas possibilidades de transformação do real já podem ser vislumbradas,mas são ainda  de caráter limitado, pois tem como referencia o real concreto imediato. A inversão completa de sentido entre o real e o possível só ocorrerá no período correspondente ao pensamento operatório formal.

O raciocínio hipotético dedutivo que caracteriza essa fase permite que as deduções superem o plano da realidade concreta e se realizem a partir de enunciados hipotéticos. Portanto, esse tipo de pensamento que caracteriza o adolescente e o adulto, mergulha o real do universo das possibilidades ilimitadas. O real passa a significar não mais do que uma fonte de proposições (pensamento proporcional) as quais  ligadas logicamente entre si permitem que uma hipótese seja deduzida de outra, sem referencia obrigatória ao real concreto (operações sobre operações), podendo estas proposições serem combinadas de varias formas (sistema combinatório). Sendo assim, a autonomia se impõe como uma necessidade a todos as formas de conduta humana, porque todas as categorias serão conhecimento serão englobadas num único sistema.

O momento no qual ocorre a inserção do jovem na sociedade adulta corresponde, pelo menos é o que se espera teoricamente, à aquisição das estruturas formais de inteligência. A reversibilidade o faz sentir-se em condições de igualdade  em relação aos adultos, desejando participar dos processos de tomadas de decisões  e assumir  responsabilidades individuais  e sociais. O pensamento hipotético-dedutivo lhe permite  afastar-se da situação concreta atual, projetar-se ara o futuro e através da reflexão,elaborar uma hipótese a partir da outra. Em razão dessas características que levam o pensamento formal a não tolerar contradições,o adolescente torna-se  essencialmente um teórico,atribuindo ao seu pensamento um poder messiânico capaz de transformar  a sociedade  por si só , ele se sente como que convocado a desempenhar o papel de salvador da sociedade. Esse entusiasmo excessivo pela capacidade emergente de “teorizar” a realidade gera um tipo superior de egocentrismo, mas que será superado a medida que a participação nos grupos sociais se apresentar como necessária , o que provocará a desconcentração do adolescente.

“(...) se quisermos atingir os objetivos  traçados para a educação quer seja de 1º ou de 2º graus, precisamos construir uma escola onde o aluno possa apropriar ativamente do conhecimento, sem as  restrições autoritárias tão comuns nas normas disciplinares, nas avaliações, na crença (ou descrença) sobre a capacidade do aluno, nas relações  interpessoais estabelecidas na escola (...)”

No Brasil, segundo estudos, o surgimento do pensamento operatório-formal  é um processo mais lento, apresentando uma defasagem que pode chegar a dez anos, e segundo Piaget, é de que a escolarização pode praticamente eliminar essa defasagem. Tais colocações talvez possam despertar a atenção, principalmente dos professores, para a  necessidade  de uma revisão das expectativas em relação aos alunos , também retomar  a função social da escola que deve refletir  sobre o seu compromisso com o desenvolvimento Maximo dos alunos  e coma construção  de uma sociedade justa  e democrática.

Piaget coloca, “se quisermos atingir os objetivos  traçados para a educação quer seja de 1º ou de 2º graus, precisamos construir uma escola onde o aluno possa apropriar ativamente do conhecimento,sem as  restrições autoritárias tão comuns nas normas disciplinares, nas avaliações, na crença (ou descrença) sobre a capacidade do aluno, nas relações  interpessoais estabelecidas na escola”. Para concluir, uma questão em que em vários países, se traduziu numa reformulação  que é o ensino profissional, com exigências como uma ampliação dessa forma de englobar essa preparação escolar,teórica e sobretudo pratica, compreendendo o maior numero de profissões possíveis e não somente aquelas cuja especialização técnica exigisse desde longo tempo uma formação escolarizada, de outro lado, um  enriquecimento interno dos programas concebidos, de maneira a fornecer aos futuros profissionais uma cultura geral aumentada, tendendo mesmo a reunir um vasto fundo comum a todas as formas de ensino de nível secundário.

Ao  fazer  o questionamento sobre o por que não foi feita da pedagogia uma disciplina cientifica e viva,  coloca  também em pauta  o problema da “luta contra  carência de mestres” e  constata a generalidade dos problemas, que inicio trata de um problema econômico,  e se pudesse  oferecer  aos mestres o tratamento que recebem  representantes das outras carreiras  liberais, então assistiríamos à aceleração do recrutamento e concluem que na verdade  é que a profissão de educador, nas nossas sociedades, não atingiu ainda o “status” normal  a quem tem direito na escala dos valores intelectuais  e que o mestre  não chega a ser considerado pelos outros e o que é pior nem por ele mesmo. Além de esquecer  que o ensino em todas as sua formas  abarca três problemas centrais, cuja solução está longe de ser alcançados e dos quais pode indagar como serão resolvidos ,com colaboração dos mestres ou uma parte deles.

l) Qual o objetivo desse ensino? Acumular conhecimentos úteis, mas em que sentido são úteis? Aprender a aprender? Aprender  a inovar, a produzir   o novo em qualquer campo tanto quanto no saber? Aprender  a controlar, a verificar ou simplesmente a repetir?

2) Escolhidos esses objetivos (por quem ou com o consentimento de quem?), resta ainda determinar quais são os ramos (ou o detalhe dos ramos) necessários, indiferentes ou contra indicados para atingi-los: os da cultura, os do raciocínio e sobretudo (o que não consta de um grande numero de programas) os ramos da experimentação, formadores de um espírito e descoberta e de controle ativo.

3) Escolhidos os ramos, resta afinal conhecer suficientemente as leis do desenvolvimento mental para encontrar os métodos mais adequados ao tipo de formação educativa desejada.

fonte: http://www.professorefetivo.com.br/resumos/Psicologia-e-Pedagogia.html

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