Autoria: Marco Antonio de Lara
Coautoria: Elisa Franca e Ferreira
Neste presente trabalho, discutiremos a origem e o desenvolvimento da fé (shraddha) dentro dos limites da religião bhagavata, descrita como a ocupação real e natural da alma e estabelecida nos milenares textos védicos, tais como o Bhagavad-gita, o Srimad-Bhagavatam e o Vedanta-sutra, os cânones da religião assim chamada hindu, os quais perfazem a conclusão de todos os Vedas.
Dessa forma, quando falamos de bhagavata-dharma, nitya-dharma ou bhakti-yoga, referimo-nos à potência intrínseca e inadulterável da alma, a essência ontológica do ser a qual se relaciona com Deus e O ama.
Quando visitamos locais como Juazeiro do Norte, Meca, Jerusalém e Mayapur, podemos observar grandes estruturas e artefatos históricos esperando receber uma grande massa de pessoas diariamente. Dentro de tais alvoroços, os indivíduos, em sua maioria, estão sendo levados por uma intuição sutil, uma convicção sublime em algo superior e causal com o qual tudo se relaciona e a partir do qual tudo se origina como fenômeno, o que é mundialmente conhecido como fé.
Será a fé mero dispositivo de segurança desenvolvido por aquelas pessoas menos sóbrias e pouco racionais na esperança de agarrarem-se a um evanescente conforto diante das fatalidades da vida? Ou será a fé uma espécie de intuição espontânea que equipa homens de índole nobre e piedosa, sendo um dos principais instrumentos a conduzir aqueles que estão dispostos a rasgar todas as camadas de ilusão e desvelar a verdadeira faceta do Ser?
Antes de analisarmos propriamente o conceito de fé e suas propriedades dentro da religião bhagavata, temos que primeiro limpar o terreno das ervas daninhas e demais pragas que se depositaram no terreno fértil da religião e da filosofia, as quais cresceram nos últimos quase 400 anos de especulação no Ocidente.
A primeira questão é a de entender se a fé é algo inato, ou seja, algo que já está impregnado dentro de cada indivíduo, sendo, portanto, de caráter universal, ou se a fé manifesta-se em apenas um grupo de pessoas, sendo dessa forma particular.
Compreendemos que a fé é um recurso usual do ser humano em quase todas as circunstâncias e esferas de vida, pois ninguém consegue viver se abrigando em um ceticismo radical, duvidando de todas as coisas em todos os momentos. Podemos perceber que, em muitas das atividades cotidianas, as pessoas dão um voto de confiança antes de agirem, mas quase sempre não existe um controle seguro ou uma previsão exata sobre os resultados de tais ações. Por exemplo, quando alguém consegue um emprego novo, tal pessoa age com a fé de que aquele patrão é idôneo e vai pagar o seu salário no dia e na quantia correta, mas qual é a garantia disso? Ou, no advento de um casamento, o esposo jura fidelidade à sua esposa e, em troca, recebe juras de amor e a palavra de fidelidade da outra pessoa, mas qual é a garantia em ambas as partes? Ambos fazem um contrato sutil baseado em fé.
Assim, podemos citar muitos outros exemplos, como o de alguém que vai fazer uma ultrapassagem com seu carro em uma estrada, ou de um aluno que se esforça para estudar para o exame vestibular, ou do aluno na graduação que espera seu diploma no final do curso – qual é a garantia segura e exata do resultado esperado de tais ações?
Quando levamos a cabo uma análise mais apurada e um tanto cética da realidade, podemos entender que não existe garantia, como apontou Hume, nem mesmo para a suposição de que o Sol vai nascer amanhã. Dessa forma, a fé não é um item exclusivo e apropriado pela religião, senão que, em última instância, ela é universal e equipa o coração de todos; caso contrário, sem esse voto de confiança nas coisas e nas pessoas, qualquer tipo de interação com o mundo e atividades futuras entrariam em colapso, reduzindo-se a uma incerteza e a uma desconfiança intransponíveis a eclipsarem qualquer projeto humano.
Outra crítica moderna em relação à fé é a de que ela é produto da infância intelectual daqueles indivíduos que são menos desenvolvidos. Quando chegarem à maturidade racional, emancipados, esse dispositivo de segurança se tornará dispensável a tais indivíduos, então esclarecidos e senhores de si.
Se fizermos uma análise entre alguns dos grandes pensadores da história ocidental, encontramos muitos casos de alguns deles supostamente serem teístas, ou seja, tais cérebros brilhantes trabalhavam com a confiança em Deus, com a fé. Podemos apontar o caso de pensadores teístas como Isac Newton, Blaze Pascal, Gottfried Leibniz, Immanuel Kant, Albert Einstein etc., assim como podemos encontrar mentes aguçadas com uma propensão para o ateísmo, podendo ser citados Thomas Hobbes, Francis Bacon, Feaurbach, Sigmund Freud e Nietzsche.
Dessa maneira, é arbitrária a caracterização de que a fé é mero produto da ignorância, de homens iletrados e simplórios, pois a fé se manifesta em grandes gênios como um elemento essencial para se compreender a estrutura e a fonte de toda a realidade.
Outra questão a ser tratada em relação à fé que servirá de fio condutor para este trabalho é o da imparcialidade de Deus. Se o que separam ateístas e teístas, sukritinas de duskritinas, é exatamente o elemento da fé, sendo que os fiéis a possuem e, portanto, poderiam avançar e purificar a consciência e a existência, enquanto os infiéis, desprovidos de fé, se afundariam em atividades contrárias à lei de Deus, por que Ele dotaria alguns com fé e outros não? Ou seja, nosso principal questionamento seria: De onde surge a fé? Qual seria a sua gênese primeira ou o primeiro aparecimento em detrimento da escassez daqueles que não a têm?
Desenvolvimento
O conceito de fé (shraddha) é estabelecido no Chaitanya-charitamrita da seguinte maneira, ’shraddha’-shabde—vishvasa kahe sudridha nishcaya krishne bhakti kaile sarva-karma krita haya: “Quem presta transcendental serviço amoroso a Krishna (o Deus Supremo) automaticamente realiza todas as atividades subsidiárias. Esta fé firme e inabalável, favorável ao desempenho do serviço devocional, chama-se shraddha” (Chaitanya-charitamrita, Madhya 62.22).
No capítulo 22 do Chaitanya-charitamrita, Sri Chaitanya Mahaprabhu está explicando o processo do serviço devocional a Srila Rupa Gosvami. Explica-se como em tal processo, apesar de ser tão científico e lógico, como é descrito nas páginas dos Vedas, se torna indispensável a utilização da fé para o desenvolvimento do amor a Deus dentro de tal método, ou ainda, o processo do amor a Deus tem seu início com o despertar da fé como primeiro estágio, e todo o seu desenvolvimento, até chegar à etapa mais elevada de amor puro a Deus (prema), caracteriza-se por um desenvolvimento dessa fé.
Podemos observar no Bhagavad-gita (7.15-16) que, dependendo da mentalidade do indivíduo, ele pode ter sua fé depositada nas coisas sensíveis ou em seu próprio esforço, sendo enquadrado em uma das quatro classes de duskritinas (malfeitores ou materialistas grosseiros), ou então desenvolveram sua fé em algo supremo e Absoluto, como é o caso das quatro classes de sukritinas (piedosos). Nessas duas vias de fé desperta por esses grupos distintos, uns têm fé nos empreendimentos e prazeres fenomênicos e outros depositam todas as suas convicções e esforços em algo sublime e metafísico. Qual dessas seria a fé original, ou a que mais se aproxima de seu estado puro, a qual habita o coração da entidade viva?
Bhaktivinoda Thakura, um grande santo, reformador religioso e magistrado do séc. XIX, responde tal pergunta citando um verso do Amnaya-sutra (57), shraddha tv anyopaya-varjam bhakty-unmukhi chitta-vritti-visheshah: “Shraddha é a função característica do coração que se esforça apenas para bhakti [devoção inadulterável], a qual está totalmente desprovida de karma [ação motivada materialmente] e jnana [conhecimento especulativo] e que nada deseja além do prazer exclusivo de Krishna [o Deus Supremo]”.
Ter fé em bhakti é a natureza do coração em seu puro estado constitucional, assim como é da natureza da mente (que se situa no coração) em seu estado puro fluir para Krishna, sempre pensar em Krishna. Sarvopadhi-vinirmuktam tat-paratvena nirmalam hrishikena hrishikesha sevanam bhaktir ucyate: “Bhakti ou serviço devocional significa ocupar todos os sentidos a serviço do Senhor, a Suprema Personalidade de Deus, o mestre de todos os sentidos. Quando a alma espiritual rende serviço ao Supremo, dois tipos de efeitos ocorrem. Ela se livra de todas as designações corpóreas, e os seus sentidos se purificam simplesmente por serem empregados a serviço do Senhor”. (Bhakti-rasamrita-sindhu 1.1.12)
Então, a fé é um dos elementos primários e indispensáveis no processo de bhakti, a qual marca seu início e sem a qual o sadhaka (o praticante de serviço devocional) jamais alcançará o seu sadhya (meta por se praticar tal serviço), como é confirmado no Bhagavad-gita (9.2): “Este conhecimento é o rei da educação, o mais secreto de todos os segredos. É o conhecimento mais puro e, por conceder uma percepção direta do eu, é a perfeição da religião. Ele é eterno e é agradável praticá-lo”. Este verso descreve as qualidades do processo do serviço devocional, mas o verso seguinte (9.3) explica o que acontece se o praticante não tem fé nesse processo, ashraddadhanah purusha dharmasyasya parantapa aprapya mam nivartante mrityu-samsara-vartmani: “Aqueles que não são fiéis neste serviço devocional não podem Me alcançar, ó subjugador dos inimigos. Por isso, voltam a trilhar o caminho de nascimentos e mortes neste mundo material”. De acordo com a literatura revelada e com os praticantes que conseguem a devida ascensão, os acharyas, se o praticante não desenvolver uma fé firme nos aspectos desse processo, ele não conseguirá se livrar do ciclo de nascimentos e mortes e alcançar seu objetivo último de conhecer Deus.
Todo conhecimento científico é caracterizado pelo seu rigor investigativo e descritivo, como exigiu Descartes em seu Discurso do Método (1637). Descartes enfatizou o rigor do método, discursando sobre alguns preceitos da lógica que lhe eram mais importantes. Ele não aceitaria algo sem que o conhecesse e não se precipitaria, admitindo somente o que se apresentasse de maneira clara e distinta e passasse pelo crivo da dúvida; dividiria cada uma das dificuldades que examinasse em quantas parcelas fossem possíveis e necessárias para resolvê-las; conduziria os pensamentos dos objetos mais simples aos mais complexos; faria enumerações completas até ter certeza de que não omitira nada. Em suma, seu método consistia em rejeitar como absolutamente falso tudo o que deixasse a menor dúvida e aceitar somente o que fosse totalmente indubitável. Logo, segundo Descartes, todo objeto de pesquisa deve ser avaliado de maneira clara e distinta, não só como um todo, mas esmiuçado também em partes. Assim, por meio dessas prerrogativas, a obra de Srila Rupa Gosvami (Bhakti-rasamrita–sindhu) satisfaz tais quesitos, pois ela nomeia, analisa e identifica cada estágio hierárquico do processo de bhakti de forma organizada e sistemática.
Rupa Gosvami diz, adau shraddha tatah sadhu-sango ‘tha bhajana-kriya tato ‘nartha-nivrittih syat tato nishtha ruchis tatah athasaktis tato bhavas tatah premabhyudanchati sadhakanam ayam premnah pradurbhave bhavet kramah: “No começo, deve-se ter um desejo preliminar de autorrealização. Com isto, o indivíduo se sentirá inclinado a associar-se com pessoas espiritualmente elevadas. Na fase seguinte, ele é iniciado pelo mestre espiritual elevado e, sob sua instrução, o devoto neófito começa o processo do serviço devocional. Pela execução do serviço devocional sob a orientação do mestre espiritual, ele se livra de todo apego material, alcança firmeza na autorrealização e adquire gosto por ouvir sobre a Absoluta Personalidade de Deus, Krishna. Esse gosto continua propiciando o seu avanço, e ele então desenvolve apego à consciência de Krishna, que, ao amadurecer, manifesta-se como bhava, ou a fase preliminar do transcendental amor a Deus. O verdadeiro amor por Deus chama-se prema, a mais elevada etapa de perfeição da vida”. (Bhakti-rasamrita–sindhu 1.4.15-16).
Como o Srimad-Bhagavatam, o amala purana, é a principal obra que embasa, não só teologicamente, mas filosófica, escatológica, psicológica, cosmológica e sociologicamente, todo o movimento de sankirtana de Sri Chaitanya Mahaprabhu, sendo o texto que personifica a própria personalidade de Deus nesta era de Kali, como se declara em tal Purana (1.3.43), ele é a principal fonte de instrução e fundamentação para os seus seguidores do vaishnavismo gaudiya.
Os Seis Gosvamis de Vrindavana, sendo apóstolos diretos de Mahaprabhu, têm em seus escritos ou comentários expansões diretas dos significados de tal obra. Desse modo, o verso de Rupa Gosvami (adau shraddha tatah sadhu-sango) citado acima encontra sua ramificação em versos do próprio Srimad-Bhagavatam, como o verso 3.25.25, ou na sequência dos versos 1.2.16 ao 1.2.20. Tais versos expõem de maneira lógica e sistemática todo o desenvolvimento do amor a Deus pela entidade viva da seguinte maneira:
“Ó sábios duas vezes nascidos, servindo àqueles devotos que estão completamente livres de todos os vícios, presta-se um grande serviço. Através de tal serviço, obtém-se afinidade por ouvir as mensagens de Vasudeva (1.2.16). Sri Krishna, a Personalidade de Deus, que é o Paramatma [Superalma] no coração de todos e o benfeitor do devoto veraz, purifica do desejo de gozo material o coração do devoto que desenvolve o desejo ardente de ouvir Suas mensagens, que são por si mesmas virtuosas quando adequadamente ouvidas e cantadas (1.2.17). Assistindo regularmente às aulas sobre o Srimad-Bhagavatam e prestando serviço ao devoto puro, tudo que é molesto ao coração é quase completamente destruído, e o serviço amoroso à Personalidade de Deus, a quem se louva com canções transcendentais, se estabelece como um fato irrevogável (1.2.18). Tão logo o irrevogável serviço amoroso seja estabelecido no coração, os efeitos dos modos naturais de paixão e ignorância, tais como luxúria, desejo e ânsia, desaparecem do coração. Então, o devoto se estabelece na bondade e torna-se completamente feliz (1.2.19). Assim estabelecido no modo de bondade pura, o homem cuja mente é vivificada pelo contato com o serviço devocional ao Senhor obtém conhecimento científico e positivo da Personalidade de Deus, no estágio em que se liberta de todo contato com a matéria (1.2.20)”.
Agora, compararemos no gráfico abaixo os versos expostos no Bhagavatam e sua respectiva síntese exposta por Rupa Gosvami em seu Bhakti-rasamrita–sindhu 1.4.15-16.
O Srimad-Bhagavatam demonstra como essa fé se desenvolve até chegar ao estágio de amor puro a Deus, mas ainda nossa indagação persiste: Como surge a fé?
Srila Bhaktivinoda Thakura explica em seu Sri Hari Nama-cintamani que “sukriti, ou atividade piedosa, tem três variedades: 1) karmonmukhi, ou piedade derivada de atividades fruitivas; 2) jnanonmukhi, ou piedade derivada do cultivo de conhecimento, e 3) bhakti-unmukhi, ou piedade derivada de serviço devocional. Os dois primeiros resultam em desfrute dos frutos da ação e em libertação, respectivamente. Entretanto, bhakti-unmukhi envolve fé no serviço devocional puro e apreciação do mesmo. Tal piedade elevada é obtida por realizar, sem conhecimento de causa ou dos benefícios, alguma espécie de serviço devocional puro, sem conhecimento espiritual (ajnata-sukriti). Bhakti-unmukhi é o tipo mais importante de sukriti, e leva o jiva a encontrar um devoto puro, santificado”. (BHAKTIVINODA, 2012, ?).
A partir dessa declaração de Bhaktivinoda, podemos inferir que é através de sukriti que atrairemos bhakti, ou seja, realizando ações piedosas. Como é apontado por Krishna no Bhagavad-gita (7.28), yesham tv anta-gatam papam jananam punya-karmanam te dvandva-moha-nirmukta bhajante mam dridha-vratah: “Aqueles que agiram piedosamente tanto nesta vida quanto em vidas passadas e cujas ações pecaminosas se erradicaram por completo livram-se da ilusão manifesta sob a forma de dualidades e ocupam-se em servir-Me com determinação”.
Tal atividade piedosa (punya-karmanam) pode ser interpretada como sendo uma das atividades cármicas ordinárias, as quais são descritas na sessão karma-kanda dos Vedas em processos como a caridade, as austeridades, as penitências ou o estudo das escrituras. Sendo assim, será que bhakti estaria sujeita a karma?
Esse ponto controverso é trabalhado pela própria Suprema Personalidade de Deus, que dirime tal dúvida no Srimad-Bhagavatam (11.12.9), yam na yogena sankhyena dana-vrata-tapo-‘dhvaraih, vyakhya-svadhyaya-sannyasaih prapnuyad yatnavan api: “Embora alguém se ocupe com grande esforço no sistema de yoga místico, especulação filosófica, caridade, votos, penitências, sacrifícios ritualísticos, ensino de mantras védicos aos outros, estudo pessoal dos Vedas ou a ordem de vida renunciada, ainda assim ele não pode Me alcançar”.
Um verso chave que vem jorrar luz e conclusão nessa questão do surgimento da fé é citado por Chaitanya Mahaprabhu no Chaitanya-charitamrita (Madhya 19.151), brahmanda bhramite kona bhagyavan jiva, guru-krishna-prasade paya bhakti-lata-bija. Tal verso explica os caminhos errantes do jiva que está a vagar por todo o universo, nascendo desde os planetas superiores aos planetas infernais, vida após vida.
Tal martírio só pode ser extinto quando a alma afortunada encontra um uttama-adhikari, um devoto puro do Senhor, que plantará no coração da entidade viva a semente do amor puro a Deus.
Considerações Finais
Concluímos nosso presente trabalho apontando para o fato de que somente bhakti pode atrair bhakti. A bhakti que está no coração do devoto puro é exatamente como a chama que entra em contato com a lenha seca, como explica Srila Visvanatha Chakravarti Thakura na introdução de seu Madhurya Kadambini (Capítulo 1):
“A parcialidade do madhyama-adhikari é aceita como sua característica natural (Srimad-Bhagavatam 11.2.46). O Senhor, sendo subserviente a Seu devoto (sva-bhakta-vatsalya), permite que Sua misericórdia siga a misericórdia de Seu devoto. Portanto, essa proposta não é de forma alguma irregular. Porém, mesmo aceitando a misericórdia do devoto como a causa de bhakti, ainda assim a causa dessa misericórdia é a própria bhakti residente em seu coração. Sem que o devoto tenha bhakti, não há possibilidade de que ele dê misericórdia aos outros. Bhakti causa a misericórdia do devoto, que causa bhakti em outra pessoa. Bhakti causa bhakti. Portanto, concluímos assim a natureza automanifestante e independente de bhakti”.
Portanto, a natureza independente e autossuficiente de bhakti causa bhakti nas outras entidades vivas, utilizando o bhakta como veículo e missionário que contagia tal disposição nos corações de todos, isentando completamente a Suprema Personalidade de Deus de qualquer parcialidade ou desfavorecimento, quem simplesmente segue a misericórdia de Seu devoto que foi estimulado pela própria bhakti.
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Referências Bibliográficas