sexta-feira, 23 de maio de 2008

Sete anos no Tibet.


Sete Anos no Tibet - Seven Years in Tibet, 1997

Dirigido por Jean-Jacques Annaud. Com: Brad Pitt, David Thewlis, B.D. Wong, Mako, Danny Denzongpa, Jetsun Pema, Jamyang Wang Chuck, Ama Ashe Dongtse.

Tenho certeza de que havia algo a aprender em Sete Anos no Tibet. Durante todo o filme esperei me deparar com alguma bela lição ou com alguma daquelas cenas emocionalmente fortes que marcam os grandes clássicos. Nada disso aconteceu. O filme nada mais é do que uma sucessão de cenas - e só.

O roteiro, baseado no livro autobiográfico de Heinrich Harrer, narra sua difícil viagem pelo Tibet e seu encontro e amizade com o Dalai Lama, que tinha, na época, apenas 14 anos de idade. Mas não é só isso: Harrer é, na verdade, um poço de egoísmo. Um homem capaz de abandonar a própria esposa na véspera do nascimento de seu primeiro filho com o único objetivo de escalar o Nanga Parbat, um dos picos mais altos do Himalaia - e, consequentemente, a fama. Assim, sua convivência com o Dalai Lama se revela um verdadeiro aprendizado para ambas as partes, já que o Lama quer conhecer um pouco do estilo de vida Ocidental.

Jean-Jacques Annaud, um diretor de imenso talento, peca ao não conseguir transmitir a mínima emoção em sua narrativa. O filme é completamente insípido, o que é de se espantar quando consideramos o alto potencial da história que ele tinha para contar. As conversas entre Harrer e o Dalai Lama são absolutamente superficiais e recheadas de diálogos hollywoodianos, que não se coadunam com a personalidade do líder sagrado do Tibet. Em certo momento, por exemplo, ele pergunta ao personagem de Brad Pitt: 'Você acha que algum dia as pessoas vão ver o Tibet na tela de um cinema e se perguntar o que aconteceu conosco?'. Terrível.

Além disso, há um ponto, vital para a trama, que não é explicado apropriadamente em nenhum momento: por que o Dalai Lama se interessa por Heinrich Harrer, em especial, e não por seu amigo Peter Aufschnaiter? Seus cabelos loiros? Pelo que nos mostra Annaud, é o que parece. E a pergunta inversa também cabe aqui: por que Harrer se interessa pelo garoto? A única explicação que o filme fornece é que o sujeito passa a encarar o Lama como um substituto para o filho que deixou para trás. Seria até uma boa justificativa - se transmitida com competência, o que não é o caso.

Mas Sete Anos no Tibet possui, em contrapartida, um visual belíssimo. A fotografia de Robert Fraisse, injustamente ignorada no Oscar, é de tirar o fôlego, bem como a direção de arte e a cenografia. A cidade sagrada de Lhasa, onde o Dalai Lama reside (e na qual nenhum estrangeiro é permitido), é maravilhosa. Aliás, considerando-se que o filme não teve sequer um milímetro de celulóide rodado na Índia, o trabalho da técnica merece reconhecimento ainda maior.

As atuações são boas: Brad Pitt está muito bem como Heinrich Harrer e a culpa pela falta de emoção do filme não deve recair sobre suas costas. Seu envolvimento com o personagem é patente e sua 'transformação', relativamente convincente (digo 'relativamente' porque, como já dito, o roteiro não ajuda). Mas quem realmente surpreende no filme é David Thewlis, que interpreta o companheiro de viagem de Harrer. Thewlis é um bom ator, mas lembrem-se de que seu último trabalho havia sido A Ilha do Dr. Moreau, no qual ninguém se salva. Aqui, Thewlis dá a volta por cima e, como o roteiro não castiga muito seu personagem, seu trabalho acaba sendo o de maior impacto no filme.

No geral, Sete Anos no Tibet ainda poderia ter sido salvo por uma edição mais econômica. A sensação final é a de que o filme é longo e, em alguns momentos, bem cansativo. Uma pena. Ainda tenho aquela sensação de que poderia ter me emocionado muito com esta história.

21 de Maio de 1998

http://www.cinemaemcena.com.br/cinemacena/crit_editor_filme.asp?cod=378

Trailler do filme.
crisdeltoro

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Sleepers - A Vingança Adormecida


Hoje é sexta-feira. Está a fim de um filme interessante ai vai. Sleepers se não assistiu vale a pena, se já assistiu vale a pena ver de novo.

Sleepers - A Vingança Adormecida
(Sleepers, 1996)

Gênero: Drama Duração: 147 min Origem: EUAEstúdio: Warner Bros. Direção: Barry Levinson Roteiro: Barry Levinson Produção: Steve Golin, Barry Levinson Última Atualização: 05 de Abril de 2005
Sinopse: Kevin Bacon, Robert De Niro, Dustin Hoffman, Jason Patric e Brad Pitt formam um grupo de amigos que estrela esta obra cinematográfica e simplesmente arrasam com suas espetaculares interpretações! Uma farra de juventude num bairro de Nova York tem como resultado um drástico erro da justiça: o grupo é condenado a cumprir um ano de prisão. Começa, então, o pior pesadelo para os quatro garotos que tornam-se vítimas das obsessões e loucuras dos sádicos guardas do reformatório. Um jeito muito duro e inesquecível de entrar na adolescência! Quinze anos mais tarde, eles têm a oportunidade de se vingar, recorrendo à mesma justiça deficiente que os condenou! Situações de tensão quase insuportável transformam Sleepers num Thriller eletrizante repleto de suspense e ação que, com certeza, vão prender você do começo ao fim.
http://www.2001video.com.br/detalhes_produto_extra_dvd.asp?produto=5893

donttouchmetodd



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Aprenda a lidar melhor com seus dramas, através do cinema


Aprenda a lidar melhor com seus dramas, através do cinema21 de Mai, Qua - 10h40
( AE) - Por Lola Félix
São Paulo, 21 (AE) - Cheia de dramas, situações pitorescas e momentos de suspense, a vida daria um filme. Mas, muitas vezes, a sensação é de que ela já foi filmada - e é a nossa história que está sendo representada na tela. Por meio das lágrimas derramadas pelo mocinho ou dos risos causados pelo comediante, o telespectador revisita experiências, liberta-se dos medos, tem o ânimo revigorado. A história serve como pano de fundo para a representação de sentimentos ou situações parecidas.
"O cinema tem uma função catártica, purificadora", explica o psicólogo Jacob Goldberg, autor do livro "Psicologia em Curta-metragem" (São Paulo: Novo Conceito, R$ 35), que recomenda a cinematerapia a muitos de seus pacientes. "Assistindo a um filme, a pessoa vive realidades que o cotidiano não permite", completa.
Autoras de "Cinematerapia para a alma" (Editora Verus, R$ 35 em média), Nancy Peske e Beverly West explicam, no livro, que os filmes, mais do que uma forma de entretenimento, são importantes instrumentos que podem nos inspirar a crescer e nos motivar na busca de um sentido maior para a vida.
Golberg concorda. "Assistindo a um filme, sentimos vontade de fazer um roteiro da nossa própria vida", diz.
O Hospital e Maternidade São Cristóvão, em São Paulo, promove, todos os meses, o Bate Papo no Cinema, encontro gratuito no qual é apresentado um filme. O objetivo do serviço, segundo o psicólogo Marcelo Gianini, é proporcionar reflexões sobre aspectos psicossociais do dia-a-dia.
"Os temas são diversos. Com os filmes, fazemos com que a pessoa reconheça situações do seu dia-a-dia ou da rotina de um outro alguém, proporcionando a troca de experiências e idéias sobre a melhor forma de se lidar com cada assunto", esclarece o psicólogo.
A professora Deise Ramos, de 51 anos, esteve presente na última sessão, na qual foi exibida "Quem Somos Nós?", um misto de documentário e narrativa ficcional que conecta a ciência à espiritualidade. "Acredito que um bom filme tem o poder de mudar meu estado de espírito", diz Deise, que prefere as produções européias. Segundo ela, o importante é que o filme traga um sentido profundo.
Boxe: Para viver um amor
- Amélie Poulain (2001) - A excêntrica Amélie (Audrey Tautou) certamente tem um motivo para fugir de um relacionamento íntimo: seus pais superprotetores criaram a filha com medo de um súbito "mal" do coração. Porém, ela aprende a se divertir com as coisas simples, enfiando a mão num saco de cereais ou brincando com creme brulée com uma colher de chá. Mas será que ela terá a coragem de expressar seus profundos anseios, procurar amor e a intimidade e deixar para trás seu mundo de fantasia? Esse é um filme delicioso e inspirará você a aceitar seus próprios caprichos, a confiar no destino e se esforçar na busca daquilo que você merece.
Boxe 2: Contra a ansiedade
- Um dia de cão (1975) - Se você sente que está vivendo num mundo em que as coisas só tendem a piorar, assista à história de um homem desempregado e incapaz de pagar a operação de mudança de sexo de seu namorado que tem a idéia de assaltar um banco sem ter o menor talento para o crime.
Boxe 3: Para se reerguer
- O Mágico de Oz (1939) - Como vemos em "O Mágico de Oz", às vezes ignoramos nossas habilidades, subestimamos nossos poderes e acabamos percorrendo trilhas tortuosas através de escuras florestas, em busca de algum ser todo-poderoso que nos dê respostas e resolva todos os nossos problemas. Como Dorothy (Judy Garland), não percebemos que temos o poder e nosso interior, de voltar à fonte de nossa força e alegria sempre que quisermos. O segredo revelado neste clássico não é só que nossos magos geralmente são homens assustados, mas sim que, se quisermos sair do marasmo e ir para onde desejamos, temos que reconhecer nosso poder pessoal.


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PSICOPEDAGOGIA NO TERCEIRO MILÊNIO

OS CAMINHOS DA
PSICOPEDAGOGIA NO
TERCEIRO MILÊNIO
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Os estudos futuros necessariamente facilitarão a distinção do objeto de estudo da psicopedagogia dos objetos de estudo da psicologia e da pedagogia; e ao mesmo tempo a complementaridade destas três áreas do conhecimento

INTRODUÇÃO
Ao escrever sobre o tema "Os caminhos da psicopedagogia no terceiro milênio" vivenciei um duplo dasafio: o de pensar o que deveria acontecer no campo psicopedagógico nos anos vindouros, para o qual se faz necessário efetuar previamente um balanço do que foi feito até agora neste domínio do conhecimento, de forma tal que o referido balanço traga uma visão de conjunto e o de permitir realizar uma previsão para depois do ano 2000.

Por isso, esta exposição foi organizada em duas partes: a primeira implica uma visão retrospectiva que denomino "O balanço" e a segunda, que pretende ser uma reflexão sobre o futuro, que chamo "Os caminhos".

No meu entender, a análise do passado, pode ser realizada segundo três grandes dimensões: a teórica, a técnica e a institucional, enquanto que o projeto para o futuro está constituído por um conjunto de idéias que podem formar um programa de revisão de conceitos e técnicas já estabelecidos como assim também a construção de novos conceitos e novas técnicas.

O BALANÇO
Cabe assinalar que embora estes três domínios, o teórico, o técnico e o institucional, venham a ser comentados separadamente em função de tentar ser o mais claro possível, a realidade é que os três se desenvolvem simultaneamente, realimentando-se de forma recíproca.

A revisão da evolução teórica permite determinar distintos momentos. Um anterior à constituição do modelo em que se baseia a Instituição que nos convida para a comemoração do seu aniversário e outro momento em que se desenvolve a Epistemologia Convergente, sobre o qual me centrarei mais precisamente sem ignorar que também se desenvolveram outras linhas.

Anterior a Epistemologia Convergente é possível reconhecer:

Um período pré-científico que vai aproximadamente até o século XVIII onde não existia um claro conceito de aprendizagem e de dificuldades de aprendizagem, visto que as mesmas eram tidas como doença mental, que por sua vez era explicada por uma concepção demonológica: vale dizer sobrenatural.

O período seguinte, que vai até finais do século XIX e começo do século XX, é uma etapa de transição entre as explicações pré-científicas e as científicas. Neste período, Itard por um lado e Pinel por outro propuseram respectivamente uma explicação ambiental e outra biológica para a parada do desenvolvimento, apresentado pelo "menino selvagem" de Aveyron. Ambos determinismos - o ambiental e o biológico - respondem a concepções naturais da doença.

A etapa posterior começa com o nascimento de um sem número de escolas psicológicas contemporâneas: o estruturalismo de Wundt e Titchner; a psicanálise de Freud; o funcionalismo de Dewey e Woodwort; a reflexologia de Pavlov; a Gestalt de Wertheimer, Koehler e Koffka; a topologia de Lewin; o behaviorismo de Watson e os subprodutos psicológicos da escola piagetiana. Todas estas escolas consideravam que "sua causa" - o inconsciente, o estímulo, a estrutura, etc. - era a causa única e suficiente.

O último período inicia-se aproximadamente durante a década de 30, e pode ser chamado de período de integração de idéias, assim chamado, o mesmo se caracteriza desta forma porque alguns cientistas abandonam suas posições irredutíveis e mergulham no conhecimento de outros, o que permite a tomada de consciência das limitações, das descrições e explicações das distintas correntes, com a qual se gera um movimento integracionista.

A Argentina e mais precisamente a cidade de Buenos Aires, foi um lugar privilegiado tanto para o desenvolvimento da integração de teorias como da psicopedagogia.

Três fatos, embora lamentáveis contribuíram para o desenvolvimento da psicopedagogia na Argentina: a Guerra Civil Espanhola, a Segunda Guerra Mundial e a repressão militar.

A Guerra Civil Espanhola ocorrida na década de 30, motivou a emigração de um grande número de intelectuais: entre os quais cabe mencionar José Ortega y Gasset o qual residiu, durante sua peregrinação, entre outros lugares, em meu país, trouxe consigo sua visão humanística com a qual sensibilizou os círculos mais renomados, produzindo uma renovação de conceitos e métodos intelectuais que prepararam terreno para o passo seguinte: as conseqüências intelectuais da segunda guerra mundial.

A luta armada que aconteceu entre os anos 40 e 45 fez com que um número significativo de psicanalistas europeus, buscassem na América do Sul um novo lar; o que beneficiou novamente a Argentina ao difundir entre nós suas práticas e conhecimentos. Pouco tempo depois começou a se conhecer a teoria piagetiana, produzindo-se uma significativa oposição entre os seguidores de ambas as escolas.

As décadas de 70 e 80 foram testemunhas da mais crua repressão e intimidação que sofrera a Argentina. É importante lembrar que desapareceram 30.000 pessoas das quais 4.400 foram jogadas vivas no mar. Isto produziu simultaneamente uma dispersão e enclausuramento de intelectuais, em particular de todos aqueles cuja profissão começava com "psi": psiquiatria, psicologia, psicopedagogia, etc.

Enquanto os colegas que emigraram, se saciaram de outras fontes, ao mesmo tempo que levaram seus conhecimentos a inúmeros lugares, aqueles que ficaram enclausurados, se dedicaram à reflexão, à investigação clínica e à produção de escritos. Entre estes últimos se encontra quem lhes fala, o que elaborou um paradigma denominado Epistemologia Convergente: o qual consiste na assimilação recíproca de contribuições da Psicanálise, da Escola Piagetiana e da Psicologia Social.

A revisão da dimensão técnica permite lembrar dentro desta linha, a elaboração de instrumentos conceituais, recursos diagnósticos, assistenciais e preventivos, individuais e grupais.

Entre os instrumentos conceituais que se elaboraram, cabe mencionar: o esquema evolutivo da aprendizagem, o processo diagnóstico, a matriz do pensamento diagnóstico individual, o quadro nosográfico das dificuldades de aprendizagem e os critérios de seleção para a inclusão em grupo de tratamento psicopedagógico. Por outro lado, quanto aos instrumentos concretos se encontram, entre outros: a entrevista operativa centrada na aprendizagem, as técnicas projetivas psicopedagógicas, a caixa de trabalho individual, a caixa de trabalho grupal e os recursos diagnósticos e terapêuticos, individuais e grupais.

É importante mencionar que, além dos trabalhos com as unidades de análise indivíduo e grupo, começaram as primeiras tentativas de sistematizar conceitual e tecnicamente outras duas unidades de análise: a instituição e a comunidade. Aproximadamente até 1996, eu acreditava que a psicopedagogia possuía somente duas unidades de análise: o indivíduo e o grupo, ambas como unidades funcionais ou seja que o grupo apesar de possuir heterogeneidade estrutural - por seus diferentes integrantes - tinha homogeneidade funcional e aprendia como um todo, não como uma soma de indivíduos.

Algumas circunstâncias me colocaram frente a trabalhos com outras duas unidades: a instituição e a comunidade. Trabalhos que me permitiram realizar aproximações preliminares sobre as mesmas. O trabalho de nível institucional consistiu no Estudo da Universidade de Buenos Aires, a pedido da Reitoria desta Alta Casa de Estudos e os trabalhos a nível comunitário foram realizados - na Argentina - para o Estado de Neuquen, cujo governo desejava desencadear o processo de industrialização - e no Brasil - na Prefeitura de Santo André, cuja Secretaria de Cultura, Educação e Desporto queria estudar os mecanismos de aprendizagem da comunidade desfavorecida que não se sentia - entre outras coisas - com direito a usar os lugares públicos. A população pertencia às favelas e por um obsatáculo emocional não se sentia com direito a usar praças, passeios, etc.

O desenvolvimento institucional - novamente restrito às instituições vinculadas à Epistemologia Convergente, começou em 1977 com a criação do Centro de Estudos Psicopedagógicos em Buenos Aires. Neste, se organizaram quatro departamentos: docência, assistência, investigação e publicações. Cada um dos quais alcançou distintos graus de desenvolvimento em função de diferentes fatores internos e externos. O departamento que mais se desenvolveu foi o de docência, logo em seguida o de assistência e finalmente os de publicações e investigações.

O departamento de docência dedicado à formação de pós-graduação oferece esta formação a todo graduado em pedagogia, psicologia, fonoaudiologia, medicina, etc. e também a psicopedagogos que se interessam pela linha teórico-técnica deste Centro de Estudos Psicopedagógicos. Os três anos de formação - 1) teoria e técnica psicopedagógica, 2) contribuições da escola psicanalítica e de Genebra e 3) prática assistencial: diagnóstico e tratamento - são trabalhados com uma exposição teórica que serve de disparador e grupo operativo e/ou dramatizações. Também oferece a formação em núcleos, no interior do país e se fundaram Centros de Estudos no Brasil, que seguem a linha do Centro de Estudos Psicopedagógicos de Buenos Aires.

O Departamento de Assistência adotou ao longo destes anos, três modalidades: assistência individual, assistência grupal e assessoramento. As duas primeiras além de terem sido implementadas na sede do Centro de Estudos Psicopedagógicos, também foram levadas a cabo em hospitais: Centro de Saúde Mental de La Matanza, Hospital Ramos Mejía, Hospital Infanto Juvenil Dra. Carolina Tobar García e a nível de assessoramento na direção de Inovações Educativas da Secretaria de Educação da Municipalidade de Buenos Aires.

Em 1982, logo depois de alguns cursos, tanto de psicopedagogia, como de grupo operativo, se fundou o Centro de Estudos Psicopedagógicos do Rio de Janeiro - CEPERJ, posteriormente em 1988 o CEP - Curitiba, em 1992 o CEP Salvador e recentemente foi solicitada e concedida a permissão para criar o Centro de Estudos Psicopedagógicos de Belo Horizonte, em Minas Gerais.

Cabe mencionar que tanto na Argentina como no Brasil algumas tentativas de criar outros Centros, um na Argentina e dois no Brasil se frustraram.

O Departamento de Publicações em 1981 em combinação com o Departamento de Docência, convidou a Dra. Elsa Schmid-Kitsikis, titular da Cátedra de Clínica da Universidade de Genebra para que nos visitasse na Sede de Buenos Aires , onde proferiu seminários, conferências e realizou supervisões. Também deve-se dizer que o Departamento de Publicações produz cadernos, traduz artigos e elaborou publicações.

OS CAMINHOS
O fazer da Psicopedagogia no terceiro milênio - também visto na perspectiva da Epistemologia Convergente - traz conjuntamente dois dasafios principais e indissociáveis: aperfeiçoar os resultados alcançados e abordar as eventuais provocações do futuro.

O aperfeiçoamento dos resultados alcançados pode ser generalizado sob a idéia de uma definição mais inclusiva e profunda do objeto de estudo da psicopedagogia, vale dizer, da aprendizagem e dos recursos diagnósticos, preventivos e assistenciais utilizados nas quatro unidades de análises, já mencionadas.

Mesmo que os resultados pré-citados, tragam uma clara dedicação ao sujeito individual, nos quais se privilegiam os aspectos cognitivos e afetivos (como construções sociais), acho indispensável levar a cabo investigações clínicas e experimentais, que aprofundem mais especificamente esta interação em situações de aprendizagem.

Até agora foram estudados três fenômenos: os da dimensão cognitiva, os da dimensão afetiva e os da interação entre ambos.

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mecanismos de objeto aglutinado

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mecanismos de objeto parcial

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mecanismos de objeto total

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interação numa dimensão

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mecanismos de insensivilidade

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mecanismos de disociação

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mecanismos de integração

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interação entre dimensões

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posição masculina (conteúdo)

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O que falta estudar é a influência que a aprendizagem produz em ambas as dimensões e na interação, o qual poderia ser apresentado como o gráfico que se segue:

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Também é necessário aprofundar-se nos conceitos de aprendizagem grupal, institucional e comunitária. Indivíduo, grupo, instituição e comunidade são, sem dúvida alguma, organismos vivos que aprendem.

UNIDADES DE ANÁLISE

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Sendo que cada uma delas influi na precedente, condicionando-a.

Influência de umas unidades sobre as outras

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Também se conhecem, até certo ponto, os elementos constitutivos de cada unidade e sua interação dentro da unidade. Contudo, estes conhecimentos não bastam.

Os elementos constitutivos de cada unidade são:

Indivíduo visca-graf6.gif (2195 bytes) Aprendizagem
intra-psíquica
Grupo visca-graf7.gif (2681 bytes) Aprendizagem
intra-grupal
Instituição visca-graf8.gif (2564 bytes) Aprendizagem
institucional
Comunidade visca-graf9.gif (2621 bytes) Aprendizagem
comunitária
Assim mesmo, cabe mencionar que muito provavelmente a psicopedagogia deva incorporar ao estudo dos mecanismos de aprendizagem uma nova e quinta unidade de análise: "a cultura".

Embora as unidades de análise, comunidade e cultura pareçam confundir-se e não seja fácil realizar uma clara distinção entre ambas, seguindo o critério de maior inclusão, anteriormente utilizado, pode-se dizer:

1° Que as culturas contem em seu seio comunidades.

2° Que uma cultura possui um conjunto de valores e respostas compartilhadas.

3° Que a interação entre culturas produz fenômenos que podem alcançar um grau de estabilização ou não.

Entre tais fenômenos cabe mencionar a difusão, quase no mesmo sentido da física, ou seja a integração do novo; a desintegração de uma das culturas e o estorvo cultural, uma parte da cultura evolui rapidamente e outra não.

As culturas são organismos vivos que se assemelham ao indivíduo mas com uma maior complexidade que se poderia bem dizer é de 5a. potência ( indivíduo, 1a. potência; grupo, 2a. potência; instituição, 3a. potência; comunidade, 4a. potência e cultura, 5a. potência) e ao mesmo tempo é a mais inclusiva.

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As culturas, como o indivíduo, para sobreviverem se abrem e se fecham ante os estímulos do meio, ou seja, podem crescer, deter-se, desintegrar-se e apresentar decalagens em sua configuração.

Sem lugar a dúvidas, no momento atual, em função dos avanços tecnológicos que facilitam a comunicação, esta unidade de análise adquire uma relevância fundamental, pois ao mesmo tempo que encerra a série das cinco unidades, se reverte sobre cada uma e sobre o indivíduo muito especialmente, fazendo que nele se introduza um conjunto de valores e condutas.

Justamente o governo da Cidade de Buenos Aires e UNICEF-Argentina implementaram conjuntamente, em 26 de outubro uma experiência com crianças e jovens de 8 a 17 anos que se encontra a meio cominho entre os níveis: unidade de análise comunidade e unidade de análise cultura.

Esta experiência denominada "Todos votam e eu também" consiste em consultar a opinião dos jovens coincidentemente com a data dos comícios para legisladores da Cidade de Buenos Aires; ao mesmo tempo que se os exercita na aprendizagem da participação e expressão democrática de suas opiniões.

Cabe mencionar que este estudo é o terceiro que se leva a cabo na América; mas o mesmo tem uma diferença em relação aos anteriores, o qual consiste em que as questões foram formuladas por crianças e jovens e não por adultos.

Esta experiência não só envolve a comunidade como também a cultura, já que pretende modificar de forma operacional a concepção de que os adultos tem razão e as crianças e jovens não.

O estudo das culturas como unidade de análise exige que o psicopedagogo realize um trabalho em equipe com o sociólogo, psicólogo social, o antropólogo e historiador, sem perda de seu objeto de estudo: a aprendizagem

De outra forma, mas não totalmente desvinculado ao que se acaba de dizer, é importante, que num futuro próximo, se aprofunde de um ponto de vista concreto, prático e técnico, a psicopedagogia institucional em suas modalidades: a psicopedagogia "na instituição" e a psicopedagogia "da instituição". Enquanto a primeira se aproxima da prática do consultório; a segunda se introduz na instituição como totalidade. Enquanto a primeira permite entre outras coisas, que as pessoas sejam incorporadas em um nível institucional - fábrica, escola, oficina, etc. - adequado às suas possibilidades, a segunda facilita o desenvolvimento da aprendizagem da instituição.

Aqui também, cabe expressar o anseio de que a falsa antinomia do sociologismo e o psicologismo deixe de ser uma resistência e se transforme em opostos complementares.

Outro caminho que deverá ser transitado no próximo milênio é o da investigação em psicopedagogia. As pesquisas psicopedagógicas são essenciais para o progresso desta área do conhecimento, tanto desde o ponto de vista teórico como técnico. As ciências que não realizam investigações são as que menos progridem. Muito provavelmente pela juventude da psicopedagogia não há um número necessário de investigações de caráter estritamente psicopedagógico. Os estudos futuros necessariamente facilitarão a distinção do objeto de estudo da psicopedagogia dos objetos de estudo da psicologia e da pedagogia; e ao mesmo tempo a complementaridade destas três áreas do conhecimento.

Por último e para encerrar esta exposição direi que outra meta da psicopedagogia em geral e da Epistemologia Convergente em particular é a de fundar Núcleos de assistência, docência e investigação que socializem, democratizem e humanizem o nosso fazer psicopedagógico.


Jorge Visca é formado em Ciências da Educação na Faculdade de Filosofia e Letras da Universidade de Buenos Aires e Psicologia Social na Primera Escuela Privada de Psicología Social. Fundou o Centro de Estudos Psicopedagógicos na cidade de Buenos Aires e os centros de estudos Psicopedagógicos do Rio de Janeiro, Curitiba e Salvador no Brasil. Vem desempenhando como docente de Pós-Graduação na Universidade de Buenos Aires e Universidades Brasileiras na especialilização da Psicopedagogia. Realizou numerosas publicações em seu país e no estrangeiro e participou de congressos internacionais representando a Argentina. Participando como membro para eleição de docentes em diversas Universidades. Dirige estudos e investigações em Educação e Psicopedagogia. E ainda é professor convidado de várias Universidades Brasileiras.



© 1997, 1998, 1999, 2000 Trait Tecnologia Ltda.
Tel: 11-5051-1563 Fax: 11-5051-8642
Comentários para psicopedagogia@uol.com.br
Última atualização: October 03, 1999.


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Jorge Visca.


Jorge Visca

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Jorge Pedro Luis Visca (Buenos Aires, 14 de maio de 1935 — Buenos Aires, 23 de julho de 2000) foi um psicólogo social argentino. Graduou-se, também, em Ciências da Educação.

Foi o divulgador da Psicopedagogia no Brasil, Argentina e Portugal e o criador da Epistemologia Convergente, que propunha uma atividade clínica voltada para a integração de três frentes de estudo da psicologia: Escola de Genebra (Psicogenética, de Piaget), Escola Psicanalítica (Freud) e Psicologia Social (Enrique Pichon Rivière).

Fundou centros psicopedagógicos em Buenos Aires, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba e Salvador.

É autor do livro Clínica Psicopedagógica (1985) e atuou como consultor e assessor na formação de profissionais em diversos centros de estudos psicopedagógicos em universidades do Brasil e da Argentina.

Centro de Estudos Psicopedagógicos do Rio de Janeiro

Como um dos grupos remanescentes do pensamento de Visca no Brasil, o Centro de Estudos Psicopedagógicos do Rio de Janeiro - CEPERJ tem atuado na formação de psicopedagogos tomando como modelo inicial de funcionamento a organização adotada pelo Centro de Estudos Psicopedagógicos (CEP) de Buenos Aires, à época, um dos mais importantes centros na Argentina.

Ver também

Psicopedagogia


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Os quatro pilares da educação


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quinta-feira, 22 de maio de 2008

Jacques Lacan



Jacques Lacan

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Jacques-Marie Émile Lacan
Nascimento 13 de Abril de 1901
Paris, França
Falecimento 9 de Setembro de 1981
Paris
Nacionalidade Francês
Ocupação Psicanalista, filósofo
Escola/tradição Estruturalismo, Pós-estruturalismo
Principais interesses Psicanálise, Filosofia, Antropologia, Literatura, Lingüística, Topologia
Idéias notáveis Matema, Real/Simbólico/Imaginário, Foraclusão, Gozo, Estágio do espelho, Objeto a, Autonomia do Significante, Fórmulas da Sexuação, Os quatro discursos, O passe, Tempo Lógico
Influências Freud, Clérambault, Saussure,Hegel, Martin Heidegger, Jakobson, Émile Benveniste, Lévi-Strauss, Kojève, Georges Bataille
Influenciados Žižek, Althusser, Guattari, Badiou, Miller, Kristeva

Críticos:Gilles Deleuze, Félix Guattari, Jacques Derrida, Jean Laplanche, André Green

Jacques-Marie Émile Lacan (Paris, 13 de abril de 1901 — Paris, 9 de setembro de 1981) foi um psicanalista francês.
Formado em Medicina, passou da neurologia à Psiquiatria, tendo sido aluno de Gatian de Clérambault. Teve contato com a psicanálise através do surrealismo e, a partir de 1951, afirmando que os pós-freudianos haviam se desviado do sentido da obra freudiana, propõe um retorno a Freud. Para isso, utiliza-se da lingüística de Saussure (e posteriormente de Jakobson e Benveniste) e da antropologia estrutural de Lévi-Strauss, tornando-se importante figura do Estruturalismo. Posteriormente encaminha-se para a Lógica e para a Topologia. Seu ensino é primordialmente oral, dando-se através de seminários e conferências. Em 1966 foi publicada uma coletânea de 34 artigos e conferências, os Écrits (Escritos). A partir de 1973 inicia-se a publicação de seus 26 seminários, sob o título Le Séminaire (O Seminário).

Pensamento

Sua primeira intervenção na Psicanálise é para situar o Eu como instância de desconhecimento, de ilusão, de alienação, sede do narcisismo. É o momento do Estádio do Espelho. O Eu é situado no registro do Imaginário, juntamente com fenômenos como amor, ódio, agressividade. É o lugar das identificações e das relações duais. Distingue-se do Sujeito do Inconsciente, instância simbólica. Lacan reafirma, então, a divisão do sujeito, pois o Inconsciente seria autônomo com relação ao Eu. E é no registro do Inconsciente que deveríamos situar a ação da Psicanálise.

Esse registro é o do Simbólico, é o campo da linguagem, do significante. Lévi-Strauss afirmava que "os símbolos são mais reais que aquilo que simbolizam, o significante precede e determina o significado”, no que é seguido por Lacan. Marca-se aqui a autonomia da função simbólica. Este é o Grande Outro que antecede o sujeito, que só se constitui através deste - "o inconsciente é o discurso do Outro", "o desejo é o desejo do Outro".

O campo de ação da psicanálise situa-se então na fala, onde o inconsciente se manifesta, através de atos falhos, esquecimentos, chistes e do relato dos sonhos, enfim, naqueles fenômenos que Lacan nomeia como "formações do inconsciente". A isto se refere o aforismo lacaniano "o inconsciente é estruturado como uma linguagem".

O Simbólico é o registro em que se marca a ligação do Desejo com a Lei e a Falta, através do Complexo de Castração, operador do Complexo de Édipo. Para Lacan, "a lei e o desejo recalcado são uma só e a mesma coisa". Lacan pensa a lei a partir de Lévi-Strauss, ou seja, da interdição do incesto que possibilita a circulação do maior dos bens simbólicos, as mulheres. O desejo é uma falta-a-ser metaforizada na interdição edipiana, a falta possibilitando a deriva do desejo, desejo enquanto metonímia. Lacan articula neste processo dois grandes conceitos, o Nome-do-Pai e o Falo. Para operar com este campo, cria seus Matemas.


É na década de 1970 que Lacan dará cada vez mais prioridade ao registro do Real. Em sua tópica de três registros, Real, Simbólico e Imaginário, RSI, ao Real cabe aquilo que resiste a simbolização, "o real é o impossível","não cessa de não se inscrever". Seu pensamento sobre o Real deriva primeiramente de três fontes: a ciência do real, de Meyerson, da Heterologia, de Bataille, e do conceito de realidade psíquica, de Freud. O Real toca naquilo que no sujeito é o "improdutivo", resto inassimilável, sua "parte maldita", o gozo, já que é "aquilo que não serve para nada". Na tentativa de fazer a psicanálise operar com este registro, Lacan envereda pela Topologia, pelo Nó Borromeano, revalorizando a escrita, constrói uma Lógica da Sexuação ("não há relação sexual", "A Mulher não existe"). Se grande parte de sua obra foi marcada pelo signo de um retorno a Freud, Lacan considera o Real, junto com o Objeto a ("objeto ausente"), suas criações.

Cronologia

  • 1901: Nasce em Paris, no dia 13 de abril, Jacques-Marie Émile Lacan, primeiro filho de uma próspera família católica.
  • 1907: Nascimento de seu irmão, Marc-Marie, que mais tarde entrará para a ordem dos beneditinos como o nome de Marc-François.
  • 1919: Matricula-se na faculdade de medicina. Paralelamente estuda literatura e filosofia, aproximando-se dos surrealistas.
  • 1928: Trabalha como interno da Enfermaria Especial para alienados da Chefatura de Polícia, dirigida por Gaëtan Gatian Clérambault, que mais tarde reconhecerá como seu único mestre na psiquiatria.
  • 1931: Após examinar Marguerite Pantaine, que havia tentado assassinar a atriz Huguette Duflos, escreve sobre o episódio (conhecido como "Caso Aimée") uma monografia que está na gênese de sua tese de doutorado.
  • 1932: Inicia sua análise com Rudolf Loewenstein. Defende a sua tese de doutorado, Da psicose paranóica em suas relações com a personalidade.
  • 1934: Casa-se com Marie-Louise Blondin, com quem terá três filhos. Caroline (1937), Thibault (1939) e Sybille (1940).
  • 1936: Sua comunicação sobre o estádio do espelho, durante congresso da Associação Internacional de Psicanálise (IPA) em Marienbad, é interrompida no meio por Ernest Jones, discípulo e biógrafo de Freud.
  • 1938: Inicia relações com Sylvia Bataille, ex-mulher do escritor e filósofo Georges Bataille. Torna-se membro da Sociedade Psicanalítica de Paris (SPP).
  • 1941: Separa-se de Marie-Louise. Nasce Judith Sophie, filha de Lacan com Sylvia.
  • 1951: Sua técnica de sessões curtas gera controvérsias na SPP. Dá início aos Seminários, uma série de apresentações orais que constituirão o núcleo de seu trabalho teórico.
  • 1953: Em meio à crise na SPP, faz conferências fundamentais como "O mito individual do neurótico" (em que utiliza pela primeira vez a expressão Nome do Pai), "O real, o simbólico e o imaginário" (que coloca suas teorias sob o signo do "retorno a Freud") e "Função e campo da palavra e da linguagem em psicanálise" (pronunciada em Roma). Deixa a SPP junto com Daniel Lagache, Françoise Dolto e outros 40 analistas. Funda a Sociedade Francesa de Psicanálise (SFP). Realiza o seminário Os escritos técnicos de Freud, primeiro a ser registrado por estenotipista, possibilitando posterior publicação.
  • 1963: A IPA admite a filiação da SFP.
  • 1964: Lacan funda a Escola Freudiana de Paris (EFP) com antigos alunos como Françoise Dolto, Maud e Octave Mannoni, Serge Leclaire, Moustapha Safouan e François Perrier.
  • 1966: Publicação de Escritos e criação da coleção Campo Freudiano, dirigida por Lacan.
  • 1967: Propõe a criação do "passe", dispositivo regulador da formação do analista.
  • 1968: Lançamento da revista Scilicet, do Campo Freudiano.
  • 1973: Publicação da transcrição do Seminário XI, Os quatro conceitos fundamentais da psicanálise, realizado em 1964. A partir daí, os seminários passam a ser editados segundo esse procedimento. Caroline morre num acidente de automóvel.
  • 1975: Lançamento de Ornicar?, boletim do Campo Freudiano.
  • 1980: Anuncia a dissolução da EFP e funda em outubro a Escola da Causa Freudiana.
  • 1981: Morre em Paris no dia 09 de setembro.

O Seminário

  • Seminário 1 - “Os escritos técnicos de Freud” (1953-54)
  • Seminário 2 - “O eu na teoria de Freud e na técnica da psicanálise” (1954-55)
  • Seminário 3 - “As psicoses” (1955-56)
  • Seminário 4 - “A relação de objeto” (1956-57)
  • Seminário 5 - “As formações do inconsciente” (1957-58)
  • Seminário 6 - “Les désir et son interprétation” (1958-59)
  • Seminário 7 - “A ética da psicanálise” (1959-60)
  • Seminário 8 - “A transferência” (1960-61)
  • Seminário 9 - “L’identification” (1961-62)
  • Seminário 10 - “A Angústia” (1962-63)
  • Seminário 11 - “Os quatro conceitos fundamentais da psicanálise” (1963-64)
  • Seminário 12 - “Problèmes cruciaux pour la psychanalyse” (1964-65)
  • Seminário 13 - “L’objet de la psychanalyse” (1965-66)
  • Seminário 14 - “La logique du fantasme” (1966-67)
  • Seminário 15 - “L’acte psychanalytique” (1967-68)
  • Seminário 16 - “D’un Autre à l’autre” (1968-69)
  • Seminário 17 - “O avesso da psicanálise” (1969-70)
  • Seminário 18 - “D’un discours qui ne serait pás du semblant” (1970-71)
  • Seminário 19 - “...Ou pire” (1971-72)
  • Seminário 20 - “Mais, ainda” (1972-73)
  • Seminário 21 - “Les non-dupes errent” (1973-74)
  • Seminário 22 - “R.S.I.” (1974-75)
  • Seminário 23 - “O Sinthoma” (1975-76)
  • Seminário 24 - “L’insu que sait de l’une bévue s’aile à mourre” (1976-77)
  • Seminário 25 - “Le moment de conclure” (1977-78)
  • Seminário 26 - “La topologie et le temps” (1978-79)

Escritos

  • Abertura desta coletânea
  • O seminário sobre "A carta roubada"
  • De nossos antecedentes
  • Para-além do "Princípio de realidade"
  • O estádio do espelho como formador da função do eu
  • A agressividade em psicanálise
  • Introdução teórica às funções da psicanálise em criminologia
  • Formulações sobre a causalidade psíquica
  • O tempo lógico e a asserção de certeza antecipada
  • Intervenção sobre a transferência
  • Do sujeito enfim em questão
  • Função e campo da fala e da linguagem em psicanálise
  • Variantes do tratamento-padrão
  • De um desígnio
  • Introdução ao comentário de Jean Hyppolite sobre a " Verneinung" de Freud
  • Resposta ao comentário de Jean Hyppolite sobre a " Verneinung" de Freud
  • A coisa freudiana
  • A psicanálise e seu ensino
  • Situação da psicanálise e formação do psicanalista em 1956
  • A instância da letra no inconsciente ou a razão desde Freud
  • De uma quesiao preliminar a todo tratamento possível da psicose
  • A direção do tratamento e os princípios de seu poder
  • Observação sobre o relatório de Daniel Lagache: "Psicanálise e estrutura da personalidade"
  • A significação do falo
  • À memória de Ernest Jones: Sobre sua teoria do simbolismo
  • De um silabário a posteriori
  • Diretrizes para um Congresso sobre a sexualidade feminina
  • Juventude de Gide ou a letra e o desejo
  • Kant com Sade
  • Subversão do sujeito e dialética do desejo no inconsciente freudiano
  • Posição do inconsciente
  • Do "Trieb" de Freud e do desejo do psicanalista
  • A ciência e a verdade
  • Comentário falado sobre a "Verneinung" de Freud, por Jean Hyppolite
  • A Metáfora do Sujeito

Bibliografia

LACAN, Jacques

Tese

  • Da psicose paranóica em suas relações com a Personalidade. Rio de Janeiro, Forense Universitária, 1987

Coletâneas

  • Escritos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1998. 937 p.
  • Outros Escritos”. Rio de Janeiro, Jorge Zahar Editor, 2003
  • Escritos. São Paulo, Perspectiva, 1978 (versão parcial)
  • Shakespeare, Duras, Wedekind, Joyce. Lisboa: Assírio & Alvim, 1989. "Hamlet por Lacan" ; "Homenagem a Marguerite Duras", ; "O despertar da primavera" (1974), ; "Joyce o sintoma",
  • Meu Ensino. Rio de Janeiro, Jorge Zahar Editor, 2006 • Conferências: "Lugar, origem e fim do meu ensino", "Meu ensino, sua natureza e seus fins", "Então, vocês terão escutado Lacan"
  • Nomes-do-Pai - Rio de Janeiro, Jorge Zahar Editor, 2005.Conferências:"O simbólico, o imaginário e o real" e "Introdução aos Nomes-do-Pai"

Seminários publicados

  • O Seminário – Livro 1 – Os Escritos Técnicos de Freud. Rio de Janeiro, Jorge Zahar Editor, 1979
  • O Seminário – Livro 2 - O Eu na Teoria de Freud e na Técnica da Psicanálise. Rio de Janeiro, Jorge Zahar Editor, 1985.
  • O Seminário – Livro 3 - As Psicoses, Rio de Janeiro, Jorge Zahar Edit. 1985.
  • O Seminário – Livro 4 - A Relação de Objeto. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1995.
  • O Seminário – Livro 5 - As formações do inconsciente, Rio de Janeiro: Jorge Zahar Edit. 1999
  • O Seminário – Livro 7 - A ética da psicanálise, Rio de Janeiro, Jorge Zahar Edit. 1991.
  • O Seminário – Livro 8 - A transferência, Rio de Janeiro, Jorge Zahar Edit. 1992.
  • O Seminário - Livro 10 - A Angústia ,Rio de Janeiro, Jorge Zahar Edit, 2005
  • O Seminário – Livro 11 - Os Quatro Conceitos Fundamentais da Psicanálise, São Paulo, Jorge Zahar Editor, 1979.
  • O Seminário – Livro 17 - O Avesso da Psicanálise, Rio de Janeiro, Jorge Zahar Editor, 1992.
  • O Seminário – Livro 20 - Mais, Ainda. Rio de Janeiro, Jorge Zahar Editores, 1982.
  • O Seminário - Livro 23 - O sinthoma. Rio de Janeiro, Jorge Zahar Editores, 1982

Conferências, aulas de seminários, artigos

  • O mito individual do neurótico: Seminário 0 [O Homem dos ratos], Lisboa: Assírio & Alvim, 1987. 76 p. , (O homem dos ratos)
  • Televisão, Rio de Janeiro, Jorge Zahar Editor, 1993
  • Hamlet, por Lacan, Campinas, São.Paulo, Escuta Editora / Liubliú Livraria Editora / UNICAMP, 1986
  • Os complexos familiares na formação do indivíduo: ensaio de análise de uma função em psicologia. Rio de Janeiro, Jorge Zahar, 1997
  • Triunfo da Religião - Rio de Janeiro, Jorge Zahar Editor, 2005

LACAN, Jacques et al.

  • A querela dos diagnósticos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1989, Artigo: "A Psiquiatria Inglesa e a Guerra"

Referências

Obras de caráter introdutório

  • Meu Ensino - Jacques Lacan, Jorge Zahar Editor
  • Lacan - Gérard Miller, (org.),Jorge Zahar Editor
  • Lacan - Alain Vanier, Estação Liberdade
  • Percurso de Lacan, uma introdução - Jacques-Alain Miller, Jorge Zahar Editor
  • Lacan,O Grande Freudiano - de Marco A. Coutinho Jorge e Nadiá P. Ferreira, Jorge Zahar Editor
  • Cinco lições sobre a teoria de Jacques Lacan - J.-D. Nasio, Jorge Zahar Editor
  • A negação da falta, 5 seminários sobre Lacan para analistas kleinianos - Marcio Peter de Souza Leite, Relume-Dumará
  • Jacques Lacan, uma biografia intelectual - Oscar Cesaroto e Marcio Peter de Souza Leite, Iluminuras
  • Introdução à leitura de Lacan - Oscar Masotta, Papirus
  • Lacan, a trajetória de seu ensino - Marcelle Marini, Artes Médicas
  • Revista Viver Mente&Cérebro - Edição Especial, Coleção Memórias da psicanálise, nº 4.

Instituições

Rio de Janeiro

Ligações externas

Obtido em "http://pt.wikipedia.org/wiki/Jacques_Lacan"


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Didática e Avaliação



FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO




Mudanças:
Didática e Avaliação


Cintia Barreto


Rio de Janeiro, 2001.

INTRODUÇÃO
Este trabalho tem por objetivo refletir sobre a postura do professor brasileiro diante da crítica e da autocrítica nos processos de avaliação e ensino-aprendizagem, bem como sobre a resistência à mudança pedagógica, tendo como base o livro Ironias da Educação - mudança e contos sobre mudança de Pedro Demo (2000).
Para isso, foi dividido em dois capítulos; o primeiro, Ironias da Educação, tem como base os Contos-do-vigário, contos relatados no primeiro capítulo do livro onde o autor narra sua experiência em cursos para professores ministrados por ele; o segundo, A Avaliação, tem em vista um diálogo entre Demo e Romão sobre o processo avaliativo em sala-de-aula.
Dessa forma, o seguinte trabalho pretende, de forma concisa, e tendo como alicerce o sociólogo Pedro Demo, discutir as ironias que ocorrem na nossa educação.

AS IRONIAS DA EDUCAÇÃO
No mundo pós-moderno, o neoliberalismo gerou a globalização da tecnologia e da educação. Assim, tudo deve ser padronizado, globalizado. Por que não globalizarmos a conduta dos professores diante a avaliação, por exemplo? Por que se fala tanto em mudança, transformação pedagógica, quando o que se vê é a repetição de antigos modelos de aula e avaliação?
É simples, nossos professores temem a mudança, pois temem não estar preparados para tal. Os mestres acostumaram-se a repetir os manuais aprendidos por eles, que os repassa sem o menor pudor a seus alunos. Por outro lado, não estarão, dessa forma, formando sujeitos pensantes, autônomos como prioriza a nova pedagogia.
Na primeira parte de seu livro, Demo narra cinco contos sobre sua experiência com professores e revela-nos muito sobre a postura do professor, quando este fica na posição de aluno. No Conto 1, Demo trabalhou com professores da Escola Normal que não estavam acostumados a pesquisar, a aprender e, muito menos, a serem avaliados como podemos perceber nesta inferência feita pelo autor:


Desconhecem o que é aprender - é estranho que, em contexto de Escola Normal, ocorra este tipo de problema; como diz o provérbio: "em casa de ferreiro, espeto de pau"; reside aí, talvez, a contradição mais comprometedora, porque se trata de consumado conto-do-vigário: os professores são o que os alunos jamais deveriam ser; desconhecem o esforço reconstrutivo que a aprendizagem supõe, com base em pesquisa e elaboração própria, individual e/ou coletiva, prendendo-se em amenidades e futilidades, que já fazem parte do folclore pedagógico. (p. 16)

No Conto 2, continua o autor a perceber o paradoxo vivido pelo sistema educacional, uma vez que os professores não estão acostumados a receber críticas e sim a fazê-las, como podemos conferir em:

Pouco vale criticar sem propor; quando se exige proposta e percebe-se que não se tem, experimenta-se o desespero de quem se sente nu. A pedagogia se habituou a falar alto, sobretudo a prometer a transformação histórica, mas, quando colocada contra a parede, tudo que sai é crítica desconexa, exacerbação mental, gritaria desorganizada; todos defendem o projeto pedagógico, mas poucos - quase ninguém - o tem elaborado, resultando sempre em discussões alongadas e inúteis, tendo como passo final e certeiro jamais chegar a beneficiar o aluno, até porque não se chega a lugar nenhum.. (p. 26)

É importante esclarecer que esses contos servem de espelho do sistema educacional vigente em muitas partes do país, pois poucos são os que ousam mudar, ousam transformar o que se tem em algo melhor, algo que beneficie o aluno e não ao próprio sistema. Poucos são os professores que vivenciam o que falam, que transformam teoria em prática e, depois, sua prática em teoria. No Conto 3, Demo demonstra nesta passagem o desfecho desta experiência:

Mais que tudo, ficou claro que a preocupação central de nossas escolas e faculdades é o mero ensino ministrado por professor que só sabe ensinar. Não por sua culpa, porque culpa não é critério explicativo, mas por deficiência de formação, ao lado do desprestígio do profissional flagrante. Como sempre, os professores tentaram lançar a "culpa" sobre os alunos, que não teriam qualquer condição de pesquisar - não iam além da cópia. Estavam apenas "tapando o sol com a peneira". A questão era que eles mesmos não sabiam pesquisar, nunca tinham pesquisado, não possuíam elaboração própria, só davam aulas reprodutivas, e assim por diante. (p. 32)

Assim, o professor não pode fazer o aluno aprender se ele não sabe aprender. Outros questionamentos foram levantados neste conto como a incapacidade de autocrítica e de inovação dos professores.
No Conto 4, ocorrido em uma instituição confessional dotada de educação básica e três cursos superiores, com grande tradição na cidade surgiu um grupo interdisciplinar, produtivo, mas que levou um susto, quando descobriu que teria que pesquisar, elaborar e ser avaliado todos os dias. Logo surgiu o medo de mudar. Todo o entusiasmo do início "caiu por terra", já que se havia cogitado a hipótese de uma nova pedagogia, acrescentando nova área em nível superior à instituição e atendendo tanto à educação básica, quanto à superior. O medo de mudanças foi o tema central deste conto:

Em meio a tamanhos conflitos, o recuo foi crescendo, até que, em certo momento, "sobrei". Fomos do céu ao inferno, no prazo de um ano. A convicção de que é preciso mudar foi menos forte do que o medo de mudar. Os professores, por sua vez, foram mostrando as resistências clássicas. (p. 44)

É certo que a Pedagogia transformadora incomoda aqueles que estão na estabilidade medíocre de um sistema educativo defasado, mas eficaz. Em contrapartida, interessa ao neoliberalismo que os cidadãos continuem sem formação adequada, sem questionamentos. Interessa, sim, ao neoliberalismo que as pessoas tenham poder de consumo de tecnologia, não de conhecimento, não de autonomia.
Não podemos esquecer do Conto 5, que mostra o medo do êxito:

Trata-se de notável experiência em escola básica confessional, onde encontrei algumas condições muito favoráveis à mudança: direção com coragem, responsável pedagógica muito esclarecida, e "dupla dinâmica" que conduzia as séries iniciais do ensino fundamental. Somadas estas energias, surgiu uma experiência deslumbrante, ao lado - como sempre - das resistências, que acabaram por se impor. Foi organizado um grupo-base, com quem trabalhei meses, para montar a idéia da aprendizagem reconstrutiva e desenhar o primeiro curso, dentro da expectativa de se disponibilizar para os professores, todo semestre, este tipo de oferta. O grupo era muito interessante. (p. 46-47)

Para este projeto, foram feitas algumas transformações para garantir seu objetivo. A metodologia da aprendizagem reconstrutiva foi aplicada, mudando as carteiras para mesinhas redondas; os professores foram devidamente preparados, pois precisavam estar aptos para as inovações; o professor tornou-se o facilitador, acompanhando de perto o andamento de cada um; a preocupação que os alunos avancem no currículo previsto foi latente, mas sem afobação ou rigidez e os livros didáticos tornaram-se, apenas material de pesquisa, não mais como elemento central da aula, como deve ser. Assim, a experiência começou a ser vista com êxito e, é claro, começou a ser questionada entre os colegas. Resolveu-se então fazer uma avaliação, a fim de testar as deficiências do projeto, entretanto, para o espanto de todos, o aproveitamento dos alunos foi muito acima do esperado. Pareceu claro: sem aula aprende-se melhor, desde que exista professor que saiba aprender e fazer o aluno aprender.
É importante ressaltar que o medo da mudança, superado, dá lugar ao medo do êxito, do sucesso e, consequentemente, ao medo de romper de vez com a pedagogia tradicional. É o que podemos observar a seguir:
...uma experiência exitosa nas primeiras séries não garante o mesmo sucesso em outros níveis. Afinal, nas primeiras séries, existe um professor para cada turma, enquanto mais para frente, há um professor para cada disciplina, tornando as coisas bem mais complicadas. Esta experiência estava ainda por se fazer. Não sei se teve continuidade, porque, como sempre acontece, sobrevieram abalos, no fundo tolos, mas que tornaram as condições bastante adversas.

Dado o exposto, percebemos que desde o medo de ser avaliado dia-a-dia, de pesquisar e elaborar projetos, até o medo do êxito, o que falta é trabalhar esses medos que a educação insiste em manter, para que tenhamos profissionais capazes de aprender e ensinar os alunos a aprender a ter autonomia, a ser dono do seu ato político, de se engajar numa sociedade neoliberal, sabendo questionar determinadas atitudes, e não apenas aceitá-las passivamente, por não ter o que argumentar.

A AVALIAÇÃO
Não muito distante de todos esses questionamentos, trazidos à luz por Demo (2000), da Pedagogia transformadora, estão os questionamentos feitos por Romão (1998).
Romão revela-nos os mitos da educação como: (a) Escola boa é aquela que exige muito e que "puxa" pela disciplina; (b) o bom professor é aquele que reprova muito; (c) a maior parte das deficiências dos alunos é decorrente das carências que eles trazem de casa; (d) a democracia exige respeito aos códigos socioculturais e às diferenças individuais; (e) avaliar é muito fácil e qualquer um pode fazê-lo; (f) por outro lado, avaliar é tão complicado que se torna, praticamente impossível fazê-lo de forma correta; (g) é preciso eliminar os aspectos quantitativos da avaliação e (h) na escola, avalia-se, apenas, o conhecimento adquirido pelo aluno, desprezando-se os aspectos de seu amadurecimento físico e emocional. Essa situação deve ser invertida, diz o autor.


Esses mitos da educação fazem-nos avaliar nossa condição como profissionais do ensino diretamente ligados ao processo de ensino-aprendizagem de milhares de cidadãos que não têm, em determinado momento, consciência de estar sendo feito o melhor ou o pior por eles e para eles na escola.

O autor, Romão (1998), demonstra também as concepções de avaliação como a avaliação na concepção Construtivista e na Positivista. Na concepção Contrutivista, a avaliação ocorre subjetivamente através da auto-avaliação, a avaliação é vista de forma qualitativa, preocupando-se tanto com o processo que acabam por desconhecer ou desqualificar os resultados. Em contrapartida, a avaliação, na concepção Positivista, ocorre objetivamente através da avaliação final do alunos, a avaliação se dá assim de forma quantitativa, apresentando função classificatória, baseada em padrões - científicos ou culturais - preocupam-se tanto com o fim que desqualificam o meio, o processo.
Além de apresentar as duas concepções metodológicas, Romão, sugere um equilíbrio entre estas concepções, propondo uma avaliação em três estágios, igualmente, importantes. A avaliação, dessa forma, tem uma função prognóstica, que avalia os pré-requisitos dos alunos, considerada a avaliação de entrada, avaliação de input; uma função diagnóstica, do dia-a-dia, onde são apresentadas as estratégias e os procedimentos, a fim de verificar quem absorveu todos os conhecimentos e incorporou as habilidades previstas nos objetivos inicialmente estabelecido; Romão, apresenta, ainda, uma função classificatória, avaliação final, que funciona como comprovação do nível alcançado pelos alunos, avaliação de output.
Assim como Romão, Demo também não separa a avaliação quantitativa da qualitativa, mas as vê como parte de uma mesma realidade.

É equívoco pretender confronto dicotômico entre qualidade e quantidade, pela simples razão de que ambas as dimensões fazem parte da realidade da vida. Não são coisas estanques, mas facetas do mesmo todo. Por mais que possamos admitir qualidade como algo "mais" e mesmo "melhor" que quantidade, no fundo, uma jamais substitui a outra, embora seja sempre possível preferir uma à outra" . (Demo, 1994, citado por Romão, 1998)

É certo que o modelo de avaliação utilizado pela maioria das escolas continua por valorizar a função classificatória, desconhecendo as funções prognóstica e diagnóstica, que tendem a demonstrar tanto a situação do aluno como a do professor, entretanto uma avaliação para considerar os aspectos qualitativos e quantitativos deve fazer uso das três funções avaliativas, apresentadas por Romão e a educação, para tanto, precisa inovar, como propõe Demo (2000):

Demonstrou-se que, cuidando bem da aprendizagem do aluno, de um lado, e, investindo no professor, de outro, é possível colher resultados significativos. Não é difícil melhorar a aprendizagem do aluno - temos teorias e experiências de sobra que apontam nessa direção. O problema é a mudança que isso acarreta. O grupo foi colocado sob severa vigilância, marcada pela mediocridade consumada, até que se considerou mais coerente suspender as atividades. (p.28)

Mediante os fatos expostos, avaliar requer acompanhamento por parte do professor, ele deve ter autocrítica e saber inovar como sugere Demo e utilizar as funções prognóstica, diagnóstica e classificatória como sugere Romão, a fim de garantir uma educação com qualidade total ao alunado, preparando-o para o mercado de trabalho e, mais do que isso, para enfrentar o que a vida tem a oferecer-lhe, uma vez que este é um ser político.

CONCLUSÃO
A partir do leitura do livro de Demo, percebe-se que a educação propõe mudanças, mas não as aceita, na maioria dos casos, acomodando-se à pedagogia tradicional, rejeitando a pedagogia transformadora, reconstrutiva, sugerida pelo autor.
Também não devemos esquecer que o autor constatou que os alunos não aprendem porque o professor não aprende e que "professor" é tudo que o aluno não deve ser nesse caso. O professor tem ainda muito medo de ser avaliado, por sentir-se exposto, pois ao ser avaliado, tem-se as veias abertas e isso, para alguém que se julga acima de qualquer julgamento, é, no mínimo, desconfortável.
É bom acrescentar ainda que tudo o que o neoliberalismo espera é que a escola mantenha-se neste estágio acrítico, sem transformação, de, apenas, aceitação dos fatos políticos, sociais e, principalmente, econômicos que circundam todos os brasileiros, pois, como disse muito bem Demo, o sistema não teme pobre que tem fome; teme pobre que sabe pensar. (p. 27)
Por tudo isso, é preciso reformular o sistema de ensino, começando pelos professores. Precisamos desconstruir o que existe para reconstrui-lo mais forte e coerente com o que se pretende de um sistema educativo de qualidade, valorizando o aluno, mas também o professor assim como todo o processo de reconstrução de ensino-aprendizagem no Brasil.

REFERÊNCIAS
DEMO, Pedro. Ironias da Educação: mudanças e contos sobre mudança. Rio de Janeiro: DP&A, 2000.

ROMÃO, J. E. Avaliação dialógica: desafios e perspectivas. São Paulo: Cortez, 1998.





Para referência desta página:
BARRETO, Cintia. Mudanças: Didática e Avaliação. In.: BELLO, José Luiz de Paiva. Pedagogia em Foco, Rio de Janeiro, 2001.
Disponível em: . Acesso em: dia mes ano.



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