terça-feira, 12 de agosto de 2008

A diferença de inclusão e integração.


Em defesa da inclusão : ampla, geral e irrestrita.


O que é inclusão ?

Incluir

do Lat. includere verbo transitivo direto compreender, abranger; conter em si, envolver, implicar; inserir, intercalar, introduzir fazer parte, figurar entre outros; pertencer juntamente com outros.


No bom e velho “Aurélio” , o verbo incluir apresenta vários significados, todos eles com o sentido de algo ou alguém inserido entre outras coisas ou pessoas. Em nenhum momento essa definição pressupõe que o ser incluído precisa ser igual ou semelhante aos demais aos quais se agregou.

Quando falamos de uma sociedade inclusiva, pensamos naquela que valoriza a diversidade humana e fortalece a aceitação das diferenças individuais. É dentro dela que aprendemos a conviver, contribuir e construir juntos um mundo de oportunidades reais (não obrigatoriamente iguais) para todos.

Isso implica numa sociedade onde cada um é responsável pela qualidade de vida do outro, mesmo quando esse outro é muito diferente de nós.

Inclusão ou integração ?

Semanticamente incluir e integrar têm significados muito parecidos, o que faz com que muitas pessoas utilizem esses verbos indistintamente. No entanto, nos movimentos sociais inclusão e integração representam filosofias totalmente diferentes, ainda que tenham objetivos aparentemente iguais , ou seja, a inserção de pessoas com deficiência na sociedade.

Os mal-entendidos sobre o tema começam justamente aí. As pessoas usam o termo inclusão quando, na verdade, estão pensando em integração.

Quais são as principais diferenças entre inclusão e integração ? O conteúdo das definições do quadro abaixo é de autoria de Claudia Werneck, extraído do primeiro volume do Manual do Mídia Legal :

Inclusão: a inserção é total e incondicional (crianças com deficiência não precisam "se preparar" para ir à escola regular) Integração: a inserção é parcial e condicional (crianças "se preparam" em escolas ou classes especiais para estar em escolas ou classes regulares)
Inclusão: exige rupturas nos sistemas Integração: Pede concessões aos sistemas
Inclusão: mudanças que beneficiam toda e qualquer pessoa (não se sabe quem "ganha" mais; TODAS ganham); Integração: Mudanças visando prioritariamente a pessoas com deficiência (consolida a idéia de que elas "ganham" mais)
Inclusão: exige transformações profundas Integração: contenta-se com transformações superficiais
Inclusão: sociedade se adapta para atender às necessidades das pessoas com deficiência e, com isso, se torna mais atenta às necessidades de TODOS Integração: pessoas com deficiência se adaptam às necessidades dos modelos que já existem na sociedade, que faz apenas ajustes
Inclusão: defende o direito de TODAS as pessoas, com e sem deficiência Integração: Defende o direito de pessoas com deficiência
Inclusão: traz para dentro dos sistemas os grupos de "excluídos" e, paralelamente, transforma esses sistemas para que se tornem de qualidade para TODOS Integração: Insere nos sistemas os grupos de "excluídos que provarem estar aptos" (sob este aspecto, as cotas podem ser questionadas como promotoras da inclusão)
Inclusão : o adjetivo inclusivo é usado quando se busca qualidade para TODAS as pessoas com e sem deficiência (escola inclusiva, trabalho inclusivo, lazer inclusivo etc) Integração : O adjetivo integrador é usado quando se busca qualidade nas estruturas que atendem apenas as pessoas com deficiência consideradas aptas (escola integradora, empresa integradora etc)
Inclusão: valoriza a individualidade de pessoas com deficiência (pessoas com deficiência podem ou não ser bons funcionários; podem ou não ser carinhosos etc); Integração: Como reflexo de um pensamento integrador podemos citar a tendência a tratar pessoas com deficiência como um bloco homogêneo (exemplos: surdos se concentram melhor; cegos são excelentes massagistas)
Inclusão: Não quer disfarçar as limitações, porque elas são reais Integração: Tende a disfarçar as limitações para aumentar a possibilidade de inserção
Inclusão: Não se caracteriza apenas pela presença de pessoas com e sem deficiência em um mesmo ambiente Integração: A presença de pessoas com e sem deficiência no mesmo ambiente tende a ser suficiente para o uso do adjetivo integrador


A escola e a inclusão

Os objetivos tradicionais na educação de pessoas com necessidades educativas específicas, ainda se orientam por conseguir alcançar comportamentos sociais controlados, quando deveriam ter como objetivo que essas pessoas adquirissem cultura suficiente para que pudessem conduzir sua própria vida. Ainda vivemos em um modelo assistencial e dependente quando a meta da inclusão é o modelo competencial e autônomo.

O pensamento pedagógico dos profissionais, é que “as crianças com necessidades educativas específicas são os únicos responsáveis (culpados) por seus problemas de aprendizagem (às vezes esse sentimento se estende aos pais), mas raras vezes questionam o sistema escolar e a sociedade...o fracasso na aprendizagem deve-se às próprias crianças com deficiência e não ao sistema, pensa-se que são eles e não a escola quem tem que mudar.”*

É um modelo baseado no déficit, que destaca mais o que a criança não sabe fazer do que aquilo que ela pode realmente fazer. Assim, esse modelo se centra na necessidade do especialista, e se busca um modo terapêutico de intervir, como se a resolução dos problemas da diversidade estivesse sujeita à formação de especialistas que se fazem profissionais da deficiência.

Essa escola seletiva valoriza mais a capacidade dos que os processos; os agrupamentos homogêneos do que os heterogêneos; a competitividade do que a cooperação; o individualismo do que a aprendizagem solidária; os modelos fechados, rígidos e inflexíveis do que os projetos educativos abertos, compreensivos e transformadores; apóia-se em desenvolver habilidades e destrezas e não conteúdos culturais e vivenciais como instrumentos para adquirir e desenvolver estratégias que lhes permitam resolver os problemas da vida cotidiana.

Essa postura é um problema ideológico, por que o que se esconde atrás dessa atitude é a não-aceitação da diversidade como valor humano e a perpetuação das diferenças entre os alunos, ressaltando que essas diferenças são insuperáveis.

A escola inclusiva é aquela onde o modelo educativo subverte essa lógica e pretende, em primeiro lugar, estabelecer ligações cognitivas entre os alunos e o currículo, para que adquiram e desenvolvam estratégias que lhes permitam resolver problemas da vida cotidiana e que lhes preparem para aproveitar as oportunidades que a vida lhes ofereça. Às vezes, essas oportunidades lhes serão dadas mas, na maioria das vezes, terão que ser construídas e, nessa construção, as pessoas com deficiência têm que participar ativamente.

Esta incompreensão da cultura da diversidade implica em que os profissionais pensem que os processos de integração estavam destinados a melhorar a “educação especial” e não a educação em geral. Encontramo-nos em um momento de crise, por que os velhos parâmetros estão agonizando e os novos ainda não terminaram de emergir. Penso que a cultura da diversidade está colocando contra a parede o fim de uma época (o ocaso da modernidade?) educativa.

A cultura da diversidade vai nos permitir construir uma escola de qualidade, uma didática de qualidade e profissionais de qualidade. Todos teremos de aprender a “ensinar a aprender”. A cultura da diversidade é um processo de aprendizagem permanente, onde TODOS devemos aprender a compartilhar novos significados e novos comportamentos de relações entre as pessoas. A cultura da diversidade é uma nova maneira de educar que parte do respeito à diversidade como valor.

*Melero, Miguel Lopez - Diversidade e Cultura: uma escola sem exclusões. Universidade de Málaga. Espanha.2002

Leitura recomendada

Acesso de Humor - cartilha de acessibilidade
Barreiras Atitudinais- Obstáculos à pessoa com deficiência na escola - Francisco J. Lima e Fabiana Tavares dos Santos Silva
Cartilha da Inclusão
Como chamar as pessoas que têm deficiência - Romeu Kazumi Sassaki
Construindo escolas inclusivas - MEC
Declaração de Salamanca
Deficiência através da história – Maria Salete Fábio Aranha
Fórum Permanente de Educação Inclusiva - Carta de Princípios
Inclusão Escolar – Maria Tereza Égler Mantoan
Inclusão é o privilégio de conviver com as diferenças - Maria Tereza Égler Mantoan
Inclusão : o que o professor tem a ver com isso ? - Rede SACI
Mitos e preconceitos em torno do aluno com deficiência na Escola Regular e na Escola Especial - Francisco Lima
Normose - Pierre Weil
Paradigmas da deficiência – Maria Salete Fábio Aranha
¡Pregúntame sobre accesibilidad y ayudas técnicas! - OS Solidariedad
Síndrome de Down não é doença - Grupo Síndrome de Down

Artigos do Prof Miguel López Melero
O projeto Roma - em alguns lugares denominado Projeto Málaga
O que eu aprendi ?
Diversidade e cultura : uma escola sem exclusões
Educação Intercultural : a diferença como valor

Artigos de Fábio Adiron na página de artigos sob o sub-título Inclusão

Inclusão: ampla, geral e irrestrita - Blog sobre inclusão

Links Importantes

Inclusão e direitos da pessoas com deficiência

A Convenção sobre os direitos das pessoas com deficiência - Edição Comentada

Acesso de Humor - Uma Campanha para Incorporar a Acessibilidade ao Cotidiano
Aprender com as diferenças - artigos do Planeta Educação
Forum Permanente de Educação Inclusiva
CORDE - Coordenadoria para a Integração da Pessoa com Deficiência
CONADE - Conselho Nacional dos Direitos das Pessoas com Deficiência
Rede SACI - Rede de apoio e informações

Síndrome de Down

Grupo de discussão sobre Síndrome de Down
Síndrome de Down na Internet - recomendações e lista de sites úteis

De: windsondwsk8
Igualdade de direitos


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Software Livre .


O que é Software Livre.

Um computador é uma máquina que executa operações. Um conjunto de operações forma um programa para o computador. O programa de computador é chamado software. Geralmente o software é desenvolvido por programadores que utilizam linguagens de programação para construi-lo.


Os primeiros computadores eram muito caros e existiam poucos. Antigamente, nos anos 60 e 70, os programadores compartilhavam seus códigos fontes uns com os outros, e assim todos podiam modificar o programa sendo possível partilhar as melhorias, as mudanças.


Quando o computador passou a ser comum - viável como produto - as coisas começaram a mudar. As empresas, os desenvolvedores e os programadores adotaram a estratégia comercial de não divulgação dos códigos-fontes dos softwares. Eles passaram a cobrar pelo software e impedir o compartilhamento e o acesso ao código- fonte.

Isso ficou tão comum que os desenvolvedores que queriam seguir trocando o software e deixá-lo livremente utilizável não conseguiram mais fazer isso, porque outros – da vertente mais comercial - roubavam o código-fonte, atribuíam um direito autoral sobre ele e passaram a cobrar pelo uso do mesmo.


Em 1984, um dos programadores de uma universidade americana, o MIT (Massachusetts Institute of Technology), Richard Stallman, inconformado com a comercialização do conhecimento, fundou o Projeto GNU (GNU is Not Unix)* visando a criar uma plataforma de software totalmente livre; criou um instrumento de lei para quem quisesse garantir a liberdade do seu software. Este instrumento é chamado Licença GNU GPL (General Public License/ Licença Pública Geral). Um software com esse tipo de licença é um Software Livre tem como característica a garantia das seguintes quatro liberdades:


• (liberdade n˚. 0) A liberdade de utilizar o programa para qualquer propósito;
• (liberdade n˚. 1) A liberdade de estudar como o programa funciona e adaptá-lo para as suas necessidades. Nesse sentido, o acesso ao código- fonte é um pré-requisito para esta liberdade;
• (liberdade n˚. 2) A liberdade de redistribuir cópias, de modo que você possa ajudar ao seu próximo;
• (liberdade n˚. 3) A liberdade de aperfeiçoar o programa e liberar os seus aperfeiçoamentos, de modo que toda a comunidade se beneficie. Novamente, o acesso ao código-fonte é um pré-requisito para esta liberdade.


O termo Software Livre se refere à liberdade que o usuário tem de executar, distribuir, modificar e repassar as alterações sem para isso tenha que pedir permissão ao autor do programa.


Imagine que um programa para computador, um software, seja um bolo. Também para fazer um software você precisa de uma receita, ou seja, você precisa de um conjunto de instruções. Se você não possui a receita, a única coisa que você pode fazer é comprar o bolo pronto e, assim, ser dependente de quem o produz. Essa dependência é uma limitação da liberdade de você mesmo produzir o bolo, de modo que não é possível, por exemplo, alterar a receita colocando algo a mais que você gosta e depois poder compartilhá-la com os amigos e ainda saber o que tem dentro do bolo.
Se você tem a receita é possível compartilhar com os amigos e, talvez, alguém fará alguma mudança interessante criando um novo bolo. Ainda mais, se você gosta de fazer bolos e todo mundo gosta de comê-los, talvez você tenha encontrado uma boa atividade de renda.


Usar software livre é como passar - além do bolo como produto final - as receitas. Certamente, como não são todos que gostam de cozinhar, não são todos que vão desenvolver programas para computadores. Mesmo assim, quem não quiser cozinhar poderá usufruir do trabalho de, provavelmente, muitos cozinheiros. Quem sabe haja um na sua comunidade.


Agora vamos imaginar o Ponto de Presença como a cozinha de um restaurante. Além dos cozinheiros que são os desenvolvedores, temos ainda o ajudante de cozinheiro, o que num telecentro poderia ser um técnico. Sendo ele um ajudante de cozinheiro e tendo o acesso às receitas, terá muito mais facilidade em ajudar.


A mesma coisa acontece com o Software Livre. Normalmente, os Softwares Livres além de disponibilizar o código-fonte (as receitas), agregam pessoas em comunidades de apoio que criam documentação e oferecem apoio na Internet. É um sistema de suporte de ajuda horizontal e solidária, gerando redes de conhecimento e compartilhamento de informação.


O GESAC compartilha da filosofia do Software Livre, de seus objetivos e métodos.


A utilização do Software Livre para a inclusão digital tem grande importância, pois:


- Estimula naturalmente a difusão do conhecimento permitindo que mais pessoas tenham acesso às oportunidades abertas pelas novas tecnologias;
- Cria uma rede de compartilhamento de usuários no uso de softwares livres;
- Estimula o desenvolvimento da tecnologia nacional porque os desenvolvedores brasileiros podem criar soluções totalmente adaptadas à realidade nacional, a partir dos programas desenvolvidos pela comunidade mundial de programadores;
- Auxilia a estabilização da economia, pois não é mais necessário o envio de dinheiro ao exterior a título de compra e serviços de software proprietário;
- Incentiva o desenvolvimento de tecnologia local;
- Permite interagir e compartilhar soluções com sua comunidade, seja física ou virtual;
- O usuário não permanece dependente de novas versões/inovações de softwares proprietários com preços abusivos que, eventualmente, apresentam incompatibilidades com versões antigas.

* GNU is not Unix pode ser entendido como o GNU – projeto proposto pelo Stallman – não é o Unix. Naquela época, o programa que ele tinha feito parecia com o sistema proprietário Unix, mas não era. É uma espécie de brincadeira com as palavras, pois o Unix era um programa muito utilizado àquela data.

http://www.idbrasil.gov.br/menu_software_livre/01-inclusao_social

Mais informações sobre Software Livre consulte:


http://pt.wikipedia.org/wiki/Software_livre
Projeto GNU http://www.gnu.org/home.pt.html
Manifesto de Hipatia (em português) http://www.hipatia.info/mh.pt.html
Projeto Software Livre Bahia http://www.psl-ba.softwarelivre.org
Debian GNU/Linux http://www.debian.org

Para complementar esta informação fique com uma entrvista , feita noprograma do Jô sobre este tema. O sociólogo Sergio Amadeu da Silveira, ex-presidente do Instituto Nacional de Tecnologia da Informação, e Júlio Cezar Neves, professor da UniRio foram entrevistados no Programa do Jô.

De: ark3ro

Entrevista Sofware Livre - Em .


De: VicenteAguiar

Video sobre software livre produzido pelo Instituto Nacional de Tecnologia da Informação (ITI).

De: nlpretto

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GUERRA (guer.ra). Palavra do Dia.



Palavra do Dia:

GUERRA (guer.ra)

No início de agosto, a disputa pelo território da Ossétia do Sul gerou uma guerra entre a Rússia e a Geórgia.

A palavra "guerra" tem origem no alemão antigo 'Werra' (de onde virá também a palavra inglesa 'war').

O significado original do termo não era o de conflito armado entre nações, como hoje em dia, mas "discordância, polêmica, discussão verbal".

>> Definição do dicionário Aulete Digital

GUERRA (guer.ra)

Substantivo feminino.

1 Conflito armado entre nações, etnias etc.

2 Campanha militar.

3 Luta, combate, conflito armado ou não.

4 P.ext. A arte militar.

5 Administração militar.

6 Fig. Oposição, rivalidade: guerra entre os sexos. [ Antônimo: paz.]

[Formação: Do germânico 'werra'. Idéias de: bel(i/o)-, guerr- e polem(o)-.]
_____

Aulete Digital: O primeiro dicionário livre, gratuito e interativo do Brasil. A palavra é sua!

www.auletedigital.com.br

Gostaria de sugerir uma palavra? Envie um e-mail para palavradodia@auletedigital.com.br com a palavra "Sugestão" no campo "Assunto"
_____

A Palavra do Dia é um serviço oferecido gratuitamente aos usuários cadastrados do Aulete Digital.

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segunda-feira, 11 de agosto de 2008

ESTRATÉGIAS DISCURSIVAS DO SUJEITO E SUAS RELAÇÕES COM O LETRAMENTO




AS ESTRATÉGIAS DISCURSIVAS DO SUJEITO E SUAS RELAÇÕES COM O LETRAMENTO

Edna Samáira Andrade Freitas

RESUMO: O projeto “Alfabetização de Ribeirinhos da Amazônia” e o sub-projeto “Letramento: Pluralidade Cultural e Subjetividade Discursiva” nasceram da necessidade de explicitar a realidade ribeirinha, da vontade em estabelecer um diálogo com os professores, de discutir com eles suas práticas e de instaurar o letramento em favor dos alunos e da expressão da sua subjetividade discursiva. Visamos diminuir o receio que o aluno tem de expor suas idéias ao escrever, por acreditarmos que o trabalho com a escrita faz com que o sujeito passe a refletir sobre a linguagem, conscientizando-se de que sua reflexão crítica é importante para o exercício das suas práticas sociais. Para isso trabalhou-se na escola rural Domingos Sávio localizada na comunidade São Sebastião, situada à margem esquerda do rio Madeira, com os alunos da terceira e quarta séries do Ensino Fundamental, perfazendo um total de quinze alunos. Os alunos residem na própria comunidade e sobrevivem da pesca e da agricultura ou da venda de produtos como a farinha de mandioca e colorau que são vendidos em feiras livres na cidade de Porto Velho-RO, pois poucos são os pais que possuem trabalho fixo na cidade.

PALAVRAS-CHAVE: Letramento – Subjetividade – Estratégias Discursivas

1. INTRODUÇÃO

Observamos que a aplicação de atividades de leitura e interpretação de textos, onde cada texto lido é discutido em sala pelo professor para que os alunos respondam a questionários aplicados ao fim de cada leitura, a criação de texto a partir de um texto visual (livro ou cartaz apenas com figuras) e a leitura coletiva, são realizadas regularmente. Constatamos que os alunos demonstravam grande interesse em ler e ouvir histórias, porém, quando solicitados a produzirem textos, havia grande resistência. Percebemos que a maioria dos alunos transcrevia as histórias que contávamos, ao invés de produzirem um texto próprio. O oposto acontecia quando substituíamos a produção escrita pela oral, pois, nesta, os alunos demonstravam mais segurança, entusiasmo e naturalidade.

A resistência à produção de textos escritos se dá pela dificuldade que os alunos têm em organizá-los; a falta de familiaridade com a escrita dificulta a identificação do aluno com texto, logo, a percebem como uma atividade artificial, sem sentido e, portanto, desinteressante. Como o nosso projeto busca o exercício das práticas sociais da leitura/escrita através do respeito e da valorização da pluralidade cultural, usamos como subsídio para nossas atividades a leitura de contos folclóricos, parlendas e jogos lingüísticos que tivessem proximidade com o contexto sócio-cultural desses alunos, a fim de despertá-los para sua capacidade de diálogo e contribuir para sua constituição enquanto sujeito social.

2. MATERIAL E MÉTODOS

O que todo professor deve ter em mente é que seus alunos refletem variações lingüísticas que representam sua origem regional, de gênero (variações segundo o sexo), etária (varia de acordo com a idade) e sócio-econômica. Essa proposta, que surgiu da Lingüística, traz um respeito maior à diversidade social e regional dos estudantes, tentando, assim, encontrar um caminho para democratizar o ensino. Buscando contribuir para que a sala de aula seja um local de diálogo entre sujeitos portadores de diferentes saberes, onde o aluno possa ser estimulado a refletir criticamente sobre os conhecimentos que adquire, recriando-os e não os reproduzindo, precisou-se intervir no processo. Para isso, recorremos ao método de análise de caso, baseada na teoria da Análise do Discurso de linha francesa, e à pesquisa-ação dividida em três momentos: observação, intervenção e contribuição; procurando sempre não alterar o contexto histórico-social da comunidade.

Com o propósito de evidenciar as hipóteses que o sujeito continuamente elabora, na tentativa de compreender o funcionamento da escrita, adotamos os pressupostos teóricos de De Certeau (1994), que questionava a suposta passividade das pessoas ordinárias onde, através da sua participação, interlocução, o sujeito é capaz de emergir das resistências. Portanto, mesmo exposto a atividades que não contribuam para a função social que a escrita torna possível, o sujeito usa estratégias para expressar sua subjetividade no discurso.

A importância do desenvolvimento de competências dos atos de ler/escrever para que o sujeito se aproprie das práticas sociais de leitura e escrita se faz presente através do conceito de Letramento de Marcuschi (2002) e Soares (2003) que é reforçado por Abaurre, Fiad e Mayrink-Sabinson (2002) que afirmam ser a escrita um espaço muito importante para a manifestação da singularidade dos sujeitos.

A fim de observarmos como o aluno lida com o processo de Letramento em sua produção textual e como isso é mostrado através de suas marcas de subjetividade, escolheu-se para análise um texto descritivo escrito por um aluno da quarta série, a pedido de seu professor. Após mostrar aos alunos um cartaz que ilustrava quatro diferentes situações de comércio, o professor solicitou que eles escrevessem uma “historinha” sobre a figura. A maioria dos alunos produziu textos contendo dez linhas, o que nos leva a pensar que essa foi uma orientação dada pelo professor, quando indagado a respeito do número de linhas a ser utilizadas.


A figura apresentada pelo professor foi a seguinte:



É possível perceber, se nos colocarmos como verdadeiros leitores dos textos dos alunos, algumas marcas que demonstram sua subjetividade:

Texto 01:

AGALINHA E O LEITEIRO

ERA UMA VES UM VELHO QUE TINHA UM BA GANHVA BEM POUCO MAS COMO ERA SO ELE ERA BOM. CICOENTA REAIS DA PARA ELE COME BEM EMPAS CARNE, ARROZ, MACARRA, FEIJAO, SO QUE A COM PRADORA FOI AO CHPE COM PRA ROUPA CAUSA COMPRIDA E SAIA DINS BOMITA E GRANDE. COMPRA QUEIJO DU BOM MANTEGA, LEITE OVO GOIABADA SABÃO EM PÓ CAME ZE TA TINHA CARRO TABACO PRATO TEM GALINHA BONITA TEM OLHO.

(Everton - 4ª série)

Vejamos como é possível perceber que o sujeito é capaz de emergir:

a) pela análise da letra: A “letra palito” , como é conhecida, é utilizada na escola durante o processo de aquisição da língua escrita, ou seja, quando estão sendo alfabetizados. Não compreendemos o motivo de tal postura metodológica, mas sabemos que ela reflete negativamente na vida do aluno. O caso analisado é apenas um exemplo entre tantos outros. Já na 4ª série, o aluno ainda continua escrevendo com letra de “forma”, pois não consegue escrever em letra cursiva. O Letramento almejado por este projeto defende as práticas sociais de leitura e escrita, pois na sociedade não existe uma única forma de grafar. Pelo contrário, a variedade gráfica é cada vez maior.

b) pela análise do Título (Fábula): “A galinha e o leiteiro”. Como já foi dito anteriormente, essa atividade foi proposta a partir de uma figura. A figura é composta por personagens humanas e alguns animais em situação que lembra sítio ou fazenda. A escolha do título pode parecer aleatória, porém não podemos ignorar sua semelhança com a estrutura das fábulas: um personagem humano (representando uma profissão, classe, sexo) e um animal que contracenará, dando à fábula o aspecto moral que ela requer. Geralmente, os personagens que aparecem no título são os protagonistas da história ou, no mínimo, importantes para o desenrolar do enredo. Esse texto foge à regra, uma vez que, nem o leiteiro, nem a galinha têm participação efetiva na história. A estratégia utilizada pelo aluno foi garantir a “redação” no título (trabalho feito para o professor) e fluir a subjetividade na “produção de texto” (texto escrito para ser lido – resgate da função social).

c) na escolha do marcador discursivo que inicia o texto: (Contos de fadas): O uso do típico ‘ERA UMA VEZ’ além de nos mostrar que tipologia textual faz parte do universo do aluno, revela, mais uma vez, sua intenção de demonstrar que conhece o jogo da escola, mas que ao mesmo tempo não gosta muito dele e, por isso, foge.

d) na análise do Enredo (Fuga): A história que se desenrola no texto do aluno fala de um homem velho que tem um bar. Esses elementos não estão na figura que serviu de pretexto para a escrita. Logo, só nos resta acreditar que, na fuga, o ‘sujeito’ preferiu contar sua história, ou a história da comunidade. Situações mais próximas, com maior valor significativo para ele. E por que terá preferido ele a palavra “bar”, se podia usar outras palavras como: taberna, loja, venda, botequim? Possivelmente, porque é essa a palavra usada na comunidade em que reside (São Sebastião), uma vez que lá existe um bar. Mesmo sabendo que o seu texto, ou melhor, o texto proposto pela escola não deveria ser um texto que retratasse a sua realidade, portanto, sem função social, mesmo sabendo que ele possivelmente não será lido por outras pessoas, o aluno-sujeito consegue subverter a lógica esperada e parte para a demonstração que aponta uma marca de autoria.

e) pela crítica social presente no texto: O velho do bar, que deve ser alguém bem próximo à realidade do aluno, “ganhava bem pouco, mas como era só ele, era bom – cinqüenta reais dá para ele comer bem: carne, arroz, macarrão, feijão (e viver) em paz”. Há aqui uma clara divisão de classes, aliada a uma ideologia conformista: os que vivem na comunidade, ganham pouco, sobrevivem com o básico, mas vivem em paz. “Só que a compradora foi ao shopping comprar roupa: calça comprida e saia: jeans, bonita e grande”. O conformismo com uma situação, muitas vezes imposta pelos “aparelhos ideológicos”, é quebrado com o surgimento de uma “compradora” consumista que também compra: queijo do bom, manteiga, leite, ovos, goiabada, sabão em pó, camiseta.

f) pelo Jogo de imagens ideológicas: O restante do texto revela uma atitude estrategista. Conhecendo as intenções do seu interlocutor o aluno passa, desse momento em diante, a cumprir apenas “a tarefa” exigida pelo professor: escrever no mínimo dez linhas. É por isso que as idéias começam a ficar confusas e o texto passa a ser desconexo. “Tinha carro, tabaco, prato. Tem galinha bonita. Tem olho”. Nesse momento, o aluno percebe que não escreveu nada sobre a galinha (personagem principal, faz parte do título, aparece na figura). Então, ela (a galinha) surge, exatamente, na décima linha e, para compensar, vem acompanhada de um adjetivo: bonita. É como se o aluno dissesse: Bom, está justificado o papel de destaque dado à galinha no título e, como já escrevi dez linhas, posso entregar meu texto ao professor. Revelado o “jogo de imagens” (A escola (A) dá seu recado: o que eu quero que o aluno faça? O aluno (B) responde: preciso apenas demonstrar para o professor que “aprendi” o que foi ensinado), ao aluno só resta interromper a escrita espontânea que vinha fazendo e encerrar seu texto no limite já assinalado por ele. Conforme pode ser visto no texto original, existe uma marcação, feita pelo próprio aluno à margem esquerda, justamente na décima linha. Pronto. Agora é só inserir a segunda personagem (galinha) na última linha do texto.

Tais procedimentos só ocorrem porque, na maioria dos casos, o professor não saber se colocar como leitor do texto do aluno. Acostumado às velhas práticas pedagógicas, só vai ao texto com a intenção de encontrar defeitos, “erros”. Sabedores dessa atitude, por que iriam os alunos “perder tempo” escrevendo, se eles sabem que o professor vai devolver (?) seus textos apenas “corrigidos”? Não estou afirmando ser este o caso típico, até porque entendemos que os professores, especialmente os da zona rural, esforçam-se para também marcar sua subjetividade no ensino. É que essa proposta de exercício, totalmente desvinculada da função social da escrita, revela uma “valorização” excessiva da escrita enquanto recurso para aferição de nota e correção dos erros gramaticais. Mesmo que ela (a escrita) venha desprovida de sentidos e desfavorecida pelas condições de produção do discurso, não há uma clara intenção em estabelecer diálogo com aluno através do texto. Esse diálogo poderia acontecer de diferentes formas: discutindo os textos em sala, fazendo a reescrita coletivamente, observando aspectos gramaticais, textuais e estilísticos e, finalmente, socializando a produção feita pelos alunos. Sendo assim, esperamos ter conseguido mostrar como o sujeito articula sua subjetividade através de estratégias que revelam um sujeito ativo, capaz de atuar no contexto sócio-cultural em que vive se estimulado a usar os recursos lingüísticos.

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A percepção do contexto em que se dão o ensino e a aprendizagem nas escolas ribeirinhas demonstrou que é possível modificar a realidade educacional e, por que não, a social, através da conscientização de que todo sujeito tem algo a dizer, é portador de significados e sentidos. Logo, é um agente contribuinte para a substituição das velhas práticas pedagógicas por atividades voltadas para o letramento, que contribuam de fato, para a inserção do sujeito na sociedade. A partir da consideração e respeito à pluralidade cultural e aos traços fonológicos e morfossintáticos característicos de variedades lingüísticas populares, podemos traçar o projeto pedagógico que oportunizará às crianças o acesso à língua padrão.

Esperamos que o discurso bonito de inclusão social e respeito às diferenças não fique só no papel, mas reflita uma vontade de mudança que inclui desde a valorização do profissional, passando pela política educacional de adoção de materiais alternativos para as camadas populares, diferenciando quando for o caso, mas oportunizando o acesso ao letramento, a fim de que todos possam sentir-se bem culturalmente e ter acesso à linguagem padrão com respeito às diferenças regionais, sociais, políticas, econômicas, etárias, analisados em suas peculiaridades, por meio de métodos adequados. Entender o meu aluno como um ser alienado, desprovido de qualquer conhecimento, é privá-lo de conhecer o mundo, de quebrar barreiras. È negar a minha essência enquanto ser social e a minha própria capacidade de criação e transformação. De que serve a racionalidade se não podemos transcendê-la...?

4. REFERÊNCIAS

ABAURRE, Maria B. Marques, FIAD, Raquel Salek e MAYRINK-SABINSON, Maria Laura T. Cenas de aquisição da escrita: o sujeito e o trabalho com o texto. São Paulo: Mercado de Letras: Associação de Leitura do Brasil, 1997.

AMARAL, Nair F. Gurgel do. Letramento e Subjetividade. In: Práxis V: Linguagem e Educação. Cacoal/RO: D’press Editora e Gráfica, 2004.

CERTEAU, M. de. A invenção do cotidiano: as artes do fazer. Petrópolis, RJ: Vozes, 1994.

GERALDI, João Wanderley. O texto na sala de aula. São Paulo: Ática, 1996.

MARCUSCHI, Luiz Antônio. Da fala para a escrita: atividades de retextualização. 4ª ed. São Paulo: Cortez, 2003.

RICARDO, Stela Maris B.de Figueredo. Diversidade Lingüística: Uma Nova Abordagem Do Processo Educacional. Revista Brasileira de Tecnologia, Brasília, 12(4), out./dez. 1981.

SOARES, Magda. Letramento: um tema em três gêneros. 2ª ed. Belo Horizonte, Autêntico: 2002. (coleção Linguagem e educação)

Pesquisadora bolsista do PIBIC/CNPq. 5° período de Letras/Português-UNIR. samaira@unir.br. Orientadora: Drª Nair Ferreira Gurgel do Amaral.

Fonte:http://www.unir.br/html/pesquisa/Pibic_XIV/pibic2006/arquivos/Areas/Humanas%20e%20Sociais/HTML/Edna%20S%20Andrade%20de%20Freitas.htm

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Combate à violência contra crianças e adolescentes.

Liberados recursos para o combate à violência contra crianças e adolescentes

08/08/2008

Proteger crianças e adolescentes de situações como exploração sexual, tráfico de drogas, violência doméstica e trabalho infantil. Este ano, serão investidos R$ 6,8 milhões na formação de professores que atuem no enfrentamento, no contexto escolar, das diferentes formas de violência praticadas contra crianças e adolescentes. As universidades públicas e as instituições da rede federal de educação profissional e tecnológica foram convocadas pelo Ministério da Educação para ajudar no combate a esse tipo de violência.

Por meio da Resolução nº 37, de 22 de julho deste ano, foram estabelecidos critérios e orientações para seleção e apoio financeiro a projetos de formação continuada de profissionais da rede pública de educação básica. Desde 2004, o programa Escola que Protege forma professores para reconhecer e conviver com estudantes que tenham seus direitos violados. As instituições interessadas em participar do projeto devem consultar o manual de informações sobre o processo de seleção na página eletrônica do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).

“As crianças e adolescentes passam grande parte do tempo na escola, e os professores devem saber lidar com situações de risco social”, esclareceu Rosiléa Wille, coordenadora-geral de direitos humanos da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (Secad).

Este ano, foram definidos municípios estratégicos nos quais a ação do programa Escola que Protege é prioritária. Neles são registrados altos índices de exploração sexual infantil e tráfico de drogas. As universidades e instituições da rede federal de educação profissional e tecnológica devem inscrever projetos de formação de professores desses municípios.

Os profissionais capacitados pelo programa aprendem, por exemplo, a identificar casos em que os alunos apresentam sinais de violência doméstica. No fim do curso, o professor deve elaborar projeto de intervenção local, com metas de combate à violência.

Os cursos oferecidos pelo Escola que Protege também orientam os professores sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente — pela Lei nº 11.525, de 25 de setembro de 2007, deve ser incluído conteúdo relativo aos direitos das crianças e adolescentes no currículo do ensino fundamental.

Ana Guimarães

Fonte: http://portal.mec.gov.br
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Reescrita de textos na escola.



O significado da reescrita de textos na escola: a (re) construção do sujeito-autor

The meaning of the re-writing of texts in the school: the (re) construction of the subject-author

Elizabeth Dias da Costa Wallace Menegolo " e Leandro Wallace Menegolo "

Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Cuiabá, Mato Grosso, Brasil

Resumo

Este artigo consiste numa reflexão acerca do significado do processo de reescritura de textos na escola e das possíveis posições que o sujeito-autor pode ocupar para se desempenhar no processo de (re)construção textual.

Palavras-Chave: educação; ensino; escrita; textos; escola; autor.

Abstract

This article consists of a reflection concerning the meaning of the process of texts re-wrote in the school and of the possible positions that the subject-author can occupy to perform in the process of textual (re)construction.

Key-Words: education; teaching; writing; texts; school; author.

1. Introdução

Este artigo possibilita uma reflexão acerca do signigicado do processo de reescritura de texto na escola e das possíveis posições que o sujeito-autor pode vir a assumir neste processo, em que ele não apenas (re)constrói seu texto, mas também sua subjetividade. Tais reflexões baseiam-se em propostas fundamentais nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) de Língua Portuguesa, e por teóricos da Análise do Discurso, que caracterizam o sujeito, apontam as possíveis posições que ocupa numa determinada Formação Discursiva, para delas poder enunciar.

A pesquisa visa mostrar a importância da reescrita no ensino, já que esta oferece ao aluno a chance de refletir sobre a língua e sua forma própria de sistematizá-la.

Em um primeiro momento, são feitas abordagens a partir dos PCN e de autores que teorizam a importância de se trabalhar com reescrita de textos, sugerindo propostas para um trabalho escolar.

Num segundo momento, mostra-se como o sujeito-autor se constitui na e pela linguagem e quais posições pode ocupar no momento em que seja preciso (re)construir seu texto. Com esses dois pressupostos, tem-se o objetivo de ampliar o significado da reescrita de texto na escola, embora restringindo-se apenas a constatações teóricas. Tenta-se ultrapassar o sentido que essa ação no texto adquiriu, no ambiente escolar, de ser apenas uma prática de adequação textual à norma padrão. Quer-se, também, atingir o sujeito lingüístico que se constitui nessa prática, através de marcas por ele concretizadas no texto, quando ocupa posições discursivas e provoca alterações no produto que já está “acabado”.

A visão de reescritura textual e de sujeito-autor, pertencente aos teóricos da lingüística fazem desta pesquisa uma fonte não só de saber, mas também de reflexão.

2. Caracterização da Atividade de Reescrever

Para direcionar o trabalho de re-escritura de textos, os PCN de Língua Portuguesa do 1º e 2º ciclos (MEC, 1997: 47-48) esclarecem que:

“[...] o objetivo é que os alunos tenham uma atitude crítica em relação à sua própria produção de textos, o conteúdo a ser ensinado deverá ter procedimentos de revisão [...]. A seleção deste tipo de conteúdo já traz, em si, um componente didático, pois ensinar a revisar é completamente diferente de ensinar a passar a limpo um texto corrigido pelo professor. No entanto, mesmo assim, ensinar a revisar é algo que depende de se saber articular o necessário (em função do que se pretende) e o possível (em função do que os alunos realmente conseguem aprender num dado momento). Considerar o conhecimento prévio do aluno é um princípio didático para todo professor que pretende ensinar procedimentos de revisão quando o objetivo é muito mais do que a qualidade da produção – a atitude crítica diante do próprio texto”.

Já os PCN de Língua Portuguesa do 3º e 4° Ciclos (MEC, 1998: 80) complementam, apontando que:

“[...] um dos aspectos fundamentais da prática de análise lingüística é a refacção de textos produzidos pelos alunos. Tomando como ponto de partida o texto produzido pelo aluno, o professor pode trabalhar tanto os aspectos relacionados às características estruturais dos diversos tipos textuais como também os aspectos gramaticais que possam instrumentalizar o aluno no domínio da modalidade escrita da língua”.

A importância do ato de reescritura de textos reside no fato de que provoca o diálogo do sujeito-autor com o seu produto-criado, possibilitando um relacionamento mais interativo com seu próprio texto (confrontamento, aguçamento e exclusão de enunciados). O aluno sai, ao reescrever, do estágio emocional (inspirativo), que gera a primeira escrita, e passa ao estágio de maior racionalização sobre o que foi materializado.

E, neste encontro de um “eu-escritor” com um “tu-reescritor”, que só pode acontecer no que Bakhtin (1997: 289-290) chama de “cadeia da comunicação verbal”, o aluno não é um mero receptor, pois, ao receber [seu texto, com apontamentos do professor], tende a compreender:

“[...] a significação (lingüística) de um discurso e adota, simultaneamente, para com este discurso, uma atitude responsiva ativa : ele concorda ou discorda (total ou parcialmente), completa, adapta, apronta-se para executar, etc., e esta atitude do ouvinte está em elaboração constante durante todo o processo de audição e de compreensão desde o início do discurso [...]”.

Este processo possibilita ao aluno que veja o que antes ele não via em seu texto. Para Bakhtin (1997: 332), “a reprodução do texto pelo sujeito [que se dá num processo de volta ao texto, releitura, nova redação] é um acontecimento novo, irreproduzível na vida do texto, é um novo elo na cadeia histórica da comunicação verbal.”. Portanto, quanto mais o ato de reescrever acontecer, mais o autor irá perceber que todo o texto poderá ser modificado, que não é um produto de dimensões significativas acabadas. E, assim, vai ganhando condições de domínio da modalidade escrita, porque vai internalizando regras de composição de gêneros textuais, conseqüentemente, melhorando seu desempenho redacional e compreendendo, aos poucos, o mundo dos textos escritos.

Neste sentido, colabora Sercundes (1997:89), confirmando que:

“[...] partindo do próprio texto, o aluno terá melhores condições de perceber que escrever é trabalho, é construção do conhecimento, estará, portanto, mais bem capacitado para compreender a linguagem, ser um usuário efetivo, e, conseqüentemente, aprender a variedade padrão e inteirar-se dela”.

Com a atividade de reescrita, o professor fornece marcas no texto que levam o aluno a se deparar com suas possíveis dificuldades de competência lingüística, estejam elas relacionadas à coesão ou à coerência textuais. Com a prática da reescrita, o aluno passa a compreender tais dificuldades e, conseqüentemente, em alguns casos, a superá-las. Entretanto, Jesus (1997:102) alerta para uma situação que pode ocorrer com esta atividade, quando a reescrita torna-se um trabalho de “limpeza”, em que o escopo fundamental consista em retirar as “impurezas” numa tentativa de evitar futuras repetições, ou seja, o olhar dos alunos é direcionado a buscar os elementos de transgressão ao que foi estabelecido pelas regras de ortografia, concordância e pontuação, como se as relações de sentido emergentes do processo interlocutório não fossem mais importantes. Como conseqüência, tem-se “[...] um texto, ‘lingüisticamente correto', mas prejudicado na sua potencialidade de realização”.

Uma outra razão para a re-escritura é que ela permite a apropriação dos gêneros textuais, fazendo com que o aluno consiga diferenciá-los e melhor aplicá-los em contextos situacionais de escrita em que sejam necessários, o que deveria fazer com que a reescrita, de acordo com Jesus (1997:100), fosse vista como uma prática de “exploração das possibilidades de realização lingüística, de tal forma que o instituído pelos cânones gramaticais fosse colocado a serviço desse objetivo maior e, por isso mesmo, passível de releituras e novas formulações.”

Entendendo a atividade de reescrita como um acontecimento num determinado processo sócio-interativo, é preciso apoiar-se no pressuposto de uma “terceira concepção de linguagem”, da qual Koch (2001:09) diz:

“A terceira concepção, finalmente, é aquela que encara a linguagem como atividade , como forma de ação , ação interindividual finalisticamente orientada; como lugar de interação que possibilita aos membros de uma sociedade a prática dos mais diversos tipos de atos, que vão exigir dos semelhantes reações e/ou comportamentos, levando ao estabelecimento de vínculos e compromissos anteriormente inexistentes. Trata-se, como diz W. Geraldi (1991), de um jogo que se joga na sociedade, na interlocução, e é no interior de seu funcionamento que se pode procurar estabelecer as regras de tal jogo”.

Como bem lembra Figueiredo (1994:159), “escrever não é um dom nem um privilégio inato de gênios, mas um trabalho aturado e orgânico”, um trabalho que envolve um fazer e refazer.

Jolibert (1994:47) afirma que o trabalho de reescrita poderá ser entediante se for repetitivo e exigido por um “adulto maníaco” (pela cópia e recópia).

“Mas não um trabalho do qual cada uma das etapas possua sentido e permita registrar os avanços, camada por camada de sua própria aprendizagem. [...] As reescritas correspondem, a cada vez, a um aprofundamento do trabalho de elaboração de texto, a uma etapa do encaixamento. Elas podem ser parciais, referindo-se a um nível de análise ou a um pedaço do texto. Além disso, elas assumem, em certas etapas, um aspecto que depende mais do esquema ou da ‘silhueta' que da escrita, no sentido próprio”.

Esta autora (1994:48) diz que quando o professor temer o tedioso, a melhor forma é fixar tanto para si mesmo quanto para as crianças os objetivos dominantes de cada etapa da reescrita textual. Por exemplo, não corrigir ortografia, num primeiro momento. Assim, o aluno poderá estabelecer uma relação interacional com o seu texto. Como diz Pereira (1999: 220), “quando ‘tomamos' um texto (é tomar mesmo, apropriar-se, apossar-se), é preciso percebê-lo inteiro, nas suas estruturas mais profundas, na sintaxe que o formou, na morfologia que o moldou, na semântica que lhe deu sentido e nas palavras selecionadas para tal. [...] É para que se entenda por que está ali, qual o seu valor, sua contribuição para o resultado final do texto”.

Um dos motivos importantes para a reescritura de textos acontecer é o fato de que só aprendemos a escrever quando escrevemos, assim como só aprendemos a ler quando lemos, segundo reforça Rocha (2002: 144-145), quando afirma que “o indivíduo só passará a dominar a escrita se houver uma prática efetiva desta atividade. Todos nós sabemos que não há teorias que ensinem a redigir, do mesmo modo como não existem livros, teorias ou métodos que ensinem a interpretar textos. Podemos dizer que aprende-se a redigir, redigindo, sem se esquecer, porém, da importância da motivação pessoal e da orientação do professor”. O autor mostra, também, que a orientação do professor na prática de reescrita textual parece muito eficiente no ensino do texto formal.

Para Fiad e Mayrink-Sabinson (1991:55), o aluno deve ter um trabalho continuado no processo de reescritura de texto, até porque, ao realizar esta atividade, os alunos passam a se preocupar mais com a forma como os leitores verão seu texto. E, assim, passam a perceber a importância da reescrita, já que as possíveis modificações têm como objetivo tornar o texto mais claro e adequado à leitura do receptor. Afirmam ainda Fiad e Mayrink-Sabinson (1991:63) que “os alunos passam a considerar um texto escrito como resultado de um trabalho consciente, deliberado, planejado, repensado” .

Enfim, razões para que a reescrita seja utilizada na escola parecem existir em número considerável, já que é textualmente indicada pelos PCN e muitos autores.

3. Constituição ou Reconstrução do Sujeito-Autor?

O aluno, ao escrever, tem todo um complexo trabalho com a linguagem, para construir-se enquanto sujeito-autor. Não será de uma hora para outra que ele se desconstruirá (enquanto autor) e se reconstruirá como sujeito-avaliador, porque, de certa forma, ele espera que seu texto seja corrigido pelo professor, que é o seu interlocutor. De acordo com Leal (citado por Rocha e Val, 2003:55), “o aluno não escreve para ser lido, mas para ser corrigido, e a lógica escolar elimina, desse modo, a atitude responsiva ativa, pois o aluno sabe de antemão que nada ou muito pouco pode esperar como resposta efetiva ao que produz”. Portanto, é importante que a reescrita seja entendida aqui como um procedimento visto de uma outra perspectiva, em que o aprendiz, em sua primeira versão do texto, tem uma atividade reflexiva centrada em aspectos do “ o que dizer, como dizer, que palavras usar ... [grifo da autora]”, conforme Rocha (citado por Rocha e Val, 2003:73). Já no processo de revisão, o aluno centra esforços em questões pertinentes ao plano textual-discursivo, ou seja, “ dizer mais, dizer de outro jeito, analisar e/ou corrigir o que foi dito [grifo da autora]”, como proposta de compreensão. Sendo assim, o professor precisa ter consciência dos limites do aluno no momento da refacção do texto, e entender que esta atividade é mediada pelo que chama Rocha (citado por Rocha E Val, 2003:74) “de movimento não linear, que supõe rupturas, avanços e recuos”. O que sugere que o texto do aluno deva ser olhado não como o de um adulto-autor , mas de uma criança-autora [grifos meus]. Como afirma Ferreiro (citado por Rocha e Val, 2003:74), “não podemos esperar que as crianças saibam fazer aquilo que estão apenas aprendendo a fazer(...)”.

O contato do aluno com seu próprio texto, momento da refacção, pode estabelecer uma relação de maior confiabilidade em relação à sua produção, gerando assim, no aluno, a condição de olhar para seu texto com uma visão mais crítica e mais apta às mudanças, porque ele, enquanto sujeito-produtor, passa a ganhar condição de sujeito-avaliador. Spoelders e Yde (1991: 47), em relação a este momento, confirmam que “os escritores acrescentam, retiram, reescrevem ou reorganizam elementos de seus textos, porque eles o avaliaram como inadequados e podem pensar em uma boa maneira de mudá-los”.

Ainda neste processo de reescritura, o sujeito-aluno precisará se (re)construir enquanto sujeito-autor, ou seja, não se trata apenas de uma (re)construção textual, mas de uma nova afirmação de sua autoria e de seu discurso, em que ele tomará novas posições, de acordo com os discursos implícitos e explícitos no texto original, que foi alterado (de alguma forma) pelo professor. Conforme for (re)construindo sua enunciação, irá, também, se (re)constituindo enquanto sujeito-autor, já que, segundo Benveniste (1995:286), “é na linguagem e pela linguagem que o homem se constitui como sujeito [...]”. O sujeito passa a ocupar uma posição e, dela, exercer a função-autor, a “função que o ‘eu‘ assume enquanto produtor de linguagem” Orlandi (1990, citada por Oliveira, 2004:13). No desempenho, duas ilusões constitutivas e inevitáveis se instauram: a primeira, de que ele, enquanto sujeito-do-dizer, acredita ter produzido uma unidade textual totalmente organizada; a segunda, de que ele conseguiu sentir-se como uma continuidade e completude de si próprio, enquanto sujeito-autor.

O aluno, no momento que recebe seu texto para refazer, antes de assumir a posição de reescritor, ele assume a de sujeito-leitor de sua própria produção, e, assim, se configuram os vários papéis e posições que ele vai assumindo diante de seu próprio texto. Nessa busca de entendimento, Orlandi (1996, citada por Oliveira, 2004:15) propõe uma aproximação das noções de autor e de interpretação: nas posições de sujeito-autor e sujeito-leitor, o aluno percebe a necessidade de se fazer entender, de dar sentido aos seus dizeres e que eles sejam compreendidos pelos outros sujeitos que terão contato com seu texto. Considerando que se encontra inserido em uma situação escolar, e que, dentro desse espaço, sua formação discursiva é coagida pelo meio no qual ela se enuncia, já que é regulada também por formações ideológicas, é possível afirmar que sua (re)construção textual sofrerá influências desse meio social, e que sua posição, enquanto sujeito-autor, deverá estar de acordo com sua condição social naquele momento: a de aluno. É o que diz Foucault (citado por Bentes e Mussalim, 2003:133): “o sujeito passa a ser concebido como aquele que desempenha diferentes papéis de acordo com as várias posições que ocupa no espaço interdiscursivo ”. E também Mussalim (citada em Mussalim e Bentes, 2003:133): “o sujeito do discurso ocupa um lugar de onde enuncia, no interior de uma formação social” . Sendo assim, o sujeito-aluno vai dizer aquilo que se espera que ele diga, porque ele inscreve no lugar de aluno e espera ser visto como tal, inclusive seu texto, e, portanto, se assujeita às condições do meio no qual está inserido. Para Pêcheux (citado por Oliveira, 2004:23), “as formações ideológicas comportam, como um de seus componentes, uma ou mais formações discursivas interligadas. Essas informações determinam o que pode e deve ser dito a partir de uma posição dada numa conjuntura dada”.

Ao se deparar novamente com seu texto, com a condição de reestruturá-lo, o aluno percebe que este texto, neste instante, não tem a mesma constituição significativa, pois, no ato da escritura, ele exerceu outras funções cognitivas. No momento de leitura, sua visão de construção textual passa a ser ampliada e se estabelece, gerando, assim, um processo interativo e analítico de sua própria linguagem. Conforme ressalta Gehrke (1993:127), “ocorre constantemente na reescritura a troca de papéis de leitor e de escritor: nesse processo interativo, as estratégias do leitor para abordar o texto estão inter-relacionadas com as habilidades do escritor de ajustar a sua expressão às avaliações do seu outro-leitor. Sendo assim, a reescritura é o momento da produção de um texto em que paralelamente também se produz leitura”. E assim novos sujeitos se constituem.

Freitas (2000:65) avalia que, de acordo com os PCN, o ensino de Língua Portuguesa tem se baseado em uma crítica de abordagem que tem levado a escola a trabalhar com textos descontextualizados da realidade do aluno. A instituição educacional precisa passar, portanto, a conviver com produções mais ligadas ao cotidiano de seus alunos e inserir, gradualmente, novos gêneros, com situações de comunicação em que o discurso do aluno contribua para o processo de ensino-aprendizagem. E, ainda nessa linha de pensamento, os PCN caracterizam o professor como mediador desse processo, como sendo alguém que transmite o valor que a língua tem para si e o valor que poderá ter para o outro. Para isso, é preciso que o professor tenha uma relação de prazer com a escrita e com a leitura. Afinal, ele precisa conduzir o aluno às descobertas e ao prazer de ler e escrever.

4. Referências Bibliográficas

Bakhtin, M.M . (1997). Estética da criação verbal . 2. ed. São Paulo: Martins Fontes.

Bentes, A.C. e Mussalim, F. (orgs.). Introdução à lingüística : domínios e fronteiras . 3. ed. São Paulo: Cortez.

Benveniste, É. (1995). Problemas de lingüística geral I . 4. ed. Campinas-SP: Pontes/UNICAMP.

Fiad, R. S. e Mayrink-Sabison, M. L. T. (1991). A escrita como trabalho. In: Martins, M. H. (org.). Questões da Linguagem . São Paulo: Comtexto, p. 54-63.

Figueiredo, O. (1994). Escrever: da teoria à prática. In: Fonseca, F. I. (org.) Pedagogia da escrita: perspectivas . Porto Alegre-RS: Porto.

Freitas, M.T.A. (2000). Descobrindo novas formas de leitura e escrita . São Paulo: EDUC; Campinas, SP: Mercado de Letras.

Gehrke, N.A. (1993). Na leitura, a gênese da reconstrução de um texto. Letras de Hoje. Porto Alegre: EDIPUCRS, Vol. 28, n. 4, p. 115-154, dez.. Em: Prestes, M.L.M. (1999). Leitura e reescritura de textos : subsídios teóricos e práticos para o ensino. São Paulo: Respel.

Jesus, C.A. (1997). Reescrevendo o texto: a higienização da escrita. Em: Chiappini, L. (1997). Aprender e ensinar com textos de alunos . São Paulo: Cortez. V. 1. Col. Aprender e Ensinar com Textos.

Jolibert, J. (1994). Formando crianças produtoras de textos . V. 2. Porto Alegre: Artes Médicas.

Koch, I.G.V. (2001). A inter-ação pela linguagem. 6. ed. São Paulo: Contexto.

MEC - Ministério da Educação e Cultura (1997). Secretaria de Ensino Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais : Primeiro e Segundo Ciclos do Ensino Fundamental: Língua Portuguesa: 1ª a 4ª séries. Brasília: MEC/SEF.

MEC - Ministério da Educação e Cultura (1998). Parâmetros Curriculares Nacionais : Terceiro e Quarto Ciclos do Ensino Fundamental: Língua Portuguesa: 5ª a 8ª séries. Brasília: MEC/SEF.

Oliveira, E.C. (2004). Autoria : a criança e a escrita de histórias inventadas . Londrina: Eduel.

Pereira, M.T.G. (1999). Língua portuguesa: da sua celebração em forma de textos. Em: Valente, A. (1999) (org.) Aulas de Português : perspectivas inovadoras. 2 ed. Petrópolis-RJ: Vozes.

Rocha, G. e Val, M.G.C. (2003). Reflexões sobre práticas escolares de produção de texto : o sujeito-autor . Belo Horizonte: Autêntica/CEALE/FaE/UFMG.

Rocha, L.C.A. (2002). Gramática : nunca mais: o ensino da língua padrão sem o estudo da gramática . Belo Horizonte-MG: UFMG.

Sercundes, Maria M. M.I. (1997). Ensinando a escrever: as práticas de sala de aula. Em: Chiappini, L. (1997). Aprender e ensinar com textos de alunos . V. 01. Col. Aprender e Ensinar com Textos.São Paulo: Cortez.

Spoelders, M. e Yde, P. (1991). O comportamento de escritores principiantes na revisão de seus textos: algumas implicações educacionais. Letras de Hoje. Vol. 26, n. 4, p. 45-57, dez.. Porto Alegre: EDIPUCRS. Em: Prestes, M.L.M. (1999). Leitura e reescritura de textos : subsídios teóricos e práticos para o ensino . São Paulo: Respel.

5. Bibliografia

Bakhtin, M.M . (2002). Marxismo e filosofia da linguagem : problemas fundamentais do método sociológico na ciência da linguagem. 10. ed. São Paulo: HUCITEC/ANNABLUME.

Foucault, M. (2002). O que é um autor? Lisboa: Passagens.

Gonçalves, R.A.G. (2002). Um galo sozinho não tece uma manhã: os professores e os textos no cotidiano de aulas de Língua Portuguesa do 2º ano do Ensino Médio Regular . Dissertação (Mestrado em Educação), Instituto de Educação da Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá.

Gressler, L.A. (2003). Introdução à pesquisa : projetos e relatórios . São Paulo: Loyola.

Prestes, M.L.M. (1999). Leitura e reescritura de textos : subsídios teóricos e práticos para o ensino. São Paulo: Respel.

Rojo, R.H.R. (2000) (org.). A prática da linguagem em sala de aula : Praticando os PCNS . São Paulo: EDUC; Campinas, SP : Mercado de Letras.

Severino, A.J. (2000). Metodologia do trabalho científico . 21. ed. São Paulo: Cortez.

Nota sobre os autores

" – E.D.C.W. Menegolo é Mestranda em Educação, na linha de pesquisa “Educação e Linguagem”, UFMT, MT, Brasil. Endereço para contato: Avenida Itália, Q. 02, L. 06, Bairro Jardim Itália, Cuiabá, MT 78060-755, Brasil. E-mail: elizabethmenegolo@yahoo.com.br . " – L.W. Menegolo é Mestrando em Estudos da Linguagem, na linha de pesquisa “Descrição Lingüística”, UFMT, MT, Brasil. Endereço para contato: Avenida Itália, Q. 02, L. 06, Bairro Jardim Itália, Cuiabá, MT 78060-755, Brasil. E-mail: leandromenegolo@yahoo.com.br .

Revista Eletrônica Ciências & Cognição

© 2004 Instituto de Ciências Cognitivas (ICC)

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Como testar sua memória.




Como funciona a memória humana. 

por: Richard C. Mohs, Ph.D. - traduzido por HowStuffWorks Brasil


Introdução a Como testar sua memória.

Descobrir o estado de sua memória é o primeiro passo para tentar melhorá-la. Teste sua memória para descobrir se aquelas falhas que ela tem de vez em quando são normais.

Você já foi passear em um shopping e se esqueceu completamente onde estacionou o carro? Você já foi a uma loja e não conseguiu lembrar o que foi comprar lá? Você já entrou em uma sala e esqueceu por que estava lá? Já esqueceu o que ia dizer bem no meio de uma conversa?

O primeiro passo para melhorar sua memória é definir 
sua situação atual testando sua memória
 

Se estas coisas acontecem quando você tem 20 anos, você provavelmente nem pensa sobre elas. Aos 40, você pode começar a ficar preocupado com o "envelhecimento" ou com a proximidade da menopausa. Talvez você pense em usar suplementos para melhorar sua memória. Aos 60, muitas pessoas podem entrar em pânico e ficar preocupadas com tais falhas: "isso poderia ser o primeiro sinal do mal de Alzheimer?"

À medida que você envelhece, mais tende a se preocupar com problemas de memória e e quanto mais você se preocupa com eles, mais irá perceber cada um deles. O interessante é que você esquece uma série de coisas da sua adolescência ou de quando tinha 20 anos, mas nunca havia prestado atenção nesses lapsos. Quanto mais você esperar ter problemas de memória, mais irá notá-los.

Mas esquecer onde o carro está estacionado ou onde você deixou seus itens pessoais é, normalmente, muito comum. É conhecido como o "esquecimento diário" normal que envolve tarefas que fazemos todos os dias, às quais não prestamos atenção.

É evidente que, enquanto a maioria de nós passa por diversas situações de esquecimento no dia a dia, algumas pessoas possuem verdadeiros problemas orgânicos com a memória que não são normais. Como você sabe a diferença entre esquecimento "normal" e um problema mais grave de memória?

Na próxima seção, faça um teste para identificar o estado da sua memória.

Teste de memória

Este simples teste de memória pode ajudar você a ter uma idéia se o problema de memória é sem importância ou se é causa de preocupação. Lembre-se que este é apenas um simples teste de memória com papel e lápis. Para um teste de memória mais específico, contate seu médico ou psicólogo, que pode receitar uma bateria de exames especiais.

Teste de memória simples

1. Memorize estas palavras: maçã, televisão, carneiro

2. Memorize este nome e endereço:

João Ninguém; Av. Brasil, 1.500. Porto Seguro, BA

3. Você apresentou alguma dificuldade além da normal nas últimas semanas? 

4. Lembrar de listas tem sido uma tarefa mais difícil? 

5. Você notou queda na sua capacidade de calcular, de cabeça, a gorjeta do restaurante ou o troco correto? 

6. Você tem esquecido de pagar suas contas? 

7. Você já teve dificuldade para lembrar nomes?

8. Você tem dificuldade de reconhecer as pessoas que deveria conhecer?

9. Você teve dificuldade para encontrar a palavra que queria dizer?

10. Você já teve dificuldade em se lembra como fazer tarefas simples como usar um microondas ou um controle remoto?

11. Os lapsos de memória têm interferido em seu desempenho no trabalho?

12. Os lapsos de memória têm interferido em suas atividades em casa?

13. Os lapsos de memória têm interferido em situações sociais?

14. Diga o nome dos três últimos prefeitos de sua cidade.

15. Diga o nome dos cinco últimos presidentes do seu país.

16. O que você jantou nas últimas duas noites? 

17. Quais foram os dois últimos filmes que você assistiu? 

18. Escreva as três palavras que você teve que memorizar no início deste teste. 

19. Escreva o nome e endereço que você teve que memorizar no início deste teste.

Pontuação

Some um ponto para cada "não" nas questões 3 a 13 (máximo 11 pontos).

Some um ponto para cada lacuna preenchida corretamente nas questões 14 a 19 (máximo 21 pontos).

Se você atingiu:

28-32 - Parabéns! Você tem uma memória acima da média.

22-27 - Bom, mas seria bom se você fizesse exercícios de memória.

15-21 - Sua memória anda meio fraca; exercícios de memória podem ajudá-lo a melhorar sua memória.

0-14 - Você deve buscar avaliação médica.

Para mais indicadores de problemas de memória, confira os sinais de alerta e onde buscar ajuda na próxima seção.

Sinais de alerta de memória

Os sinais de alerta a seguir são evidências comuns de que o problema de memória pode ser algo mais grave do que esquecimento cotidiano, razão pela qual deve ser avaliado por um médico:
problemas de memória que afetam o desempenho no trabalho ou interferem no funcionamento diário; dificuldades com a linguagem, como esquecer simples palavras freqüentemente ou substituí-las de forma inadequada; sentir-se desorientado em locais ou situações familiares;
confusão quanto ao tempo, dia, mês, estação ou década; bom-senso reduzido ou debilitado;
problema de memória acompanhado de outros sintomas como fadiga extrema; perda de interesse em atividades até então agradáveis; mudanças rápidas e incomuns no humor
agitação e desatenção; problemas com equilíbrio e coordenação; dores de cabeça; dormência, falta de ar e dor no peito.
 

É importante ter em mente que há uma variedade de fatores que podem causar problemas de memória, desde estresse à deficiência de vitaminas e problemas circulatórios. Nem sempre falhas de memória significam início de mal de Alzheimer. Por isso, é necessário passar por uma avaliação médica completa quando problemas de memória fogem do normal ou causam preocupação. Quando a causa é determinada, normalmente pode ser tratada e a os problemas de memória podem ser remediados.

Algumas vezes, o problema de memória é mero resultado de mudanças graduais que ocorrem no cérebro humano à medida que envelhecemos. Como todos sabemos, a memória pode mudar com a idade. Alguns dos fatores mais comuns relacionados a estilo de vida e problemas de saúde também podem causar falha de memória. 
Se você suspeitar ter sérios problemas de memória, deve procurar um médico

Como buscar ajuda
Se você estiver realmente preocupado com lapsos de memória, deve conversar com seu médico que pode aplicar um rápido teste para avaliar sua memória e/ou encaminhá-lo a um psicólogo ou a outro especialista que pode aplicar uma série de testes de memória, resolução de problemas, contas e linguagem. Depois dos testes, você terá plena certeza que sua memória é igual a de muitas pessoas em sua faixa etária. 

Se os resultados demonstrarem a possibilidade de perda de memória, seu médico vai listar as causas do problema, como abuso de álcool, uso de drogas, transtornos do sono, ferimento na cabeça ou qualquer outro problema vascular como derrame ou endurecimento das artérias. Seu médico também vai querer investigar a eventual ocorrência de diabetes ou HIV, doenças que podem não estar sendo tratadas. Esteja preparado para fornecer a seu médico todos os detalhes sobre medicamentos, ervas medicinais ou suplementos que você toma, uma vez que algumas drogas e suplementos podem afetar sua memória.

Além disso, seu médico pode pedir exames de sangue e urina, ou ainda, uma tomografia do cérebro para ajudar a avaliar os problemas da memória. A tomografia pode inclusive revelar mudanças cerebrais relacionadas à idade. Pode ser necessário refazer o exame posteriormente para verificar se houve novas mudanças no cérebro.

Mesmo quando problemas de memória têm causa física, habilidades de memória relacionadas ao aprendizado e prática podem ajudar.

*SOBRE O AUTOR: Richard C. Mohs, Ph.D., é vice-chairman do Departamento de Psiquiatria em Mount Sinai School of Medicine e diretor associado da equipe de pesquisa no Bronx Veterans Affairs Medical Center. Autor e co-autor de mais de 300 artigos científicos, Dr. Mohs tem realizado uma série de pesquisas sobre envelhecimento, mal de Alzheimer e função cognitiva.
Esta informação tem apenas propósito de esclarecimento. Não visa fornecer aconselhamento médico. Nem os Editores do Guia dos Consumidores (R), Publications International, Ltd., o autor, nem o editor assumem a responsabilidade por qualquer eventual consequência de qualquer tratamento, procedimento, exercício, mudança na dieta, ação ou aplicação de medicamentos a partir da leitura ou prática descrita nestas informações. A publicação de tal informação não representa o exercício da medicina e esta informação não substitui a recomendação de um médico ou outro profissional da saúde. Antes de decidir fazer qualquer tratamento, o leitor deve procurar orientação de um médico ou outro profissional da saúde.

http://saude.hsw.uol.com.br/como-testar-a-memoria.htm

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Eclipse (e.clip.se). Palavra do Dia.



Palavra do Dia:

Eclipse (e.clip.se)

Um eclipse total do Sol pôde ser observado nos fins de julho em alguns países do Hemisfério Norte, como o Canadá e a Rússia. A palavra "eclipse" vem do grego "ékleipsis" e significava, originalmente, "desaparecimento, ocultamento, perda de luz".
Astronomicamente falando, o fenômeno ocorre quando um corpo celeste é ocultado, parcial ou totalmente, por outro. Para que isso ocorra, é necessário que três astros estejam alinhados.

>> Definição do dicionário Aulete Digital:

Eclipse (e.clip.se)

Substantivo masculino.
1 Astron. Fenômeno em que um astro fica total ou parcialmente obscurecido, quer pela interposição de um outro astro entre ele e um observador, quer por entrar no cone de sombra de outro astro. [Ger. esse termo é us. em referência ao eclipse do Sol pela Lua, ou da Lua pela Terra.]N
2 Fig. Forte declínio de natureza intelectual ou moral (eclipse da razão).
3 Fig. Desaparecimento, sumiço.
4 Mar. Intervalo de obscuridade entre os lampejos intermitentes de um farol de navegação

[Formação: Do grego 'ékleipsis' pelo latim 'eclipsis', is. Hom./Par.: eclipse (sm.), eclipse (fl. de eclipsar).]

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O eclipse solar ocorre quando a Lua, em sua rotação em torno da Terra, passa entre esta o Sol num alinhamento tal que sua sombra atinja alguma área na Terra. Nessa área, o observador do Sol verá a Lua ir cobrindo o Sol totalmente (nos eclipses totais, observáveis nas áreas em que o cone da sombra se concentra), ou parcialmente (nos eclipses parciais, observáveis nas áreas mais externas do cone de sombra). O eclipse lunar ocorre quando a Terra se interpõe entre o Sol e a Lua, num alinhamento tal que sua sombra se projeta sobre esta, escurecendo-a total (se o cone de sombra da Terra cobre totalmente a Lua) ou parcialmente (se o cone de sombra da Terra se projeta apenas em parte da superfície lunar visível).

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