domingo, 4 de maio de 2008

FILME: CENTRAL DO BRASIL (Brasil-1998)


Central do Brasil

TÍTULO DO FILME: CENTRAL DO BRASIL (Brasil-1998)
DIREÇÃO: Walter Salles
ELENCO: Fernanda de Oliveira, Vinícius de Oliveira, Marília Pêra, Othon Bastos, Matheus Nachtergaele, Soia Lira, Otávio Augusto, Caio Junqueira e Stella Freitas.

RESUMO

O filme retrata a vida de Dora e Josué. Ela, uma professora aposentada que ganha a vida escrevendo cartas para analfabetos, na maior estação de trens do Rio de Janeiro, (Central do Brasil). Ele, um garoto pobre, que com oito anos de idade perde sua mãe no Rio de Janeiro e sonha com uma viagem ao Nordeste para conhecer o pai.
Dora conhece Josué, que após a perda da mãe fica perdido e entregue às várias formas de violência urbana, típicas de uma cidade grande num país subdesenvolvido. Após um grave acidente, onde Josué quase foi vitima de uma tentativa de tráfico para o exterior, Dora rendeu-se ao apelo do menino e o acompanhou em busca de seu pai e irmãos numa longa viagem para o sertão da Bahia e de Pernambuco

CONTEXTO HISTÓRICO

O filme mostra a realidade do Brasil no final do século XX, caracterizando principalmente as condições de vida no subúrbio de uma cidade grande em um país subdesenvolvido.
A massa de migrantes nordestinos, que desde o início do século abandona o sertão em busca de melhores oportunidades na cidade, aumentou o contingente de miseráveis nos centros urbanos, que os trata como descartáveis, entregando-os ao tráfico e assalto, como alternativa para sobrevivência.
O crescimento econômico dos últimos 20 anos não repercutiu igualmente nas diversas classes sociais, sendo que as conseqüências negativas desse processo, atingiram duramente grande parte da população, geralmente a mais pobre e mais sofrida.
A crescente concentração de riqueza, o salário mínimo vergonhoso, o desemprego, o aumento da pobreza e da miséria, a falta de saneamento básico e de assistência à saúde, fazem parte das situações trágicas vividas na carne pela população mais pobre, com a qual nos deparamos em nosso cotidiano.

Veja abaixo um trailler do filme.

vdjorge

http://www.historianet.com.br/conteudo/default.aspx?codigo=271

WALDEMAR MAGALDI - INSEGURANÇA E BAIXA AUTO-ESTIMA


Angústia
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.


Nota: Se procura a freguesia açoriana parónima, consulte Angústias.

Chamamos de angústia a sensação psicológica, caracterizada por "abafamento", insegurança, falta de humor, ressentimento, dor e ferida na alma. Na moderna psiquiatria é considerada uma doença que pode produzir problemas psicossomáticos.

A angústia é também uma emoção que precede algo (um acontecimento,uma ocasião, circunstância), também pode-se chegar a angústia através de lembranças traumaticas que dilaceraram ou fragmentaram o ego. Angústia quando a integridade psíquica está ameaçada, também costuma-se haver angústia em estados paranóicos onde a percepção é redobrada e em casos de ansiedade persecutória. A angústia exerce função crucial na simbolização de perigos reais (situação, circunstância) e imaginários (consequencias temidas).

"Jean-Paul Sartre, filósofo francês contemporâneo, defendeu que a angústia surge no exato momento em que o homem percebe a sua condenação irrevogável à liberdade, isto é, o homem está condenado a ser livre, posto que sempre haverá uma opção de escolha: mesmo diante de A, posso optar por escolher não-A. Ao perceber tal condenação, ele se sente angustiado em saber que é senhor de seu destino. Também Sigmund Freud, Pai da Psicanálise, realizou estudos sobre o problema da angústia. Ele afirmou que vivemos um profundo mal-estar provocado pelo avanço do capitalismo. Contudo, a sua colaboração mais profunda para essa nossa temática pode ser percebida na sua análise do nosso aparelho psíquico: vivemos um conflito interno entre três instâncias psíquicas fundamentais ao equilíbrio do ser: nossas vontades (id) vivem em constante atrito com nosso instinto repressor (superego). Podemos tudo aquilo que queremos? Infelizmente não. O balanço entre as vontades e as repressões tem que ser buscado pelo ego, a nossa consciência. É o ego que analisa a possibilidade real de por em prática uma ação desejada pelo nosso id. Não obstante, controla o excessivo rigor imposto pelo superego. A esse conflito entre o id e o superego, Freud denominou angústia." (Cleberson Dias - Lic. Plena em Filosofia)

"Pessoas que apresentam o quadro de angústia sem acompanhamento profissional, desenvolvem outros distúrbios emocionais, tais como cansaço físico-mental, abaixamento da auto-estima e comportamentos desadequados".[carece de fontes?]


Ansiedade
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.


Ansiedade, Ansia ou Nervosismo, é uma característica biológica do ser humano, que antecede momentos de medo, perigo ou de tensão, marcada por sensações corporais desagradáveis, tais como uma sensação de vazio no estômago, coração batendo rápido, nervosismo, aperto no tórax, transpiração, etc.

Todas as pessoas podem sentir ansiedade, principalmente com a vida atribulada atual. A ansiedade acaba tornando-se constante na vida de muitas pessoas. Dependendo do grau ou freqūência pode se tornar patológica e acarretar em muitos problemas posteriores, como o transtorno da ansiedade.
Unhas roídas, característica de ansiedade
Unhas roídas, característica de ansiedade

Ter ansiedade ou sofrer desse mal faz com que a pessoa perca uma boa parte da sua auto-estima, ou seja, ela deixa de fazer certas coisas porque se julga ser incapaz de realizá-las. No entanto, o termo ansiedade está de certa forma interligado com o a palavra medo, sendo assim a pessoa passa a ter o medo de errar quando da realização de diferentes tarefas, sem mesmo chegar a tentar.

Esses dois aspectos, tanto a ansiedade quanto o medo, não surgem na vida da pessoa por uma escolha, acredita-se que de certa forma, alguma palavra dita no seu passado por alguém, uma ofensa, um comentário, uma atitude negativa em relação a pessoa que sofre desse mal, pode ser a causa principal do surgimento desses sintomas. É necessário então que a pessoa encontre um meio de superação e continue vivendo, tendo a certeza, que as coisas ruins vividas no passado servirão apenas de crescimento e amadurecimento futuro.

A actividade física está associada à redução de estados de ansiedade.

As pessoas ansiosas têm um vasto número de sintomas (veja a lista abaixo). Muitos resultam de um aumento da estimulação do sistema nervoso vegetativo ou autónomo, que controla o "reflexo ataque-fuga".Outros são " somatizações", ou seja, os doentes convertem a ansiedade em problemas fisicos, incluindo dores de cabeça, distúrbios intestinais e tensão muscular. Cerca de metade das pessoas com ansiedade sofrem principalmente de sintomas físicos, normalmente localizados nos intestinos e no peito.

Sintomas

* Fadiga;
* insônia;
* falta de ar ou sensação de sufoco;
* picadas nas mãos e nos pés;
* confusão;
* instabilidade ou sensação de desmaio;
* dores no peito e palpitações;
* afrontamentos, arrepios, suores, frio, mãos úmidas;
* boca seca;
* contrações ou tremores incontroláveis;
* tensão muscular, dores;
* necessidade urgente de defecar ou urinar;
* dificuldade em engolir;
* sensação de ter um "nó" na garganta;
* dificuldades para relaxar;
* dificuldades para dormir.



A apresentadora Marisa Monforte, do programa Viver e Conviver da Rede Vida entrevista o prof. Dr. Waldemar Magaldi, abordando o tema da baixa auto-estima como c ausa de transtornos existenciais.

EScola, e as suas contradições. Sociologia da Educação. (meus artigos).


A você que está me visitando obrigado.
Gostaria de falar com você que a escola é um lugar cheio de paradoxos. Vamos comentá-los.
Este é um assunto polémico e precisamos do auxílio da sociologia da educação e da filosofia da educação.
Quando nascemos à sociedade com seus conceitos preconceitos, valores, morais e éticos já estão formados.
Neste sentido o individuo ou sujeito vai incorporando estes costumes e tradições.
Desde pequenos as crianças ouvem que escola não presta e que as professoras são coitadinhas que não tiveram outra opção na vida.
E isto provoca uma aculturação no sujeito.
Segundo Max Weber isto não é mais uma ação social e sim uma relação social. Onde o sujeito sofre uma coerção social sutil.
Por ex. quando pedimos uma informação na rua a uma pessoa, estamos fazendo uma ação social. Só eu faço uso daquela informação naquele momento. Por outro lado numa sala de aula a informação que a professora passa ,é de certa maneira ,compartilhada por todos. E isto gera uma relação social.
Este é o caso da educação e da escola, onde esta relação social foi corrompida por pessoas anteriores a nós, mas, que nos afetam no nosso dia a dia.
Mudar isto não é tarefa fácil, pois bem sabemos que a educação depende do esforço de todos que fazem parte de nossa sociedade. E ao mesmo tempo em que a escola é criticada, não conseguimos imaginar um pai que não queira ver seu filho nela. Contraditório não.
Veja este vídeo sobre filosofia da educação do filosofo de SP Paulo G. Jr. pgjr23


São 4 vídeos sobre filosofia da educação, para acessá-los basta clicar no menu desta tela virtual.

Autor, João C. maria aluno unoparvirtual Campinbas.

Como trabalhar com o aluno resgatando sua auto-estima? (meus artigos).



Olá, Bom Domingo a você que visita meu Blog.
Gostaria de compartilhar com vocês, um tema que trabalhei em meu estágio.

Este é um tema que trabalhei em meu estágio na educação infantil, com crianças de 3 a 6 anos.
Quando trabalhamos com auto-estima, temos que levar em consideração o ambiente familiar.
Pois em pesquisas feitas por pedagogos/as, psicólogos/as e educadores/as, constatou-se que se o pai e mãe tem uma baixa-estima o filho será influenciado também.
Há meu ver temos que fazer um trabalho não, diria interdisciplinar mais, transdisciplinar.
Trabalhar com a família.



Outro ponto que não podemos esquecer, que diferentemente de outros professores, do ensino médio e ensino fundamental anos finais. Os professores de educação infantil e anos inicias do ensino fundamental passam mais tempo com as crianças do que seus companheiros de profissão e até mesmo que os próprios pais. Ai vai entrar o currículo oculto, ou seja o professor o educador/a tem que ter uma auto-estima elevada.
Agora entrando mais especificamente na sua pergunta, não tem uma fórmula pronta mas sim caminhos, possíveis.
O educando tem que ser ouvido, e por este motivo falarmos em auto-estima e não lembrarmos de Paulo Freire é difícil não é verdade
A relação a ser construída deve ser dialógica, o sujeito e sua história sócio-critica tem que serem levados em consideração. Senão nada feito, só serão falácias ou fórmulas sem conteúdos.
Ele tem um corpo, uma casa mora num bairro temos que inseri-lo neste processo de se auto-conhecer, e conhecer seu ambiente onde vive.
Quando um aluno descobre que os números impares ficam de um lado e os pares do outro estamos ressignificando o aprendizado da matemática para este aluno, quando ele consegue ler e superar seus desafios, e que ele tem a professora que sabe do que ele precisa para aprender por este motivo ao falarmos de auto-estima é comum lembrarmos também da avaliação do processo de ensino-aprendizagem. Resumindo temos que fazer o ambiente escolar um lugar de significado para as crianças, não um lugar onde se promove o conformismo com a situação atual deles mesmos. Não podemos assistir a tudo isto passivamente, o professor tem o maior laboratório para desenvolver sua tese de doutorado em educação a escola e o convívio com as famílias de seus alunos.
Neste sentido o professor sabe seu papel , o coordenador e diretor os deles, pois a auto-estima passa por todas estas esferas, pois tem que haver uma relação social pois do contrário fica muito difícil.
Ou melhor um fardo muito pesado para o educador, e muitos estão em depressão e abandonado a profissão. Espero que tenha te ajudado.

O autor, João C. Maria aluno unoparvirtual Campinas.

Obrigado por sua visita. Bom Domingo.

Pedagogia libertária o que é?(meus artigos).


Olá, Bom dia! A você que visita meu blog.
Gostaria de fazer um resumo sobre educação libertária.
Quando se fala em pedagogia libertária , logo de bate e pronto vem, um nome em nossa mente, Paulo Freire.
As pedagogias libertárias caracterizam-se pelas críticas ao sistema capitalista e as pedagógias tradicionais. Têm suas bases na perspectivas marxista e anarquista, pricinpalmente.
Nesse entendimento, visam a uma autonomia da educando e a uma proposta apenas orientadora para o professor. Por isso auto sugestão, cooperação voluntária e auto disciplina são fundamentais na prática do aluno, ou seja,
" o aluno é gestor de sua vida e de seus estudos e deve agir de forma livre; o mestre nada dirige, nada exige, apenas orienta e motiva o aluno, conforme seus próprios anseios (LOVO;RODRIGUES, 2000, P. 76)".
E a pedagogia libertadora, também de tendência transformadora, tem como seu principal representante Paulo Freire.
Gostaria de fazer uma obs. sobre um dos nossos maiores educadores mundiais.
Quando vamos estudar nas universidades ou faculdades de educação ou humanas, seja em qualquer parte do mundo Europa, Estados Unidos, Canadá, etc, estes alunos vão estudar Paulo Freire como nós estudamos .Vygotsky, Piaget Comenius etc.
Quando lermos os livros que Paulo Freire nos deixou estaremos sempre atualizados e com uma vontade de ser educador. Espero que tenha te ajudado.
O educador e professor, do infantil e das séries iniciais tem que conhecer os conteúdos de sua faixa etária.
O que se ensina de matemática, português, ciências, história, geografia, ética, cidadania, arte, música etc. Quais os conteúdos dos anos iniciais que vão do1º ano ao 5° do fundamental de 9 anos. Cada ano ou série tem um conteúdo, tenho que saber. Senão vou ficar refém de livros didáticos e outros. sou estudante de pedagogia e não posso me ver dando pinceladas destas matérias tenho que conhecer. Estude e pratique agora amanhã pode ser tarde.


http://www.unoparvirtual.com.br/pedagogi...
LOVO, Adriana M. e RODRIGUES, Zita Ana Lago. Filosofia e Educação: a dimensão evolutiva do conhecimento. Curitiba: Qualogic, 2000.
LOVO, Adriana M. e RODRIGUES, Zita Ana Lago. Filosofia e Educação: a ...
Freire, Paulo. Pedagogia do oprimido. Editora Paz e Terra 1970, 23ª Edição, 1996.
Freire, Paulo. A importância do ato de ler. Cortez/Autores Associados, 1982.

João Maria o autor é
estudante de pedagogia.



Pesquise, pratique publique.

sábado, 3 de maio de 2008

Alfabetização: Teoria e Prática


Marília Claret Geraes Duran1
Alfabetização: Teoria e Prática
"a maioria dos professores investigadores observam que é seu próprio
comportamento como investigadores, estudiosos, indagadores e
escritores o que realmente ensina o aluno como aprender".
(MOHR e MACHEAN - 1987, p. 52)
É possível perceber, nas entrelinhas das questões formuladas pelos professores, uma grande
preocupação com o fazer da sala de aula, com o como trabalhar a teoria para poder refazer o fazer
cotidiano, dando conta, ao mesmo tempo, dos alunos e das questões que cada professor tem em
relação ao construtivismo. Isto se justifica na medida em que o professor efetivamente tem problemas
reais, pois ele está ali com quarenta alunos, comprometido politicamente com eles, em função do
papel social básico da Escola: fazer com que as crianças aprendam o que nela foram buscar. Mais
especificamente: que as crianças se alfabetizem naquele sentido de penetrar no pensamento letrado,
de ser um indivíduo letrado.
Acredito que estas questões constituem uma preocupação compartilhada por todos nós, professores
e educadores.
Nessa perspectiva, o diálogo entre estudiosos do construtivismo, cujas idéias, embora tendo um eixo
comum, apresentam matizes que as distinguem, talvez ajude a nossa reflexão sobre as suas possíveis
contribuições para alterar algumas das relações que se estabelecem na prática pedagógica.
O que é construtivismo? É uma corrente da Psicologia, da Filosofia ou da Pedagogia? O que representa,
em termos do enfrentamento das tarefas cotidianas, a opção entre FERREIRO e LURIA, ou entre
PIAGET e VYGOTSKY?
1
Mestra e Doutoranda em Psicologia da Educação pela Pontifica Universidade Católica de São Paulo-PUC/SP, Técnica da FDE.
106
Alguns termos, como "construtivismo", "socioconstrutivismo", abordagem "sócio-histórica",
"sociointeracionismo" etc., sem a reflexão e o aprofundamento das teorias que embasam as diferentes
correntes do pensamento, acabam virando rótulos. Na maioria das vezes, a sua utilização pode
significar, simplesmente, uma marca para o diferente ou para o não-tradicional, o que não significa
haver entendimento do que está por trás do rótulo.
No texto a seguir, fazemos uma indicação dessas questões, tendo em vista subsidiar a reflexão sobre
a teoria e a prática da alfabetização.
Psicologia e Pedagogia
É preciso distinguir entre as questões que são trabalhadas em Psicologia e as que se referem à
prática pedagógica. A Psicologia pode trazer contribuições para a prática, mas tem seus limites.
Existe um espaço - o espaço pedagógico - que tem de ser trabalhado por nós, educadores,
pedagogos, professores.
A nossa larga tradição prescritiva/normativa do ensino escolar expressa uma interpretação dicotômica
entre sujeito e objeto do conhecimento, entre teoria e prática, entre transmissão e construção do
conhecimento.
O estado atual da reflexão sobre o ensinar e o aprender na Escola movimenta-se no sentido de
superar essas falsas dicotomias, e a Psicologia tem contribuído para essa discussão.
Assim, o construtivismo, em seus diferentes matizes, abre a possibilidade de reflexão sobre o processo
de aprender na Escola; entretanto, entender o pedagógico como opção por esta ou aquela teoria
psicológica é reduzir a questão. Na verdade, a opção que o educador faz dentro do corpo do
conhecimento específico da Psicologia é parte do instrumental necessário para a organização de sua
ação como educador e para a compreensão do aluno enquanto sujeito do conhecimento. Mas a
ação pedagógica é específica.
O construtivismo não é um método para a prática pedagógica. No entanto, o construtivismo contribui
para o entendimento da forma como ocorre o aprendizado, e, nesse sentido, influencia na definição
dos objetivos da educação formal e na formulação da intervenção pedagógica.
PIAGET, sem dúvida, é o maior representante do construtivismo; seus trabalhos constituem o ponto
de partida para a identificação das características de uma posição construtivista.
É inegável o papel de confrontação teórica com o trabalho de PIAGET que as idéias de VYGOTSKY,
assim como dos demais representantes da Psicologia soviética, têm cumprido nos últimos anos,
devido à sua instigante abordagem sobre a dimensão social do desenvolvimento psicológico. E,
provavelmente, pelo mesmo canal, entra agora em cenário, tardia e timidamente, a perspectiva walloniana.
Em relação à alfabetização, PIAGET não tem investigações sistemáticas a respeito - a escrita não era
uma preocupação da Escola de Genebra. Na verdade, como assinala TEBEROSKY (1992), "Os
lingüistas não se ocupavam da escrita. De Whorf até Saussure, de Bloomfield a Chomsky, a lingüística
se ocupava do oral", "a psicologia também não a estudava, porque não considerava a leitura e a
escrita como domínios em si", "a psicopedagogia incluía a escrita no âmbito das destrezas manuais
e perceptivas".
E é nessa perspectiva que gostaria de introduzir as contribuições de FERREIRO e TEBEROSKY nas
relações entre construtivismo e alfabetização e nas relações entre Psicologia e Pedagogia.
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As Contribuições de Ferreiro e de Teberosky
Ao introduzirem uma linha de investigação evolutiva no campo da escrita, FERREIRO e TEBEROSKY
trazem a possibilidade de melhor se entender a questão específica da escrita, até então ausente das
pesquisas feitas pela Linguística, pela Psicologia, pela Pedagogia.
A preocupação das autoras, ao iniciarem seus trabalhos, era procurar saber "como lêem as crianças
que ainda não sabem ler", "como escrevem as crianças que ainda não sabem escrever". Assim, o
que é novo, o que é inédito no trabalho de ambas-reconhecendo mesmo o valor heurístico de suas
pesquisas - é o fato de trazerem a escrita como um domínio evolutivo, de tratarem-na como objeto
lingüístico.
Ao pensarmos um pouco em como se desenvolvia o trabalho de alfabetização em sala de aula, e no
que achávamos a respeito, percebemos que as questões da escrita eram resvaladas. Nessa
concepção, a leitura e a escrita adquiriram um desenvolvimento exclusivamente escolar e, como
assinaturas escolares, eram consideradas instrumentais, isto é, para pensar, representar, comunicar,
expressar outros conteúdos.
As questões que permeavam as pesquisas na área de alfabetização, nos anos 60/70, estavam
relacionadas aos aspectos perceptuais e motores da aprendizagem, à prontidão e não à escrita
enquanto objeto linguístico ou sistema específico: o da representação da linguagem.
O foco de uma teoria construtivista, ao analisar o processo de alfabetização, deve ser exatamente a
compreensão desse objeto, buscando saber que concepções de língua escrita a criança tem antes
de iniciar o processo formal na Escola. E as pesquisas sobre a psicogênese da língua escrita
representam um marco, podendo-se mesmo falarem alfabetização antes e depois de Emilia FERREIRO.
Certamente, o resultado dessas investigações trouxe uma preocupação para a Escola, na medida
em que elas provocaram um movimento: o de repensar as metodologias utilizadas. Porém, quando
lemos a Psicogênese da Língua Escrita, observamos que não existe ali nenhuma prescrição pedagógica
em termos de um trabalho na sala de aula.
Não adianta ler a Psicogênese... e dizer: "agora eu posso fazer um trabalho na sala de aula", porque
a psicogênese não tem esse objetivo voltado para a prática, o que não significa que não ofereça uma
contribuição no movimento de reflexão da prática.
A prática é o fazer; tem a ver com o fazer cotidiano, com o conhecimento que está relacionado a
este fazer: a ação pedagógica, as opiniões, os valores, as ideologias; o pensar; enfim, com aquilo
que permeia o que o professor faz na sala de aula e o que faz em relação ao conhecimento, aos
valores e às opiniões que possui.
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Voltando os olhos para o que tem sido feito em nome do construtivismo, isto é, para as tentativas do
professor em produzir rupturas com o modo escolar convencional de alfabetização, podemos
perceber/constatar as inconsistências, as incongruências desse fazer. É muito comum, por exemplo,
ouvirmos um professor dizer que é construtivista e, na observação de sua prática, verificarmos que
não há nada nela que confirme isso.
Entretanto, muito do que se critica, hoje, em relação à prática de alfabetização, dentro desse eixo
construtivista, deve-se ao fato de que existe esse movimento de reconstrução, redefinição desta prática.
Se, por um lado, temos um corpo de conhecimento teórico sobre a leitura e a escrita, produzido por
lingüistas, psicólogos, antropólogos, críticos literários, pedagogos, por outro a distância entre a teoria
e a prática ainda não foi superada.
As experiências práticas resultam numa fonte de possibilidades de acesso à investigação: vemos um
grande número de trabalhos discutindo e propondo alternativas metodológicas de pesquisa em sala
de aula ou sugerindo uma investigação minuciosa do cotidiano escolar.
Mas a articulação ensino/pesquisa, atividade do professor/atividade do pesquisador, tendo como eixo
a Escola e o trabalho concreto na sala de aula, ainda é um desafio - colocar a mútuo serviço esses
dois tipos de conhecimento: o do estudioso da prática pedagógica e o do professor que a realiza.
Através dessa leitura, tentando entender a"sabedoria da prática"(SCHULMAN, 1987), talvez tenhamos
condições de dar mais atenção às informações que dela podemos extrair e recuperar a história das
práticas de alfabetização a partir do marco trazido pela Psicogênese da Língua Escrita, sem perdermos
a consistência das melhores criações de seus praticantes.
Ferreiro e Tebeirosky na Sala da Aula?
Vamos analisar algumas das opções que têm sido tomadas como referência da perspectiva construtivista
na prática da alfabetização.
Uma delas diz respeito à adoção da descrição evolutiva apresentada pela Psicogênese da Língua
Escrita como diagnóstico do nível de conhecimento da criança. O evolutivo passa a justificar critérios
de "prontidão" e/ou guiar a seqüência das atividades e dos conteúdos a ensinar. Geralmente, tal
diagnóstico supõe uma classificação. Em vez de se chamar uma classe de forte, média ou fraca,
passam a ser utilizados os termos pré-silábico, silábico e alfabético. Trocam-se os rótulos, mas o
conteúdo continua o mesmo. O reconhecimento de níveis na organização do conceito de escrita, ao
contrário, redireciona as questões de patologias da aprendizagem e coloca em xeque a idéia de
"prontidão" ou de "pré-requisitos" para a alfabetização.
Mas, em alguns casos,os níveis de conceitualização da escrita se convertem em referência prescritiva
de etapas da didática, isto é, servem de referência do que o professor deve programar como
atividades para passar de um nível a outro, ou como referência do ponto de partida metodológico do
ensino. Num e noutro casos é clara a idéia de "pré-requisito", de "pré-condição para", posição esta
que se situa no extremo oposto do conceito de zona de desenvolvimento proximal de VYGOTSKY.
FERREIRO oferece-nos um instrumental de possibilidades de ver a criança no seu processo de
aquisição da escrita, de verificar o que ela sabe e o que ela não sabe, porque é no que ela ainda
não sabe, no que ela pode e tem condições de fazer com ajuda, com interferência do adulto, que
o professor vai atuar. Nesse sentido, a descrição evolutiva ultrapassa o nível do diagnóstico e da
avaliação inicial e contribui efetivamente para informar o desenho de situações de
ensino/aprendizagem.
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É importante assinalar, como o faz NUNES (1990), que "talvez a contribuição mais significativa que o
construtivismo já ofereceu à alfabetização [foi] auxiliar as alfabetizadoras na tarefa de compreender
as produções das crianças e saber respeitá-las como contribuições genuínas, indicadoras de progresso
e não como erros absurdos".
Outra aplicação que vem sendo feita é a adoção do desenho, que em situações experimentais foi
utilizada por FERREIRO e TEBEROSKY, dentro de um recorte de situação escolar. Isto é, fazer uma
transposição direta de um instrumento do psicólogo para a sala de aula. Ora, se cabe ao psicólogo
trabalhar no sentido de descrever as hipóteses, deixando-as em evidência, o trabalho pedagógico é
específico e implica o "atuar", o fazer. O professor tem de fazer a criança aprender. Esse é o seu
papel; esse é o papel da Escola.
Adotar e adaptar o aspecto metodológico consiste em outra aplicação possível. O método, em
particular a entrevista clínica, ocupa o lugar do diálogo educativo. Em vez de ensinar conteúdos
escolares, a tarefa docente será a de explorar de forma passiva o pensamento infantil.
Na verdade, nós nos entusiasmamos com a criança e contemplamos as suas escritas iniciais,
fazendo muito pouco em relação a uma atuação mais pontual, ou seja, fazendo pouco em relação
ao nosso papel, enquanto professores.Temos, sim, de levar a criança a escrever
convencionalmente, o que não significa impedi-la de escrever com naturalidade, externar a sua
maneira de escrever.
Muitas vezes a criança pergunta: "Está certo?". E o professor responde: "Está.". O que a criança
procura ao fazer suas perguntas? O que ela está querendo de nós, professores? Ela está querendo
compartilhar a sua escrita, o que significa também o reconhecimento de uma imposição social da
forma ortográfica. A escrita tem um valor social exatamente porque pode ser compartilhada.
Portanto, escrever, por exemplo, pato com apenas a e o não é algo que possa ser compartilhado...
Outra aplicação muito discutida é a das condições da sala de aula, o ambiente alfabetizador.
Temos observado que muitas vezes as salas se inundam de letras, de cartazes, de materiais escritos,
de jornais, de revistas etc. Entretanto, a concepção de ambiente alfabetizador tem-se mostrado
insuficiente, predominando um ponto de vista material e externo ao sujeito.
A presença de material impresso, tal como aparece na sociedade mais ampla, e não de material
didático, é uma condição necessária mas não suficiente à criação de um ambiente alfabetizador. A
qualidade lingüística do material disponível; a presença de "módulos" externos de linguagem escrita;
as interações de professor e alunos de alunos entre si, a alternância de papéis entre eles; a variação
de atividades ou sobre uma atividade; e a qualidade das interferências do professor que favorece a
constante manipulação de textos fazem parte deste ambiente alfabetizador.
Nas análises precedentes fica claro que temos incorporado aspectos apenas parciais da perspectiva
construtivista na prática da alfabetização. Esse balanço crítico oferece-nos a possibilidade de retomar
a discussão a partir do que já foi feito e não começando tudo de novo. E, certamente, nos ajudará a
encontrar novas relações sobre o fazer da prática.
Atualmente já se esboçam significativas contribuições de pesquisadores e professores estrangeiros e
brasileiros, que apresentam proposições metodológicas para uma prática da alfabetização informada
pelo paradigma construtivista.
O livro Os Filhos do Analfabetismo apresenta os resultados de um encontro latino-americano realizado
no México (FERREIRO, 1990), no qual são discutidas propostas para a alfabetização escolar na
América Latina.
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Ana TEBEROSKY publicou a sua Psicopedagogia da Linguagem Escrita, apresentando "uma série de
propostas de situações de ensino-aprendizagem da linguagem escrita para crianças de 5 a 8 anos",
propostas estas voltadas para o objetivo de "conjugar as idéias das crianças com os requisitos do
ensino", entendidos estes como "o imperativo do professor para fazer as crianças avançarem"
(TEBEROSKY, 1989).
A Secretaria de Estado da Educação de São Paulo, entre outras publicações na área, divulgou, no
documento Ciclo Básico em Jornada única: Uma Nova Concepção de Trabalho Pedagógico - O
Encontro de Teoria e Prática, v. 2, 1990, o resultado do trabalho de professores que vêm buscando
uma reformulação de sua prática, programando suas interferências a partir da interpretação das
hipóteses com as quais as crianças trabalham e no sentido de fazê-las avançar em direção à
compreensão da escrita convencional, socialmente aceita.
Nesse contexto também se situa o conjunto didático Por Trás das Letras, de autoria da professora
Telma WEISZ (1991).
Discutindo o Conjunto Didático "Por Trás das Letras"
O conjunto didático Por Trás das Letras pode ser visto como um esforço no sentido de contribuir para
o fazer do professor, isto é, para a forma como ele vai atuar na sala de aula.
Por Trás das Letras é composto de quatro programas de vídeo, acompanhados de uma publicação
impressa da própria autora. Já na apresentação deste conjunto, sinalizamos as contribuições que
nos pareceram mais relevantes. Por um lado, a consideração do uso social da escrita, isto é, tomar
o objeto da escrita como socialmente construído; por outro, o uso do texto escrito enquanto texto e
a importância que é dada à diversidade de tipos de texto escrito que podem ser trabalhados nas
salas de alfabetização em situações que simulam alguns dos reais contextos de uso da linguagem escrita.
E, finalmente, os vídeos evidenciam a importância das interações e da parceria entre as crianças na
construção da escrita, das interações das escritas com diferentes tipos de texto e suas reações ante
as intervenções dos adultos.
Em função de alguns dos tipos de textos sobre os quais se trabalha na sala de aula, Por Trás das
Letras foi dividido em quatro capítulos. Trata-se de um material para a capacitação de professores
que, com a riqueza de informações que oferece, permite múltiplas leituras e que se possa fazer uso
dele em vários níveis de aprofundamento e de inspiração.
Tomemos três segmentos selecionados desse conjunto, para discutir alguns dos eixos
teórico-metodológicos da alfabetização.
O primeiro deles é a última atividade do "Erumaveis", quando Viviane, Ana Cláudia, Danilo e Leonardo
recontam e reescrevem a Branca de Neve. As crianças ouvem o conto, recuperam-no oralmente e
fazem a reescrita na lousa
O desenvolvimento de um programa de leitura e escrita não pode prescindir de atividades como a
reescrita de contos de fada. Os contos de fada constituem-se em modelos externos de linguagem
escrita que permitem análise, isto é, é possível "desarmá-los em busca do seu funcionamento", como
nos ensina Ana TEBEROSKY (1992). Na medida em que o conteúdo já está dominado, é possível
focalizar o retórico, isto é, as questões da escrita do texto, do como se diz e a quem se diz as coisas,
o formal do texto.
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Nessa atividade de (re)escrita, tal como aparece no vídeo, a proposta é repetir oralmente o conto tal
como estava escrito, isto é, com as palavras do "livro", e tentar escrever como estava no livro. E
podemos observar, até, que as crianças não fazem nenhuma questão de simplificar o texto literário
que está ali, não buscam simplificar a linguagem.
Por seu lado, o professor interfere, ajudando os alunos a aprenderem a modificar, corrigir, substituir
o que está escrito. Para isso, as crianças atuam como leitoras de seus próprios textos.
Está claro que uma atividade como essa não termina do mesmo modo que é apresentada no vídeo.
A intervenção pedagógica se dá em diferentes momentos e em muitas direções: desde a análise
coletiva do texto-fonte, consulta posterior ao texto-fonte, escrita individual com ou sem ajuda do
professor ou de outra criança, leitura do escrito, revisão do texto, edição final, até a releitura, para
possível revisão e correção do mesmo texto, passado algum tempo.O importante é termos consciência
dos diferentes momentos de aprendizagem dos nossos alunos. Como diz Ana TEBEROSKY (1992):
"Sabemos que uma pequena variação no material, na tarefa
realizada pela criança, na estratégia pedagógica ou no conteúdo
produz respostas diferentes ou respostas resistentes à
mudança. A modificação ou a resistência são sempre
indicadoras de que alguma coisa funciona de determinada
maneira: na cabeça do professor, na cabeça da criança ou na
própria situação. Porém, já sabemos que o fazer pedagógico
consiste na mudança permanente de estratégias para conseguir
os objetivos da aprendizagem".
O segundo fragmento dos vídeos que eu gostaria de comentar refere-se a uma das atividades de
leitura apresentada no capítulo "Falando Devagarinho". Leandro e Nilson, duas crianças de Pré-escola,
lêem a primeira estrofe de "Pombinha Branca".
O ritmo, a presença de rimas colaboram para que as crianças, que não sabem ler no sentido
convencional, leiam a canção. Evidenciar para o professor as possibilidades de explorar pedagogicamente
o fato de que é possível ler quando ainda não se sabe ler, como nos diz Telma WEISZ (1991),
parece-me fundamental.
O diálogo entre o professor e seus alunos, quando estes começam a escrever e a ler palavras e
textos ainda sem saber bem o que significa o que estão fazendo, adquire um formato particular. Que
informações são pertinentes neste momento, no sentido de ajudar o aluno a resolver uma situação
que é apresentada como problema?
As interações que se estabelecem entre Nilson, Leandro e o professor evidenciam a possibilidade de
se alternarem e diversificarem as tarefas entre professor e alunos e alunos entre si. As duas crianças,
embora em níveis diferentes de interpretação da escrita, aprendem muito no decorrer da atividade,
em função das intervenções deliberadas do professor; mas aprendem coisas diferentes, em função
de suas experiências anteriores com a leitura e a escrita.
O momento final desse segmento - a escrita do nome próprio por Nilson e Leandro - evidencia os
conhecimentos que cada um deles tem a respeito da escrita do seu nome.
Atividades de escrita/ensino do nome próprio são comuns nas classes de alfabetização, desde a
Pré-escola. Marcar o nome da criança no desenho, na lancheira, na mesa, nos utenslios, no avental,
nos trabalhos etc. faz parte do ritual da Escola.
112
Pesquisas na área evidenciam a precocidade na aparição de marcas não-figurativas, que são
interpretadas como nomes, em produções gráficas iniciais de crianças. Esses dados são indicadores
das oportunidades que o ambiente familiar letrado proporciona às crianças em relação à escrita do
seu nome. Entretanto, para a grande maioria das crianças que ingressam no Ciclo Básico da Rede
Pública, a escrita só é utilizada na e para a Escola.
Nesse contexto, é evidente o impacto que representa a aquisição do nome próprio pela criança com
o início da escolaridade e a freqüência nas classes de alfabetização.
Na atividade mostrada neste segmento dos vídeos podemos observar que um dos meninos, Nilson,
ainda não adquiriu a escrita de seu próprio nome, estando pois num momento muito diferente do de
Leandro. Gostaria então de deixar em aberto a seguinte questão: nós, professores, temos uma
proposta para o ensino da escrita do nome próprio ou vamos deixar a criança constituir "sozinha"
essa escrita?
O terceiro segmento dos vídeos que gostaria de comentar é o que mostra Fabiano e Rafael, dois
alunos do Ciclo Básico inicial, escrevendo uma notícia que deu no jornal. Por trás de propostas como
esta há muitas decisões que precisam ser explicitadas. A presença de material impresso, tal como
aparece na sociedade - o jornal, por exemplo -, e não de material didático é uma delas. A cartilha
tem sido, na maioria das vezes, o único modelo de escrita ao qual a criança tem acesso na Escola.
Que concepção de texto escrito construirá a criança que trabalha quase que somente com esse material?
Assim, decisões tomadas no planejamento dessa atividade sobre a unidade lingüística a ser
proposta (o texto), sobre o gênero (notícia jornalística), sobre o conteúdo temático (a reportagem
sobre a caça ao jacaré Teimoso no rio Tietê) são reveladoras da concepção de alfabetização que o
professor tem em mente.
Foram tomadas também decisões importantes sobre o material a ser utilizado, como a opção pelas
letras soltas, introduzindo uma mobilidade de que a escrita na verdade não dispõe e garantindo um
espaço de rascunho a "quatro mãos". A escolha das letras soltas deu suporte a uma discussão que
ocupou a maior parte deste segmento dos vídeos - a divisão do texto em palavras.
Contudo, as propostas iniciais de "escrever para um hipotético jornal da Escola" e "fazer um rascunho
com as letras soltas para depois passar a limpo" não podem ser esquecidas. Sem este eixo, o
professor deixaria de estar considerando o texto enquanto texto...
Com essas considerações, quero chamar a atenção para o fato de que a aprendizagem da leitura e
da escrita não se dá espontaneamente; ao contrário, exige uma ação deliberada do professor e,
portanto, uma qualificação de quem ensina. Exige planejamento e decisões a respeito do tipo,
freqüência, diversidade, seqüência das atividades de aprendizagem. Mas essas decisões são tomadas
em função do que se considera como papel do aluno e do professor nesse processo; por exemplo,
as experiências que a criança teve ou não em relação à leitura e à escrita. Incluem, também, os
critérios que definem o estar alfabetizado no contexto de uma cultura.
A reflexão sobre a teoria e a prática da alfabetização num eixo construtivista marca a dificuldade da
aplicação direta de uma teoria psicológica sem novos estudos de natureza psicológica. O movimento
redefinidor da prática alfabetizadora instalou-se em São Paulo a partir da divulgação das idéias de
FERREIRO e TEBEROSKY. Como todo movimento, foi suficientemente amplo para abarcar uma
variedade enorme de práticas pedagógicas ligadas à posição construtivista; desde um posicionamento
radical que resulta num espontaneísmo segundo o qual o papel do professor se atrofia, ate propostas
didáticas discutidas para as frases pré-silábica, silábica e alfabética.
113
Embora controvertida a questão do "como alfabetizar", existem inúmeras contribuições significativas,
já divulgadas, que estabelecem alguns eixos teórico-metodológicos de escrita.
Referências Bibliográficas
DE LA TAILLE, Y., et alii. Piaget, Vygotsky e Wallon. São Paulo: Summus (no prelo).
DURAN, Marlia C. G. O desafio metodológico na relação ensino-aprendizagem. In: A didática e a
escola de 1º grau. São Paulo: FDE, 1991. p. 150-158. (Série Idéias, 11).
__________.O desafio de construir uma alfabetização de melhor qualidade: a proposta do ciclo básico
em São Paulo. Tecnologia Educacional, n. 95/96, p. 19-24, jul./out. 1990. (Alfabetização - Edição
Especial).
__________.Retomando a proposta de alfabetização. 2.ed. São Paulo:SE/CENP, 1986. (Alfabetização,1-2).
FERREIRO, Emilia (org). Os filhos do analfabetismo. Porto Alegre: Artes Médicas, 1990.
LIMA, Elvira C. A. S. O conhecimento psicológico e suas relações com a educação. Em Aberto,
Brasília, MEC/INEP, n. 48. p. 3-24, out./dez. 1990.
NUNES, Terezinha. Construtivismo e alfabetização: um balanço crítico. Educação em Revista, Belo
Horizonte, n. 12, p.33-43, dez. 1990.
SÃO PAULO (Estado). Secretaria da Educação. Coordenadoria de Estudos e Normas Pedagógicas.
Ciclo Básico. São Paulo: SE/CENP, 1987.
_________.Ciclo básico em jornada única: uma nova concepção de trabalho pedagógico. São Paulo:
SE/CENP, 1988. v. 1. Recursos Didáticos: sua utilização.
_________.Ciclo básico em jornada única: uma nova concepção de trabalho pedagógico. São Paulo:
SE/CENP, 1990. v. 2. O Encontro da Teoria e da Prática.
_________.Ciclo básico: legislação e normas básicas. São Paulo: SE/CENP, 1988.
_________.Ciclo básico e a reorganização do ensino de 1º grau: sistemática da avaliação. São
Paulo: SE/CENP, 1987.
_________.A direção e a questão pedagógica. São Paulo: SE/CENP, 1988.
_________.Encontro de orientação técnica de ciclo básico: jornada única em processo. São Paulo:
SE/CENP, 1988. mimeo.
_________.Isto se aprende com o ciclo básico. São Paulo: SE/CENP, 1986.
SOARES, Magda Becker. Alfabetização no Brasil: o estado do conhecimento. Brasília: INEP/REDUC,1989.
TEBEROSKY, Ana. Aprendiendo a escribir. Cuadernos de Educación, 8, ICE–HORSORI-Universidad
de Barcelona, 1992.
WEISZ, Telma. Por trás das letras. São Paulo: FDE/Diretoria de Projetos Especiais, 1992. (Material
de apoio a uma série de vídeos com o mesmo título).
WELLES, Gordon. Condições para uma alfabetização total. Trad. livre por Yêda Maria da Costa Lima
Varlotta. Texto extraído de Cuadernos de Pedagogia Barcelona, n. 179, p. 11-15, 1990.

O PRECURSOR DAS INTELIGÊNCIAS EMOCIONAIS. (Vygotsky ).


O PRECURSOR DAS INTELIGÊNCIAS EMOCIONAIS
Ressaltarmos o pioneirismo de Vygotsky na abordagem das emoções e sentimentos, em seu livro Psicologia Pedagógica, fato este ainda pouco ou ainda não abordado no meio acadêmico.

É o que veremos a seguir, em texto escrito 70 anos antes que se falasse em Inteligência Emocional:

“Não sei por que em nossa sociedade formou-se um critério unilateral sobre a personalidade humana, nem por que todos relacionam dons e talento apenas ao intelecto. Além de ser possível pensar com talento, também se pode sentir talentosamente. O aspecto emocional da personalidade não tem menos importância que outros e constitui objeto e a preocupação da educação, na mesma medida que o intelecto e a vontade. O amor pode conter tanto talento e inclusive genialidade quanto a descoberta do cálculo diferencial. Em ambos os casos o comportamento humano adota formas excepcionais e grandiosas.” (VYGOTSKY, 2003, p.122)

1.1 – Breve biografia de Vygotsky
Lev Semenovich Vygotsky viveu apenas 37 anos. Nasceu a 17 de novembro de 1896 em Vygotsky, pequena cidade provinciana da Rússia e “faleceu em Moscou, em 11 de junho de 1934, vítima de tuberculose, doença com que conviveu durante quatorze anos” (REGO, 2002, p.20). Casou-se aos 28 anos, com Roza Smekhova, com quem teve duas filhas.

Completa o curso secundário aos 17 anos e recebe medalha de ouro pelo seu desempenho. De 1914 a 1917 estudou Direito e Literatura na Universidade de Moscou, em 1916 escreve “A Tragédia de Hamlet, príncipe da Dinamarca” que em 1925 dá origem ao livro Psychology of Art (Psicologia da Arte), publicada na Rússia somente em 1965 (REGO,2002, p. 21). Em 1925 viaja para o exterior e organiza o Laboratório de Psicologia para Crianças Deficientes. Em 1927 escreve O Significado histórico da crise da psicologia, em 1931 elabora Desenvolvimento das funções psicológicas superiores, em 1932 realiza uma série de conferências em Leningrado. Em 1934 publica Pensamento e Linguagem. (VIVER mente&cérebro, Coleção memória da pedagogia n.2, p.5)

Segundo Guillermo Blanck, responsável pela organização, prefácio, comentários e notas da Edição Comentada do livro Psicologia Pedagógica de Vygotsky, temos:

“Vygotsky conhecia nove idiomas e possuía um saber enciclopédico. Em 10 anos, Vygotsky passou como um raio pela teoria, pela prática e por instituições oficiais. Produziu cerca de 200 trabalhos de Psicologia e 100 sobre arte e literatura. Dois anos após sua morte suas obras foram proibidas – durante 20 anos – pela ditadura de Stálin...

“Em 1980 nasceu o ‘fenômeno Vygotsky’ , que cresceu muito até os dias de hoje.

“Vygotsky viu milhares de crianças deficientes. Viajou para Londres para participar da Conferência Internacional para a Educação de Surdos.

“Ao regressar para Moscou, sofreu sua segunda internação – um ano de cama -, em condições de extrema precariedade: as camas não eram separadas por nenhum espaço. Vygotsky sofreu um colapso do pulmão e não permanecia de pé sem ajuda. Nessas condições, no hospital, escreveu a monografia O Significado histórico da crise da psicologia.” (VYGOTSKY, 2003, p. 17 e 20)

1.2 –Vygotsky: “A Educação do Comportamento Emocional”
Este é o título do capítulo 6 elaborado por Lev Semenovich Vygotksky em seu livro Psicologia Pedagógica (VYGOTSKY, 2003, p. 113 – 124), onde aborda as seguintes questões:

1.2. 1 – A NATUREZA PSICOLÓGICA DAS EMOÇÕES
Vygotsky questiona como a emoção modifica o pensamento. Sendo a emoção um processo de interação entre o organismo e o ambiente, há três formas de correlação:

· Primeiro pela predominância do organismo sobre o ambiente; as tarefas são resolvidas sem dificuldade e tensão em ótima adaptação com um gasto mínimo de energia e força; ocorrência de satisfação e sensações positivas;

· Segundo quando predomina o ambiente sobre o organismo que passa a adaptar-se com dificuldade e tensão desmedida, e o comportamento transcorre com sua força máxima, grande investimento de energia e o efeito de adaptação será mínimo; ocorrência de sensações negativas de angústia, fraqueza e sofrimento;

· Terceiro quando há equilíbrio entre o ambiente e o organismo, nenhum prepondera sobre o outro, não há disputa; neutralidade emocional no comportamento.

Vygotsky elabora rico material para as nossas reflexões. Quando se refere a ambiente, ele não especifica, generaliza. Pode ser tanto uma cidade quanto uma escola. E é absolutamente natural que tenhamos reações positivas ou negativas simplesmente por que somos diferentes, e não somos obrigados a nos adaptar de qualquer maneira em qualquer ambiente. O que é bom para uns pode não o ser para outros.

Estamos expostos a reações agradáveis e desagradáveis em relação ao ambiente, portanto não precisamos nos lamentar ou comprometer nossa auto-estima por uma eventual falta de adequação, porque – como dissemos – é da natureza do ser humano oscilarmos entre emoções antagônicas.

Devemos entender ambiente são só em termos físicos, mas principalmente psicológicos, quando a afinidade passa a ser um elemento significativo de atração ou repulsão entre grupos que interagem entre si, conforme Vygotsky explica:

“Toda emoção é um chamado à ação ou à rejeição da ação. Nenhum sentimento pode permanecer indiferente e infrutífero no comportamento.

“As emoções são, precisamente, o organizador interno de nossas reações, que coloca em tensão, excita, estimula ou freia todas as reações. Portanto, a emoção conserva o papel de organizador interno de nosso comportamento.

“Quando fazemos algo com alegria, as reações emocionais de alegria significam que, a partir daquele momento, tentaremos fazer o mesmo. Quando fazemos algo com repulsão, isso significa que tenderemos, por todos os meios possíveis, a interromper essa tarefa”. (VYGOTSKY, 2003, p. 117 – 119)

1.2. 2 – A EDUCAÇÃO DOS SENTIMENTOS
Vygotsky afirma que a educação sempre implica mudanças nos sentimentos e a reeducação das emoções vai na direção da reação emocional inata. Que os professores encontram nos sentimentos uma ferramenta valiosa para educar as reações emocionais.

“Se quisermos que os alunos recordem melhor ou exercitem mais o pensamento, devemos fazer com que essas atividades sejam emocionalmente estimuladas. A experiência e a pesquisa têm mostrado que um fato impregnado de emoção é recordado mais sólida, firme e prolongada que um feito indiferente. Cada vez que comunicarem algo ao aluno tentem afetar seu sentimento. A emoção não é uma ferramenta menos importante que o pensamento.” (VYGOTSKY, 2003, p. 117 – 119)

Vygotsky combate o que ele chama de “desmedido e falsamente inflado sentimentalismo”, estéril e insignificante, que deve ser rigorosamente diferenciado do sentimento.

É excepcional o conteúdo do artigo desenvolvido por Vygotsky oferecendo-nos valiosa contribuição para o estudo das emoções e sentimentos.

Mas o seu trabalho é significativamente mais abrangente, ao tratar a inteligência e a afetividade de igual modo, integrando-os às características sociais em que o homem se insere; traça uma síntese do corpo e mente, ser biológico e o ser social, membro da espécie humana e participante de um processo histórico.

Explica as funções psicológicas superiores – capacidade de planejamento, memória voluntária e imaginação – como mecanismos intencionais e controlados, que se desenvolvem ao longo do processo de internalização das formas de cultura e comportamento., bem como as funções psicológicas elementares, ações reflexas e associações simples de origem biológica.

Traz-nos importantes conceitos sobre a mediação simbólica, a relação do homem no mundo, instrumentos com os quais o homem age sobre os objetos, amplia sua intervenção na natureza e a capacidade humana de conservação e aperfeiçoamento.

A Abordagem sócio-histórica, a mediação simbólica da linguagem e por signos, que são instrumentos psicológicos e agem sobre o psiquismo. A Cultura, a interação social, a importância do meio cultural na reconstrução, pelo indivíduo, dos significados culturalmente transmitidos.

O conceito de Zona de Desenvolvimento Proximal - a distância entre aquilo que a criança é capaz de fazer sozinha e o que faz com a ajuda de terceiros – estabelecendo bases de Intervenção Psicológica, intra-psicológica e inter-psicológica, mediando atividades em constante interação.

VYGOTSKY, L.S. Formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes,1984.
VYGOTSKY, L.S. Aprendizagem e desenvolvimento intelectual na ida-de escolar. In: VYGOTSKY, L.S. et al. Linguagem, desenvolvimento e aprendi-zagem. São Paulo: Ícone; EDUSP, 1988.VYGOTSKY, L.S. et al. Linguagem, desenvolvimento e aprendizagem. SãoPaulo: Ícone; EDUSP, 1988.VYGOTSKY, L.S. Pensamento e linguagem. São Paulo: Martins Fontes,1993.VYGOTSKY, L.S. A construção do pensamento e da linguagem. São Paulo:Martins Fontes, 2001.WERTSCH, J.V. et al. Estudos socioculturais da mente. Porto Alegre: ArtesMédicas, 1998.WERTSCH, J.V.; TULVISTE, P.L.S. Vygotsky e a psicologia evolutivacontemporânea. In: DANIELS, H. (Org.). Uma introdução a Vygotsky. SãoPaulo: Loyola, 2002.

O que é Inclusão?


O que é inclusão?

Adiron
14/07/2004

Entenda as bases da inclusão social e escolar e evite confusões em matéria de inclusão de pessoas com deficiência

Incluir
do Lat. includere
verbo transitivo direto
compreender, abranger;
conter em si, envolver, implicar;
inserir, intercalar, introduzir, fazer parte, figurar entre outros;
pertencer juntamente com outros

No bom e velho "Aurélio" , o verbo incluir apresenta vários significados, todos eles com o sentido de algo ou alguém inserido entre outras coisas ou pessoas. Em nenhum momento essa definição pressupõe que o ser incluído precisa ser igual ou semelhante aos demais aos quais se agregou.

Quando falamos de uma sociedade inclusiva, pensamos naquela que valoriza a diversidade humana e fortalece a aceitação das diferenças individuais. É dentro dela que aprendemos a conviver, contribuir e construir juntos um mundo de oportunidades reais (não obrigatoriamente iguais) para todos.

Isso implica numa sociedade onde cada um é responsável pela qualidade de vida do outro, mesmo quando esse outro é muito diferente de nós.

Inclusão ou integração?

Semanticamente incluir e integrar têm significados muito parecidos, o que faz com que muitas pessoas utilizem esses verbos indistintamente. No entanto, nos movimentos sociais inclusão e integração representam filosofias totalmente diferentes, ainda que tenham objetivos aparentemente iguais, ou seja, a inserção de pessoas com deficiência na sociedade.

Os mal-entendidos sobre o tema começam justamente aí. As pessoas usam o termo inclusão quando, na verdade, estão pensando em integração.

Quais são as principais diferenças entre inclusão e integração? O conteúdo das definições do quadro abaixo é de autoria de Claudia Werneck, extraído do primeiro volume do Manual do Mídia Legal:

Inclusão: a inserção é total e incondicional (crianças com deficiência não precisam "se preparar" para ir à escola regular)
Integração: a inserção é parcial e condicional (crianças "se preparam" emescolas ou classes especiais para estar em escolas ou classes regulares)

Inclusão: exige rupturas nos sistemas
Integração: Pede concessões aos sistemas

Inclusão: mudanças que beneficiam toda e qualquer pessoa (não se sabe quem "ganha" mais; TODAS ganham);
Integração: Mudanças visando prioritariamente a pessoas com deficiência (consolida a idéia de que elas "ganham" mais)

Inclusão: exige transformações profundas
Integração: contenta-se com transformações superficiais

Inclusão: sociedade se adapta para atender às necessidades das pessoas com deficiência e, com isso, se torna mais atenta às necessidades de TODOS
Integração: pessoas com deficiência se adaptam às necessidades dos modelos que já existem na sociedade, que faz apenas ajustes

Inclusão: defende o direito de TODAS as pessoas, com e sem deficiência
Integração: Defende o direito de pessoas com deficiência

Inclusão: traz para dentro dos sistemas os grupos de "excluídos" e, paralelamente, transforma esses sistemas para que se tornem de qualidade para TODOS
Integração: Insere nos sistemas os grupos de "excluídos que provarem estar aptos" (sob este aspecto, as cotas podem ser questionadas como promotoras da inclusão)

Inclusão: o adjetivo inclusivo é usado quando se busca qualidade para TODAS as pessoas com e sem deficiência (escola inclusiva, trabalho inclusivo, lazer inclusivo etc)
Integração: O adjetivo integrador é usado quando se busca qualidade nas estruturas que atendem apenas as pessoas com deficiência consideradas aptas (escola integradora, empresa integradora etc)

Inclusão: valoriza a individualidade de pessoas com deficiência (pessoas com deficiência podem ou não ser bons funcionários; podem ou não ser carinhosos etc);
Integração: Como reflexo de um pensamento integrador podemos citar a tendência a tratar pessoas com deficiência como um bloco homogêneo (exemplos: surdos se concentram melhor; cegos são excelentes massagistas)

Inclusão: Não quer disfarçar as limitações, porque elas são reais
Integração: Tende a disfarçar as limitações para aumentar a possibilidade de inserção

Inclusão: Não se caracteriza apenas pela presença de pessoas com e sem deficiência em um mesmo ambiente
Integração: A presença de pessoas com e sem deficiência no mesmo ambiente tende a ser suficiente para o uso do adjetivo integrador


A escola e a inclusão

Os objetivos tradicionais na educação de pessoas com necessidades educativas específicas, ainda se orientam por conseguir alcançar comportamentos sociais controlados, quando deveriam ter como objetivo que essas pessoas adquirissem cultura suficiente para que pudessem conduzir sua própria vida. Ainda vivemos em um modelo assistencial e dependente quando a meta da inclusão é o modelo competencial e autônomo.

O pensamento pedagógico dos profissionais, é que "as crianças com necessidades educativas específicas são os únicos responsáveis (culpados) por seus problemas de aprendizagem (às vezes esse sentimento se estende aos pais), mas raras vezes questionam o sistema escolar e a sociedade... o fracasso na aprendizagem deve-se às próprias crianças com deficiência e não ao sistema, pensa-se que são eles e não a escola quem tem que mudar."*

É um modelo baseado no déficit, que destaca mais o que a criança não sabe fazer do que aquilo que ela pode realmente fazer. Assim, esse modelo se centra na necessidade do especialista, e se busca um modo terapêutico de intervir, como se a resolução dos problemas da diversidade estivesse sujeita à formação de especialistas que se fazem profissionais da deficiência.

Essa escola seletiva valoriza mais a capacidade dos que os processos; os agrupamentos homogêneos do que os heterogêneos; a competitividade do que a cooperação; o individualismo do que a aprendizagem solidária; os modelos fechados, rígidos e inflexíveis do que os projetos educativos abertos, compreensivos e transformadores; apóia-se em desenvolver habilidades e destrezas e não conteúdos culturais e vivenciais como instrumentos para adquirir e desenvolver estratégias que lhes permitam resolver os problemas da vida cotidiana.

Essa postura é um problema ideológico, por que o que se esconde atrás dessa atitude é a não-aceitação da diversidade como valor humano e a perpetuação das diferenças entre os alunos, ressaltando que essas diferenças são insuperáveis.

A escola inclusiva é aquela onde o modelo educativo subverte essa lógica e pretende, em primeiro lugar, estabelecer ligações cognitivas entre os alunos e o currículo, para que adquiram e desenvolvam estratégias que lhes permitam resolver problemas da vida cotidiana e que lhes preparem para aproveitar as oportunidades que a vida lhes ofereça. Às vezes, essas oportunidades lhes serão dadas mas, na maioria das vezes, terão que ser construídas e, nessa construção, as pessoas com deficiência têm que participar ativamente.

Esta incompreensão da cultura da diversidade implica em que os profissionais pensem que os processos de integração estavam destinados a melhorar a "educação especial" e não a educação em geral. Encontramo-nos em um momento de crise, por que os velhos parâmetros estão agonizando e os novos ainda não terminaram de emergir. Penso que a cultura da diversidade está colocando contra a parede o fim de uma época (o ocaso da modernidade?) educativa.

A cultura da diversidade vai nos permitir construir uma escola de qualidade, uma didática de qualidade e profissionais de qualidade. Todos teremos de aprender a "ensinar a aprender". A cultura da diversidade é um processo de aprendizagem permanente, onde TODOS devemos aprender a compartilhar novos significados e novos comportamentos de relações entre as pessoas. A cultura da diversidade é uma nova maneira de educar que parte do respeito à diversidade como valor.


*Melero, Miguel Lopez - Diversidade e Cultura: uma escola sem exclusões. Universidade de Málaga. Espanha.2002

http://www.fraterbrasil.org.br/o%20que%20e%20inclusao.htm

Transdisciplinaridade e Transversalidade



projeto
textos
INTER-TRANSDISCIPLINARIDADE E TRANSVERSALIDADE
Instituto Paulo Freire/Programa de Educação Continuada
Os temas transversais dos novos parâmetros curriculares incluem Ética, Meio ambiente, Saúde, Pluralidade cultural e Orientação sexual. Eles expressam conceitos e valores fundamentais à democracia e à cidadania e correspondem a questões importantes e urgentes para a sociedade brasileira de hoje, presentes sob várias formas na vida cotidiana. São amplos o bastante para traduzir preocupações de todo País, são questões em debate na sociedade através dos quais, o dissenso, o confronto de opiniões se coloca.
Através da Ética, o aluno deverá entender o conceito de justiça baseado na equidade e sensibilizar-se pela necessidade de construção de uma sociedade justa, adotar atitudes de solidariedade, cooperação e repúdio às injustiças sociais, discutindo a moral vigente e tentando compreender os valores presentes na sociedade atual e em que medida eles devem ou podem ser mudados. Através do tema Meio-ambiente o aluno deverá compreender as noções básicas sobre o tema, perceber relações que condicionam a vida para posicionar-se de forma crítica diante do mundo, dominar métodos de manejo e conservação ambiental. A Saúde é um direito de todos. Por esse tema o aluno compreenderá que saúde é produzida nas relações com o meio físico e social, identificando fatores de risco aos indivíduos necessitando adotar hábitos de auto-cuidado. A Pluralidade cultural tratará da diversidade do patrimônio cultural brasileiro, reconhecendo a diversidade como um direito dos povos e dos indivíduos e repudiando toda forma de discriminação por raça, classe, crença religiosa e sexo. A orientação sexual, numa perspectiva social, deverá ensinar o aluno a respeitar a diversidade de comportamento relativo à sexualidade, desde que seja garantida a integridade e a dignidade do ser humano, conhecer seu corpo e expressar seus sentimentos, respeitando os seus afetos e do outro.Educação & trabalho.
Além desses temas, podem ser desenvolvidos os temas locais, que visam a tratar de conhecimentos vinculados à realidade local. Eles devem ser recolhidos a partir do interesse específico de determinada realidade, podendo ser definidos no âmbito do Estado, Cidade ou Escola. Uma vez feito esse reconhecimento, deve-se dar o mesmo tratamento que outros temas transversais.
3.1 - Como trabalhar com os temas transversais?
A transversalidade, bem como a transdisciplinaridade, é um princípio teórico do qual decorrem várias conseqüências práticas, tanto nas metodologias de ensino quanto na proposta curricular e pedagógica. A transversalidade aparece hoje como um princípio inovador nos sistemas de ensino de vários países. Contudo, a idéia não é tão nova. Ela remonta aos ideais pedagógicos do início do século, quando se falava em ensino global e do qual trataram famosos educadores, entre eles, os franceses Ovídio Decroly (1871-1932) e Celestin Freinet (1896-1966), os norte-americanos John Dewey (1852-1952) e William Kilpatrick (1871-1965) e os soviéticos Pier Blonsky (1884-1941) e Nadja Krupskaia (1869-1939).
O Método Decroly dos "centros de interesse" partia da idéia da globalização do ensino para romper com a rigidez dos programas escolares. Para ele, existem 6 centros de interesse que poderiam substituir os planos de estudo construídos com base em disciplinas: a) a criança e a família; b) a criança e a escola; c) a criança e o mundo animal; d) a criança e o mundo vegetal; e) a criança e o mundo geográfico; f) a criança e o universo. Os centros de interesse são uma espécie de idéias-força em torno das quais convergem as necessidades fisiológicas, psicológicas e sociais do aluno. Freinet e Paulo Freire, nesse sentido, partindo da leitura do mundo, do respeito à cultura primeira do aluno, buscaram desenvolver o aprendizado através da livre discussão dos temas geradores do universo vocabular do aluno.
O Método dos Projetos de Kilpatrick parte de problemas reais, do dia-a-dia do aluno. Todas as atividades escolares realizam-se através de projetos, sem necessidade de uma organização especial. Originalmente ele chamou de projeto à "tarefa de casa" ("home project") de caráter manual que a criança executava fora da escola. O projeto como método didático era uma atividade intencionada que consistia em os próprios alunos fazerem algo num ambiente natural, por exemplo, construindo uma casinha poderiam aprender geometria, desenho, cálculo, história natural etc. Kilpatrick classificou os projetos em quatro grupos: a) de produção, no qual se produzia algo; b) de consumo, no qual se aprendia a utilizar algo já produzido; c) para resolver um problema e d) para aperfeiçoar uma técnica. Quatro características concorriam para um bom projeto didático: a) uma atividade motivada por meio de uma conseqüente intenção; b) um plano de trabalho, de preferência manual; c) a que implica uma diversidade globalizada de ensino; d) num ambiente natural.
O Método dos Complexos de Blonsky, Pinkevich e Kupskaia busca levar à prática coletivamente o princípio da escola produtiva. Concentra todo o aprendizado em torno de três grandes grupos (complexos) de fenômenos: a Natureza, o Trabalho Produtivo e as Relações Sociais. Um grupo de educadores alemães (Braune, Krueger, Rauch) difundiu na Alemanha e Áustria o princípio da escola em comunidade de vida, isto é, a escola considerada como uma comunidade de vida e de trabalho, substituindo os planos e programas de estudo por temas globalizados de trabalho docente.
O princípio da interdisciplinaridade permitiu um grande avanço na idéia de integração curricular. Mas ainda a idéia central era trabalhar com disciplinas. Na interdisciplinaridade os interesses próprios de cada disciplina são preservados. O princípio da transversalidade e de transdisciplinaridade busca superar o conceito de disciplina. Aqui, busca-se uma intercomunicação entre as disciplinas, tratando efetivamente de um tema/objetivo comum (transversal). Assim, não tem sentido trabalhar os temas transversais através de uma nova disciplina, mas através de projetos que integrem as diversas disciplinas. Uma primeira experiência, ainda numa visão interdisciplinar, foi realizada durante a gestão de Paulo Freire na Secretaria de Educação de São Paulo e está narrada no livro Ousadia no diálogo: interdisciplinaridade na escola pública, organizada pela professora Nídia Nacib Pontuschka. O projeto foi implantado com a ajuda de professores da Universidade de São Paulo. Buscou-se capacitar o professor para trabalhar nessa nova metodologia de ensino que consiste basicamente no trabalho coletivo e no princípio de que as várias ciências devem contribuir para o estudo de determinados temas que orientam todo o trabalho escolar. Foi respeitada a especificidade de cada área do conhecimento, mas, para superar a fragmentação dos saberes procurou-se estabelecer e compreender a relação entre uma "totalização em construção" a ser perseguida e novas relações de colaboração integrada de diferentes especialistas que trazem a sua contribuição para a análise de determinado tema gerador sugerido pelo estudo da realidade que antecede a construção curricular.
Como trabalhar com projetos?
Projeto vem de projetar, projetar-se, atirar-se para a frente. Na prática, elaborar um projeto é o mesmo que elaborar um plano para realizar determinada idéia. Portanto, um projeto supõe a realização de algo que não existe, um futuro possível. Tem a ver com a realidade em curso e com a utopia possível, realizável, concreta. Dificilmente os integrantes de uma escola escolherão trabalhar num projeto da escola se ele não foi a extensão de seu próprio projeto de vida. Trabalhar com projetos na escola exige um envolvimento muito grande de todos os parceiros e supõe algo mais do que apenas assistir ou ministrar aulas.
Além do conteúdo propriamente dito de cada projeto, conta muito o processo de elaboração, execução e avaliação de cada projeto. O processo também produz aprendizagens novas. "A própria organização das atividades didáticas deve ser encarada a partir da perspectiva do trabalho com projetos. De fato, respostas a perguntas tão freqüentemente formuladas pelos alunos, em diferentes níveis, como "Para que estudar Matemática? E Português? E História? E Química?" não podem mais ter como referência o aumento do conhecimento ou da cultura, ou ainda, mais pragmaticamente, a aprovação nos exames. A justificativa dos conteúdos disciplinares a serem estudados deve fundar-se em elementos mais significativos para os estudantes, e nada é mais adequado para isso do que a referência aos projetos de vida de cada um deles, integrados simbioticamente em sua realização aos projetos pedagógicos das unidades escolares" (MACHADO,1997:75).
Como afirmou recentemente no IPF o professor da UNICAMP, Eduardo Chaves, o tema transversal fundante é a Ética. Não podemos apresentar esse tema como um vendedor de roupas que diz: tenho aqui camisas, calças, blusas e também roupas. A diversidade cultural, o meio ambiente, a sexualidade, o consumo etc são temas atravessados pela Ética. Ela não é um tema a mais. Ela é elemento constitutivo de todos os temas.
Como trabalhar com esse temas?
Apresentamos acima algumas alternativas. Estudos mais recentes estão apontando o método dos projetos como uma alternativa viável. Entre esses estudos destacamos o de Fernando Hernández (1998) que trata especificamente da "organização do currículo por projetos de trabalho". A proposta do autor está vinculada à perspectiva do conhecimento globalizado e relacional. "Essa modalidade de articulação dos conhecimentos escolares é uma forma de organizar a atividade de ensino e aprendizagem, que implica considerar que tais conhecimentos não se ordenam para sua compreensão de uma forma rígida, nem em função de algumas referências disciplinares preestabelecidas ou de uma homogeneização dos alunos. A função do projeto é favorecer a criação de estratégias de organização dos conhecimentos escolares em relação a: 1) o tratamento da informação, e 2) a relação entre os diferentes conteúdos em torno de problemas ou hipóteses que facilitem aos alunos a construção de seus conhecimentos, a transformação da informação procedente dos diferentes saberes disciplinares em conhecimentos próprios (...) Globalização e significatividade são, pois, dois aspectos essenciais que se plasmam nos Projetos. É necessário destacar o fato de que as diferentes fases e atividades que se devam desenvolver num Projeto ajudam os alunos a serem conscientes de seu processo de aprendizagem e exige do professorado responder aos desafios que estabelece uma estruturação muito mais aberta e flexível dos conteúdos escolares". (HERNÁNDEZ, 1998:61-64).
3.2 – O conceito de interdisciplinaridade
A interdisciplinaridade, como questão gnosiológica, surgiu no final do século passado, pela necessidade de dar uma resposta à fragmentação causada por uma epistemologia de cunho positivista. As ciências haviam-se dividido em muitas disciplinas e a interdisciplinaridade restabelecia, pelo menos, um diálogo entre elas, embora não resgatasse ainda a unidade e a totalidade do saber.
Desde então, o conceito de interdisciplinaridade vem se desenvolvendo também nas ciências da educação. Elas aparecem com clareza em 1912 com a fundação do Instituto Jean-Jacques Rousseau, em Genebra, por Edward Claparède, mestre de Piaget. Toda uma discussão foi travada sobre a relação entre as ciências mães e as ciências aplicadas à educação: por exemplo, a sociologia (da educação), a psicologia (da educação) etc. e noções correlatas foram surgindo, como intradisciplinaridade, pluridisciplinaridade e transdisciplinaridade.
A intradisciplinaridade‚ entendida, nas ciências da educação, como a relação interna entre a disciplina "mãe" e a disciplina "aplicada". O termo interdisciplinaridade, na educação, já não oferece problema, pois, ao tratar do mesmo objeto de ciência, uma ciência da educação "complementa" outra. Diga-se o mesmo quanto à pluridisciplinaridade. É a natureza do próprio fato/ato educativo, isto é, a sua complexidade, que exige uma explicação e uma compreensão pluridisciplinar. A interdisciplinaridade é uma forma de pensar. Piaget sustentava que a interdisciplinaridade seria uma forma de se chegar à transdisciplinaridade, etapa que não ficaria na interação e reciprocidade entre as ciências, mas alcançaria um estágio onde não haveria mais fronteiras entre as disciplinas.
Após a 2ª Guerra Mundial, a interdisciplinaridade aparece como preocupação humanista além da preocupação com as ciências. Desde então, parece que todas as correntes de pensamento se ocuparam com a questão da interdisciplinaridade:
1º - a teologia fenomenológica encontrou nesse conceito uma chave para o diálogo entre igreja e mundo;
2º - o existencialismo, buscando dar às ciências uma "cara humana";
3º - o neo-positivismo que buscava no interior do positivismo a solução para o problema da unidade das ciências;
4º - o marxismo que buscava uma via diferente para a restauração da unidade entre todo e parte.
O projeto de interdisciplinaridade nas ciências passou de uma fase filosófica (humanista) de definição e explicitação terminológica, na década de 70, para uma segunda fase (mais científica) de discussão do seu lugar nas ciências humanas e na educação, na década de 80. Atualmente, no plano teórico, busca-se fundar a interdisciplinaridade na ética e na antropologia, ao mesmo tempo que, no plano prático, surgem projetos que reivindicam uma visão interdisciplinar.
A interdisciplinaridade visa a garantir a construção de um conhecimento globalizante, rompendo com as fronteiras das disciplinas. Para isso, integrar conteúdos não seria suficiente. Seria preciso uma atitude e postura interdisciplinar. Atitude de busca, envolvimento, compromisso, reciprocidade diante do conhecimento.
A interdisciplinaridade se desenvolveu em diversos campos e, de certo modo, contraditoriamente, até ela se especializou, caindo na armadilha das ciências que ela queria evitar. Na educação ela teve um desenvolvimento particular. Nos projetos educacionais a interdisciplinaridade se baseia em alguns princípios, entre eles:
1o - Na noção de tempo: o aluno não tem tempo certo para aprender. Não existe data marcada para aprender. Ele aprende a toda hora e não apenas na sala de aula.
2º - Na crença de que é o indivíduo que aprende. Então, é preciso ensinar a aprender, a estudar etc. ao indivíduo e não a um coletivo amorfo. Portanto, uma relação direta e pessoal com a aquisição do saber.
3º - Embora apreendido individualmente, o conhecimento é uma totalidade. O todo é formado pelas partes, mas não é apenas a soma das partes. É maior que as partes.
4º - A criança, o jovem e o adulto aprendem quando têm um projeto de vida e o conteúdo do ensino é significativo para eles no interior desse projeto. Aprendemos quando nos envolvemos com emoção e razão no processo de reprodução e criação do conhecimento. A biografia do aluno é, portanto, a base do seu projeto de vida e de aquisição do conhecimento e de atitudes novas.
A metodologia do trabalho interdisciplinar implica em:
1º - integração de conteúdos;
2º - passar de uma concepção fragmentária para uma concepção unitária do conhecimento;
3º - superar a dicotomia entre ensino e pesquisa, considerando o estudo e a pesquisa, a partir da contribuição das diversas ciências;
4º - ensino-aprendizagem centrado numa visão de que aprendemos ao longo de toda a vida.
O conceito chegou ao final desse século com a mesma conotação positiva do início do século, isto é, como forma (método) de buscar, nas ciências, um conhecimento integral e totalizante do mundo frente à fragmentação do saber, e na educação, como forma cooperativa de trabalho para substituir procedimentos individualistas.
A ação pedagógica através da interdisciplinaridade aponta para a construção de uma escola participativa e decisiva na formação do sujeito social. O seu objetivo tornou-se a experimentação da vivência de uma realidade global, que se insere nas experiências cotidianas do aluno, do professor e do povo e que, na teoria positivista era compartimentada e fragmentada. Articular saber, conhecimento, vivência, escola comunidade, meio-ambiente etc. tornou-se, nos últimos anos, o objetivo da interdisciplinaridade que se traduz, na prática, por um trabalho coletivo e solidário na organização da escola. Um projeto interdisciplinar de educação deverá ser marcado por uma visão geral da educação, num sentido progressista e libertador.
A interdisciplinaridade deve ser entendida como conceito correlato ao de autonomia intelectual e moral. Nesse sentido a interdisciplinaridade serve-se mais do construtivismo do que serve a ele. O construtivismo é uma teoria da aprendizagem que entende o conhecimento como fruto da interação entre o sujeito e o meio. Nessa teoria o papel do sujeito é primordial na construção do conhecimento. Portanto, o construtivismo tem tudo a ver com a interdisciplinaridade.
A relação entre autonomia intelectual e interdisciplinaridade é imediata. Na teoria do conhecimento de Piaget o sujeito não é alguém que espera que o conhecimento seja transmitido a ele por um ato de benevolência. É o sujeito que aprende através de suas próprias ações sobre os objetos do mundo. É ele, enquanto sujeito autônomo, que constrói suas próprias categorias de pensamento ao mesmo tempo que organiza seu mundo, como costumava nos dizer, em Genebra, nosso mestre Piaget.

Qual a diferença entre pós graduação "Lato Sensu" da " Scrito Senso"?




Aqui vão algumas informações gerais.

A pós-graduação tem por objetivo a formação de pessoal qualificado artística, técnica e cientificamente para o exercício das atividades profissionais, de ensino e de pesquisa. A pós-graduação stricto sensu visa à obtenção de graus de mestre e doutor, enquanto os cursos de pós-graduação lato sensu visam aprofundar os conhecimentos adquiridos na graduação e a qualificação profissional com cursos de especialização, MBA ou aperfeiçoamento. Para simplificar, podemos dizer que um curso pós-graduação stricto sensu, que engloba os níveis de mestrado, mestrado profissionalizante e doutorado, está mais voltado para a formação de pesquisadores que pretendam seguir carreira acadêmica (tornar-se professores universitários), enquanto um curso pós-graduação lato sensu, que engloba o nível de especialização, está mais voltado à área profissional, de mercado.Um outro aspecto muito importante é quanto à regulamentação. Os cursos stricto sensu são sistematicamente avaliados pela CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, e são apenas reconhecidos àqueles que obtiverem um conceito mínimo. Já os cursos lato sensu não estão submetidos a esta avaliação, mas devem atender a determinados requisitos para a validade do certificado, principalmente quanto ao credenciamento da instituição pelo MEC. Quais as categorias de cursos de pós-graduação lato sensu?Os programa de pós-graduação lato sensu se dividem nas seguintes categorias: cursos de especialização, de aperfeiçoamento e os MBA’s (Master Business Administration) ou equivalentes, que podem ser oferecidos por instituições de ensino superior ou por instituições especialmente credenciadas para atuarem nesse nível educacional. Os cursos de pós-graduação lato senso geralmente têm um formato semelhante ao dos cursos tradicionais, com aulas, seminários e conferência, ao lado de trabalhos de pesquisa sobre os temas concernentes ao curso. Tais cursos têm finalidades muito variadas, que podem incluir desde o aprofundamento da formação da graduação em determinada área - como as especializações dos profissionais da área de saúde - ou temas mais gerais que proporcionam um diferencial na formação acadêmica e profissional.Os cursos de pós-graduação lato sensu, em nível de especialização, são mais direcionados à área profissional, de mercado, e com caráter de educação continuada. Têm carga horária mínima de 360 horas, não computado o tempo de estudo individual ou em grupo nem assistência docente e àquele destinado à elaboração de monografia ou trabalho de conclusão de curso.Em síntese: os cursos de pós-graduação lato sensu são uma modalidade de pós-graduação mais voltada às expectativas de aprimoramento acadêmico e profissional, com duração máxima de dois anos [1] e com o caráter de educação continuada.Qual a diferença entre pós-graduação e especialização?Os cursos de pós-graduação, formação lato sensu são uma das formas da Universidade cumprir a sua missão institucional de produzir conhecimento e torná-lo acessível à comunidade, contribuindo com o desenvolvimento regional. Destinados ao aprimoramento e atualização profissional, os cursos de pós-graduação, desenvolvem e aprofundam a formação recebida nos cursos de graduação, numa determinada área do saber ou ramo profissional. Para tanto as instituições de ensino organizam suas propostas de pós-graduação lato sensu, conforme exigência legal, numa das seguintes categorias de cursos lato sensu: Especialização, Aperfeiçoamento e MBA.Qual a diferença entre um curso de Especialização e um MBA? Em termos de legislação, não há diferença. Os cursos de MBA emitem certificados em nível de especialização (pós-graduação lato sensu). A diferença está no enfoque dado à execução do curso, pois o MBA é um curso voltado para a preparação de executivos, e está muito mais voltado à prática empresarial do que à pesquisa científica ou acadêmica, como é o caso do mestrado. O MBA é um curso de Mestrado? É importante lembrar que MBA não é Mestrado. Os cursos tipo MBA no Brasil se configuram como cursos tipo Lato Sensu, ou seja, tipo especialização. Segundo a legislação brasileira, o nome MBA (Master in Business Administration) está agora regulamentado para o uso no Brasil conforme a resolução CNE/CES 001/2001 do MEC. É importante saber também que esses cursos normalmente possuem um foco prático voltado mais ao mercado do que a academia, incluindo estudos de caso e professores com forte atuação profissional na área em que ministram. Os cursos de pós-graduação lato sensu devem ser reconhecidos?Os cursos de pós-graduação lato sensu, oferecidos por instituições de ensino superior ou por instituições especialmente credenciadas para atuarem nesse nível educacional, independem de autorização, reconhecimento e renovação de reconhecimento, mas devem atender ao disposto na Resolução CES/CNE no. 1, de 3 de abril de 2001 (esta resolução estabelece normas para o funcionamento de cursos de pós-graduação em seu art. 6º). Os Cursos Seqüenciais em relação aos Cursos de Pós-Graduação?Os diplomados em cursos seqüenciais não terão acesso aos programas de pós-graduação stricto sensu (mestrados e doutorados), uma vez que estes requerem, para o seu acesso, a diplomação em cursos de graduação, conforme o artigo 44 da LDB. Por outro lado, os cursos de pós-graduação lato sensu (cursos de especialização presenciais), são abertos, também, aos egressos de cursos seqüenciais de Formação Específica, conforme dispõe a Resolução 01/2001 do CNE, em seu artigo 6º, § 2º. Espero ter ajudado. João Maria/yahoo!respostas.

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