A relação entre Neuropsicopedagogia e Neuropsicofarmacologia
A relação entre Neuropsicopedagogia e Neuropsicofarmacologia é crucial para compreensão de diversos aspectos do processo de aprendizagem.
O neuropsicopedagogo é o profissional que vai integrar à sua formação psicopedagógica o conhecimento adequado do funcionamento do cérebro, para melhor entender a forma como esse cérebro recebe, seleciona, transforma, memoriza, arquiva, processa e elabora todas as sensações captadas pelos diversos elementos sensores.
Na Neuropsicopedagogia é necessário ter uma visão ampla sobre o desenvolvimento humano desde a Vida Intrauterina até a Primeira Infância.
Os anos iniciais do desenvolvimento humano estabelecem a arquitetura básica e a função do cérebro. Esse período inicial de desenvolvimento da concepção aos 6-8 anos de idade, afeta o estágio seguinte do desenvolvimento, assim como os estágios posteriores.
Hoje, por meio da neurobiologia do desenvolvimento, compreendemos melhor como as experiências no início da vida interferem nessas diferentes fases. Um desenvolvimento inicial prejudicado afeta a saúde (física e mental), o comportamento e a aprendizagem na vida futura.
A arquitetura e a função do cérebro são modeladas pelas experiências de vida que afetam a arquitetura e a função dos circuitos neurobiológicos.
Os estímulos transmitidos ao cérebro pelos circuitos sensoriais nos períodos pré e pós-natal, e também nos demais estágios da vida, diferenciam a função dos neurônios e dos circuitos neurais.
Sabe-se que o uso de medicamentos em determinados períodos podem causar danos graves para o feto, como os tão citados casos com a talidomida, aonde o uso durante os três primeiros meses de gestação causa a má formação das extremidades (focomelia) ou até mesmo ausência das extremidades (amelia) (SALDANHA, 1994), conquanto podemos ressaltar que medicamentos podem ser fundamentais para um melhor desenvolvimento do feto, como o caso do uso de corticoterapia para amadurecimento do pulmão fetal entre as 24a e 34a semanas de gestação, no caso de risco de parto prematuro (OSORIO-DE-CASTRO et al., 2004).
A partir dessas e de muitas outras informações se faz necessário que o Neuropsicopedagogo busque a cada dia compreender como os conceitos da Neuropsicofarmacologia podem ser úteis como recurso riquíssimo no processo de Investigação dos casos apresentados pelos pacientes ou seus responsáveis.
Leia mais sobre a Formação do Cérebro Humano: http://bio-neuro-psicologia.usuarios.rdc.puc-rio.br/embriologia-do-sistema-nervoso.html
Mas, o que Neuropsicofarmacologia?
A Neuropsicofarmacologia é um ramo do estudo que trata as drogas que afetam o sistema nervoso. É centrada sobre a revelação dos compostos que podem ser do benefício aos indivíduos que sofrem da doença neurológica ou psiquiátrica.
Para o Neuropsicopedagogo é de suma importância compreender os conceitos da Neuropsicofarmacologia pois existem diversos neurotransmissores responsáveis pela comunicação das células no Sistema Nervoso.
Enquanto neuropsicopedagogos recebemos por vezes pacientes que estão em tratamento com medicamentos que afetam o sistema nervoso. Dai a importância de relacionar os conceitos de ambas as áreas.
O profissional de neuropsicopedagogia, portanto, é um dos elementos mais importantes para desenvolver e estimular novas “sinapses”, para um verdadeiro processo de ensino aprendizagem.
Lembrando que apenas médicos podem prescrever medicamentos aos pacientes, a neuropsicopedagogo trabalha apenas com exercícios de estímulos.
Existem diversos tipos de neurotransmissores que mantém relação direta e significativa com o processo de aprendizagem, dentre eles temos:
Este neurotransmissor está envolvido em muitos comportamentos dentre eles o aprendizado, a memória, e a atenção (testes feitos em animais revelaram que o bloqueio da liberação desse neurotransmissor é responsável pelo déficit desses aspectos cognitivos).
É o neurotransmissor do sistema nervoso autônomo parassimpático e sua sinalização neste sistema dá origem a constrição dos brônquios, vasos sanguíneos, e pupilas, reduz batimentos cardíacos, produz ereção entre outros.
Esse transmissor é importante para a movimentação do nosso corpo pois sua liberação em músculos promove a contração das fibras musculares.
Serotonina (5HT)
Envolvido nas desordens do humor, seu entendimento é importante para o tratamento da desordem obsessiva compulsiva, latência do sono, ansiedade, depressão e outros transtornos do humor.
Fármacos que atuam no bloqueio de sua degradação ou receptação podem elevar os níveis deste neurotransmissor reduzindo os sintomas destas patologias.
O leite é um alimento rico em triptofano, aminoácido necessário para a síntese de 5HT, sua ingestão antes de dormir pode elevar níveis de 5HT facilitando o sono.
Noradrenalina (NA)
Neurotransmissor envolvido em diversos aspectos como humor, atenção, alerta, aprendizado , memória e excitação mental e física. Também está relacionado com a transmissão do sistema nervoso autônomo simpático e sua sinalização neste sistema dá origem a dilatação dos brônquios , vasos sanguíneos, e pupilas, aumento dos batimentos cardíacos entre outros.
Dopamina (DA)
Responsável por controlar o nível de estimulação no sistema motor, sua diminuição leva a tremores e até a impossibilidade de locomoção voluntária.
Na doença de Parkinson há morte de neurônios que liberam dopamina na via nigroestriatal, essa é importante para o controle do movimento refinado, sua destruição pode levar a tremores, até mesmo a incapacidade de se mover de forma voluntária.
Este transmissor também é responsável pelo estímulo prazeroso. A ingestão de alimentos, prática de sexo e algumas drogas de abuso são estimulantes da liberação de dopamina em regiões como o núcleo accumbens e córtex pré-frontal.
Segundo Paola Gentile (2005,p.54) o cérebro possui bilhões de neurônios, e cada neurônio pode ter até 100 mil contatos, essa áreas de contato entre neurônios através de partículas de sódio, potássio, cálcio e cloreto é conhecida como área sináptica onde ocorre a sinapse, isto é local onde ocorre ligações entre neurônios através de impulsos nervoso ou eletroquímico chamado de potenciais de ação. Esse e uma relatório que a autora faz com relação a nossa comunicação interna, que se da através de neurônios uma vez excitados por estímulos.
Sabe-se hoje que o cérebro armazena fatos separadamente, entre neurônios, e que a aprendizagem se da quando associados através das sinapses, essa associação ocorre quando novos estímulos provenientes do meio através dos sentidos, são propagados, daí a importância do educador saber como proporcionar esses estímulos.
Referências bibliográficas:
Neurociência básica, Anatomia e Fisiologia. Editora Guanabara Koogan. Arthur C. Guyton
Neurociências. Desvendando o sistema nervoso. Editora Artmed. Bear MF, Connors BW, Paradiso MA
Neurociência básica, Anatomia e Fisiologia. Editora Guanabara Koogan. Arthur C. Guyton
Princípios da Neurociência. Editora Manole. Kandel ER, Schwartz JH, Jessell TM.
Cem bilhões de neurônios. Conceitos fundamentais de neurociência. Editora Atheneu. Lent R.
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